O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, imagino o que seria, no plenário do Senado da República, num dia de calor aqui em Brasília, não termos água para beber; com toda certeza, haveria reclamação dos Srs. Senadores. O mesmo ocorreria em qualquer repartição pública, seja federal ou estadual daqui de Brasília se, em um dia de temperatura bastante elevada, com a secura semelhante à do deserto do Saara, não se tivesse água para beber.

Essa situação, de modo permanente, está ocorrendo em boa faixa do Nordeste, especificamente em Curimataú e Cariri, no sertão paraibano.

Hoje recebi o seguinte telegrama, Sr. Presidente:

      Senador Ney Suassuna,

      Tomamos a liberdade de comunicar a V. Exª que decretamos, por meio do Decreto nº 66, de 03/09/97, estado de calamidade pública neste Município, em decorrência da falta de água potável para consumo doméstico e animal, e da extrema penúria da população puxinanaense, em conseqüência da seca que assola Puxinanã e região desde 1996, intensificada neste ano.

      Cordialmente, Orlando Dantas de Miranda. Prefeito de Puxinanã, Paraíba.

Isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores é o que está ocorrendo em inúmeros Municípios da Paraíba. E estamos diante de uma situação incrível: o Ministério que deveria cuidar disso não tem verba sequer para carro-pipa; a Sudene também não recebeu verba par esse fim. Dessa forma, estamos com populações inteiras que não pensam em lavar roupa ou em tomar banho, porque isso seria um luxo impensável, mas que sonham com água para beber e cozinhar.

Era exatamente essa a comunicação que eu queria fazer ao Senado da República, Sr. Presidente, para ver se o clamor que ela encerra ecoa e chega aos ouvidos das autoridades competentes para que, dessa forma, ajam no sentido de modificar esse quadro de penúria, miséria e desdém que está ocorrendo nesse momento no interior do Nordeste.