Discurso no Senado Federal

LANÇAMENTO, EM RONDONIA, DO PROGRAMA DO NOVILHO PRECOCE, PARCERIA DA SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E REFORMA AGRARIA - SEAGRI E DO MINISTERIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. INFORMAÇÕES SOBRE A PECUARIA RONDONIENSE. ANALISE DO MANUAL DO NOVILHO PRECOCE.

Autor
Odacir Soares (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RO)
Nome completo: Odacir Soares Rodrigues
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PECUARIA.:
  • LANÇAMENTO, EM RONDONIA, DO PROGRAMA DO NOVILHO PRECOCE, PARCERIA DA SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E REFORMA AGRARIA - SEAGRI E DO MINISTERIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. INFORMAÇÕES SOBRE A PECUARIA RONDONIENSE. ANALISE DO MANUAL DO NOVILHO PRECOCE.
Publicação
Publicação no DSF de 28/11/1997 - Página 26193
Assunto
Outros > PECUARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, LANÇAMENTO, PROGRAMA, PECUARIA, GADO, RESULTADO, PARCERIA, SECRETARIA DE ESTADO, AGRICULTURA, REFORMA AGRARIA, ESTADO DE RONDONIA (RO), MINISTERIO DA AGRICULTURA (MAGR).
  • ANALISE, SITUAÇÃO, PECUARIA, ESTADO DE RONDONIA (RO).
  • ANALISE, MANUAL, PROGRAMA, GADO, ESTADO DE RONDONIA (RO).

           O SR. ODACIR SOARES (PTB-RO. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srª e Srs. Senadores, a Secretaria de Estado da Agricultura e da Reforma Agrária-SEAGRI, de Rondônia, e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento-MAA, lançaram em Rondônia um Programa de Novilho Precoce.

           No Programa constam os objetivos, os mecanismos de sustentação, as metas, os Decretos Estaduais e Portarias da SEAGRI referentes ao Novilho Precoce, objetivando a adequação dos trabalhos.

           Antes de proceder à análise do “Manual do Novilho Precoce”, julgo interessante rever algumas informações sobre a pecuária rondoniense. Os primeiros dados registrados pelo IBGE sobre a pecuária em Rondônia datam de 1973, revelando um efetivo bovino total de 20.249 cabeças. Nos anos seguintes, registrou-se uma taxa geométrica de crescimento de 35,1% ao ano, sendo constatado em 1979, no levantamento feito pelo IBGE, um total de 176.221 cabeças de bovinos no Estado.

           Os anos 70, em especial, 78 e 79 foram marcados pela injeção de significativo volume de crédito, em virtude de programas especiais, tais como o PROTERRA-Programa de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agro-Indústria do Norte e Nordeste e o POLAMAZÔNIA-Programa de Desenvolvimento de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia, que repassaram recursos para investimento e custeio a juros de 7% ao ano, sem correção monetária.

           A conjugação dos Programas PROTERRA e POLAMAZÔNIA era entendida como a forma de incentivar um crescimento mais rápido da agropecuária, com vistas a satisfazer a demanda interna, em níveis de expansão cada vez mais elevados, em razão do intenso fluxo migratório endereçado ao Território de Rondônia.

           A partir do ano de 1979, com a decisão do Conselho Monetário Nacional de retirar os subsídios ao crédito rural, o volume de recursos emprestados aos pecuaristas evoluiu negativamente. A soma dos recursos emprestados nos anos 1980-1983, foi de 42% do total dos recursos concedidos nos anos 1978-1979. Apesar dos embaraços e das penalizações resultantes das altas taxas de juros impostas aos produtores, a bovinocultura de Rondônia continuou a crescer nos anos 80, registrando, segundo o IBGE, um rebanho de 653 mil cabeças em 1984.

           No ANEXO Nº01 “Evolução do Efetivo Bovino de Rondônia-1980/1995”, estão alinhadas estatísticas, ano a ano, da evolução do rebanho. A partir da década de 90, o tamanho do rebanho de Rondônia passou dos dois milhões de cabeças, tendo alcançado em 1995 quatro milhões e meio de cabeças de bovinos. O rebanho bovino de Rondônia é constituído por animais da raça zebu, com larga predominância da raça Nelore. A pecuária está presente, praticamente, em todo o Estado, concentrando-se no denominado “Cone Sul”, particularmente nas microrregiões de Cacoal, Vilhena e Colorado d’Oeste com 62,2% do rebanho de corte do Estado.

