Pronunciamento de Eduardo Suplicy em 04/11/1997
Discurso no Senado Federal
SOLIDARIZANDO-SE COM O SENADOR FRANCELINO PEREIRA PELAS HOMENAGENS PRESTADAS A JOSE MINDLIN. DOCUMENTO EM DEFESA DO BRASIL, QUE O PARTIDO DOS TRABALHADORES DIVULGOU ONTEM A RESPEITO DO MOMENTO ECONOMICO QUE ESTAMOS VIVENDO.
- Autor
- Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
- Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.
POLITICA PARTIDARIA.:
- SOLIDARIZANDO-SE COM O SENADOR FRANCELINO PEREIRA PELAS HOMENAGENS PRESTADAS A JOSE MINDLIN. DOCUMENTO EM DEFESA DO BRASIL, QUE O PARTIDO DOS TRABALHADORES DIVULGOU ONTEM A RESPEITO DO MOMENTO ECONOMICO QUE ESTAMOS VIVENDO.
- Publicação
- Publicação no DSF de 05/11/1997 - Página 23919
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.
- Indexação
-
- SOLIDARIEDADE, PRONUNCIAMENTO, AUTORIA, FRANCELINO PEREIRA, SENADOR, HOMENAGEM, OPORTUNIDADE, LANÇAMENTO, LIVRO, JOSE MINDLIN, EMPRESARIO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
- LEITURA, DOCUMENTO, AUTORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REFERENCIA, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, RESULTADO, CRISE, BOLSA DE VALORES, PAIS ESTRANGEIRO, HONG KONG, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), EFEITO, AUMENTO, TAXAS, JUROS, DEFESA, ALTERAÇÃO, POLITICA NACIONAL, APOIO, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA, MICROEMPRESA, PEQUENA EMPRESA, CONSUMIDOR, BAIXA RENDA, REVISÃO, ABERTURA, NATUREZA COMERCIAL, AMPLIAÇÃO, COBERTURA, SEGURO-DESEMPREGO, ACELERAÇÃO, REFORMA AGRARIA.
O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT-SP. Como Líder. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de fazer o registro como Líder do Partido dos Trabalhadores, do documento em defesa do Brasil do Presidente Nacional do PT, do Líder do PT no Senado, Senador José Eduardo Dutra, e de José Machado, Líder do PT na Câmara dos Deputados, gostaria de solidarizar-me com o pronunciamento que acaba de fazer o Senador Francelino Pereira, ao homenagear José Mindlin, o empresário que, aos 83 anos, acaba de lançar um livro sobre sua vida entre livros. É um exemplo de dedicação, de amor, de convivência com os livros. Será muito interessante para todos aqueles interessados no desenvolvimento da cultura ler essa sua obra para perceber o quanto se pode aprender com os livros dos mais variados assuntos.
José Mindlin conseguiu, por intermédio dos livros, mostrar extraordinário conhecimento, que acabou colocando na prática como empresário; transmitiu esse conhecimento às suas filhas, que estão também lançando livros. Tornei-me muito amigo de Betty Mindlin, uma de suas filhas, que foi professora de economia na Fundação Getúlio Vargas, na Escola de Administração de Empresas, a meu convite, porque ela mostrou sensibilidade e um conhecimento muito grande, estudiosa que era das técnicas de planejamento; deu aulas de Planejamento Econômico do Setor Público naquela instituição. Posteriormente, ela resolveu abraçar a Antropologia e foi viver entre os índios em diversas regiões da Amazônia. O livro que está publicando agora trata exatamente de suas experiências entre os índios, das inúmeras histórias da tradição oral indígena no Brasil. Betty Mindlin soube conhecer e amar os livros pela convivência com seu pai. Tenho certeza de que a biblioteca de José Mindlin se constitui num acervo do povo brasileiro e será, certamente, depois da vida de José Mindlin, parte do patrimônio do povo de São Paulo e do Brasil. Quero, portanto, como o Senador Francelino Pereira, cumprimentar José Mindlin pela obra que lança hoje em São Paulo, na Livraria Cultura.
