Discurso no Senado Federal

COMEMORAÇÃO, HOJE, DO DIA DA BANDEIRA.

Autor
Bernardo Cabral (PFL - Partido da Frente Liberal/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • COMEMORAÇÃO, HOJE, DO DIA DA BANDEIRA.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/1997 - Página 25203
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, BANDEIRA.

           O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, algumas vezes, datas que eram registradas, sobretudo na minha infância, com alegria, têm hoje passado, senão com descaso, com indiferença e esquecimento de muitos.

           Devo confessar que algumas vezes, quando estudávamos no antigo Colégio Estadual do Amazonas, que sucedeu o Ginásio Amazonense Pedro II, às quartas-feiras cantávamos o Hino da Bandeira. Íamos para a escadaria do velho casarão e havia como que um sentimento patriótico. Ali aprendemos que a bandeira era um símbolo da Pátria. 

Hoje, em conversa com o meu velho e quero amigo Coronel Nilton Lampert, ele me dizia que estranhava que o Parlamento, país afora, não se desse conta de um ato cívico dessa natureza, já que a Constituição de 1988, que um dia o saudoso Ulysses - que ficou encantado, porque não morreu - chamou de cidadã, no seu art. 13 consagra os símbolos da República Federativa do Brasil, e entre eles, o mais popular, o mais conhecido é a nossa bandeira nacional.

Quem não se lembra que, quando se cantava o hino, se dizia “símbolo augusto da paz”? Pois em homenagem à nossa bandeira, que aglutina, que em torno de si traz a nossa nacionalidade, que comemora hoje o seu dia, pelo menos nesta pálida voz, quero que fiquem registradas, Sr. Presidente, nos nossos anais, estas linhas.

Através dos tempos, as flâmulas têm conduzido os povos em busca de idéias e ideais, desde sentimentos patrióticos a devoções religiosas, caracterizando e diferenciando os grupos humanos, dando-lhes o amálgama necessário para se constituírem em nações. A história registra que o nascimento e a consolidação de todos os Estados sempre foram antecedidos pela criação de sua bandeira nacional, como símbolo dos anseios e aspirações dos povos.

Em nosso País, vemos com freqüência as mais variadas e espontâneas manifestações de amor à bandeira pelas demonstrações populares, nas competições esportivas, nas passeatas políticas e até mesmo nas aglomerações populares de cunho reivindicatório, a mostrar o sentimento de nacionalidade que existe em todos os brasileiros. Muitas vezes a nossa exteriorização de patriotismo é apenas latente, mas, ao menor sinal de chamamento aos brios nacionais, lá estão as cores verde e amarela, seja em pequenas fitas, seja em pinturas, inclusive em pessoas, a caracterizar o elo indissolúvel do povo com o seu símbolo nacional.

Na data de hoje, 19 de novembro, com toda justiça e orgulho, comemoramos o Dia da Bandeira. Voltemos nossos pensamentos para a beleza e a intensidade do significado do nosso símbolo e agora, como sempre, unamo-nos em torno da nossa bandeira, para, juntos, procurarmos os melhores caminhos a serem trilhados pelo nosso País na busca do seu destino manifesto de grande nação.

À nossa frente a nos guiar e manter unidos e solidários, na busca dessa estrada, por certo estará a nossa Bandeira.

Essa bandeira, Sr. Presidente - ainda garoto, descia o 27º Batalhão de Caçadores, integrantes do Exército Nacional na minha cidade, pela minha rua, em direção ao que chamávamos road way, que nada mais era do que o cais do porto -, foi desfraldada ao sabor de todas as intempéries.

Se não tivéssemos tido, como tivemos, os nossos pracinhas, na Segunda Guerra Mundial, a empunhá-la e a mostrar que dentro de nós existe o civismo, existe a coragem hoje de ser brasileiro, eu não estaria aqui, Sr. Presidente, lembrando, registrando o chamado Dia da Bandeira.

Nós - e agora me reporto ao Senador Jefferson Péres e a mim - estamos sofrendo, no nosso Estado, através de um punhado de técnico-burocratas - que prazam aos céus estejam certos, mas que, na minha convicção, estão profundamente errados - uma punhalada pelas costas!

Não quero falar sobre isso hoje, Sr. Presidente. Mas, ainda assim, apunhalados, vamos desfraldar a bandeira em favor de algo que se chama civismo, dignidade pessoal, bravura, para que, amanhã, a nossa Pátria, que começa a ficar de joelhos - e ninguém pode ser abraçado de joelhos, tem que estar de pé -, encontre a nós todos, brasileiros, de pé, a dizer: “presente”, porque a bandeira continua sendo o símbolo da nossa Pátria.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/1997 - Página 25203