Discurso no Senado Federal

HOMENAGENS AO SENADOR VALMIR CAMPELO, QUE TEVE SUA INDICAÇÃO APROVADA ONTEM PELA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS DO SENADO FEDERAL, PARA INTEGRAR O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. DESEJANDO-LHE EXITO CONTINUADO EM SUA NOVA FUNÇÃO.

Autor
Bernardo Cabral (PFL - Partido da Frente Liberal/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGENS AO SENADOR VALMIR CAMPELO, QUE TEVE SUA INDICAÇÃO APROVADA ONTEM PELA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS DO SENADO FEDERAL, PARA INTEGRAR O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. DESEJANDO-LHE EXITO CONTINUADO EM SUA NOVA FUNÇÃO.
Aparteantes
Geraldo Melo, Jefferson Peres, Nabor Júnior, Romero Jucá, Ronaldo Cunha Lima, Valmir Campelo.
Publicação
Publicação no DSF de 11/10/1997 - Página 21680
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, APROVAÇÃO, UNANIMIDADE, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, SENADO, INDICAÇÃO, VALMIR CAMPELO, SENADOR, OCUPAÇÃO, CARGO PUBLICO, MINISTRO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU).

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acho que nem sempre o assunto de que vou tratar tem merecido, nesta Casa, instante de alegria. É porque ele traz um longo caminho: o primeiro, o regozijo que cada Parlamentar pode trazer ao saber da notícia; e, o segundo, a tristeza que eventualmente envolvem aqueles que sentem, ainda que no convívio diário na Casa, a saída de um companheiro.

O que quero dizer com isso, Sr. Presidente? É que, ao longo de mais de uma década, convivi com um companheiro Parlamentar cuja amizade foi num crescendo e se solidificou no respeito e na admiração mútua.

Verifico, pela notícia dos jornais, uma vez que não integro a Comissão de Assuntos Econômicos, que, no dia de ontem, aprovou-se, por unanimidade, a indicação a ela feita para a respectiva argüição do eminente Senador Valmir Campelo. E aí o resultado, dizia a V. Exª, sobre a alegria momentânea e a tristeza. É que a alegria reside no prêmio para um companheiro nosso, pela retidão, dignidade e pelo comportamento. S. Exª soube granjear para tomar outro destino. S. Exª também foi Constituinte, época em que, na Assembléia Nacional Constituinte, varamos várias noites juntos. Depois, vitorioso para Governador no primeiro turno, por uma dessas sinuosidades do destino não alcançou a vitória no segundo, até porque aí estava o dedo de Deus, fazendo-o retornar a esta Casa para daqui encaminhá-lo para ser Ministro do Tribunal de Contas da União.

E esta é a segunda parte. O regozijo da primeira implica fatalmente na tristeza que vamos ter de não vê-lo aqui. S. Exª, que é assíduo, que comparece, que discute e que divide a sua inteligência com os seus amigos, vai deixar uma lacuna.

Sr. Presidente, sei que Valmir Campelo, no Tribunal de Contas da União, vai suceder, vai substituir - porque ambos os verbos têm ajuste perfeito - um grande amigo do Parlamento e um grande amigo pessoal, o Ministro Paulo Affonso Martins. Este passou quase que a sua vida inteira na Câmara, e o segundo, Valmir Campelo, passou a sua vida se dedicando às administrações da periferia de Brasília e, depois, ao Parlamento. S. Exª levará, por certo, todo esse cabedal de conhecimento, de experiência e de vivência para o Tribunal de Contas da União.

Sr. Presidente, não sei como possa, com o regozijo, superar a minha tristeza, mas a grande verdade é que penso que todos nós, seus Colegas de Senado, formulamos a Valmir Campelo um êxito continuado na função, que é muito espinhosa, às vezes nem sempre compreendida, outras tantas recriminadas, porque aqueles que assaltam os cofres públicos não têm nunca bons olhos para o TCU. Formulo votos ao Senador Valmir Campelo para que S. Exª possa, naquela Corte, saber dar seqüência ao que foi um traço característico em sua vida: olhar para o passado sem ter medo de continuar.

