Discurso no Senado Federal

ANALISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA REALIZADA PELA UNESCO SOBRE A JUVENTUDE DE BRASILIA, QUE, COM ALGUMAS ALTERAÇÕES OU ADAPTAÇÕES, PODE SER TOMADA COMO O RETRATO MEDIO DA MOCIDADE NACIONAL.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • ANALISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA REALIZADA PELA UNESCO SOBRE A JUVENTUDE DE BRASILIA, QUE, COM ALGUMAS ALTERAÇÕES OU ADAPTAÇÕES, PODE SER TOMADA COMO O RETRATO MEDIO DA MOCIDADE NACIONAL.
Aparteantes
Benedita da Silva, Carlos Bezerra, Edison Lobão, Leonel Paiva.
Publicação
Publicação no DSF de 29/11/1997 - Página 26355
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • ANALISE, PESQUISA, REALIZAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO), JUVENTUDE, CAPITAL FEDERAL, BRASIL, APREENSÃO, ORADOR, NIVEL, FALTA, CONFIANÇA, ADOLESCENTE, GOVERNO, JUSTIÇA, INSTITUIÇÃO RELIGIOSA, POLITICO.
  • DEFESA, REFORMULAÇÃO, EDUCAÇÃO, OBJETIVO, ALTERAÇÃO, VALOR, MORAL, ETICA, JUVENTUDE, BRASIL.
  • NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO, MENOR, IMPEDIMENTO, IMPUNIDADE, JUVENTUDE, FORMA, CONTENÇÃO, VIOLENCIA, ADOLESCENTE, BRASIL.

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tomamos conhecimento pela imprensa, no decorrer da semana passada, dos resultados de uma pesquisa feita pela UNESCO sobre a juventude de Brasília, a qual, com algumas alterações ou adaptações específicas, pode ser tomada como o retrato médio da mocidade nacional. Apesar da variação de enfoques na interpretação dos números, em todos os analistas ficou a inquietante certeza de que algo muito sério, muito grave, está a acontecer com os nossos jovens, tanto no plano sócio-econômico quanto na sua estrutura emocional coletiva, decorrente das inevitáveis implicações etárias.

A pesquisa foi feita nos meses de junho e julho do corrente ano, em 18 escolas públicas e 22 particulares, abrangendo rapazes e moças cujas idades iam de 14 a 20 anos - ou seja, ouvindo tanto os chamados adolescentes clássicos, quanto outros já ingressados na idade adulta. Nas dezenas de reportagens publicadas sobre o tema, pareceu-me mais objetiva e profunda a do Jornal do Brasil, de terça-feira, dia 25, que resume em um quadro numérico as tendências, opiniões e posturas da juventude brasiliense, tabulando suas manifestações em quatro itens: descrença, violência, individualismo e ócio e luxo e berço.

As respostas ao primeiro ponto atestam que apenas 0,2% dos jovens confiam nos governos, 0,5% confiam nos políticos, 0,7% confiam na Justiça, 6,7% confiam na igreja e 11,2% preferem a ditadura. Se invertemos essa indicação, encontraremos mais de 99% de rejeição a governos, políticos e Justiça. A descrença nas estruturas religiosas supera a casa dos 93%. Existe um único resultado positivo no quesito, mais de 88% dos jovens não acreditam que uma ditadura seja solução para os dramas nacionais - talvez por lembrarem penosamente de tantos outros moços massacrados pelas torturas e perseguições dos tempos tenebrosos do regime arbitrário.

O item seguinte, a ótica da juventude sobre a violência, vem confirmar parcialmente essa convicção: 16% consideram que as pessoas só se impõem pela autoridade; 84%, pode-se portanto inferir, acreditam em formas democráticas de prevalência política, social e até mesmo familiar. Ao mesmo tempo, numa tremenda contradição, 88% consideram natural o ato de humilhar travestis, prostitutas e homossexuais, ou seja, apenas 12% conseguem ver a qualidade criminosa dessas agressões. E chega a ser alarmante saber que 12% de jovens pertencem às sinistras gangues de ruas, responsáveis pelos mais bárbaros crimes perpetrados contra pessoas, contra o patrimônio público ou privado. É um percentual assustador, que evidencia a falta de instrumentos capazes de dar ocupação e propósito à juventude.

Se analisarmos tais números, à luz de outra resposta, veremos que, essa postura foi corretamente analisada, posto que 20% dos entrevistados defendem penas leves para os responsáveis pelo covarde e cruel assassinato do índio Galdino.

