Discurso no Senado Federal

REUNIÃO DO CONSELHO POLITICO DO PMDB REALIZADA ONTEM, OCASIÃO EM QUE FOI RECOMENDADO O APOIO A REELEIÇÃO DO PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, A SER APRESENTADO PERANTE A CONVENÇÃO EXTRAORDINARIA QUE REUNIR-SE-A NO PROXIMO ANO. CORAGEM DO PRESIDENTE DA REPUBLICA NA ADOÇÃO DO PACOTE FISCAL, CUJO RESULTADO SERA FUNDAMENTAL PARA SUAS PRETENSÕES DE REELEIÇÃO. FASE CRITICA DOS PARTIDOS POLITICOS NO PAIS. RECOMENDAÇÃO AS ESQUERDAS PARA QUE ENCONTREM UM RUMO DE UNIÃO EM SUAS PROPOSTAS.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • REUNIÃO DO CONSELHO POLITICO DO PMDB REALIZADA ONTEM, OCASIÃO EM QUE FOI RECOMENDADO O APOIO A REELEIÇÃO DO PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, A SER APRESENTADO PERANTE A CONVENÇÃO EXTRAORDINARIA QUE REUNIR-SE-A NO PROXIMO ANO. CORAGEM DO PRESIDENTE DA REPUBLICA NA ADOÇÃO DO PACOTE FISCAL, CUJO RESULTADO SERA FUNDAMENTAL PARA SUAS PRETENSÕES DE REELEIÇÃO. FASE CRITICA DOS PARTIDOS POLITICOS NO PAIS. RECOMENDAÇÃO AS ESQUERDAS PARA QUE ENCONTREM UM RUMO DE UNIÃO EM SUAS PROPOSTAS.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/1997 - Página 24702
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • COMENTARIO, DECISÃO, REUNIÃO, CONSELHO, POLITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ENCAMINHAMENTO, CONVENÇÃO NACIONAL, APOIO, CANDIDATURA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, REELEIÇÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • ANALISE, FALTA, UNIÃO, MEMBROS, INTERIOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).
  • CRITICA, FALTA, UNIÃO, PARTIDO POLITICO, OPOSIÇÃO, GOVERNO, BRASIL.
  • SAUDAÇÃO, DECISÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ADOÇÃO, AJUSTE FISCAL, REDUÇÃO, VALOR, BOLSA DE VALORES, MUNDO, RETIRADA, CAPITAL ESPECULATIVO, PAIS.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o PMDB realizou a reunião do seu Conselho Político ontem. Mais uma vez, as manchetes dos jornais - inclusive apontando que talvez o PMDB implodisse ontem - não se concretizaram.

Estranho destino esse do nosso Partido, desde o velho e querido MDB. Entre a imprensa e o nosso Partido, ao longo do tempo, houve uma espécie de história de amor e ódio. A imprensa sempre respeitou o papel desenvolvido pelo nosso Partido na luta da resistência, mas, ao mesmo tempo, não sei por que razões, havia permanentemente uma certa hostilidade para com o PMDB.

Essa história de que “desta vez, o PMDB acaba”, desde a época em que foi criado, no Rio Grande do Sul, vem acompanhando o nosso Partido, e ele não acabou.

Dizia-se que o Conselho Político convocado ontem teria a perspectiva de iniciar a contagem regressiva do desaparecimento do PMDB. É que o PMDB é um partido sui generis na situação hoje. Não há como negar que dentro do PMDB existem dois grupos, existem duas facções se debatendo. De um lado, os atuais Governadores, o Líder na Câmara, o Líder no Senado, os Ministros do PMDB, o Presidente da Câmara, que acham que o Partido deve defender a reeleição do atual Presidente da República, Senhor Fernando Henrique. É uma posição respeitável. O Senhor Fernando Henrique, tenho cansado de dizer, é um homem de bem, um homem digno, um homem correto. O PMDB está numa posição normal ao apoiar o Presidente. Apoiar a sua reeleição não teria por que deixar de honrar o PMDB.

