Discurso no Senado Federal

VISITA DO PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO AO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, NO PROXIMO FINAL DE SEMANA, DURANTE A QUAL ESPERA-SE UMA DECISÃO DEFINITIVA ACERCA DA CONSTRUÇÃO DO GASODUTO BRASIL - ARGENTINA.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • VISITA DO PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO AO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, NO PROXIMO FINAL DE SEMANA, DURANTE A QUAL ESPERA-SE UMA DECISÃO DEFINITIVA ACERCA DA CONSTRUÇÃO DO GASODUTO BRASIL - ARGENTINA.
Publicação
Publicação no DSF de 15/10/1997 - Página 21957
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • EXPECTATIVA, DEFINIÇÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONSTRUÇÃO, GASODUTO, LIGAÇÃO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, OPORTUNIDADE, VISITA OFICIAL, MUNICIPIO, URUGUAIANA (RS), PROMOÇÃO, INTEGRAÇÃO, PAIS, AMERICA DO SUL, AGILIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, CARTA, AUTORIA, ORADOR, INFORMAÇÃO, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE LEI, CONSTRUÇÃO, GASODUTO, CORRESPONDENCIA, ANTONIO BRITTO, GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ENDEREÇAMENTO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, GAS, CRESCIMENTO ECONOMICO, REGIÃO.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no próximo final de semana, o Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, irá ao Rio Grande do Sul. Sua Excelência participará de manobras militares entre as Forças Armadas do Brasil e das repúblicas do Uruguai e da Argentina. Em seguida, Sua Excelência irá à cidade de Uruguaiana, onde será uma presença muito importante.

Espero que o Presidente leve uma palavra definitiva sobre a construção do gasoduto Brasil-Argentina. Ainda no Governo Sarney, no início das negociações de instalação do Mercosul, foi assinada uma declaração de intenção para a construção desse gasoduto. Talvez tenha sido esse, juntamente com a construção da ponte São Borja-São Tomé, entre o Brasil e a Argentina, o grande passo que iniciou o intercâmbio e o aprofundamento do relacionamento desses dois países, que terminou com a criação do Mercosul.

Posteriormente, tendo assumido a Presidência da República, o Sr. Fernando Collor de Mello, em sua primeira ação de governo, referendou o ato de construção do gasoduto Brasil-Argentina. Surpreendente, esse mesmo Governo deixou para segundo plano essa obra e deu prioridade absoluta ao gasoduto Bolívia-Brasil.

É fácil compreender a importância do gasoduto Bolívia-Brasil, como a do gasoduto Brasil-Argentina. O gasoduto Brasil-Bolívia se estende da Bolívia a Porto Alegre, passando por Mato Grosso e São Paulo. Ele será tão necessário e o seu gás será tão procurado ao longo do seu percurso, que é difícil que chegue a Porto Alegre num espaço de tempo relativo. Por outro lado, é muito importante que o gasoduto Brasil-Argentina seja uma realidade, porque permitirá um grande entrosamento: ligará o Brasil e a Argentina e também irá ao Uruguai; será o gasoduto da integração.

Para o Rio Grande do Sul, mais especificamente para a região de Uruguaiana, que pagou um preço alto no passado por ser fronteiriça com a Argentina, considerada inimiga em potencial do futuro - motivo pelo qual essa região não pôde crescer e desenvolver-se -, esse gasoduto é muito importante. Então, parece-me que a grande saída será a construção dos dois gasodutos ao mesmo tempo, pela iniciativa privada, a tal ponto que eles se encontrem: Argentina-Porto Alegre, Porto Alegre-São Paulo, São Paulo-Bolívia.

Apresentei um projeto de lei que está em tramitação. Entreguei uma carta ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, pessoalmente. O Governador do meu Estado, Antonio Britto, enviou uma carta ao Presidente da Petrobrás, Joel Mendes Rennó, fazendo as mesmas recomendações. A metade sul do Rio Grande do Sul não está desenvolvendo-se como deveria; foi uma das regiões mais ricas e prósperas do Rio Grande e do Brasil. Exatamente por causa dessa situação difícil em que se encontrou - e repare V. Exª que apenas São Borja deu dois Presidentes da República, durante 20 anos, que foram Jango e Getúlio Vargas, bem como o Presidente Médici, durante seis anos, que era natural de Bagé - aquela região Sul pagou um preço alto pela animosidade então existente entre Brasil e Argentina.

