Discurso no Senado Federal

REGOZIJO COM A REPERCUSSÃO DA DIVULGAÇÃO DOS TRABALHOS LEGISLATIVOS TRANSMITIDOS PELA TV SENADO, CITANDO COMO EXEMPLO, A MENSAGEM ENCAMINHADA A S.EXA. PELA SRA. LOIRE, RESIDENTE EM CAMPO GRANDE - MS.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. LEGISLATIVO.:
  • REGOZIJO COM A REPERCUSSÃO DA DIVULGAÇÃO DOS TRABALHOS LEGISLATIVOS TRANSMITIDOS PELA TV SENADO, CITANDO COMO EXEMPLO, A MENSAGEM ENCAMINHADA A S.EXA. PELA SRA. LOIRE, RESIDENTE EM CAMPO GRANDE - MS.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/1997 - Página 22818
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. LEGISLATIVO.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, UTILIZAÇÃO, TELEVISÃO, SENADO, DIVULGAÇÃO, TRABALHO, CONGRESSO NACIONAL, FACILITAÇÃO, ACESSO, INTERCAMBIO, POPULAÇÃO, CONGRESSISTA.
  • LEITURA, MENSAGEM (MSG), COMPUTADOR, AUTORIA, LOIRE DE LIMA, CIDADÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), REMESSA, ORADOR, ELOGIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, SENADOR.
  • AGRADECIMENTO, MENSAGEM (MSG), RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, ATIVIDADE POLITICA, DEMONSTRAÇÃO, ALTERAÇÃO, CONCEITO, OPINIÃO PUBLICA, CLASSE POLITICA, PAIS.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB/DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pretendo abordar hoje um assunto um pouco diferente dos temas que normalmente integram os meus pronunciamentos nesta Casa.

Nos primeiros anos do meu mandato, Sr. Presidente, confesso que fiquei preocupado com a pouca divulgação do trabalho dos Senadores.

Preocupava-me, particularmente, a constatação de que a grande maioria dos brasileiros desconhecia, quase que por completo, a natureza e o volume das atividades desta Casa.

A partir de fevereiro de 1996, com a entrada em funcionamento da TV Senado, esse quadro começou a mudar radicalmente.

Atingindo quase todo o País, a TV Senado tem mostrado ao povo o que se faz e o quanto se faz nesta Casa do Congresso Nacional.

Nós, Senadores, passamos a ser conhecidos pelos brasileiros. Passamos a ser identificados pelos nomes, e as pessoas passaram a ter conhecimento do nosso trabalho.

Recentemente, Sr. Presidente, recebi uma mensagem, via computador, das inúmeras que temos recebido, que dá uma idéia do quanto foi importante a decisão de utilizarmos a TV como instrumento de divulgação do nosso trabalho.

Na sessão do último dia 10 de outubro, alguns colegas, muito generosos, teceram palavras extremamente gentis a meu respeito, presenteando-me com uma demonstração de amizade que jamais esquecerei.

Um dia antes, na reunião da Comissão de Assuntos Econômicos, o meu nome havia sido aprovado na "sabatina" que antecede a apreciação, pelo Plenário, dos indicados para ocupar vaga de Ministro do Tribunal de Contas da União.

Após a sessão daquela sexta-feira, consultando o assim chamado "correio eletrônico", no computador, deparei-me com um e-mail endereçado a mim, que dizia o seguinte:

      “Senador Valmir Campelo,

      Desculpe-me pelo tamanho do e-mail; é meio grandinho! Mas hoje fiquei nostálgica, Senador! Esta sessão de hoje tocou-me o coração! Uma sessão - como não dizer? - lítero-musical...

      Nem posso dizer que faltou música, pois a fala do Senador Ronaldo Cunha Lima soa como uma flauta doce aos ouvidos (isso eu já lhe havia dito). Ao pé desta mensagem, segue a poesia que um dia dediquei aos discursos desse grande poeta.

      Senador Valmir, eu nunca imaginei, em todos esses meses que acompanho as sessões e comissões do Senado, ficar emocionada numa despedida. Sei que o senhor cuidará direitinho do TCU...

      A gente, com o tempo, aprende a gostar de cada um dos Senadores e, quanto ao senhor, já estávamos acostumados com seus discursos, principalmente nas sextas-feiras, ou na substituição na Presidência da Mesa Diretora...

