Pronunciamento de José Ignácio Ferreira em 21/10/1997
Discurso no Senado Federal
TRANSCURSO, NO ULTIMO DIA 15, DO PRIMEIRO CENTENARIO DA CHEGADA DOS MARISTAS AO BRASIL. HOMENAGEM AO INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS, EXTERNANDO O RECONHECIDO APREÇO DE S.EXA. A SEUS MEMBROS PELO LONGO, PROFICUO E CLARIVIDENTE TRABALHO REALIZADO, E QUE VEM SENDO REALIZADO POR ESSES ABNEGADOS FILHOS DE MARCELINO CHAMPAGNAT, EM BENEFICIO DA JUVENTUDE BRASILEIRA.
- Autor
- José Ignácio Ferreira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
- Nome completo: José Ignácio Ferreira
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- TRANSCURSO, NO ULTIMO DIA 15, DO PRIMEIRO CENTENARIO DA CHEGADA DOS MARISTAS AO BRASIL. HOMENAGEM AO INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS, EXTERNANDO O RECONHECIDO APREÇO DE S.EXA. A SEUS MEMBROS PELO LONGO, PROFICUO E CLARIVIDENTE TRABALHO REALIZADO, E QUE VEM SENDO REALIZADO POR ESSES ABNEGADOS FILHOS DE MARCELINO CHAMPAGNAT, EM BENEFICIO DA JUVENTUDE BRASILEIRA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 22/10/1997 - Página 22546
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, CENTENARIO, CHEGADA, INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL, IGREJA CATOLICA, BRASIL.
- ELOGIO, TRABALHO EDUCATIVO, INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL, IGREJA CATOLICA, BENEFICIO, JUVENTUDE.
O SR. JOSÉ IGNÁCIO FERREIRA (PSDB-ES. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, no dia 15 de outubro de 1897, desembarcava no porto do Rio de Janeiro, proveniente da França, um pequeno grupo de 6 irmãos maristas. Eram Júlio Andrônico, Luís Anastácio, Aloysio, João Alexandre, Afonso Estêvão e Basílio. O destino da pequena caravana era a cidade de Congonhas do Campo, terra do Aleijadinho e do Santuário do Bom Jesus do Matosinhos. Para lá se dirigiram os irmãos, a pedido de Dom Silvério Gomes Pimenta, então Bispo Auxiliar de Mariana.
A Congonhas do Campo chegaram no dia 18 de outubro do mesmo ano. Foram recebidos com solenidade e entusiasmo pela comunidade, sob a coordenação das autoridades e das lideranças locais. Havia tempo a cidade os aguardava, com ansiedade, particularmente os que já haviam feito a opção de estudar com eles, os primeiros 40 alunos dos Maristas no Brasil.
No dia 15 deste mês de outubro, conforme já foi lembrado pelo eminente Senador Pedro Simon, transcorreu o primeiro centenário da chegada dos Maristas ao Brasil.
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, na ocasião dessa efeméride, alio-me com grande satisfação a todos os que celebram a data, para também prestar minha homenagem ao Instituto dos Irmãos Maristas e externar meu reconhecido apreço aos seus membros, pelo longo, profícuo e clarividente trabalho realizado, e que vem sendo realizado, por esses abnegados filhos de Marcelino Champagnat, em benefício da juventude brasileira.
Fundado por Marcelino Champagnat em La Valla, na França, o Instituto, de forma orgânica, coesa e fiel aos compromissos de origem, espalhou-se pelo mundo. Hoje, está presente em 80 países, nos cinco continentes, sempre unido pela égide de uma missão generosa e sublime: “Educar crianças e jovens, sob a ótica do fundador, para tornar Jesus Cristo conhecido e amado, formando bons cristãos e virtuosos cidadãos”.
No Brasil, hoje, o Instituto está dividido em seis províncias, das quais cito a Província do Rio de Janeiro, à qual está integrado o meu Estado do Espírito Santo, onde na cidade de Vila Velha, o Colégio Marista Nossa Senhora da Penha, criado há 43 anos, com 2 mil alunos matriculados, e em Colatina o Colégio Marista de Colatina, fundado em 1953, com 1.250 alunos efetivos - dentre os quais trezentos alunos carentes - proporcionam ao seu corpo discente um ensino com alto padrão de qualidade e versatilidade, característica, aliás, do trabalho dos Maristas.
