Discurso no Senado Federal

REQUERIMENTO DO VEREADOR ALCINO VIEIRA, DE FLORIANOPOLIS - SC, APELANDO AO SENHOR PRESIDENTE DA REPUBLICA NO SENTIDO DE AMPLIAR E AGILIZAR O REPASSE DOS RECURSOS FEDERAIS PARA O CITADO MUNICIPIO.

Autor
Esperidião Amin (PPB - Partido Progressista Brasileiro/SC)
Nome completo: Esperidião Amin Helou Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.:
  • REQUERIMENTO DO VEREADOR ALCINO VIEIRA, DE FLORIANOPOLIS - SC, APELANDO AO SENHOR PRESIDENTE DA REPUBLICA NO SENTIDO DE AMPLIAR E AGILIZAR O REPASSE DOS RECURSOS FEDERAIS PARA O CITADO MUNICIPIO.
Publicação
Publicação no DSF de 09/10/1997 - Página 21398
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
Indexação
  • ANALISE, PRECARIEDADE, ESTRUTURAÇÃO, ZONA URBANA, CAPITAL DE ESTADO, BRASIL, INSUFICIENCIA, RECURSOS, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, SETOR, SAUDE, EDUCAÇÃO, HABITAÇÃO, TRANSPORTE, OFERTA, EMPREGO.
  • REGISTRO, DOCUMENTO, REQUERIMENTO, AUTORIA, ALCINO VIEIRA, VEREADOR, ENCAMINHAMENTO, ORADOR, SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AMPLIAÇÃO, AGILIZAÇÃO, REPASSE, VERBA, RECURSOS FINANCEIROS, UNIÃO FEDERAL, DESTINAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), INVESTIMENTO, OBRA PUBLICA, INFRAESTRUTURA, SETOR, EDUCAÇÃO, SAUDE, CRIAÇÃO, CURSO DE APERFEIÇOAMENTO, GARANTIA, CIDADANIA, MOTIVO, AUMENTO, POPULAÇÃO, RESULTADO, AGRAVAÇÃO, EXODO RURAL, FALTA, ORDEM, PROJETO, OCUPAÇÃO, PERIFERIA URBANA, NECESSIDADE, PREVENÇÃO, AMEAÇA, INUNDAÇÃO, PROVOCAÇÃO, ALTERAÇÃO, CLIMA, OCEANO, MUNDO.

           O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PPB-SC. Pronuncia o seguinte discurso) Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, penso não haver pessoa alguma em nosso País que, tendo a lembrança dos tempos de inflação descontrolada, não apóie o esforço de estabilização econômica que hoje empreendemos. Apesar das falhas existentes -- a começar pelo déficit público, problema grave que parece longe de ser sanado --, apesar de inevitáveis correções de procedimentos que não poderão ser postergados, o certo é que a existência de uma moeda forte -- símbolo de uma economia saudável -- nos dá o mínimo de segurança, inspirando confiança.

           Se isso é importante para empresários urbanos e rurais, para toda e qualquer pessoa que tenha responsabilidades na produção de bens e na geração de empregos, não menos significativo o é para o homem comum, aquele que aspira ao mínimo de tranqüilidade para viver, provendo com dignidade a sua existência e a de seus familiares.

           Por razões dessa natureza é que louvo o processo de estabilização econômica que o Brasil foi capaz de estabelecer, e pelo qual todos são responsáveis: o Poder Público, que o instituiu e dirige, e a sociedade, que a ele aderiu com entusiasmo e consciência. Como todo e qualquer cidadão brasileiro, torço pelo permanente êxito do Real, na convicção de ser este um caminho seguro para o desenvolvimento integral a que todos aspiramos.

           Assim, Senhor Presidente, sinto-me no direito de apontar aspectos altamente problemáticos que o Plano de Estabilização Econômica não conseguiu superar e que exigem o adequado encaminhamento para sua superação. Faço-o, sobretudo, pelos pesados danos sociais que acarretam, transtornando e tornando ainda mais difícil a vida das camadas mais pobres da população.

           Vejamos o que ocorre nas grandes cidades brasileiras, hoje, especialmente as capitais de Estados, que exercem forte atrativo sobre as populações interioranas. Não é necessário que nos fixemos nas grandes áreas metropolitanas, a exemplo de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Mesmo os centros urbanos de menor porte -- se comparados aos nossos dois maiores -- padecem de deficiências estruturais gravíssimas, com seus equipamentos e seus serviços essenciais por demais deteriorados, vivendo no limite de suas possibilidades de atendimento às demandas por educação, saúde, moradia, transporte, emprego e lazer.