Sr. Presidente, sei que não ouso falar em nome da Casa, mas tenho a certeza de que V. Exª, ao final, que também ao longo do tempo convive com Valmir Campelo, se associará a esta manifestação de alta significação para o Senado Federal.

O Sr. Geraldo Melo (PSDB-RN) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Com muita honra, Senador Geraldo Melo.

O Sr. Geraldo Melo (PSDB-RN) - Pelo menos em meu nome V. Exª fala. Desejo tudo de bom ao Senador Valmir Campelo, muito êxito e sucesso nessa nova etapa de sua brilhante carreira, quando se tornará o Ministro Valmir Campelo no Tribunal de Contas da União. Tenho certeza de que todos concordaremos que o Tribunal de Contas e a sociedade brasileira estarão muito bem servidos se o Ministro Valmir Campelo, naquele Tribunal, tiver, e seguramente terá, o mesmo desempenho, a mesma dedicação e seriedade que demonstrou no exercício do mandato de Senador, mandato que vem desempenhando com dedicação, afinco, assiduidade, com devoção às coisas que faz, seriedade e aplicação no seu trabalho. Esses atributos, ao lado da experiência, das suas virtudes pessoais, da sua seriedade, seguramente enriquecerão o desempenho que S. Exª terá naquelas funções. Lamento que S. Exª não possa exercê-las concomitantemente com as suas funções de Senador.

O SR. BERNARDO CABRAL - Senador Geraldo Melo, quando V. Exª me autoriza a falar em seu nome me dá a exata certeza de que, mais uma vez, o representante está aquém do representado. Gostaria inclusive de poder fazer num discurso escrito, denso, bem-formulado, onde não houvesse a emoção a tomar conta, e dizer ao Senador Valmir Campelo da alegria que seus Colegas sentem. Mas quando V. Exª me dá o cometimento de falar em seu nome, depois de um aparte que completa este breve pronunciamento, vejo que Valmir Campelo é admirado, querido e respeitado.

O Sr. Jefferson Péres (PSDB-AM) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Ouço o eminente Senador Jefferson Péres. A seguir, ouvirei o Senador Romero Jucá, para, ao final, dar a palavra ao meu eminente amigo Senador Valmir Campelo.

O Sr. Jefferson Péres (PSDB-AM) - Senador Bernardo Cabral, com certeza, V. Exª fala por todo o Senado.

O SR. BERNARDO CABRAL - Obrigado.

O Sr. Jefferson Péres (PSDB-AM) - Valmir Campelo é uma unanimidade nesta Casa. Tenho três anos de convivência com S. Exª e é como se o conhecesse há 30. Ontem, na Comissão de Assuntos Econômicos, tive que sair mais cedo; votei, mas não pude me pronunciar. E, para não roubar mais tempo do seu brilhante pronunciamento e para não constranger o Senador Valmir Campelo com elogios de corpo presente, resumiria o meu apreço por S. Exª no seguinte, Senador Bernardo Cabral: ontem, na cabine, quando fui votar, fui muito tentado a colocar uma bola preta, um "não" para que Valmir não fosse tirado do nosso convívio e levado para o Tribunal de Contas da União. Meus parabéns pelo seu pronunciamento!

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Acho que V. Exª está sendo breve não para roubar o meu tempo, mas para não deixar que, com o brilho do seu aparte, fique ofuscado este meu singelo pronunciamento. Agora sei que V. Exª, na tentação de colocar a bola preta, queria evitar um seqüestro, a retirada do Valmir Campelo, do nosso Senador, deste plenário.

O Sr. Romero Jucá (PFL-RR) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Ouço o eminente Senador Romero Jucá.