Mas existe um outro grupo que defende a idéia de que o PMDB deve estudar a possibilidade de lançar uma candidatura própria. Eu acho que a missão de um partido político é ter um candidato. O partido político busca alcançar o poder e no poder executar a sua política, o seu programa, a sua ideologia. É que, no Brasil, os partidos políticos estão vivendo a pior fase da sua existência. Os partidos políticos, que no Brasil nunca tiveram uma história de firmeza, de tradição, nunca estiveram tão em baixa como estão agora.

Quando o Senhor Fernando Henrique, desta tribuna, despedindo-se do Senado para ocupar a Presidência da República, disse: "Terminou a Era Vargas", eu não gostei; é que eu não entendi o que Sua Excelência estava dizendo. Na verdade, reconheço que o Senhor Fernando Henrique acertou. Terminou a Era Vargas, começou a Era Fernando Henrique. Se o Sr. Getúlio Vargas era considerado bruxo, maquiavélico, um homem que fazia política de todos os jeitos, que enrolava PSD, PTB, então, cá entre nós, ele é fichinha perto do atual Presidente.

O Sr. Getúlio Vargas era um homem da província, lá das missões do Rio Grande do Sul; mas o Senhor Fernando Henrique fala dez idiomas, é professor honoris causa de vinte universidades, Presidente da República hors-concours. Sua Excelência está brincando com os partidos políticos atuais. Só não sei quem está brincando com quem entre Sua Excelência e o Sr. Antonio Carlos Magalhães, Presidente desta Casa. Com o Sr. Mário Covas, meu querido amigo Mário Covas, acho que o Senhor Fernando Henrique dá boas gargalhadas. Até chego a pensar que, quando o Fernando Henrique e o Maluf se reúnem no Palácio - e olhem que é seguidamente, volta e meia estão lá reunidos - eles não conversam aquilo que todos pensam: a mim me parece que o assunto principal da sua conversa é: "Essa fotografia, amanhã, como vai irritar o Mário Covas!” E devem dar boas gargalhadas.

O Senhor Fernando Henrique tem o apoio do PSDB, do PFL, do PPB - porque o Sr. Maluf retirou a sua candidatura a Presidente e lançou-se para Governador - e do PMDB, pelo menos do seu Conselho Político. Só acho que o Presidente Fernando Henrique não está entendendo a importância do resultado da última eleição, cujo resultado final foi: Sua Excelência em primeiro lugar, o Lula, em segundo, e, em terceiro, o Prona, com o Enéas. E não vi ninguém do Governo procurá-lo até agora. Assim como, na última eleição, o Enéas saltou de décimo para terceiro, penso que ele pode incomodar. O Governo devia procurar o Enéas, conversar com ele e pedir-lhe que não se candidate. Afinal, ele é médico, pode fazer tanta coisa, para que ser candidato?!

Dentro desse contexto, o Presidente chamou o PMDB e pediu-lhe seu apoio, assim como também pediu o apoio do PPB. Ali houve uma corrida, e o PPB ganhou por uma cabeça de vantagem. Maluf chegou primeiro e trouxe a sua solidariedade. Ontem, foi o PMDB. Só que a decisão do PMDB, na minha opinião, foi muito competente. É verdade que o meu amigo Dr. Sarney não foi; o Itamar não tem por que ir, porque está como Embaixador nos Estados Unidos; o Requião também não foi; o Presidente do Partido também não. Mas lá estava o Vice-Presidente, que presidiu a reunião. Dizem que foi uma reunião de alto nível, na qual se decidiu encaminhar à Convenção Nacional, não à extraordinária que o Paes de Andrade quer fazer em janeiro, mas à ordinária, que será em junho do ano que vem, quando também será o prazo para lançar candidato, de acordo com a lei, a recomendação do nome do Fernando Henrique. Então, em junho do ano que vem, o PMDB vai reunir a sua Convenção e escolher o candidato, já recomendado pelo Conselho.