           Como deve ser do conhecimento geral, essas demandas tendem a crescer numa autêntica progressão geométrica, especialmente em face do incessante processo migratório. A crise no campo e a ausência de perspectivas nas pequenas e médias cidades do interior acabam por empurrar, na direção das capitais e dos centros metropolitanos maiores, levas e levas de brasileiros em busca de uma vida melhor. O resultado se escancara aos nossos olhos: despreparadas para receber um fluxo populacional tão volumoso quanto incessante, essas cidades se vêem exauridas em sua capacidade de responder aos desafios que, rotineira e cotidianamente, lhes são apresentados.

           Tomo por exemplo, Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, um caso que conheço muito bem. Refiro-me à querida Florianópolis, a bela Capital de meu Estado, Santa Catarina. Os problemas que ela enfrenta -- e, seguramente, não se trata de um fato isolado -- são de tal magnitude, que estão a exigir a decidida colaboração do Governo Federal no esforço de respondê-los, rápida e eficazmente.

           Ao abordar a questão de Florianópolis, imagino estar tocando num dos pontos cruciais a que me referi antes, quando discorria sobre o Plano Real e sua necessidade de urgente correção. Afinal, se a estabilidade econômico-financeira é um bem, não menos verdadeiro é que ela não se esgota em si mesma; seu êxito somente se completa quando são dadas as condições para o desenvolvimento econômico e para a sensível redução das diferenças sociais e regionais.

           Exatamente por assim pensar é que trago, a esta Casa, a preocupante situação de Florianópolis. Agir no sentido de resolvê-la ou, pelo menos, minimizá-la, significa, por parte do Governo Federal, ter a sensibilidade de compreender que a economia não poder estar bem quando as condições básicas indispensáveis à vida dos cidadãos não estão sendo supridas.

           Registro, a propósito, documento encaminhado ao Senhor Presidente da República pela Câmara Municipal de Florianópolis, cuja cópia me foi endereçada. Trata-se de Requerimento, de autoria do combativo e diligente Vereador Alcino Vieira, pelo qual é solicitada ao Chefe do Executivo "especial atenção no que tange à ampliação e à agilização de repasse dos recursos federais para o Município de Florianópolis".

           O documento é uma peça densa e consistente. Sem se perder na retórica vazia de conteúdo, aponta os problemas mais angustiantes da cidade, identificando-lhes as causas e sugerindo soluções. Assim, destacando o índice de miséria -- 11% -- que envolve a população de Florianópolis (dados publicados pela Folha de S. Paulo, em 1994), o Vereador lembra o grande êxodo rural verificado no Estado, responsável, em última análise, pela vertiginosa ampliação da população da Capital, fato acrescido pela ocupação desordenada da periferia. Destaca, ainda, o altíssimo índice de 33% de mortalidade infantil que a cidade ostenta.

           Faço minhas as preocupações do Vereador Alcino Vieira quando este, alertando para os efeitos danosos do fenômeno El Niño, conforme previsões do Serviço Meteorológico, recorda-se de que Florianópolis ainda não se recuperou inteiramente das violentas chuvas de dezembro de 1995, sem falar dos estragos que as enchentes de 1983 e 1984 ocasionaram.

           Ocorre, Sr. Presidente, que -- e, aqui, reproduzo textualmente as palavras do nobre Vereador -- a "Prefeitura Municipal e as comunidades organizadas já estão fazendo a sua parte no enfrentamento dos problemas sociais do Município de Florianópolis, mas esbarram sempre no obstáculo da falta de recursos financeiros". Nesse ponto, entra a dolorosa constatação: ao extinguir órgãos voltados para a assistência social e a saúde, entre outros, a União não pôde, ou não achou conveniente, ou simplesmente não quis, preencher o enorme vazio que se formou.

           A esse respeito, vale a pena repetir o texto do Requerimento aprovado pela Câmara Municipal de Florianópolis: "As camadas mais vulneráveis da Nação Brasileira não podem pagar a conta da malversação dos recursos públicos, nem da incapacidade administrativa dos prepostos do Governo junto a essas instituições; entendemos que é muito mais sensato efetuar o saneamento administrativo dos órgãos deficitários do que simplesmente extingui-los".

           Reiterando a posição defendida pela edilidade de Florianópolis, subscrevo integralmente o apelo por ela formulado ao Senhor Presidente da República nos seguintes termos: "Solicitamos sua especial atenção no sentido de ampliar e agilizar o repasse dos recursos federais para o Município de Florianópolis, possibilitando maiores investimentos em obras e serviços nos bolsões de miséria, ampliando a infra-estrutura de educação e saúde, criando cursos de capacitação profissional, enfim, proporcionando meios para que cada habitante desta Cidade possa conquistar a sua cidadania plena e manter-se a si próprio e a sua família. Temos a plena convicção de que ações desse tipo é que poderão fazer chegar com mais eficiência os serviços públicos até o cidadão mais carente, pois é no município que ele vive o seu dia-a-dia".

           Que o apelo possa ser ouvido, compreendido e atendido.

           Muito obrigado! 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/10/1997 - Página 21398