O terceiro item da pesquisa dá explicações para esses conceitos da juventude brasileira. E, de passagem, diga-se é importante louvar o critério e a sensibilidade do trabalho da Unesco, pois nele encontramos cientificamente, expostos e comprovados, os resultados, as causas e as distorções da vida vivida pela juventude na Capital da República. Tivemos, primeiro, o aspecto descrença das instituições políticas, sociais e religiosas; depois, a apatia ante as violências, ou, pior ainda, o engajamento em sua promoção; encontramos, como terceiro dado a ser contabilizado, a sedimentação de condutas ligadas ao individualismo e ao ócio. Nossos pais tinham valores morais e sociais ligados ao trabalho, à ética da integração do cidadão à comunidade, à obrigação de assumir responsabilidades dentro do coletivo em que vivemos. Pois 77% dos jovens brasilienses, no início da idade legalmente deferida para ingressar no mercado de trabalho, nunca o fizeram - e 97.8% têm como meta de vida as sinecuras de um bom emprego, ganhar um salário polpudo e levar seus dias sem preocupações. Para eles, não existe qualquer relação entre o dinheiro e o esforço indispensável para sua obtenção; suor no rosto para ganhar o pão é uma abstração bíblica, de que, aliás, nunca ouviram falar. Em decorrência disso, gastam a maior parte do tempo livre conversando com amigos, ouvindo música ou vendo televisão; pouco mais de 1/3 pratica esporte regularmente, mas 41% são usuários constantes de bebidas alcóolicas. A pesquisa não fala das drogas ilegais, talvez por temer que sua inclusão no temário pudesse inibir as respostas e, dessa forma, prejudicar a elaboração do fiel perfil do público alvo.

O quarto e último item da pesquisa servirá para despertar na consciência dos pais a dolorosa pergunta: "Onde errei?"

É verdade, porque 61,8% dos jovens ouvidos são filhos de profissionais de nível superior e eles próprios já concluíram o segundo grau; o peso econômico doméstico é considerável, tanto assim que 27% das famílias envolvidas possuem três ou até mais automóveis.

Ao fechar a pesquisa, a Unesco tirou suas conclusões sobre quem é o jovem de Brasília: uma pessoa niilista, individualista, ociosa e suscetível ao autoritarismo e à violência, cujo perfil assustou e surpreendeu até mesmo o renomado e experiente professor, ex-Reitor da UnB, sempre sintonizado com a juventude, o Governador Cristóvam Buarque.

No estudo das respostas colhidas, destacam-se os males do isolamento pessoal e da alienação, marcas da cultura do consumismo e do narcisismo dos anos 80, quando nasceram quase todos os entrevistados, explica o autor da pesquisa, Professor Júlio Jacobo Waiselfisz, da Unesco. Para ele, "o individualismo é tão acentuado que até as gangues - e 12% assumem pertencer a um bando - até as gangues são um somatório de individualidades; não chegam a formar um grupo".

Mesmo sendo referente à juventude de Brasília, a pesquisa da Unesco mereceu importantes repercussões nos meios acadêmicos e entre psicólogos de outras regiões. O Jornal da Tarde trouxe, na edição de quarta-feira, opiniões de respeitados educadores e de especialistas em questões ligadas à juventude de São Paulo. Em matéria sob o título "Apatia e egoísmo de jovens preocupam especialistas", a repórter Daniela Tófili abre o texto já com a conclusão: os jovens estão decepcionados e apáticos, na definição da psicóloga Ivete Lehman, que afirma: "o que caracteriza o adolescente é a esperança, mas o resultado dessa pesquisa mostra que a descrença está muito grande" - trata-se de uma autoproteção do adolescente quando está decepcionado, pois a frustração com algum político específico pode acabar sendo transferida para a política de um modo geral. Mas o que causa maiores preocupações é a apatia, pois o jovem capta a mensagem de que "ninguém mais tenta mudar a política do País dentro do modelo padrão, em termos de reivindicação. Agora é burlar a lei e mostrar que é mais forte, uma verdadeira era do salve-se quem puder, formando uma geração de individualistas".

Vejamos o que afirma outro renomado psicólogo paulista, Irineu Mariano Júnior: "Com a perda dos ideais, a Nação tende a ser tornar mais egoísta e a cidadania ficará cada vez mais esquecida. É durante a adolescência que se forma o caráter político - e a ausência de horizontes é um sinal muito ruim para toda a sociedade. O pior é o que está por vir, já que, algum dia, esses jovens acabarão tendo de escolher os governantes”. Ou, então, eles mesmos serão os governantes deste País.