Cem anos de existência e de trabalho educativo em terras brasileiras constituem um acontecimento de profundo sentido para os destinos do País, particularmente em face da grandeza do carisma dos Irmãos Maristas, materializado no seu devotamento à educação da juventude. Sem dúvida, não se trata de uma trajetória isenta de dificuldades; mas a derrota nunca esteve presente, até porque a seara dos Maristas é a alma jovem onde vicejam a audácia e as esperanças do porvir dos povos.
Cem anos de história são cem anos de semeadura da boa semente. Cem anos de promoção dos valores que justificam e embelezam a existência, dos valores aos quais vale a pena dedicar a vida, os da solidariedade humana e cristã, “únicos capazes de construir pessoas integradas e de boa vontade e uma humanidade que viva na paz prometida pelo Senhor da História”.
Marcelino Champagnat queria os seus Maristas sempre presentes e audaciosamente atuantes na arte de educar, para formar, como já afirmei, “bons cristãos e virtuosos cidadãos”. Assim têm agido os Irmãos Maristas em nossa Pátria, com dedicação, intuição, sensibilidade, solidariedade e com a audácia sinalizada pela fé. Fé concretizada em trabalho no terreno da juventude, segurança e grandeza do Brasil de amanhã.
Seus colégios espalham-se pelo País, de norte a sul, acolhendo e educando, formando e encaminhando. Colégios que se multiplicam em creches e lares, em centros de assistência a menores desamparados, em institutos de solidariedade, em grupos comunitários e de cidadania, centros de hospedagem, centros de reflexão e lazer, casas, recantos e universidades.
Eu, mesmo, sou um ex-aluno marista, eis que estudei no Colégio São José, no internato da Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, no Rio de Janeiro. E poucos sabem, talvez, mas é preciso lembrar que nos colégios maristas estudam não apenas os que têm condições financeiras. Os pobres também são acolhidos, por meio de bolsas de estudo ou mediante escolas e centros pelos Maristas organizados e mantidos.
Nesse sentido, cito a Escola Marista Irmão Francisco Rivat, de Samambaia no Distrito Federal. Inaugurada em março de 1996, para comemorar os cem anos de presença do Instituto em terras brasileiras, é uma escola bem construída, simples, funcional, e mantém-se bem conservada, graças ao trabalho educativo nela desenvolvido. Lá, ministra-se o ensino da alfabetização à quarta série do primeiro grau a mais de 300 alunos, gratuitamente. No seu âmbito, foram organizados 21 times de esportes diversos, salão de corte de cabelo e manicure para aprendizes do ofício, graças à colaboração dos estudantes do primeiro grau do colégio do Plano Piloto. Além disso, estão em funcionamento gabinetes para tratamento dentário e médico, com assistência gratuita para os alunos e seus familiares.
Trata-se da solidariedade real, talvez uma dimensão a ser descoberta pela sociedade global de nossos dias. A solidariedade “que move os pés, as mãos, os corações, os recursos...”, que organiza a assistência, que não foge do sacrifício, que partilha, que ajuda, que levanta, que ensina a liberdade, que proclama a justiça e reconstrói.
Trata-se da solidariedade sem exclusão, porque toda pessoa humana é valor. Seja rico ou seja pobre, e todos precisam crescer. Por isso, tanto nas Províncias do Sul quanto na enorme Província do Norte, o trabalho dos Maristas não conhece fronteiras. Raça ou condição social, índios, encarcerados, deserdados ou aquinhoados, todos têm o mesmo valor essencial e o mesmo potencial para crescer material e espiritualmente. Todos são acolhidos e encaminhados, para resgatar a própria dignidade ou para redimensionar essa dignidade quando enclausurada pelo medo ou pela esterilidade.
Os Maristas nasceram de uma experiência de solidariedade vivida por seu fundador e apreendida nos olhos de um jovem ignorante e moribundo. Por isso, a solidariedade interpela-os e projeta-lhes horizontes de um mundo novo, diferente, de “bons cristãos e virtuosos cidadãos”.
Muito Obrigado!