Discurso no Senado Federal

SENTIMENTO DE FE, ESPERANÇA E SOLIDARIEDADE HUMANA, EXPRESSO NA VISITA DO PAPA JOÃO PAULO II AO BRASIL.

Autor
Sebastião Bala Rocha (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AP)
Nome completo: Sebastião Ferreira da Rocha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA.:
  • SENTIMENTO DE FE, ESPERANÇA E SOLIDARIEDADE HUMANA, EXPRESSO NA VISITA DO PAPA JOÃO PAULO II AO BRASIL.
Publicação
Publicação no DSF de 07/10/1997 - Página 20996
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, VISITA OFICIAL, BRASIL, JOÃO PAULO II, PAPA, IGREJA CATOLICA, PARTICIPAÇÃO, ENCONTRO, AMBITO INTERNACIONAL, FAMILIA.

O SR. SEBASTIÃO ROCHA (BLOCO/PDT-AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não poderia, de forma nenhuma, deixar de fazer um comentário sobre a visita do Papa João Paulo II ao Brasil. Sua Santidade, que pela terceira vez visitou nosso País, transmitiu novamente o sentimento de fé, de esperança, de solidariedade humana, de melhores dias para o povo brasileiro, certamente para os católicos e não-católicos.

Sou católico, mas tenho grande respeito pelas demais religiões, pois acredito ser importante a religiosidade na formação do homem, na condução de seus passos, no encaminhamento de sua vida. Por isso, nesta oportunidade em que me inscrevi para falar sobre a visita do Papa, também não poderia deixar de saudar os Evangélicos de nosso País, que realizaram um grande Congresso Mundial em São Paulo, na última semana.

Sobre a visita do Papa João Paulo II, o que quero lembrar é que certamente, de todos os Papas, este foi o que teve maior interação com o povo brasileiro. O próprio João Paulo II, num dos momentos de descontração, disse que, se Deus é brasileiro, o Papa também é brasileiro, fazendo menção a este nível de integração que Sua Santidade conseguiu estabelecer com o povo brasileiro.

Apesar de ser católico e freqüentar a Igreja, não conheço detalhes da história da Igreja e não sei se algum outro Papa visitou o nosso País, pelo menos na quantidade de vezes que o fez o Papa João Paulo II; acredito que não. E atribuo essa vontade da Igreja, manifesta no próprio desejo e decisão do Papa de visitar o nosso País, primeiro, ao grande contingente de católicos que há no Brasil; segundo, pelos crescentes problemas sociais com que o nosso País se tem defrontado nos últimos tempos, decorrentes, certamente, da ampliação exacerbada da nossa população, que tem crescido muito. Logicamente, isso traz mais violência, mais pobreza, mais miséria, haja vista que, do ponto de vista econômico e social, o Brasil não tem estabelecido ações no sentido de garantir uma qualidade de vida satisfatória para todos os brasileiros.

Então, se o Papa não é brasileiro, certamente este é o Papa dos brasileiros; é o Papa da minha geração, porque, em 17 anos, visitou três vezes o nosso País. Eu era estudante universitário em Belém e lembro-me muito bem de quando o Papa lá esteve. Naquela oportunidade, Sua Santidade era bem mais moço, tinha mais vitalidade; agora, está mais sereno, mais tranqüilo. Mas, nas duas vezes em que pude acompanhar mais de perto sua visita, o Papa demonstrou a mesma convicção religiosa, o sentimento de missionário que o distingue e que orienta a vida e o posto que Deus lhe deu.

Tenho certeza de que o povo brasileiro refletiu, nesses três dias da visita do Papa João Paulo II, sobre os problemas com os quais nosso País convive e de cuja solução todos temos de participar. Certamente, o Papa João Paulo II é um dos que mais viajou pelo mundo afora. Como sempre, onde quer que esteja, Sua Santidade demostra uma preocupação exacerbada com os mais humildes, com os excluídos, com a paz, com a família, o que é próprio das igrejas, não só da Igreja Católica.

No Brasil, o Papa foi muito direto, exprimindo com muita convicção sua preocupação com os negros, com os índios, com as crianças e com os doentes. Isso ficou patente, quando Sua Santidade fez questão, em seu trajeto no Rio de Janeiro, de parar em frente ao Instituto Nacional do Câncer para abençoar as pessoas que lá se encontram em tratamento; assim o fez com os presidiários, motivo de outra parada para bênção. Sua Santidade também se preocupa com outros problemas sociais de nosso País, que muitas autoridades que nos visitam, religiosas ou não, por respeito talvez ao Governo, fazem questão de não mencionar.

 Entretanto, o Papa João Paulo II fez uma observação muito clara a respeito de sua preocupação com os sem-terra, com o problema da distribuição de terras no nosso País, demonstrando mais uma vez a sua afinidade com as questões sociais mais graves das várias nações que tem visitado.

Sabemos todos que o tema central da visita do Papa foi a família. Sua Santidade pôde expressar muito bem suas preocupações e seu trabalho em prol da harmonia, paz e integridade da familiar. E não podia, logicamente, ao abordar o assunto família, deixar de fazer menção à questão do aborto, da fidelidade e até mesmo do divórcio.

Nessa oportunidade, Sr. Presidente, quero, embora já de certa forma extemporânea, pois o Papa já não se encontra mais em nosso País, reverenciar Sua Santidade o Papa João Paulo II, os representantes da Igreja Católica em nosso País, cardeais, arcebispos, bispos, padres, bem como seus fiéis e os de todas as religiões.

Refiro-me particularmente neste pronunciamento aos católicos que acompanharam e que se fizeram presentes nos eventos que contaram com a presença de Sua Santidade, os quais manifestaram a sua fé e crença em um Ser superior, Deus. Que essa visita sirva, como disse no começo do meu pronunciamento, para refletirmos a respeito dos problemas do nosso País e para iluminar nossos caminhos na busca de soluções para os conflitos sociais com que nos defrontamos no dia a dia da nossa caminhada, principalmente nós, políticos, que temos o dever e a obrigação de acompanhar esses conflitos, esses problemas e de debatê-los na busca de encaminhamentos e de soluções.

Então, que a visita do Papa sirva para avivar a nossa fé, para nos fazer crescer mais em nossa religiosidade e para nos dar força para encontrar as saídas para os graves problemas sociais que assolam nosso País.

O Governo tem buscado com ênfase, no meu entendimento até de forma exacerbada, as soluções para os problemas econômicos, que, se não forem bem encaminhadas, poderão agravar ainda mais tanto os problemas econômicos quanto os sociais.

E, nesses dias em que particularmente me detive de uma forma mais demorada refletindo sobre a visita do Papa, tenho a esperança de que ela possa dar essa força a nós políticos, que somos também responsáveis pela condução do nosso País, e ao Governo do nosso País, dos nossos Estados e dos nossos Municípios, no sentido de apontar as soluções talvez não definitivas, pois sabemos o quanto é complicado para um país de Terceiro Mundo solucionar seus problemas, mas que aprofunde o desejo de tomá-las. Que essa força espiritual nos impulsione na busca dessas soluções, mesmo paliativas, incompletas, às vezes inacabadas, que melhorem a qualidade de vida do povo do nosso País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/10/1997 - Página 20996