O SR. RONALDO CUNHA LIMA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pedi a palavra para falar nesta sessão sobre dois registros especiais.

O primeiro, Sr. Presidente, é que amanhã, 11 de outubro, a cidade de Campina Grande comemora 133 anos de sua emancipação política e três séculos de sua fundação. Desde quando ali aportou o sertanista Theodósio de Oliveira Lêdo, no rodeamento dos índios Ariús, Cariris e outros, passando pela condição de vila, desde Rainha da Borborema e de Campina Grande a cidade tem uma histórica rica e bonita.

E de Campina Grande, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por duas vezes fui Prefeito, e hoje meu filho dela é Prefeito pela segunda vez. Há entre nós e aquela cidade uma história de amor muito bonita. Eu me permito homenagear a minha cidade, Senador Edison Lobão, relembrando que retornei, dez anos depois de ter sido Prefeito e ter sido cassado, a Campina Grande, Senador Romero Jucá, se não me engano, fazendo uma convocação ao seu sentimento de amor. Eu dizia num comício, Senador Edison Lobão:

      "Se Campina devolver o meu direito, roubado pelo arbítrio e a ditadura, e por seu voto livre eu ser eleito, não prometo ser santo nem perfeito, mas juro defendê-la com bravura, para que esta e a geração futura se orgulhem de mim como Prefeito. E se a 15 de novembro esta cidade proclamasse o amor à liberdade, à justiça, ao amor, ao bem e à paz, eu lhe darei meus sonhos e meus planos e mostrarei, nos próximos seis anos, o quanto de amor por ela eu sou capaz."

Essa cidade que me recebeu, de novo, de braços abertos, permitindo-me que lhe fizesse versos, enchesse suas praças de versos e rimas, nos instantes mais bonitos da sua vida e nos instantes mais bonitos da minha vida, nós nos irmanamos.

Pretendo, na próxima semana, Sr. Presidente, falar, num discurso mais longo e minucioso, sobre a sua história, desde Theodósio de Oliveira Lêdo ao jovem e talentoso Prefeito de hoje, Cássio Cunha Lima; mas não poderia deixar de fazer este registro, e o faço agora.

Quero até relembrar, Senadora Regina Assumpção, o que disse em aparte ontem ao Senador Ney Suassuna, quando tentei mudar a paisagem humana da cidade, enchendo as praças, como disse, de versos. Lembro-me que coloquei, logo na entrada da cidade, saudação aos visitantes. Eu dizia:

      "Campina Grande, sorrindo, abre as portas da cidade: ao chegar, seja bem-vindo; ao partir, leve saudade. Ou: Hospitaleira e sincera, Campina é sua, de graça. Você saindo, ela espera; você voltando, ela abraça."

Nas praças, coloquei:

      "O pedestre, quando passa, vê a flor que agora é sua; a flor enfeitando a praça e a praça enfeitando a rua."

      Ou, como eu disse:

      "Esta praça me fascina, pois aqui eu namorei, fiz sonetos e sonhei com o futuro de Campina."

Ou ainda:

      "Agradeço ao destino por me conceder a graça de ter construído a praça que sonhei desde menino."

É esse o primeiro registro que quero fazer, a respeito de Campina Grande.

O Sr. Edison Lobão (PFL-MA) - Permite-me V.E.xª um aparte?

O SR. RONALDO CUNHA LIMA (PMDB-PB) - Senador Edison Lobão, com muita honra para mim.