Vitória dos governistas do PMDB? Vitória dos governistas do PMDB. Vitória de Fernando Henrique? Vitória de Fernando Henrique. O PMDB decidiu, pelo seu Conselho Político, apoiar a candidatura de Fernando Henrique? Decidiu. Os governistas estão um mais alegre que o outro: Governadores, Ministros, Líder no Senado, Líder na Câmara, estão todos satisfeitos. Eu também estava. Eu estava muito satisfeito. Os outros também estão rindo. O que queremos é que a convenção decida. E a convenção vai se reunir em junho e vai decidir. E não vai adiantar a Convenção dizer que tem a recomendação do Conselho Político:, o que vai decidir é a situação do Senhor Fernando Henrique em junho do ano que vem. Tenho dito, Sr. Presidente, que quem vai decidir a eleição de Fernando Henrique Cardoso é o próprio Fernando Henrique Cardoso. As oposições, pelas dificuldades que estão vivendo, pelos dramas que estão vivendo, até aqui têm tido uma influência, que eu diria, zero. Agora, o Senhor Fernando Henrique vai ter que analisar.

Ontem foi um dia positivo por causa do Conselho Político do PMDB, mas foi negativo para o Presidente por causa da nova queda de dez pontos na Bolsa de Valores. De repente, depois do pacote, numa quinta-feira, a Bolsa de Valores de São Paulo baixa dez pontos, batendo novamente um recorde de baixa no mundo.

A questão da economia, da inflação, da recessão, tudo isso irá decidir as eleições. Já disse e repito desta tribuna: o Presidente Fernando Henrique teve mérito por ter adotado o pacote econômico. Sem entrar no conteúdo do pacote, sem discutir as coisas boas e ruins ali inseridas, Sua Excelência teve mérito por ter criado o pacote; teve coragem, não titubeou, não ficou em cima do muro: teve coragem de adotar um pacote, e a sua candidatura vai pagar a conta! Se der tudo certo, se o Brasil vencer esta crise - se Deus quiser, isso vai ocorrer -, não há como negar que o Senhor Presidente Fernando Henrique Cardoso sairá com muita força desse episódio. E a sua candidatura será praticamente invencível!

Poderão ser usados dois argumentos. O primeiro é o de que Sua Excelência teve competência e coragem na hora exata e não titubeou; Sua Excelência colocou o País acima de suas pretensões eleitorais. O segundo argumento é o de que é importante que isso continue. O Congresso apoiou a reeleição, para que se dê a Sua Excelência a possibilidade de continuar o seu trabalho e alcançar a sua meta.

O Senhor Fernando Henrique Cardoso não tem um terceiro caminho: ou Sua Excelência ganha, se reelege e tem condições de escrever o seu nome na história e fazer uma grande administração, ou Sua Excelência perde!

O nosso querido Senador, falecido, do Rio de Janeiro, do qual temos tanta saudade, dizia o seguinte: o Fernando Henrique que eu amo, de que eu gosto, não é esse que está aí; esse que está aí, de namoro com o PFL, é o necessário para o momento que estamos vivendo. O Fernando Henrique que eu conheço vai ser o da reeleição, porque, depois de vencer essa etapa e ser reeleito, ele poderá fazer aquilo que sei que ele deseja fazer.

Se não der certo, se em junho do ano que vem a situação do Brasil for assim como a ligação do Dr. Sarney quando lançou o Cruzado, em que ele era deus... Andei com o Dr. Sarney na terra do Dr. Tancredo Neves no primeiro aniversário de sua morte, ocasião em que inauguraram uma estátua em sua homenagem. Ali na cidade do Dr. Tancredo, irritei-me: ninguém olhava para a missa, ninguém foi ao cemitério, ninguém olhava para a estátua do Dr. Tancredo. Todos queriam beijar as mãos do então Presidente José Sarney e do Dilson Funaro, porque diziam que o Plano Cruzado era espetacular, melhor do que qualquer outro plano; porque, diziam, congelando os preços, aumentou o salário mínimo em 20%; diziam que, no dia seguinte ao Plano, o cidadão passou a ganhar mais 20%, pois, com todos os preços congelados, ele poderia comprar mais 20%. Estavam todos enlouquecendo.

Mas, quando chegou a outra eleição... Até hoje tenho vergonha de perguntar em quem o Dr. José Sarney votou em primeiro turno para Presidente da República. Ninguém queria o voto dele. O desgaste era tão grande por parte do Presidente José Sarney que ninguém queria o seu voto, nem Dr. Ulysses, nem Mário Covas, nem Maluf, nem o Collor, nem o Lula, nem o Brizola e nem o Aureliano. Até hoje, não sei em quem o Dr. Sarney votou naquela ocasião, mas tenho vontade de perguntar. O desgaste era tão intenso que ninguém queria o seu apoio; e para não receber uma indelicadeza por parte dos candidatos, também não deu seu apoio a nenhum deles.