Sr. Presidente, eis o documento “Em defesa do Brasil”, que o Partido dos Trabalhadores divulgou ontem a respeito do momento econômico que estamos vivendo:
A estratégia de estabilização monetária do Governo vinha deteriorando as contas externas do País em função da armadilha imposta pela política de âncora cambial com sobrevalorização do real, aprofundando a dependência financeira frente ao capital especulativo e vulnerabilizando a economia brasileira, que agora se defronta com uma grave crise financeira e econômica.
Totalmente dependente de capitais externos e vulnerável aos movimentos do capital especulativo, o Brasil foi o país mais duramente atingido pela crise nos países asiáticos. A bolsa de valores chegou a cair 31,7% na semana passada, e sofremos um ataque especulativo com perdas significativas de reservas quando o Governo dobrou as taxas de juros.
Os resultados já são conhecidos pela sociedade brasileira: crise bancária, inadimplência, falência, perda de renda dos assalariados, desemprego e recessão.
A economia nacional está mais vulnerável, o déficit público aumentará com o crescimento vertiginoso dos juros da dívida pública, cairão ainda mais os gastos nas áreas sociais e os investimentos.
Repete-se também o comportamento irresponsável do Governo Fernando Henrique Cardoso, que procura culpar o Congresso Nacional e a Oposição, quando o único culpado é o próprio Presidente, sua política de âncora cambial e juros elevados inspirados no modelo econômico neoliberal.
O financiamento inflacionário foi substituído pelo endividamento do País, pela destruição do patrimônio público estratégico e pela desnacionalização crescente da economia. Era público e notório que os fundamentos da estabilização da moeda estavam comprometidos e que essa sistema era e continua sendo insustentável.
Desde o final de 1996, o País convive com um Presidente que só trabalha para sua reeleição, submetendo toda a política econômica ao continuísmo e ao calendário eleitoral.
O Presidente subordinou o Brasil, na busca da reeleição a qualquer custo, ao mercado especulativo internacional e foi incapaz de propor e realizar reformas estruturais: políticas e econômicas.
É hora de socorrer a economia popular, o consumidor, a pequena e microempresa, os milhões de brasileiros(as) com dívidas bancárias e comerciais, proteger o emprego e o salário. E não o que assistimos: um novo PROER para os bancos e corretoras, a destruição do que resta de patrimônio público e o aprofundamento do endividamento do Estado.
Mesmo sabendo que somente um novo governo, capaz de implantar um novo modelo de desenvolvimento, que rompa com a lógica neoliberal, será capaz de superar este processo irresponsável que compromete os interesses históricos do País, o PT propõe que sejam tomadas medidas emergenciais de defesa da produção, do emprego e da renda e reafirma sua disposição de mobilizar a sociedade brasileira para mudar os rumos do País. Nesse sentido, propomos:
a) Definir uma política nacional que ampare a renegociação das dívidas contraídas, protegendo em especial os pequenos devedores, microempresas, pequenas empresas e consumidores de baixa renda, sob pena de assistirmos a um crescimento explosivo da inadimplência;
b) Rever a política de abertura comercial generalizada, com a adoção de uma política de comércio exterior que proteja os setores estratégicos da indústria e agricultura, particularmente fragilizados pela combinação do câmbio sobrevalorizado e juros elevadíssimos. As câmaras setoriais com participação dos trabalhadores devem ser reativadas e essas medidas avaliadas, tendo como contrapartida o nível de emprego e a estabilidade dos preços.
c) Reorientar os financiamentos do BNDES, financiados com recursos oriundos da poupança dos trabalhadores, como o FAT, no montante de aproximadamente R$14 bilhões, que estão sendo canalizados para as privatizações de grandes grupos privilegiados. O BNDES deve canalizar seus recursos para o investimento produtivo, em setores com grande impacto no emprego e em políticas de fomento às pequenas e microempresas e à economia popular.
d) Ampliar a cobertura do seguro-desemprego, acompanhado de medidas de proteção aos desempregados, como o crédito solidário;
e) acelerar a reforma agrária e o fortalecimento da agricultura familiar, fundamentais para amenizar a crise social nas grandes cidades;
f) rever a política de âncora cambial, recuperando o potencial exportador do País;
(O Sr. Presidente Antonio Carlos Magalhães faz soar a campanhia.)
O SR. EDUARDO SUPLICY (BLOCO/PT-SP) - Sr. Presidente, solicito que esta manifestação da Direção e dos Líderes do PT seja transcrita na íntegra.