O Sr. Edison Lobão (PFL-MA) - Antes de V. Exª passar ao segundo registro, não resisto à tentação de aparteá-lo, receoso, embora, de interromper a poesia tão bonita, tão marcante, tão penetrante que V. Exª faz em homenagem a essa bela cidade, que é a sua terra, Campina Grande - 133 anos de vida. Lembro-me, Senador Ronaldo Cunha Lima, V. Exª era Governador e eu também, que fui honrado com o seu convite para visitar aquela cidade. E ali fui com o Ministro Alexandre Costa, com outros políticos, e foi possível a nós outros verificarmos o prestígio de V. Exª. Não o prestígio político que se marca pelo topo, mas pela raiz. Era o povo abraçando o Ronaldo, era o povo abraçando o Cássio, era o povo gritando o seu nome, numa homenagem comovedora. A homenagem de um irmão. V. Exª era recebido ali como um irmão, talvez mais velho, ora como filho da terra, enfim, como Governador do qual os nascidos em Campina Grande se orgulhavam. Digo a V. Exª: aquela terra, que já foi governada por V. Exª uma vez, como Prefeito, e pelo seu filho, duas vezes. Ela, pelo que vi, ama profundamente sua família. Portanto, a homenagem que faz aqui a Campina Grande é por ela merecida, mas diz respeito também à inteireza de caráter de V. Exª. A homenagem que V. Exª faz vem do fundo da alma, do fundo do coração. Receba meus cumprimentos.

O SR. RONALDO CUNHA LIMA (PMDB-PB) - Senador Edison Lobão, sinto-me profundamente emocionado com o testemunho tão generoso que V. Exª traz neste instante, relembrando aquela oportunidade em que tivemos a honra de recebê-lo em nossa cidade.

Um jornalista de São Paulo, ao visitar Campina Grande certa vez, notou a identidade tão profunda que há entre nós, que chegou a dizer: "Isso aqui não é uma cidade, é uma cumplicidade".

Há uma reciprocidade de sentimentos - confesso - de muito amor àquela cidade. Cheguei a dizer que Campina Grande é uma cidade que me dá tudo e a qual não posso negar nada. Das oito eleições que disputei venci todas. E a cidade que tem me oferecido tantas vitórias renovadas, redobradas, testemunha esse sentimento. Realmente, sou um apaixonado por Campina Grande e tenho motivos para isso!

Portanto, Senador Edison Lobão, agradeço de coração, de forma mais especial e mais escolhida, a manifestação que parte de seu espírito generoso para com este seu colega. Sinto-me profundamente gratificado em somar as homenagens que presto à Campina Grande às que V. Exª agora traz àquela cidade. Muito obrigado.

Sr. Presidente, um segundo registro também vincula-se à poesia. E o faço - e até poderiam estranhar que o fizesse - não apenas por um dever histórico, mas por uma homenagem a dois instantes: a um homem e a uma cidade, a cidade baiana de Delmiro Gouveia.

Delmiro Gouveia foi um homem que marcou tanto a sua época, pelas suas posições, pelo seu pioneirismo como grande desbravador, a quem o destino reservou momentos de infortúnio, quando, em função da concorrência que fazia a empresas americanas ou inglesas, quando estabeleceu a criação da linha Estrela, para depois sofrer a concorrência da linha Bispo, foi brutal e covardemente assassinado. Mas o povo baiano resolveu homenageá-lo dando o seu nome a uma cidade. E um paraibano, um extraordinário poeta da Paraíba resolveu contar, em cerca de 400 estrofes, a história de Delmiro Gouveia. E a cidade, hoje, está conferindo o título de cidadania honorária a esse extraordinário poeta, que contou, de forma bela, de forma poética, de forma sensível a história de Delmiro Gouveia.

Ao fazer este registro, Sr. Presidente, para demonstrar o poder de criação e sensibilidade do poeta Luiz Nunes, que é, ao mesmo tempo, poeta e juiz, membro do Tribunal de Contas do Estado, solicito o registro de duas homenagens: à cidade de Delmiro Gouveia, que completa 80 anos de fundação, e ao poeta, por ter escrito quase 400 estrofes dedicada à cidade. Solicito ainda que essas estrofes, esses versos fossem transcritos nos Anais desta Casa em homenagem ao poeta e à cidade que homenageou, ou seja, em homenagem ao poeta Luiz Nunes e à cidade de Delmiro Gouveia.

Muito obrigado.