No mesmo sentido, a professora Maria Regina da Costa, da PUC paulista, faz uma advertência: estão faltando projetos políticos e sociais para os jovens, o que desestimula o seu interesse comunitário. E afirma: “não existe mais o ideal de mudar a situação; o conformismo acaba dominando esta juventude - e como o adolescente tem sede de mudanças, ele acaba se voltando para a violência e as drogas”.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Secretário Nacional de Direitos Humanos, José Gregori, lançou um alerta que devemos acatar: essa pesquisa da Unesco acende o sinal amarelo e mostra que precisamos descobrir estratégias de aproximação para saber o que, de fato, está acontecendo com a juventude brasileira, tanto a de Brasília quanto a das outras regiões do País, porque o que ocorre na Capital deve estar acontecendo em outras cidades.

O Governador do Distrito Federal, Professor Cristóvam Buarque, usando toda a vasta experiência adquirida no trato diário com os moços, conhecimento agora enriquecido pela pesquisa da Unesco, não vacila em denunciar o vazio ideológico da juventude brasiliense com um dos mais graves motores dessa máquina de alienação e de esquecimento dos valores da civilidade. Chama a atenção para a distorção do enfoque no caso do índio Galdino, que também é destacada por José Gregori: 20% dos entrevistados acharam que foi uma simples traquinagem pueril, merecedora apenas de castigos leves - e não um crime atroz, premeditado, maldoso e doloso na concepção, na execução e nos desdobramentos. Sobre o mesmo episódio, o autor da pesquisa, Júlio Jacobo, é sucinto e não esconde seu alarme, ao constatar que "um crime chocante foi considerado uma 'brincadeira'".

Não podemos cair na armadilha de simplificar a questão, cair na irracional contradição de o velho versus o novo, da fuga ao diálogo e da negação das próprias responsabilidades. Somos pessoas experientes, quase todos temos família, e aprendemos com nossos filhos tanto quanto lhes transmitimos conhecimentos e valores. Seriam simplistas, repito, afirmações de que "essa juventude não presta; bons éramos nós, em nossa mocidade"; “os jovens não querem nada, não respeitam nada e precisam aprender a ter respeito pelos costumes e pelos valores da sociedade"; e outras do mesmo tipo. Se em nossa juventude nós estávamos sempre dispostos a participar das causas nacionais, isso era devido ao fervilhante clima de renovação política e ao debate de idéias ricas e polêmicas; se a política despertava interesse nas escolas dos diversos níveis, desde o antigo ginásio até as faculdades, era porque os currículos incluíam verdadeiras questões de fundo social, histórico e filosófico; e se o estudo se fazia com profundidade e acalorado debate nas salas e nos grêmios, o motivo estava nos livros usados e que hoje foram substituídos pelas abomináveis e míseras apostilas. Coisas simples, porém essenciais, como as argüições, as sabatinas, as provas orais onde mestre e aluno aferiam sem distorções o aprendizado e o aproveitamento das lições.

Hoje, tudo acabou, com o império do xis nos gabaritos dos vestibulares.

Hoje, para escolas e alunos, aprender é algo inteiramente secundário. Como dizem os jovens, o que vale é “sacar os macetes e entrar na faculdade”.

Não se deve advogar indulgência irrestrita para os erros cometidos pela juventude, mesmo porque isso representaria um incentivo à sua ilimitada repetição - mas tampouco podemos esquecer que a realidade ignora qualquer postulado ético e ensina o contrário: quando um rapaz carboniza um mendigo, índio ou não, ele sabe que sua impunidade será garantida por vários adultos, adultos que vão desde seus pais e advogados até os componentes do sistema judiciário. E a cultura da impunidade, essa sim, é a grande desgraça do Brasil, mais precisamente dos que hoje deveriam estar sendo preparados para assumir-lhe o comando nas próximas décadas.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o quadro que estamos apreciando, delineado na pesquisa da UNESCO, é daqueles gritos que deveriam acordar toda a sociedade, pois o seu próprio futuro está em jogo. A apatia, a acomodação, a fraqueza do caráter coletivo da geração que hoje atinge os 20 anos de idade, tudo isso representa um perigo iminente e concreto para eles mesmos e para esta Nação, que nossos antepassados construíram com tanto sacrifício. Nós, pais e mães de família, na dupla função civil de legisladores e de representantes do povo, devemos estar atentos para a gravidade da situação e nela impor uma alteração profunda - uma reforma verdadeira, não a mera supertaxação de salários ou a derrama de demissões no serviço público.

A verdadeira reforma que se impõe é a reforma educacional, é a criação de estruturas escolares e adicionais para atendimento à juventude, estruturas que se revistam também de idéias, de valores éticos e de princípios patrióticos. Enquanto a evocação de valores como “pátria” for sinônimo de “caretice”, enquanto vigorar a infame Lei de Gerson, enquanto escroques bilionários receberem a proteção do sistema administrativo-judiciário, enquanto isso perdurar não teremos o direito de atirar sobre a juventude todo o peso da culpa por seus erros.

