Discurso no Senado Federal

SAUDANDO O LANÇAMENTO, HOJE, NA LIVRARIA CULTURA, EM SÃO PAULO, DO LIVRO UMA VIDA ENTRE LIVROS - REENCONTROS COM O TEMPO, DE AUTORIA DE JOSE MINDLIN.

Autor
Francelino Pereira (PFL - Partido da Frente Liberal/MG)
Nome completo: Francelino Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • SAUDANDO O LANÇAMENTO, HOJE, NA LIVRARIA CULTURA, EM SÃO PAULO, DO LIVRO UMA VIDA ENTRE LIVROS - REENCONTROS COM O TEMPO, DE AUTORIA DE JOSE MINDLIN.
Publicação
Publicação no DSF de 05/11/1997 - Página 23918
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, LANÇAMENTO, LIVRO, AUTORIA, JOSE MINDLIN, EMPRESARIO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL-MG. Para uma comunicação inadiável. ) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o mundo cultural de São Paulo assumirá, esta noite, uma nova dimensão, tocada pela identificação com as raízes mais expressivas de nosso povo e dotada de profundo sentimento humano.

José Mindlin, homem público, empresário e bibliófilo, reunirá os amigos na Livraria Cultura, em São Paulo, para lançar "Uma vida entre livros - reencontros com o tempo", que resume sua convivência ao longo dos anos com quase 30 mil títulos, muitos deles verdadeiras raridades no Brasil e no mundo.

O livro conta a história de como a biblioteca foi sendo formada, livro a livro, de como ele exerceu, com disposição e muita paciência, a atividade de garimpagem em busca de melhores obras, e de como, ao longo dos anos, foi conhecendo e estreitando relações com os autores dos livros, associando tudo isso ao dia-a -dia de seus 83 anos de vida.

Simultaneamente, na mesma hora e no mesmo local, Betty, a filha de Mindlin, uma veterana nas letras, lançará sua mais recente obra. "Moqueca de Maridos", mais uma incursão antropológica da escritora na vida e na atividade indigenista brasileira.

Trata-se de histórias simples, escritas em linguagem fácil e acessível, quase em ritmo de conto de fadas, sobre os mitos eróticos de seis tribos de Rondônia.

Quem já leu o livro de Betty, que já se encontra nas livrarias, mas será oficialmente lançado hoje, juntamente com a primeira obra do pai, garante tratar-se de uma mistura leve entre o real e o imaginário.

Deliciosas histórias contadas por pajés e mulheres das tribos, onde a realidade e a ficção se envolvem numa atmosfera de sonho e fantasia, para falar dos eternos conflitos homem/mulher, presentes e com grande vigor entre os silvícolas.

Betty, uma economista que virou antropóloga, estreou como escritora em 1985, dedicando-se a escrever sobre os índios brasileiros, recolhendo e transformando em literatura antropológica uma já larga experiência entre as tribos rondonienses.

Quanto ao pai, Mindlin, colecionar livros sempre foi, para ele, uma vocação, manifestada a partir dos 15 anos, quando adquiriu as primeiras obras, e fortalecida em sua atividade de jornalista, como redator de "O Estado de São Paulo".

Suas atividades de empresário, advogado e Secretário de Cultura de São Paulo o impediram de se dedicar a escrever, o que faz agora, depois de vender a Metal Leve, a empresa à qual se dedicou por decênios, transformando-a em uma das maiores de sua especialidade.

O livro que marca o ingresso de José Mindlin no ciclo dos escritores começou a ser preparado em 1990, fruto de uma longa entrevista dada a estudantes sobre como criar uma biblioteca a partir da agregação de obras de variada natureza. A entrevista, transformada em texto, foi traduzida para o inglês e publicada com grande sucesso pela John Brown University, nos Estados Unidos. Estava dado o passo inicial.

Com predileção pela ficção, a biblioteca de Mindlin reúne vários gêneros, como ficção estrangeira, ensaios, poesias e publicações diversas, mas tornou-se famosa também pela Coleção Brasiliana e por concentrar raridades, que foram sendo adquiridas ao longo tempo, sempre que as oportunidades iam surgindo.

Essa busca acabou gerando histórias, muitas das quais foram aproveitadas no livro. Através de contatos com uma livreira de Copenhague, Mindlin adquiriu em Viena uma edição de 1558 da Viagem de Hans Staden ao Brasil. Num sótão de uma livraria no Canadá, encontrou uma raridade do Século XVII, um dos três ou quatro exemplares existentes no mundo.

O amor pelos livros levou Mindlin a comemorar aniversários de obras raras, como o fez em relação a uma do Século XV que completou 500 anos. Apesar de toda essa dedicação, Mindlin prefere ser chamado de "um leitor que formou uma biblioteca", a ser tratado como colecionador de livros, os quais faz questão de comprar em bom estado para não os ver maltratados.

A preocupação com o estado das obras e as técnicas de sua impressão levou José Mindlin a aprender técnicas de restauração e de paleontologia e a criar a Sociedade de Bibliófilos do Brasil, que edita livros em tiragens limitadas, embora com primoroso acabamento.

São raras as demonstrações tão acentuadas de amor às obras literárias. Mas, felizmente, ainda existem, e servem de exemplo sobretudo à juventude da era da globalização, cada vez mais próxima da eletrônica e mais distante dos livros.

Saudemos o aparecimento de "Uma vida entre livros - reencontros com o tempo" como um estímulo para que todos nós, nossos filhos e nossos netos, nos debrucemos com maior freqüência sobre aquele que nos proporciona momentos de realidade crua, mas também nos permite viajar nas asas leves do sonho e da fantasia.

Saudemos de Brasília, do Senado da República, José Mindlin.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/11/1997 - Página 23918