           Nessas microrregiões, destacam-se os municípios de Corumbiara (359.550 cabeças), Cacoal (210.872 cabeças), e Pimenta Bueno (200.000 cabeças). Os rebanhos dividem-se grosseiramente nas fases de cria e recria, sendo os animais mantidos no mesmo pasto.As pastagens são formadas sem uma orientação técnica mais apurada e manejadas inadequadamente, destacando-se as altas taxas de lotação e sistema de pastejo contínuo.

           O Estado de Rondônia desde o inicio de 1997 está estimulando uma campanha “Gado Sadio”, que pretende imunizar o rebanho bovino contra doenças contagiosas, principalmente a febre aftosa. A meta ambiciosa, é de atingir 80% do rebanho bovino , passando a controlar o mal, e possibilitando a exportação, sem barreiras sanitárias, da produção rondoniense

           Prestadas as informações indispensáveis sobre o setor pecuário de Rondônia, passo a comentar e repassar os pontos básicos do livreto publicado pela Secretaria de Estado da Agricultura e da Reforma Agrária-SEAGRI, “ Programa de Novilho Precoce”.

           O Programa visa basicamente elevar os índices de produtividade do rebanho bovino, mediante:

           a) - fornecimento de informações técnicas, a nível do produtor pecuarista, sobre alimentação, manejo e sanidade;

           b) - treinamento e qualificação de técnicos e inseminadores;

           c) - promoção de melhoramento genético do plantel zebuíno, com ênfase no nelore, sem no entanto, discriminar as demais raças;

           d) - orientações sobre cruzamento industrial, visando aumentar o índice de desfrute e a produção precoce.

           Os mecanismos de sustentação, de impulsionamento do Programa de Novilho Precoce tem como objetivo promover um extenso trabalho de treinamento, cadastramento e credenciamento de técnicos, tanto da área oficial, quanto do setor privado, para a sua efetiva implantação.

           O treinamento de inseminadores, necessário para o programa, será de responsabilidade das firmas do ramo, em convênio com a SEAGRI e suas vinculadas, com a supervisão do Programa. A assistência técnica e as orientações do Programa serão sempre avaliadas e definidas em conjunto pelos técnicos e pecuaristas, cabendo a estes as despezas decorrentes da implementação desses serviços.

           As metas básicas do Programa “Novilho Precoce” são:

           1) - melhorar a qualidade genética do rebanho Estadual com a utilização dinâmica da inseminação artificial e, posteriormente, de reprodutores e matrizes melhoradas e oriundas do programa;

           2) - introduzir e aprimorar técnicas sobre manejo, alimentação e sanidade, visando aumentar de imediato, o índice de desfrute e a oferta de carne;

           3) - introduzir um calendário sanitário de forma que concretize um processo profilático e de controle das principais doenças que ocorrem no Estado;

           4) - possibilitar ao produtor pecuarista a introdução de melhoria quanto a:

           a) - aumento do índice de nascimento;

           b) - redução do índice de mortalidade;

           c) - redução da idade de abate;

           d) - redução da idade do 1º parto.

           5) - fornecer um esquema de alimentação no período da estação seca que permita ganhos de peso, usando as seguintes técnicas: uso racional das pastagens; suplementação a campo; uso de uréia; uso de capineiras; uso de silagem; uso de fenação; semi-confinamento e confinamento.

           6) - incentivar a utilização do cruzamento específico e/ou contínuo, com objetivos de se obter um produto precoce e de maior peso para o abate;

           7) - possibilitar melhorias de desempenho da pecuária de corte.

           As instituições que participarão do programa são a EMATER-RO, a Delegacia Federal da Agricultura-DFA, a Federação dos Agricultores de Rondônia-FAERON, entidades públicas e representantes da iniciativa privada. O Programa Novilho Precoce terá a coordenação da SEAGRI.

           Os beneficiários do Programa serão: pecuaristas e produtores, de modo geral, técnicos e firmas do ramo pecuário e de planejamento; Governo do Estado de Rondônia, e a população em geral pela maior oferta de carne.