O Sr. Romero Jucá (PFL-RR) - Meu caro Senador Bernardo Cabral, sem dúvida nenhuma V. Exª fala pela unanimidade da Casa. Foi demonstrado aqui pelos apartes e, mais do que isso, foi demonstrado ontem na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado que, realmente, a indicação do Senador Valmir Campelo, a vida e o conceito público de S. Exª são uma unanimidade no Senado Federal. Ontem, a Comissão de Assuntos Econômicos não sabatinou o Senador Valmir Campelo; ontem, todos nós participamos de uma homenagem a S. Exª, por sua história política e administrativa, não só em Brasília, mas no nosso País. Fico muito feliz de ter falado ontem e novamente poder apartear o discurso de V. Exª para dizer uma coisa singela, talvez, em comparação com o brilhantismo do mestre da Amazônia, dizer que tenho certeza de que, na próxima terça-feira, esta Casa, também por unanimidade, não só irá aprovar o nome de Valmir Campelo, mas vai demonstrar a felicidade da escolha, vai demonstrar, sem dúvida nenhuma, que o Senado Federal - e eu disse isso ontem no meu pronunciamento na Comissão de Assuntos Econômicos - indica ao País as qualidades do Senado na indicação do Senador Valmir Campelo para o Tribunal de Contas da União. Acho que o Senado ganha, o País ganha e o próprio Tribunal vai ganhar também, porque, bem disse V. Exª, deixa a Casa o Ministro Paulo Afonso, que é uma figura ímpar naquela Casa, uma figura inclusive com um relacionamento direto com o Congresso Nacional, mas ganha a Casa o Senador Valmir Campelo, que sem dúvida nenhuma ampliará os caminhos do Tribunal de Contas no tocante à relação com a sociedade, no tocante à relação de pedagogia da honestidade pública. É um conceito que tem que ser inserido na sociedade brasileira. E está aí o documento dos Estados Unidos, como contraponto dessa questão que temos de enfrentar no País. Portanto, a indicação do Senado brasileiro é um gesto nacional, mostrando o caminho que devemos seguir. Parabéns pelo pronunciamento de V. Exª!

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Senador Romero Jucá, também quero agradecer a V. Exª o comedimento de me autorizar a falar em seu nome e registrar um ponto fundamental da sua intervenção, a pedagogia que o eminente Senador Valmir Campelo vai exercitar no Tribunal de Contas da União. Um País como o nosso, em que contas públicas são sempre utilizadas nos desvãos não muito corretos, é bom que se sinta que aquela Corte vai ser prestigiada na saída de um com a entrada de outro, dando seqüência ao que todos nós queremos: um basta à impunidade. Chega de olharmos os jornais, ouvirmos os noticiários, ligarmos os aparelhos de televisão e vermos sempre notícias desfavoráveis ao nosso País, o que infelizmente é um prêmio aos desonestos, porque aos honestos não se faz justiça, Sr. Presidente.

Quando, neste País, muitos homens públicos - e quero me cingir apenas agora ao Parlamento - têm feito da sua existência um traço marcante de seriedade no desempenho da coisa pública, nesse desempenho indormido que tantas vezes é criticado e nunca louvado, é uma pena que não se façam sequer as honrosas exceções de praxe. Hoje, o comum é o atassalhamento, é a forma pela qual se dilui o comportamento daqueles que são sérios, na mistura com os desonestos. Aquilo que era exceção no passado, quando se apontava quase a unanimidade como correta, com exceção deste ou daquele, passou a ser a regra: hoje, o quadro se inverteu, como se todos fossem desonestos e apenas a exceção fosse a honestidade

O Sr. Nabor Júnior (PMDB-AC) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - O aparte também coberto de pedagogia do eminente Senador Romero Jucá permite que, agora, eu possa ouvir o Senador Nabor Júnior, que deixou a Presidência exatamente para poder se associar com muito mais louvor ao eminente Senador Valmir Campelo.

