Discurso no Senado Federal

REGOZIJO COM A FESTA DO CIRIO DE NAZARE, REALIZADA EM BELEM DO PARA, NESTE ULTIMO FINAL DE SEMANA. CRITICAS AO COMPORTAMENTO DO MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES, SR. SERGIO MOTTA, PRESENTE A FESTA, OCASIÃO EM QUE FEZ DECLARAÇÕES POLITICAS E PROMETEU RECURSOS DA UNIÃO A PROJETO DO GOVERNO ESTADUAL.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. IGREJA CATOLICA.:
  • REGOZIJO COM A FESTA DO CIRIO DE NAZARE, REALIZADA EM BELEM DO PARA, NESTE ULTIMO FINAL DE SEMANA. CRITICAS AO COMPORTAMENTO DO MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES, SR. SERGIO MOTTA, PRESENTE A FESTA, OCASIÃO EM QUE FEZ DECLARAÇÕES POLITICAS E PROMETEU RECURSOS DA UNIÃO A PROJETO DO GOVERNO ESTADUAL.
Publicação
Publicação no DSF de 15/10/1997 - Página 21956
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, SERGIO MOTTA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), VISITA OFICIAL, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO PARA (PA), COBRANÇA, DECISÃO, NATUREZA POLITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), APOIO, CANDIDATURA, REELEIÇÃO, PROMESSA, DESTINAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, UNIÃO FEDERAL, REALIZAÇÃO, PROJETO, GOVERNO ESTADUAL, PERIODO, FERIADO RELIGIOSO, REGIÃO.
  • IMPORTANCIA, FESTA, CERIMONIA RELIGIOSA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO PARA (PA).

O SR. ADEMIR ANDRADE (BLOCO/PSB-PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senadora Benedita da Silva, caro Senador Pedro Simon, voltamos do Pará feliz com a realização da festa religiosa, que, creio, é a mais importante do mundo. Trata-se de uma festa que congrega um milhão de pessoas num ato de fé e de esperança.

Como sempre, recebemos no nosso Estado figuras ilustres de todo o mundo e principalmente aqui do Planalto. Desta vez alguns Ministros estiveram presentes, como o Ministro da Cultura, Francisco Weffort, o Ministro da Saúde e, como sempre, o polêmico Ministro das Comunicações, Sérgio Motta.

É sempre uma alegria receber pessoas dessa importância no nosso Estado.

Recebemos recentemente representantes das associações de supermercados de todo o Brasil, inclusive da Associação Nacional. Sediamos nessa mesma época o encontro, comandado pela Prefeitura de Belém, das cidades portuárias do Brasil.

Agradecemos a presença desses senhores.

Mas quero fazer aqui um protesto, pela maneira como se comportou o Ministro Sérgio Motta. Como sempre, o Ministro extrapola, fala pelos cotovelos e torna-se inconveniente.

Foi para lá participar de uma festa religiosa e fez declarações políticas bastante perturbadoras do momento de paz e confraternização característicos daquela festa.

Além do mais, porque se encantou com a beleza da festa, à semelhança de Papai Noel, ofereceu ao Governador do Pará R$6 milhões para transformar três armazéns das docas em stands de turismo destinados à venda de artesanato. É realmente um projeto muito bom que o Governo do Estado do Pará está realizando. E o Ministro Sérgio Motta encantou-se com o projeto e ofereceu R$6 milhões, como se Papai Noel fosse.

Também prestou declarações contundentes, como por exemplo, ao cobrar do PMDB que se decidisse se era Governo, se era Oposição; ao afirmar que não era elegante o PMDB estar no Governo com dois Ministros e ao mesmo tempo ficar fazendo declarações em programas de televisão; ao dizer que o PMDB tem que definir se apoiará o Presidente Fernando Henrique Cardoso como Presidente da República ou se lançará candidato; ao exigir que se tiver que lançar candidato que o PMDB saia do Governo. Enfim, prestou declarações que nada tinham a ver com o momento que a nossa Capital, Belém, estava vivendo.

Nos dias da Festa do Círio de Nazaré, não tratamos de assuntos políticos. E essa forma de falar do Ministro Sérgio Motta desagradou a muitos paraenses.

Por outro lado, quero criticar o modo como as pessoas do Governo dispõem dos recursos públicos da União. É como se o Ministro tivesse poderes absolutos para dizer o que fazer com o dinheiro público. Sem ter de prestar satisfação a ninguém, S. Exª julga um projeto bonito e diz que enviará R$6 milhões para a sua execução; fala como dono a respeito de uma área que tem relação com o Ministério da Cultura e não com o Ministério das Comunicações.

Sr. Presidente, agradecemos a boa vontade do Ministro Sérgio Motta, mas S. Exª deveria lembrar os compromissos que o Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, fez durante sua campanha em meu Estado. Sua Excelência prometeu atender às necessidades de infra-estrutura do Estado do Pará com R$2 bilhões, no decorrer dos quatro anos de governo do Governador Almir Gabriel. Dois bilhões de reais foi a avaliação das nossas necessidades, para dar ao Estado a infra-estrutura necessária ao seu desenvolvimento e para corresponder às imensas riquezas que o Pará tem dado à Nação brasileira. Trata-se do sétimo Estado brasileiro em exportação; proporcionalmente, ele tem o maior superávit comercial do Brasil e contribui enormemente com a balança comercial brasileira. Por isso o Presidente Fernando Henrique, em campanha, garantiu R$2 bilhões do Orçamento da União, e creio que receberia todo o apoio do Congresso Nacional.

No entanto, chega o Ministro Sérgio Motta ao meu Estado, fazendo declarações políticas de caráter absolutamente inconveniente e dizendo que dará R$6 milhões para o projeto das docas, que abrirá janelas para o rio da cidade de Belém, como se isso fosse uma grande coisa para o Pará.

Considerei muito ruim a forma como o Ministro apresentou essas declarações. S. Exª agiu como o dono do dinheiro, que chega a determinado lugar, agrada-se de um projeto e diz que enviará os recursos. É assim que se comportam as pessoas ligadas ao Presidente Fernando Henrique Cardoso: decidem e não prestam satisfação a ninguém.

Os recursos destinados ao Pará, ao longo dos últimos três anos, foram solicitados pela Bancada parlamentar do Estado do Pará - pelos três Senadores e pelos dezessete Deputados Federais. O Presidente Fernando Henrique Cardoso se esqueceu da promessa que fez ao nosso Estado quando candidato a Presidente da República, quando prometeu R$2 bilhões em recursos ao nosso Estado e não os têm incluído devidamente no Orçamento da União.

É lamentável que um Ministro chegue ao nosso Estado - já prometendo voltar no ano que vem, após a reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso e do Governador Almir Gabriel -, num momento de fé, de religiosidade profunda do povo do Pará, tratando de questões políticas, colocando a faca no peito do PMDB, desafiando suas Lideranças e dando uma esmola de R$6 milhões ao Pará.

Sr. Presidente, o Pará espera muito mais do Governo Fernando Henrique Cardoso, que está nos devendo o que prometeu durante a campanha eleitoral. Os R$6 milhões possibilitarão a concretização desse projeto, mas não impressionam o povo paraense; nossos direitos são muito maiores do que esmolas dessa espécie.

Condeno a forma de o Ministro Sérgio Motta fazer política. S. Exª foi ao meu Estado e se comportou de maneira inconveniente em uma festa religiosa que congrega amor, fé e fraternidade de todo o povo do Pará.

Era esta a manifestação que gostaria de fazer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/10/1997 - Página 21956