      Vai fazer falta, Senador! Vai ficar aquele vazio.

      Quero aproveitar e dizer ao Senador Bernardo Cabral (por quem tenho um carinho muito especial, com a ternura que me faz lembrar do primo Silva Freire - o Bugrinho de Cuiabá -; do Dr. Domingos Eduardo da Rocha - da minha CESP...) que às vezes eu costumo fiscalizar o Senado (fiscalizar assim, muito ingenuamente - sei disso - muito sem base...) -: solto-lhes as minhas pedras, mas elas são pedras-sabão, Senador, são daquelas miudinhas, redondinhas, que quando lhes atingem é para fazer cócegas. Ah! Os senhores nem notam...

      Tenho encontrado belas pérolas entre os Senadores: algum límpido brilhante, alguns falsos brilhantes, alguns rubis, muitas pérolas..., por mais que politicamente as divergências seja fortes, mas isso é de menos importância.

      Não é verdade que nós só vemos defeitos e só criticamos os parlamentares. A gente reconhece muito bem o valor de cada um dos senhores.

      Amamos vocês. Cada um tem algo que amamos. Aqui em casa tem quatro TVs: duas com TV a cabo e uma delas fica diretamente ligada - 24h - na TV Senado.

      Até o meu filhinho (11 anos) e o meu sobrinho falam os nomes dos senhores com a maior amizade, como se fossem amiguinhos de jogar bola.

      A gente aqui acorda com vocês, almoça com vocês, janta com vocês, recebe visitas com vocês, dorme com vocês... (Com licença do "vocês").

      De longe sabemos quem fala, só pela voz.

      Às vezes a gente fala: "não gosto desse aí". Mas não é verdade: é porque está falando algo que não queremos, que estamos contra... Mas no outro dia ele fala uma coisa que a gente gosta... e a gente fala: "Gosto desse Senador!", e assim vai! É até engraçado.

      A minha manicure, a Leonora, já vem me fazer as unhas na sexta-feira de manhã só por causa dos senhores, só para assisti-los. Isso a pedido!!! Hoje, ela chorou com a poesia do Senador Ronaldo Cunha Lima.

      As outras duas empregadas, a Maria e a Zélia, às vezes vejo-as naquela simplicidade (nem entendem o Português direito) paradas em frente à TV, com a vassoura na mão, já entendendo alguma coisa. Imagine que coisa linda! Elas estão comentando os discursos. Estão politizadas. Veja a importância dos senhores! Isso aqui em Mato Grosso!

      Como não gostar de vocês??? Como não achar que aí só tem pedras preciosas???

      Esses dias lembrei-me de uma frase que o Senador Sérgio Machado, recorrendo a São Tomás de Aquino, disse (e eu agora vivo repetindo...): "Prefiro os que me criticam e me corrigem aos que me elogiam e me corrompem".

      Senador Valmir, quando o senhor acabou de responder, de agradecer a fala do Senador Bernardo e dos outros Pares, a TV focalizou o semblante sempre severo e enérgico do Senador Geraldo Melo - hoje especialmente iluminado..:- semblante este que soube espelhar rapidamente, refletir profundamente que o senhor chorava, Senador Valmir; e aí, eu chorei"

Sr. Presidente, a mensagem foi assinada por uma senhora chamada Loire, de Campo Grande, a progressista capital do Estado de Mato Grosso do Sul.

Na mesma mensagem, ela inclui uma poesia, da sua própria lavra, dedicada aos Srs. Senadores.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, esta mensagem sensibilizou-me profundamente! Fez-me refletir acerca de conceitos e reavaliar alguns pontos de vista formados a partir de observações ligeiras. Todos nós sabemos de uma versão corrente, dando conta de um pretenso conceito negativo, por parte da população, acerca da classe política em geral. Essa versão, Sr. Presidente, tornou-se praticamente fato consumado, sendo divulgada amplamente pelos meios de comunicação como verdade absoluta e imutável.

Uma versão falsa, naturalmente, que veio corroborar, de forma inequívoca, o célebre ensinamento do filósofo francês que dizia que "uma mentira repetida exaustivamente acaba se tornando verdade". Essa afirmação de Voltaire, aliás, constitui hoje um dos fundamentos da propaganda e da publicidade do nosso tempo.