O Sr. Nabor Júnior (PMDB-AC) - Senador Bernardo Cabral, manifesto também o meu apoio às palavras que V. Exª está proferindo nesta sessão matutina de sexta-feira do Senado Federal, relativamente à indicação do Senador Valmir Campelo para ocupar uma das vagas do Tribunal de Contas da União. Pelo fato de não ser membro da Comissão de Assuntos Econômicos, deixei de comparecer à sua reunião de ontem, onde seria cumprido o ritual da sabatina do futuro Ministro do TCU, quando, na verdade - como disse corretamente o Senador Romero Jucá - S. Exª foi unanimemente homenageado pelos integrantes daquela Comissão, que, na oportunidade, manifestaram-se a respeito dos méritos, da compostura política, moral e pessoal do representante do DF.

      O Senador Valmir Campelo vai deixar, realmente, uma lacuna impreenchível no Senado Federal, pela sua assiduidade, pela sua seriedade, pela fidalguia de S. Exª no trato pessoal para com os colegas. Mas, por outro lado, o Tribunal de Contas da União vai ganhar um Ministro à altura das suas melhores tradições, o qual, com tal investidura, continuará a honrar também a classe política que tanto dignificou.

      Valmir Campelo será o nosso representante do Tribunal de Contas - como outros ex-Parlamentares, que se consagraram nas duas Casas do Congresso Nacional e hoje integram o egrégio Tribunal de Contas da União. É uma figura querida nesta Casa e admirada pelo povo de Brasília; tive oportunidade de tomar conhecimento, recentemente, de uma pesquisa de opinião que indicava que o Senador Valmir Campelo, se fosse pleitear a sua reeleição para o Senado da República, teria realmente condições de alcançá-la, porque S. Exª estava em primeiro lugar para compor, mais uma vez, os quadros desta Casa. Inclusive, para o Governo do Distrito Federal, seria um forte candidato! No entanto, optou por integrar o Tribunal de Contas da União, onde, faço questão de enfatizar, honrará o seu passado de homem público nesta Capital, em que foi Administrador de várias cidades satélites e pôde ser Deputado Federal Constituinte - conforme V. Exª ressaltou em seu discurso -, trazendo excelente contribuição, ao inserir no texto de nossa Carta Magna dispositivos que beneficiam Brasília e sua população. Portanto, associo-me às homenagens que v. Exª presta ao Senador Valmir Campelo pela sua indicação para Ministro do Tribunal de Contas da União.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Senador Nabor Júnior, verifico que não estou sozinho, porque tenho a companhia de V. Exª nesse ligeiro ciúme - que ambos temos - de não sermos integrantes da Comissão de Assuntos Econômicos para votar duas vezes no Senador Valmir Campelo. V. Exª, a meu exemplo, declara que também não é membro daquela Comissão; portanto, se o fosse, teria sufragado ontem e na semana seguinte, dando o chamado voto duplo. Essa é a primeira coincidência em que não me vejo só. A segunda é que preside a Casa o 1º Vice-Presidente do Senado, que já hipotecou a sua solidariedade à manifestação de louvor feita ao eminente Senador Valmir Campelo. E, agora, o nosso 1º Secretário - essa autoridade que administra o Senado -, faz o seu aparte para dizer, estou certo - por isso já me antecipo -, da sua satisfação por poder registrar o seu aplauso ao eminente Senador Valmir Campelo.

Já o velho Rui dizia que aparte é uma concessão que se faz. No caso, vou corrigi-lo - ouso fazê-lo - e dizer que não se trata de uma concessão, mas, sim, de uma alegria e uma honra ouvi-lo também, a exemplo dos demais eminentes colegas que antecederam V. Exª no aparte.

O Sr. Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Ouço V. Exª, com muito prazer, nobre Senador Ronaldo Cunha Lima.

