Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM A CIDADE DE CAMPINA GRANDE, PELO SEUS 133 ANOS.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A CIDADE DE CAMPINA GRANDE, PELO SEUS 133 ANOS.
Aparteantes
Humberto Lucena, Ronaldo Cunha Lima.
Publicação
Publicação no DSF de 09/10/1997 - Página 21310
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, EMANCIPAÇÃO POLITICA, MUNICIPIO, CAMPINA GRANDE (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB).

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 11 de outubro de 1864, Campina Grande, no Estado da Paraíba, foi elevada à categoria de cidade, pela Lei Provincial nº 137.

São, portanto, 133 anos de existência, merecidamente comemorados em todo o País, pelos que lá nasceram, pelos paraibanos e pelos brasileiros que, conhecendo-a, se habituaram a prestar-lhe as homenagens de admiração continuada pelo seu histórico passado, além de augúrios, amplos e sinceros, de multiplicados êxitos no futuro.

Historicamente, o município tem o nome atribuído à topografia de sua situação, marcadamente plana e cercada de baraúnas, paus-d´arco, aroeiras, angicos e mulunguzeiros, característicos de uma campina grande.

Nascido da aldeia dos índios ariús, no século XVII, assumiu a condição de vila em 1790, com a denominação de Vila Nova da Rainha, quando já se sobressaía como centro comercial e de comunicação entre a região litorânea e o sertão, notadamente por sua feira, na qual era realizado grande comércio de farinha e gado.

O aldeamento, fundado em 1697 por Teodósio de Oliveira Ledo, converteu-se, de forma rápida, em prósperos povoado e freguesia.

A partir de 1907, o seu crescimento foi ainda mais impulsionado pela chegada dos trilhos da estrada de ferro, refletindo-se no fato de alcançar, apenas 13 anos depois, uma população de 20 mil habitantes, e de, na década de 30, situar-se como o mais notável pólo de negócios do sertão nordestino, sobretudo quanto à comercialização de algodão e gêneros alimentícios.

Apontam, também, os registros históricos, que a "Rainha da Borborema", já em 1927, sediava o Banco Industrial de Campina Grande, num claro atestado de sua importância econômica.

Em 1950, lá fixava-se a metade dos estabelecimentos comerciais atacadistas que polarizavam as relações negociais de extensa área geográfica, como resultado da esforçada determinação do povo campinense.

Contudo, o processo de sua industrialização começaria a intensificar-se apenas em 1956, com a chegada da energia elétrica de Paulo Afonso.

Rapidamente, no entanto, expandiu-se a instalação de novos estabelecimentos fabris, projetando Campina Grande ao patamar de cidade mais industrializada no Estado da Paraíba.

Foi, no julgamento dos historiadores, o período no qual a cidade se constituía no mais adiantado centro urbano de todo o interior, expandindo sua área de influência à Região Norte e a diversos municípios do Ceará, do Rio Grande do Norte e de Pernambuco.

Por isso e por constituir um dos maiores núcleos internacionais de industrialização e comercialização de algodão, sisal e couros, recebeu do "poeta da terra", o então Deputado Raymundo Asfora, a apropriada qualificação de "Capital do Trabalho".

Hoje, o seu extenso parque manufatureiro dispõe de estabelecimentos têxteis, de beneficiamento de algodão, de refino de óleo de oiticica e de algodão, de fábricas de papel, sabão, velas e refinaria de açúcar, para citar apenas as atividades industriais mais significativas, mantendo, todavia, a sua vocação pioneira de grande centro do comércio regional, com área de abrangência que em muito ultrapassa os limites do Estado, notabilizando-se, por igual, como núcleo de excelência do ensino universitário na região.

O Município de Campina Grande, situado no planalto da Borborema, teve a peculiaridade de servir de elo de ligação entre as sub-regiões nordestinas do Brejo Paraibano, do Agreste e do Sertão. Com pouco menos de mil quilômetros quadrados e pouco mais de 350 mil habitantes, inclui-se entre os mais populosos do Estado e é o quarto em extensão territorial.

Desde o século XVII, o Agreste e todo o Sertão paraibano eram ocupados por incontáveis fazendas de gado, apesar do rigor da estiagem em 97% do território.

Enquanto ainda hoje predominem no interior paraibano as atividades agrícolas e a pecuária de subsistência, à conta de o algodão arbóreo e o sisal já não demonstrarem relevante importância econômica, em Campina Grande prospera um importante centro industrial, sobretudo nas áreas de metalurgia e confecções.

Deve-se consignar, porém, que a Paraíba, em conjunto com os outros Estados nordestinos, vem superando o atraso econômico e ultrapassando a barreira de empecilhos que lhe limitava o desenvolvimento.

Basta ver que, no último triênio, o Produto Interno Bruto - PIB - regional superou a média brasileira, determinando o aumento dos salários e das ocupações.

Em tal contexto, o meu Estado, ostentando um crescimento do PIB de 5,6%, no ano passado, elevou-se bem acima dos 2,9% do crescimento médio nacional.

Moderna, dinâmica e progressista, a cidade de Campina Grande possui ruas e avenidas largas e bem dimensionadas, obedecendo a projeto condizente com a época de sua elaboração, que fixou gabaritos, zoneamento e áreas funcionais, antevendo o natural crescimento urbano. No centro e baixos periféricos, encontram-se estabelecimentos comerciais e residenciais, sem embargo da existência de áreas tipicamente domiciliares.