O Plano Real tem uma diferença em relação aos outros planos. Nunca um plano ficou tanto tempo na crista da onda: um ano de Governo Itamar Franco, e já estamos fechando o terceiro ano do Governo Fernando Henrique Cardoso. São quatro anos. Esse mérito ele tem. Não há como deixar de reconhecer isso. Não há, na história do Brasil moderno, da época do estouro da inflação, de 1960 para cá, o pós-Juscelino, a pós-construção de Brasília, onde a inflação subiu, o exemplo de um plano agüentar quatro anos com credibilidade e respeito.

           Desta vez, houve um impacto. Nosso querido Presidente dizia que nunca mais amanheceríamos "empacotados". Não deu. Amanhecemos "empacotados". A imprensa publicou que o Dr. José Sarney esteve na Embaixada da Argentina, na visita do Presidente Carlos Menem, e lá se encontrou com o atual Presidente do Banco Central. Este foi aquele que ajudou os planos do Dr. Sarney, quando Presidente da República, e que, tempos depois, foi muito ácido e duro com S. Exª. Cumprimentou-o e disse: "E, então, Presidente, nada de novo embaixo do sol?", o que quer dizer em outras palavras: “O pacote veio igual ao meu tempo.”

           O que vai decidir a convenção do PMDB é a situação do Fernando Henrique. O PMDB teve competência, ontem, em decidir. Parecia até o PSD mineiro, que agia assim. Quando cobravam do Presidente do Partido: "Mas não vão reunir o Partido?". Ele respondia: "Como vou reunir o Partido se ainda não tenho decisão"?

           O PMDB fez isto: reuniu, agradou um lado, deixou a decisão para junho do ano que vem, o que é um consenso geral. Agora, o PMDB, repito, tem as posições que ele pode adotar: apoiar o Fernando Henrique Cardoso, por que não? É uma hipótese! Ter um candidato próprio, por que não? É um debate que temos que travar internamente no Partido. Venho dizendo que o PMDB é o partido -parece mentira-dentro da crise em que todos estamos vivendo, que ainda tem uma certa determinante de característica especial. O PT tem a candidatura do Lula, mas vive um drama muito difícil. Metade do PT, a rigor, não quer ganhar as eleições, aqueles membros de maior conteúdo ideológico, abraçados à idéia de um Partido dos Trabalhadores que veio para mudar, para transformar e não admite uma aliança com o Centro; ele fica, na verdade, com medo quando olha para o Governador do Espírito Santo, para a própria Erundina e para o Governador do DF, e acha que tem que perder, ganhando tempo para ver o que vai acontecer. Eles querem o Lula candidato, mas para perder.

           Existe um outro PT, que é o próprio Lula, que quer ganhar a eleição e, portanto, quer fazer composições, o que é normal. A Argentina deu um exemplo que as oposições no Brasil tinham que aprender. O Presidente Menem representa o que o Fernando Henrique representa aqui: um homem de esquerda, que sofreu muito mais do que o Fernando Henrique, foi cassado e foi torturado. Quando assumiu a primeira vez a Presidência da República, eu lá estava, como seu convidado especial; seu discurso foi uma das peças mais lindas que já ouvi na vida. Ele contou que, quando estava numa cela escura - ele é muito religioso - preso e torturado, o que o confortava eram as orações e as meditações que ele tinha com Deus, em que ele dizia: “Estou aqui, mas, se Deus quiser, vou ser o último argentino a ter sofrido isso. Vamos voltar à Presidência, vamos mudar e isso nunca mais vai acontecer.”