O Sr. Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) - Senador Bernardo Cabral, tantas vezes ouço V. Exª e tantas vezes as emoções se multiplicam, como se pedissem permissão para a permanência no espírito. Admiro V. Exª pela lhaneza do trato, pela inteligência, pela argúcia, pela cultura, mas, acima de tudo, pela afetividade. V. Exª, ao sentir que eu desejava manifestar a minha solidariedade, os meus aplausos ao Senador Valmir Campelo, por ter tido o seu nome aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos para integrar o Tribunal de Contas da União, se antecipou ao que eu iria dizer. Ao ouvir o Senador Nabor Júnior falar sobre o Senador Valmir Campelo, eu me permitia também recolher e transmitir, neste instante, a emoção que sentia. O Senador Valmir Campelo é dessas figuras humanas que podem exibir sua paisagem interior na sua totalidade, na sua integralidade, com a certeza absoluta de que oferta uma paisagem bonita. Valmir Campelo é um homem que tem um céu interior muito bonito; é elegante, leal, firme, sensível, solidário, de espírito público acendrado e fidelidade aos compromissos, aos seus ideais e à sua vocação de bem servir. Ele é um homem que me prendeu e me prende emocionalmente porque certa vez, Senador Bernardo Cabral, eu lhe mostrava alguns versos que cometo e dizia da intenção de publicar posteriormente um outro livro, especialmente um em que eu falava do amor e o amor cantava. Poucos dias depois, ele me entregava uma carta feita sponte sua para dizer do sentimento que nutria ao ouvir aqueles versos, e eu lhe pedi permissão para que sua carta fosse a contracapa do meu livro. Como vê V. Exª, por essa identidade do Senador Valmir Campelo ao transmitir sensibilidade e apoio ao que minha alma escreveu, e não apenas por isso, mas por ser ele tudo isso é que minha alma retribui a emoção que recebeu da sua alma. E devo dizer que esta Casa, secundando o que disse Nabor Júnior, vai perder um grande Senador. Mas não podemos ser tão egoístas ao ponto de prendê-lo aqui e frustrar o País de ter a colaboração da sua competência, da sua honestidade, do seu zelo no Tribunal de Contas da União. Tenho certeza de que ele não se afastará do Senado porque vai continuar vinculado à vida pública, prestando serviços ao Tribunal de Contas da União. Parabenizo o Presidente da República, parabenizo a Comissão de Assuntos Econômicos, mas parabenizo sobretudo Valmir Campelo, Senador que não é apenas meu colega, mas meu amigo. Permita-me que proclame a minha extensa e profunda admiração por Valmir Campelo, aplaudindo-o e dizendo que não lhe vou desejar votos de êxito na tarefa, porque tenho certeza de que ele vai ser altamente competente e feliz na missão que vai executar, pois, se Deus o abençoou até agora, vai continuar a protegê-lo até o final.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Senador Ronaldo Cunha Lima, supunha que o aparte fosse feito pelo advogado, jurista e escritor, mas acabo de verificar, na sua conclusão, que também o foi pelo poeta, que acaba de fazer, no aparte, uma poesia em derredor de Valmir Campelo.

Eu seria capaz de dizer que se, ao invés de iluminação elétrica, estivéssemos aqui à luz de velas, os círios acesos, aquelas lágrimas das velas, que escorrem pela sua lateral, também seriam pela saída de Valmir Campelo deste cenário.

V. Exª leva qualquer um que o ouve a acabar exclamando, com sentimento, afeto, carinho e ternura, que o último a apartear foi o poeta Ronaldo Cunha Lima, e não apenas o advogado, o jurista, o meu velho amigo Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil, grande companheiro de jornada e, inclusive, de cassação e perda dos direitos políticos no mesmo dia.

Vou encerrar, Sr. Presidente.