São cerca de 300 logradouros públicos, pavimentados e arborizados, como as praças Antonio Pessoa, da Bandeira e Félix Araújo; as avenidas Floriano Peixoto, Getúlio Vargas e Marquês do Herval. Há, também, o Açude Velho, originado de projeto de Burle Marx, com parque infantil, jardim de plantas regionais e outros atrativos destinados ao lazer da população.

Aí, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero destacar o fundamental papel que teve o Prefeito Ronaldo Cunha Lima, hoje Senador, nosso companheiro, e também seu filho, Cássio Cunha Lima, que já está como Prefeito pela segunda vez, quem tem tido todo o empenho no sentido de, cada vez mais, fazer de Campina uma capital de interior das mais bonitas do País.

Nas suas praças, avenidas e ruas acontecem as concorridas festas do Município, que incluem a da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição, no mês de dezembro; as tradicionais noites de São João e de São Pedro; as do mês de maio; de Reis; do Natal; e do Ano Novo; e, até mesmo, o carnaval, fora de época.

Entre os seus muitos vultos ilustres, citam-se costumeiramente o Bacharel em Direito, Jornalista, Político e Escritor Irineu Ceciliano Pereira Jofilly, que, em livros e outros documentos, deixou obra inestimável acerca da Geografia e da História da Paraíba e de sua cidade; o Jurista, Professor, Político e Orador Afonso Campos; o Cientista, Zoólogo e Botânico C. de Melo Leitão; o Professor e Poeta Mauro Luna.

O Sr. Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB)- Senador, V. Ex me permite um aparte?

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB) - Com muito prazer, ouvirei o aparte de V. Exª.

O Sr. Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) - Muito obrigado. Agradeço a oportunidade no instante em que felicito V. Exª pelo pronunciamento que faz no momento em que a nossa cidade celebra mais um aniversário de sua fundação. Agradeço as referências que V. Exª, de forma generosa, faz a mim, como ex-Prefeito, e ao atual Prefeito, Cássio Cunha Lima, que exerce seu mandato pela segunda vez. Fico feliz no instante em que V. Exª evoca passagens do tempo em que fui Prefeito, quando procurei humanizar a cidade, colocando versos nas praças, colocando poesia nas entradas da cidade, saudando os visitantes e traduzindo o significado de cada obra com uma trova, com uma quadra, o que despertou o sentimento da cidade. Lembro-me que, na entrada da cidade, está lá escrito:

      "Campina Grande sorrindo

      Abre as portas da cidade.

      Ao chegar, seja bem-vindo,

      Ao partir, leve saudade".

Coloco na praça:

      "Eu agradeço o destino

      Por me conceder a graça

      De ter construído a praça

      Que sonho desde menino".

Ou:

      "O pedestre quando passa

      Vê a flor que agora é sua.

      A flor enfeitando a praça

      E a praça enfeitando a rua".

E assim por diante, Senador Ney Suassuna. No instante em que a cidade celebra, a grande cidade, a pujante cidade, que cresce à revelia de outros estímulos, como disse Raymundo Asfora, citado por V. Exª, eu me associo ao seu pronunciamento e permita-me dizer que nos abraçamos no mesmo sentimento telúrico, na mesma vontade de defender aquela querida cidade. Parabéns a V. Exª. Parabéns a Campina Grande.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB) - Muito obrigado, Excelência. V. Exª encheu as ruas de Campina Grande de versos e agora coloca versos no meu discurso, o que muito me alegra e me faz feliz, porque estamos comemorando o aniversário de Campina Grande e, para minha alegria, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, também nasci no mesmo dia em que Campina Grande comemora o seu aniversário.

O Sr. Humberto Lucena (PMDB-PB) - Permite V. Exª um aparte?

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB) - Com muita satisfação nobre Senador Humberto Lucena, embora o tempo já esteja encurtando.

O Sr. Humberto Lucena (PMDB-PB) - Nobre Senador, não poderia deixar, também, de me associar à justa homenagem que V. Exª faz da tribuna pela passagem de mais um aniversário de fundação da cidade de Campina Grande que, depois da capital, é a cidade mais importante do Estado. Pelo seu desenvolvimento econômico e social, Campina Grande sempre pontificou, no Nordeste e no Brasil, como uma cidade altamente progressista e que, por isso mesmo, tem se projetado nacionalmente. E, mais do que isso, V. Exª faz justiça às administrações de Ronaldo Cunha Lima e Cássio Cunha Lima à frente da Prefeitura local. Todos nós conhecemos os excelentes trabalhos que ali ambos desempenharam em favor do progresso da cidade de Campina Grande. Hoje, o PMDB da Paraíba tem ali uma presença importantíssima. V. Exª sabe que nos últimos pleitos, incluindo Campina Grande e todo o compartimento da Borborema, nós, naquela região, tivemos uma vitória de mais de 100 mil votos, graças ao prestígio popular, sobretudo do nosso querido amigo, Senador Ronaldo Cunha Lima. Meus parabéns a V. Exª.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB) - Muito obrigado pelo aparte de V. Exª que, com orgulho, passa a fazer parte do meu discurso.

Encerro, Srª Presidente e Srªs e Srs. Senadores, dizendo que me orgulho de ser campinense e me congratulo com essa cidade que é uma verdadeira locomotiva no interior nordestino, fazendo a capital do Nordeste, a minha querida cidade, rainha da Borborema.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/10/1997 - Página 21310