           A metodologia de seleção obedecerá a seleção de matrizes, de acordo com as características básicas:

           1) - padrão racial: as matrizes selecionadas deverão ser fêmeas neloradas e de bom padrão racial de acordo com a exigência da raça nelore;

           2) - a idade deve ser na faixa de 3 a 8 anos;

           3) - quanto ao desenvolvimento as adultas devem atingir média de 13 a 14 arrobas;

           4) - estado sanitário: devem ser vacinadas contra as principais doenças que ocorrem na região e exames negativos para a brucelose;

           5) - o estado nutricional: devem ser de boa nutrição, minarealizadas e em condições normais para a reprodução.

           Os métodos de melhoramento utilizarão touros P.O (puros de origem), em monta dirigida ou controlada ou mediante a inseminação artificial, sendo que os produtos advindos da inseminação, serão sempre mais valorizados à medida que se utilizar sêmen de touros de alta linhagens.

           O acompanhamento técnico do programa terá como responsabilidade dos técnicos:

           a) - selecionar e identificar os animais para o melhoramento;

           b) - preencher as fichas zootécnicas;

           c) - fazer o controle do esquema sanitário;

           d) - conferir a tatuagem dos bezerros;

           e) - acompanhar as pesagens no desmame.

           Caso venha a depender de uma orientação ou da presença de um técnico de outra área, o técnico do Programa deverá solicitar a sua presença em comum acordo com os pecuaristas. Todas as atividades serão conferidas aleatoriamente por uma equipe de auditores do Programa. Serão sorteadas 10% das propriedades, participantes do Programa, para fins de tipagem sanguínea dos produtos que se destinarem a reprodutores, visando conferir a paternidade. Caso não confiram os resultados, o técnico e a propriedade serão descredenciados de imediato do Programa.

           Um ponto importante a considerar, Senhor Presidente, é o cadastramento de propriedades. Todos os pecuaristas interessados em participar do Programa deverão contratar serviço de técnico credenciado para a realização do cadastramento e avaliação da propriedade e rebanho.

           O programa de incentivo à criação do novilho precoce, uma vez selecionada a propriedade, procederá a escolha dos animais que irão participar do Programa. O criador poderá fazer os dois segmentos do programa ou aquele que melhor lhe convier:

           1) - melhoramento genético aditivo da raça nelore;

           2) - cruzamento de raças.

           O Governo do Estado de Rondônia, com o intuito de motivar a criação do novilho precoce, criou um incentivo de 50% do imposto devido para os animais abatidos em frigorífico credenciados e que atingirem as metas de peso e idade prescritos no programa, conforme regulamento da Lei.

           O produto final enquadrado como precoce, trará maior lucratividade ao criador, pela redução do tempo de abate além do incentivo fiscal. Porém o grande lucro será a maior valorização das carcaças para exportação, competindo com os Países do Mercosul.

           O lucro na exportação de carcaças será numa etapa posterior, pois necessitará de um grande volume de carnes. Para tanto é necessário haver a adesão ao Programa de um número elevado de criadores. Além disso, o criador e o governo não poderão restringir esforços no sentido de combater a febre aftosa, adquirindo, assim, o Estado a condição de exportador para o Mercado Comum Europeu.

           Um dos fatores que auxiliará em muito a produção do novilho jovem para abate é o de raças precoces em cruzamento industrial, por via de um bom programa de inseminação artificial.

           Esses são, Sr. Presidente e Srs. Senadores, os últimos esforços que o Governo de meu Estado, com a incisiva liderança da Secretaria de Estado da Agricultura e Reforma Agrária-SEAGRI, estão lançando com o Programa de Novilho Precoce.

           Leio:

           ANEXO Nº 1

           Evolução do efetivo bovino de Rondônia - 1980/95

           
           ANO            CABEÇAS
           1980            251.419
           1981            254.348
           1982            347.279
           1983            575.083
           1984            776.478
           1985            764.299
           1986            8840307
           1987            1.069.127
           1988            1.247.898
           1989            1.294.201
           1990            1.718.697
           1991            2.826.403
           1992            2.773.816
           1993            3.476.444
           1994            3.700.000
           1995            4.440.967

           Fonte: IBGE (1980-1994); CEPA-RO, 1987

           EMATER-RO, 1993, 1995; FIERO, 1994


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/11/1997 - Página 26193