O Sr. Valmir Campelo (PTB-DF) - Senador Bernardo Cabral, permite-me V. Exª um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Sr. Presidente, antes de encerrar, claro, gostaria de ouvir o Senador Valmir Campelo. E ele deve fazer um aparte, e não um discurso, porque não pode frustrar, na semana vindoura, aqueles seus companheiros de o ouvirem embevecidos no discurso de despedida que, na certa, terá de fornecer a todos nós. E iremos ficar debruçados, cada um, para ouvi-lo.

Quero concluir, dizendo a ele que - sendo eu do Norte e ele do Nordeste, onde a seca é braba, enquanto na minha região a água é cascata permanente -, na minha terra, os rios, desde as cabeceiras, vão cavando seus próprios leitos. E foi assim que Valmir Campelo fez. Desde a sua saída do Nordeste, ele cavou seu próprio leito. Começou, teve meio, e o fim da vida pública é a coroação como Ministro do Tribunal de Contas da União.

Ouço V. Exª com muita alegria, Senador Valmir Campelo.

O Sr. Valmir Campelo (PTB-DF) - Prezado amigo, Senador Bernardo Cabral, desde ontem, mais uma vez tenho recebido o carinho e a amizade de todos os meus colegas, companheiros do Senado Federal. Ontem, realmente, foi um dia de coroamento de minha vida pública, um dia de muita emoção, quando tive a felicidade de receber o apoiamento dos 24 Senadores presentes naquela Comissão, inclusive de todos os Partidos com assento nesta Casa. Fiquei muito emocionado, Senador. E, enquanto minha emoção extravasava aqui, na Comissão, minha família também vivia a mesma emoção em casa. Hoje, recebo esta homenagem não do Senador Bernardo Cabral, mas do amigo Bernardo Cabral, do homem que conheci há alguns anos, na Câmara dos Deputados, quando me aproximei, a fim de buscar um pouco de sua competência, sua cultura, sua sabedoria e os caminhos da Câmara dos Deputados. Mas me aproximei também por uma das grandes virtudes do amigo, que é exatamente a lealdade, a transparência, a amizade. Isso fez com que essa aproximação se tornasse muito segura. Hoje, considero-me seu amigo, amigo de sua família - e minha esposa é amicíssima de Dona Zuleide. Respeitamos muito essa família, que realmente tem a segurança da competência, mas, acima de tudo, da amizade. O amigo hoje está me proporcionando mais uma outra grande emoção. E não tenho palavras para agradecer essa manifestação de carinho de V. Exª, como também a dos nobres Senadores, meus amigos particulares, que tanto admiro e tanto prezo, como Jefferson Péres, Geraldo Melo, Romero Jucá, Nabor Júnior e Ronaldo Cunha Lima, porque a emoção invade o meu coração e os meus sentimentos. Senador Bernardo Cabral, tudo aquilo que procurei ser e procuro ser até hoje devo à minha formação familiar e também às pessoas das quais me aproximo, como os Senadores que aqui estão, esses meus amigos que citei. Procurei seguir os seus passos, suas experiências de trabalho, de vivência, como também os seus conceitos familiares (algo que tanto dou valor na minha vida) e o comportamento de cada um aqui. Isso faz com que eu procure não decepcionar os meus amigos e, principalmente, a minha família. Senador Bernardo Cabral, saiba, não o Senador, mas o amigo, que sou muito grato a esta Casa. Esta é uma Casa de ensinamentos; é uma universidade sem professores quando o aluno, com muita humildade, se cerca desses mestres que aqui se encontram. Sou um homem feliz! Sou feliz por tudo aquilo que passei, pelo que conquistei, por aquilo que pretendi ser e, acima de tudo, por uma enorme coragem e uma fé suprema em Deus. Creio em Deus, creio nos meus amigos e amo a minha família. Muito obrigado.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Sr. Presidente, depois dessas palavras do Senador Valmir Campelo, nenhuma mais. Felicidades, Valmir. Que Deus te proteja.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/10/1997 - Página 21680