O recurso, que não é novo, consiste em veicular exaustivamente uma notícia, uma mensagem ou uma peça publicitária - não importando se verdadeira ou falsa -, até que seja totalmente absorvida pelo subconsciente das pessoas, tornando-se verdade inquestionável.

Tenho hoje absoluta certeza de que esse tão propalado conceito negativo da população acerca da classe política não passa, no mínimo, de uma meia verdade.

A população, de um modo geral, nunca havia sido informada quanto às atividades do Senado Federal, e muito menos sobre as atividades específicas dos Srs. Senadores.

A TV Senado, como já disse, está presente hoje em quase todos os Estados brasileiros, e está mudando esse conceito, inegavelmente imposto à opinião pública.

Somente a Região Norte, por enquanto, não recebe os sinais da TV Senado. Lá, a divulgação das nossas atividades tem sido feita pelo jornal Amazônia no Senado.

Com as transmissões ao vivo da TV Senado, começou a ruir o tal “conceito negativo” da população sobre a classe política brasileira.

As sessões da Casa passaram a ser transmitidas diretamente aos lares das famílias brasileiras. Cada Senador passou a ser fiscalizado pelos seus próprios eleitores. Os assuntos discutidos nas Comissões Técnicas passaram a ser acompanhados pelo cidadão comum, que começou a ter interesse pelos grandes temas nacionais. Ou seja, o cidadão brasileiro passou a ter acesso direto à fonte. Passou a conhecer a realidade do Senado da República, sem o risco das interpretações e insinuações tendenciosas.

Isto é uma conquista extraordinária!

O resultado mais efetivo dessa conquista talvez tenha sido a facilidade de acesso e de intercâmbio que se estabeleceu entre o eleitor e o Parlamentar. A partir desse intercâmbio, mais e mais eleitores passaram a enviar-nos suas críticas, suas sugestões e seus pontos de vista, criando uma interface extremamente positiva à nossa atuação nesta Casa.

Particularmente, tenho recebido inúmeras cartas, mensagens eletrônicas e todo tipo de comunicação, algumas questionando meus pronunciamentos e projetos, outras elogiando e um sem-número contendo sugestões e idéias.

É o milagre da mídia eletrônica a serviço da democracia!

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao encerrar minhas palavras de hoje, quero pedir licença para dirigir-me a uma pessoa muito especial. Uma pessoa cujas colocações calaram fundo em meu ser, fazendo-me acreditar que, afinal, existe algum mérito nessa nossa tão pouco compreendida e tão criticada atividade política.

Quero dirigir-me à senhora, D. Loire Lima, de Campo Grande. Quero dizer-lhe que pessoas como a senhora, como a Leonora, como a Maria, a Zélia e o seu filhinho de 11 anos é que fazem valer a pena a nossa luta em favor de um Brasil melhor, mais justo e com oportunidade para todos.

A sua mensagem no computador deu-me a certeza de que não estamos pregando no deserto.

Quando a senhora diz que as pessoas estão se politizando mais, enche de orgulho e de contentamento a todos nós, Senadores. Ao afirmar que muita gente já nos conhece pelos nomes e já é capaz de nos identificar pelo tom de voz, a senhora nos dá a certeza de que os nossos esforços valem a pena.

Suas colocações, minha cara D. Loire, ao mesmo tempo que nos traz alegria e lisonja, amplia igualmente a nossa responsabilidade para com este nosso Brasil de tantos contrastes.

Com a proximidade do dia em que terei que deixar esta Casa para assumir as funções de Ministro do Tribunal de Contas da União, sinto uma nostalgia antecipada. Uma saudade precoce dos longos e acalorados debates de que participei neste plenário, de tão caras tradições republicanas. Sinto um orgulho saudável pelo privilégio de muito ter apreendido nesta autêntica e incomparável universidade da política brasileira, que é o Senado Federal.

Sinto também o pulsar da consciência tranqüila, porque estou plenamente convencido de ter dado o melhor de mim, no cumprimento do dever.

Ao longo desses quase sete anos de mandato, como Senador da República, posso dizer-lhe, olhando nos seus olhos, D. Loire, que devotei cada minuto da minha existência à tarefa de construção de um Brasil menos desigual e mais justo.

Quero dizer-lhe também que se algum aplauso merece a minha atuação no Senado da República, as palmas são todas suas, minha amiga, pois são pessoas como a senhora que constituem a nossa razão de cumprirmos com a nossa obrigação.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/1997 - Página 22818