Pronunciamento de Nabor Júnior em 20/10/1997
Discurso no Senado Federal
PROPOSTAS CONSOLIDADAS NO PROGRAMA AMAZONIA SOLIDARIA, ELABORADAS EM UNISSONO POR DIVERSOS MINISTROS DE ESTADO E ENCAMINHADAS AO PRESIDENTE DA REPUBLICA, VISANDO A ADOÇÃO DE MECANISMOS ESPECIFICOS DE INCENTIVO AO USO MULTIPLO DA FLORESTA AMAZONICA E DE PROGRAMAS DE PRODUÇÃO SOCIAL QUE BENEFICIARÃO O SEGMENTO EXTRATIVISTA DE BORRACHA NATIVA.
- Autor
- Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
- Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
- PROPOSTAS CONSOLIDADAS NO PROGRAMA AMAZONIA SOLIDARIA, ELABORADAS EM UNISSONO POR DIVERSOS MINISTROS DE ESTADO E ENCAMINHADAS AO PRESIDENTE DA REPUBLICA, VISANDO A ADOÇÃO DE MECANISMOS ESPECIFICOS DE INCENTIVO AO USO MULTIPLO DA FLORESTA AMAZONICA E DE PROGRAMAS DE PRODUÇÃO SOCIAL QUE BENEFICIARÃO O SEGMENTO EXTRATIVISTA DE BORRACHA NATIVA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/10/1997 - Página 22337
- Assunto
- Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
- Indexação
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- TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS, PROGRAMA COMUNIDADE SOLIDARIA, SUBSCRIÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, ENDEREÇAMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROPOSTA, CRIAÇÃO, PROGRAMA, REGIÃO AMAZONICA, INCENTIVO, AMPLIAÇÃO, UTILIZAÇÃO, FLORESTA AMAZONICA, APOIO, PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO, BORRACHA, BENEFICIO, COMUNIDADE, EXTRATIVISMO, BORRACHA NATURAL, Amazônia Legal.
O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governo do Brasil finalmente se volta para a realidade das precárias condições de vida enfrentadas pelos habitantes da Região Amazônica, perpetuamente abandonados à própria sorte e até aqui sem qualquer perspectiva concreta de desenvolvimento econômico e progresso social. É um quadro de carências e desestímulo, onde os seringueiros ganham posição de triste destaque, pois a falência de sua tradicional atividade extrativista os levou à miséria, ao êxodo das glebas onde nasceram para as favelas que se expandem na periferia dos centros urbanos.
É um assunto que V. Exªs já conhecem e é abordado com freqüência, por mim e por outros representantes da região, sem distinções partidárias ou ideológicas. Levado várias vezes à consideração do Executivo, dele finalmente recebeu uma resposta eficaz e objetiva, emitida em uníssono pelos Ministros da Saúde, Agricultura, Meio Ambiente, Marinha, Exército, Aeronáutica, Planejamento, Fazenda, Casa Civil e Assuntos Estratégicos. E essa posição conjunta, como veremos, aponta a real importância - agora admitida pelas autoridades federais - da crise que se agrava em todo o Norte do País.
A proposta é consubstanciada em Exposição de Motivos Conjunta, dentro do Programa Comunidade Solidária, do qual extraiu seu próprio nome: Programa Amazônia Solidária. Trata-se de um desdobramento, de uma tentativa de adaptação regionalizada das metas federais do projeto, pela qual os Ministros propõem ao Presidente da República a adoção de "mecanismos específicos de incentivo ao uso múltiplo da floresta amazônica e de programas de promoção social, em consonância como o que dispõe o art. 7º da Lei nº 9.479, de 12 de agosto de 1997". É uma nova ação, voltada para o esforço governamental de "articulação e coordenação das ações e dos programas sociais direcionados para o segmento extrativista de borracha nativa, que vem sofrendo acelerado processo de empobrecimento, em virtude da baixa rentabilidade de suas atividades tradicionais".
A grande inovação do Programa Amazônia Solidária, em relação à matriz, o Comunidade Solidária, está justamente na sua regionalização: em vez de Municípios, o atendimento faz-se a um grupo especial de brasileiros. E tem o mérito adicional de, realisticamente, inserir as comunidades extrativistas como beneficiárias.
E explica, quantificando o universo de famílias e de profissionais atingidos pelo novo Programa: "a estratégia a ser adotada resulta da constatação de que, embora muitos órgãos venham atuando na região, com bastante intensidade, o paralelismo de ações e a dispersão de recursos e esforços resultam em benefícios pouco significativos para esse segmento da população. Dessa forma, a proposta contempla grande esforço de articulação, ampliando as parcerias entre os órgãos e entidades governamentais e não-governamentais, visando à implementação racional do Programa", que "tem como meta atender aproximadamente 63.000 seringueiros extrativistas nos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia. Estima-se que serão beneficiadas diretamente cerca de 376.000 pessoas", de modo escalonado, para que sejam observadas as próprias peculiaridades da Amazônia e a realidade da precariedade financeira de nossos dias.
A seriedade com que o assunto foi encaminhado pode ser constatada na citada Exposição de Motivos, onde os Ministros signatários reafirmam a importância de serem atendidos, simultaneamente, na ação do novo Programa, os aspectos urgência e amplitude, pois "neste sentido, e a fim de conseguir resposta imediata para o Programa, com maiores possibilidades de multiplicação dos efeitos das medidas preconizadas, efetuou-se levantamento das comunidades com maior número de famílias, com razoável volume de produção de borracha, com disponibilidade de unidades de beneficiamento (usinas) e situadas em áreas de reservas extrativistas" - o que levou à indicação de 21 núcleos, na primeira etapa, dos quais a metade, praticamente, situa-se no Estado do Acre: 1. Reserva Extrativista Alto Juruá - Cruzeiro do Sul: 2. Comunidades extrativistas - Feijó; 3. Comunidades extrativistas - Tarauacá; 4. Reserva Chico Mendes - Rio Branco; 5. Reserva Chico Mendes - Assis Brasil; 6. Reserva Chico Mendes - Brasiléia; 7. Comunidades extrativistas - Plácido de Castro; 8. Comunidades extrativistas - Sena Madureira; 9. Comunidades extrativistas - Manuel Urbano; e 10. Reserva Chico Mendes - Xapuri. As outras áreas ficaram para seleção posterior, dentro das diretrizes do Comunidade Solidária.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, a Exposição de Motivos Conjunta, publicada no Diário Oficial da União da última quinta-feira, dia 16 de outubro, é um documento da maior importância para o resgate da dívida que o Brasil tem com seus cidadãos da Amazônia, com as famílias que insistem em promover e efetivamente preservar a integração de mais de 50% do território nacional. Solicito sua transcrição, na íntegra, como parte deste discurso, mas julgo importante que V. Exªs. ouçam, agora, apenas mais um trecho - o que estabelece as linhas de atuação do Programa Amazônia Solidária: incentivo ao uso múltiplo da floresta, apoio à produção e à comercialização da borracha nativa, ações de saúde e saneamento, fortalecimento da infra-estrutura local e melhoria das condições de abastecimento das famílias a serem atendidas.
Vamos aguardar que o Senhor Presidente da República e seus assessores imediatos, atentos à importância da proposta elaborada em conjunto pelos principais Ministros de Estado, confiram-lhe as indispensáveis atenções e decidam com corajosa presteza sua implementação, de modo a que não se perpetue o quadro de misérias e de carências hoje vivido pelo povo da Amazônia - uma situação que, a cada dia, torna-se mais dramática e insustentável.
Muito obrigado.