           Esse Menem, representando o Partido Justicialista, que vem desde o início do século, assumiu o governo e está fazendo um governo conservador, é o maior amigo do Presidente americano, causando até ciúmes. Contam que, na Conferência dos Presidentes Americanos no Chile, o Presidente Fernando Henrique falou antes do Presidente Menem. E o Presidente Fernando Henrique, querendo agradar aos americanos, bateu duro em Fidel Castro, desnecessariamente, o que teria irritado profundamente o Presidente Menem, que pensou: “Ele está tirando o meu lugar”. Porque não teria sobrado muita coisa para o Presidente Menem dizer que o Senhor Fernando Henrique já não tivesse dito.

           Aí, ele disse - e todos ficaram boquiabertos - que Fidel Castro é muito pior do que Pinochet, porque Pinochet, pelo menos, desenvolveu o Chile, fez progredir a economia do Chile, e Fidel Castro reduziu Cuba a zero. Esse é o Menem de hoje.

           Por isso, dentro do seu Partido Justicialista, um grupo debandou, criou um setor à esquerda com as idéias antigas. Na eleição que passou, uniram-se a Alfonsín, do Partido Radical lá do outro lado, tradicional inimigo ao longo do tempo e ao longo da história, que durante todo o peronismo foi oposição radical. Eles não tiveram nenhuma dúvida: uniram-se para derrotar Menem e assim aconteceu.

           No Brasil, é um tal de fuxico, as Esquerdas e as Oposições estão fazendo uma atrapalhada, estão fazendo quase um papel insustentável perante a opinião pública. É o Brizola se oferecendo para ser Vice do Lula, é o PT não respondendo; é o PDT dizendo que apóia o Lula para Presidente, desde que este apóie o Garotinho para Governador do Rio de Janeiro - como se isso resolvesse o problema deste País; é o Sr. Ciro Gomes viajando com o Tarso, com o Lula, com o José Dirceu, com o Brizola, indo ao Chile para discutir o papel das novas Esquerdas diante do liberalismo. Foram ao México, estavam em lua-de-mel. De repente o Ciro Gomes falou em Presidência da República e passou a ser inimigo. Já não querem mais nada com o Ciro. Ontem, estavam sentados à mesma mesa, de repente passam a ser inimigos.

           Esse quadro que as Esquerdas estão oferecendo é um quadro triste, Sr. Presidente, que não soma para ninguém. Está havendo um exagero.

           O Dr. Fernando Henrique Cardoso na Presidência está fazendo com que Getúlio seja café pequeno; um mestre de costura total e absoluto. Inclusive - e isto talvez V. Exª possa me explicar - estão dizendo que o Sr. Fernando Henrique Cardoso não convidou Antonio Carlos para participar do lançamento do pacote, porque a imprensa está dizendo que é o Sr. Antonio Carlos quem manda no Governo. Por isso, Sua Excelência quis dar uma demonstração de independência. E aí o Sr. Antonio Carlos teria respondido que era contra o aumento do Imposto de Renda para pessoa física.

           E hoje o Estadão publicou que o Sr. Antonio Carlos não foi ao lançamento do "pacote", não porque não foi convidado, mas para que pudesse ter independência de falar depois.

           Volto a dizer, mais uma vez é uma demonstração de que a única força que está ali ao lado do Sr. Fernando Henrique é o Sr. Antonio Carlos, no restante é um domínio total. De um lado o Presidente absoluto...

           Quantos minutos terá o Presidente da República na televisão? O primeiro Partido, o PFL, apóia o Presidente - alguém que me ouve haverá de pensar: "como o PFL, primeiro partido?!" Estou falando não em quem ganhou nas urnas, pois o PMDB ganhou estourado; mas, com as mudanças dos 200 deputados e senadores, com a mudança que houve aqui, hoje o primeiro Partido é o PFL. O segundo, o PSDB - ele é o segundo, foi o quarto nas urnas, mas agora é o segundo - apóia Fernando Henrique; o terceiro, o PMDB, pelo menos por enquanto, apóia Fernando Henrique; o quarto, o PPB, apóia Fernando Henrique; o quinto não sei quantos deputados tem. Mas o tempo de debate na televisão será assim: 70% para o Sr. Fernando Henrique e 30% dividido, talvez dois minutos para o Enéas, não sei quanto o Lula terá. Mas em verdade é esse o aspecto.

