Discurso no Senado Federal

COMENTANDO O CONJUNTO DE MEDIDAS ANUNCIADAS HOJE PELA EQUIPE ECONOMICA DO GOVERNO, COM ENFASE AOS SEUS EFEITOS.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • COMENTANDO O CONJUNTO DE MEDIDAS ANUNCIADAS HOJE PELA EQUIPE ECONOMICA DO GOVERNO, COM ENFASE AOS SEUS EFEITOS.
Publicação
Publicação no DSF de 11/11/1997 - Página 24436
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • DISCORDANCIA, POLITICA CAMBIAL, GOVERNO, APREENSÃO, AUMENTO, TAXAS, JUROS, IMPOSTOS, REDUÇÃO, ATIVIDADE ECONOMICA, DESEMPREGO.
  • CRITICA, FALTA, ATENÇÃO, GOVERNO, DESEMPREGO.
  • ANALISE, PROVIDENCIA, GOVERNO, CONTENÇÃO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS, PESSOAL, DEMISSÃO, FUNCIONARIO PUBLICO, POSSIBILIDADE, FALTA, SERVIDOR, INEFICACIA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT-SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na semana passada, ocorreu um episódio triste, lamentável, no campus da Universidade de São Paulo, quando Daniel Pereira de Araújo, 15 anos, e seus amigos da Favela São Remo, que, no domingo retrasado, haviam nadado na raia olímpica da cidade universitária, acabaram perseguidos por um segurança de moto. Um dos meninos correu ao longo da raia, enquanto outros amigos, segundo o depoimento dessas diversas testemunhas, foram espancados por outro membro da guarda desarmada dessa instituição.

Daniel havia desaparecido e seu corpo foi encontrado boiando nas águas daquela piscina. Terá sido morto a pancadas? Atropelado pela moto do segurança? Será que se atirou na água para fugir e afogou-se sem ter sido socorrido pelo perseguidor? O que terá havido? Há um inquérito policial em andamento, e a reitoria da Universidade de São Paulo, segundo informou-me hoje o magnífico reitor Flávio Fava de Moraes, designou uma comissão composta dos professores Fábio Konder Comparato, Paulo Sérgio Pinheiro e Ivete Senise Ferreira, que apurarão os fatos e, com toda a isenção possível, farão as recomendações necessárias diante desse episódio.

Hoje, dois artigos foram publicados na Folha de S. Paulo: um de Maria Rita Kehl , psicanalista e ensaísta, autora de “A Última Diferença” e ex-aluna da Universidade de São Paulo, onde se formou em 1975; e, outro, de Jair Borin, jornalista e professor livre-docente da Universidade de São Paulo e Presidente da Associação dos Docentes da USP. Sob os títulos de “A Depredação da USP” e “O Segundo Incêndio da USP”, ambos, respectivamente, expressam o sentimento de indignação da comunidade da USP. As associações de alunos, professores e trabalhadores divulgaram uma nota, informando que violências e abusos têm sido freqüentes por parte de seguranças, desde que a USP foi fechada para o público. Claro que nem todas as informações, até agora, foram inteiramente reveladas.

Gostaria de reiterar, da tribuna do Senado, o apelo que fiz, hoje à tarde, pelo telefone, ao Reitor Flávio Fava de Moraes. Como Senador por São Paulo, como cidadão que conhece bem os problemas da cidade de São Paulo, sei quanto a população gosta das áreas de lazer. Costumo andar, praticar esportes, correr no Parque Ibirapuera; muitas vezes, vou à Cidade Universitária na USP, ao Parque Villa Lobos e a outros parques. Infelizmente, eles são escassos para a grande população da cidade, que é de quase 11 milhões de habitantes, e costumam estar cheios nos fins de semana.

Obviamente, a população sente prazer em desfrutar o melhor ar existente nos parques e as sombras das árvores. E, no campus da USP, junto aos edifícios dos diversos institutos de pesquisa e de ensino, há lugares muito bem arborizados, vielas, ruas, avenidas e ambientes próprios para passear, empinar papagaios, fazer exercícios. O próprio Prefeito Celso Pitta freqüenta o Parque Ibirapuera e também o campus da USP, onde faz o seu exercício matinal. Se o Prefeito Celso Pitta pode freqüentar a USP, por que não os moradores da favela São Remo, que fica junto à universidade? Se, como Senador, posso entrar a qualquer momento na USP, por que não toda a população da cidade, que deseja passear em lugar tão agradável?

O Reitor Flávio Fava de Moraes explicou-me que, desde que abriram o Parque Villa Lobos, perto da Universidade de São Paulo, realmente ficou restrito o acesso ao campus nos domingos e feriados, sendo permitido à população apenas nas realizações de concertos e atividades específicas.

O apelo que faço, Sr. Presidente, é no sentido de que a Universidade de São Paulo faça um convênio com a Prefeitura e com o Governo do Estado de São Paulo, para que se construam, por exemplo, banheiros no campus e se dê a assistência necessária para acolher a população nos domingos e feriados. O campus da USP esteve aberto por 40 anos inclusive à população carente da favela ao lado, onde moram inúmeros trabalhadores da universidade. Este é o meu apelo ao Reitor da USP, Flávio Fava de Moraes*: vamos abrir novamente o campus, que afinal de contas, foi feito dos impostos pagos pelo conjunto da população.

Têm acesso ao campus pessoas que conseguiram ingressar naquela universidade, porque tinham melhor poder aquisitivo, que puderam freqüentar boas escolas, muitas vezes as particulares. Trata-se do melhor campus da maior universidade entre todas as brasileiras, com mais de 40 mil alunos. Seria próprio que ele estivesse aberto à população. Esse é o apelo que faço.

Se houver limitações, que se faça esse convênio com a Prefeitura e com o Governo de São Paulo, a fim de se prover de assistência e segurança adequada e segurança, para o lazer da população da cidade.

Solicito, Sr. Presidente, a transcrição nos Anais dos artigos a que me referi em meu pronunciamento.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/11/1997 - Página 24436