Discurso no Senado Federal

REBATENDO DECLARAÇÕES DE DOM LUCIANO MENDES DE ALMEIDA CONTRA O MINISTRO DA JUSTIÇA, SENADOR IRIS REZENDE, QUANDO DE SEU DEPOIMENTO, NO SENADO, SOBRE A LEGALIZAÇÃO DO JOGO NO BRASIL.

Autor
Ernandes Amorim (PPB - Partido Progressista Brasileiro/RO)
Nome completo: Ernandes Santos Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
JOGO DE AZAR.:
  • REBATENDO DECLARAÇÕES DE DOM LUCIANO MENDES DE ALMEIDA CONTRA O MINISTRO DA JUSTIÇA, SENADOR IRIS REZENDE, QUANDO DE SEU DEPOIMENTO, NO SENADO, SOBRE A LEGALIZAÇÃO DO JOGO NO BRASIL.
Publicação
Publicação no DSF de 21/11/1997 - Página 25350
Assunto
Outros > JOGO DE AZAR.
Indexação
  • REPUDIO, POSIÇÃO, LUCIANO MENDES DE ALMEIDA, BISPO, IGREJA CATOLICA, OPOSIÇÃO, IRIS REZENDE, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA (MAGR), REGULAMENTAÇÃO, CASSINO, JOGO DE AZAR, BRASIL, FALTA, ATENÇÃO, OPORTUNIDADE, CRIAÇÃO, EMPREGO.

O SR. ERNANDES AMORIM (PPB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna em defesa da verdade e da dignidade. Não posso admitir que um bispo da Igreja Católica, mal-informado, que faz parte da mais alta burguesia do Rio de Janeiro, como é o caso do Bispo de Mariana, D. Luciano Mendes de Almeida, venha criticar o nosso eminente Ministro da Justiça, Senador Iris Rezende, como o fez em uma entrevista no jornal O Globo de hoje.

O que entende o bispo de desemprego, de fome, de pobreza? S. Revma sabe o que é dormir nas sarjetas e ver filhos chorarem de fome? S. Revma entende de falta de energia, de água, de saneamento básico, de assistência médica? S. Revma sabe o que é ver filhas se prostituírem em busca até de comida e filhos serem tragados pelos traficantes e pela marginalidade? S. Revma sabe o que é falta de escola para os filhos e buscar sobreviver catando restos de comida nos lixões ou nas lixeiras dos restaurantes e supermercados?

É intolerável que a burguesia não queira que o povo viva com um mínimo de dignidade, que tenha pelo menos o seu emprego e a sua auto-estima. Que religioso é esse que ataca um Ministro de Estado que vem ao Senado da República prestar o seu depoimento sobre a legalização dos cassinos e que afirma textualmente ser contra o jogo, por princípios familiares e religiosos?

Mas, como homem público que é, não poderia deixar de reconhecer o impacto positivo da atividade em nossa economia, principalmente na geração de empregos, o grande drama que vive hoje o nosso povo.

Afinal, o que defende o Bispo de Mariana? A ilegalidade? A atividade marginal? A sonegação de impostos? A burla aos direitos sociais dos trabalhadores? A evasão fiscal? Enfim, o que a Nação espera, até dos religiosos, é uma grande cruzada nacional em defesa do direito de trabalhar, de viver com dignidade e de exercer sua cidadania.

Senhor Bispo Dom Luciano, que dignidade e que perda de valores terá um trabalhador que trabalha na ilegalidade, por falso purismo usado por uma sociedade hipócrita e com uma mentalidade medieval?

Falar em ganho fácil, vida noturna e dependência alcoólica é querer tapar o sol com a peneira, porque nunca se jogou tanto neste País. Até as Igrejas estimulam o jogo através de bingos. O que nós precisamos, Senhor Bispo Dom Luciano, é que as igrejas, no seu todo, tirem o hábito da hipocrisia e vão para as ruas ajudar a sociedade a se defender da falta de empregos e da fome.

É fácil criticar quando se está com a barriga cheia, morando em palácios, com motorista particular, mordomos e governanta, quando se desconhece a dura realidade das ruas e das favelas.

Senhor Bispo Dom Luciano, o Ministro Íris Rezende tem uma vida marcada pelas lutas sociais, sempre em defesa de uma sociedade mais justa e humana, o seu trabalho como homem público voltado para os mais pobres é tão digno e exemplar que, na minha opinião, seria uma grande bandeira para as igrejas adotarem.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o momento não é para críticas, e sim para a união de todos os brasileiros que realmente tenham um compromisso com o povo carente, sem emprego, sem teto, sem comida, sem roupa, sem calçado e até sem dignidade, pois o homem que não tem condição de suprir a mínima necessidade familiar perde tudo, nada tem, deixa até mesmo de ser um cidadão.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/11/1997 - Página 25350