           Diante desse contexto, as Oposições brasileiras tinham que se sentar à mesa para debater, tinham que encontrar uma forma de entendimento, tinham que fazer sair do papel as suas propostas. Perdoem-me, mas é incompreensível que fiquem discutindo detalhes, coisas pequenas. Nesse contexto foi que o PMDB fez a sua convenção PSD mineiro: reuniu o Conselho Político e decidiu apoiar o Fernando Henrique. “Viva o Fernando Henrique”, dizem os governistas do PMDB. Mandam à Convenção, não em janeiro, como queria o Paes, mas em junho do ano que vem. Até lá vamos ver o que vai acontecer.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT-SP) - Permite-me V. Exª um aparte, Senador Pedro Simon?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS) - Pois não.

 O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT-SP) - Vou endereçar uma breve palavra ao estimado Senador Pedro Simon, do PMDB.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senador Eduardo Suplicy, eu apenas queria esclarecer a V. Exª e ao orador que o tempo do Senador Pedro Simon já está esgotado há seis minutos.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT-SP) - Então, que uma frase...

O Sr. Esperidião Amin (PPB-SC.) - S. Exª pode usar o tempo do PPB. 

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS) - O tempo do PPB me foi concedido pelo seu Presidente de Honra, o mais jovem Presidente de Honra de um partido político no mundo. Quero felicitar o meu querido amigo Esperidião Amin. Conheço tudo. Ele foi Prefeito aos vinte e poucos anos, Governador aos trinta e tantos anos, mas Presidente de Honra de partido aos 46 anos, não há no mundo!

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senador, agora já são seis minutos e trinta segundos.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS) - Mais o tempo do PPB, concedido pelo Presidente de Honra...

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - V. Exª sabe que não há cessão de tempo na sessão.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT-SP) - V. Exª fez inúmeras ponderações, inclusive recomendações ao Partido dos Trabalhadores na sua reflexão, abrindo assim a possibilidade para que um Senador do PT possa, também, expressar seu sentimento sobre o PMDB, que é o maior Partido brasileiro.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS.) - V. Exª fala com a autoridade de quem pertenceu ao Partido, de quem participou das lutas do MDB.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT-SP.) - Tendo sido membro do MDB em 1977, 1978 e 1979...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS.) - V. Exª sabe o carinho que o Dr. Ulysses tinha por V. Exª!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT-SP) - Certo. Eu ousaria dizer ao Senador Pedro Simon que avalio que o caminho mais próprio para o PMDB seria expressar sobretudo aquilo que quer para a Nação brasileira. E isso poderá acontecer através da pessoa que melhor expresse esse sentimento. Eu gostaria de estimular o PMDB, portanto, a ter a sua própria candidatura, mas, ao mesmo tempo, a estar dialogando com as oposições, a sentar-se à mesa com as oposições e pensar num Brasil melhor, inclusive com as recomendações de ver que proposições comuns existem entre nossos Partidos. Acredito que será extremamente saudável. O tempo não vai permitir que me alongue mais.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS.) - Sr. Presidente, vou encerrar. V. Exª sabe o carinho e o respeito que tenho por V. Exª. Quando me refiro às oposições, falo com profunda sinceridade. O Presidente Fernando Henrique está no seu direito, está armando uma aliança que é da sua responsabilidade e está fazendo o seu papel. Não posso criticar o Presidente Fernando Henrique se Sua Excelência busca o entendimento e os partidos dão-lhe apoio, como vem ocorrendo.

Fica a cento e oitenta graus do que está fazendo a oposição, que, diante de um monstro, está brigando por picuinhas, por coisinhas.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senador Pedro Simon, por favor, peço a V. Exª que conclua. Temos 16 oradores inscritos.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS) - Encerro, Sr. Presidente. V. Exª saiu do PMDB e hoje está no PSDB. Sei que existem, dentro do PSDB, muitos que guardam uma certa mágoa do PMDB. Espero que não seja o caso de V. Exª. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - V. Exª sabe muito bem que não acontece isso; como também sabe que não sou autor do Regimento. Apenas tenho o dever de cumpri-lo.

Com a palavra o Senador Humberto Lucena. (Pausa)

Concedo a palavra ao Senador Fernando Bezerra, por permuta com o Senador Otoniel Machado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/1997 - Página 24702