Eu, quando Governador do Rio Grande do Sul, dei início às negociações, durante o Governo José Sarney, que depois foram adiante, culminando com o acordo do Mercosul. Sempre dizia que o Rio Grande do Sul teria que ter cuidado com o Mercosul, porque é importante, é necessário, é justo, é um grande desafio - e aí está o Presidente americano demonstrando medo. Gostei, inclusive, da reação brasileira e da reação argentina, quando se evidenciou que a integração de todas as Américas pode vir um dia, lá não sei quando, no próximo milênio, mas, todavia, quando a integração da América Latina, notadamente a do Mercosul, dos países da América do Sul já for uma realidade - e já constataram como sendo uma realidade.

É dentro dessa realidade que a metade sul do Rio Grande foi considerada pelo Presidente Fernando Henrique como sendo uma área prioritária para o seu desenvolvimento; daí esse gasoduto que já está sendo construído em Uruguaiana. Virá o gás da Argentina e o gasoduto Argentina-Brasil já é uma realidade, mas via Uruguaiana, vez que se vai construir - e está sendo construída - uma usina na base do gás argentino naquele Município. Essa usina proporcionará um grande progresso e uma grande revolução no desenvolvimento daquela região.

Eu apenas penso, Sr. Presidente, que, neste momento em que o Presidente vai a Uruguaiana, assina o termo da construção do gasoduto, participa dos atos iniciais do lançamento da usina de Uruguaiana, seria importante, já que se fala em gasoduto, que este fosse Brasil-Argentina, via Porto Alegre, e não apenas Brasil-Argentina, via Uruguaiana.

É este o apelo que me traz a esta tribuna, oportunidade em que renovo os termos da carta que enviei ao Senhor Presidente e cuja transcrição solicito seja feita nos Anais da Casa, dando-lhe notícia do meu projeto de lei e da carta que o Governador Antonio Britto endereçou ao Presidente da Petrobrás. Pelas informações que temos, o Presidente da República já deu essa determinação, com a qual o Presidente da Petrobrás já está concorde, o que seria, para nós do Rio Grande do Sul, notadamente para a metade sul, um ato de festa, de alegria se, na próxima quinta-feira, ao chegar a Uruguaiana, o Presidente da República realmente assinasse e determinasse, em definitivo, a construção do gasoduto Brasil-Argentina, sim, mas não apenas via Uruguaiana, mas também via Porto Alegre, e, quiçá, logo ali adiante, subindo por Santa Catarina e Paraná, fazer a unificação, repito, do gasoduto que sai da Argentina, passando por Porto Alegre, com o outro gasoduto que sai da Bolívia, vem a São Paulo, formando um espetacular gasoduto, usando hoje o gás da Argentina e o gás da Bolívia; amanhã, segundo todas as informações que temos, o próprio gás brasileiro, que haverá de ser descoberto e aproveitado técnica e economicamente.

Ao mesmo tempo em que, como Senador pelo Rio Grande do Sul, fico muito satisfeito com a visita do Presidente ao meu Estado e a ida de Sua Excelência a Uruguaiana, lembro-me de que, nessa cidade, iniciou-se, de certa forma, o Mercosul com as presenças dos Presidentes do Uruguai, da Argentina, do Brasil e de Governadores da Argentina e do Brasil.

Sr. Presidente, seria uma grande festa se, neste momento, o gasoduto Brasil-Argentina se transformasse numa realidade. Mas que, no Brasil, repito, o gasoduto passasse por Uruguaiana e Porto Alegre e não somente por Uruguaiana.

Fico feliz ao constatar que a justa reivindicação feita pelo Governador Antonio Britto nesse sentido tenha surtido efeito; que o trabalho que realizamos, no passado, tenha surtido efeito e que a promessa de realização disso tudo, feita pelo Presidente da República, tenha se transformado em realidade.

As informações que tenho são as de que o Presidente Fernando Henrique, agora, em Uruguaiana, assinará em definitivo o termo da construção do gasoduto Brasil-Argentina, de tal maneira que o gasoduto da Bolívia nada tenha a ver com este último, pois não são concorrentes. Como é a iniciativa privada que irá realizar essa obra, e não tem porquê não realizá-la, de tal maneira, repito, que os dois gasodutos sejam construídos ao mesmo tempo e possam realizar este trabalho em conjunto.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/10/1997 - Página 21957