Não se pode advogar, repito, a impunidade universal por motivo de idade - ao contrário, é uma característica da juventude a busca de seus limites, a provocação de atitudes que tragam, embutidos no castigo, o teto e os parâmetros que balizarão toda a sua vida futura.

Quando um bando de adolescentes desocupados carboniza um mendigo no ponto de ônibus, se eles saem impunes, é um incentivo para que outros repitam esse ato repugnante; quando 80% da juventude acham normal humilhar pessoas por causa de suas opções sexuais e tudo fica por isso mesmo, nós abrirmos a porta para outras discriminações, ainda mais terríveis. A inércia é uma das poderosas forças da natureza; para quebrá-la, precisamos ter imaginação, dedicação e espírito público. Sem esse empenho, a inércia se agrava sob a forma do niilismo, de ociosidade e de libertina esperteza, potencializando a perplexidade que normalmente já acompanha a explosão dos hormônios da adolescência.

Nos últimos dias, tenho refletido muito, e profundamente, sobre a pesquisa realizada pelo Unesco com os jovens de Brasília.

A partir dessa reflexão que evoco na conclusão do presente discurso, faço apelo aos nobres Senadores e Senadoras, para que procurem conhecer a pesquisa da Unesco, em sua inteireza, pois isso lhes dará amplas e fundamentadas condições para cumprir as responsabilidades de representantes do povo, respondendo positivamente às imensas obrigações a que estamos sujeitos perante os cidadãos do futuro.

A Srª Benedita da Silva (Bloco/PT-RJ) - Senador Nabor Júnior, V. Exª me concede um aparte?

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC) - É com muito prazer que ouço o aparte de V. Exª.

A Srª Benedita da Silva (Bloco/PT-RJ) - Não aparteei V. Exª antes, porque estava me inteirando da pesquisa, da qual tenho conhecimento, porém não fiz ainda um estudo aprofundado. Mas estive atenta ao seu pronunciamento por todo o tempo. V. Exª, nesta manhã, coloca com precisão, e quero crer, com muita reflexão e responsabilidade, essa questão que diz respeito aos direitos humanos e a forma como a nossa sociedade tem encarado os nossos jovens. Tenho repetido, durante a semana, nos meus pronunciamentos, que houve uma mudança na civilização brasileira, para a qual não atentamos. Não estamos percebendo os problemas, e um deles é exatamente a mudança desta juventude brasileira, a mudança da adolescência, dessas crianças. Brasília é hoje o centro das atrações, não é um espaço isolado, ela é o coração do Brasil na medida em que aqui está instalado o poder político, o governo federal. E, no Congresso Nacional, deveríamos aprofundar os debates sobre todos os temas relacionados à criança e ao adolescente para entender a juventude atual. V. Exª, nesta manhã, faz exatamente isso: dá prioridade aos temas que possam melhorar nosso desempenho, que possam contribuir nas decisões políticas e que melhor embasem as formulações políticas que devemos implementar. Lamento profundamente que a nossa juventude esteja nessas condições; a juventude de modo geral e não apenas a pertence à camada menos favorecida da população. Srs. Senadores, temos identificado que parte desses jovens, cujas famílias têm uma certa estabilidade econômica e uma certa formação educacional, têm se desviado totalmente da formação que - acreditamos - seus pais tenham lhes dado. O que está faltando? Será apenas uma situação econômica? Não, porque sabemos que há entre os pobres e necessitados pessoas que não se tornaram marginais; mas, também, constatamos que outros se tornaram marginais por conseqüências econômicas. Neste caso, era importante darmos a maior oportunidade que se pode oferecer à juventude: informação. Já tivemos, Senador Nabor Júnior, há algum tempo, um movimento estudantil dinâmico, que se poderia contestar do ponto de vista ideológico reivindicativo, que, hoje, não existe mais. Esse movimento tinha a finalidade de dar àquele adolescente que estudava todo um conceito político e social. Ele não era alienado, porque estava diante de informações e contra-informações; ele podia discutir, debater; ele não era visto, apenas, como alguém que queria dançar ou brincar; ele tinha dentro de si aquela responsabilidade de se sentir parte da sociedade e com ela fazer as mudanças. Hoje, o nosso movimento estudantil está fragmentado. Nós até o combatemos, porque alguns permaneceram fiéis, cresceram e amadureceram ideologicamente, outros, no entanto, radicalizaram. O importante, contudo, é que essa adolescência precisa conhecer os problemas do Brasil e do mundo, e tenho certeza de que a nossa metodologia educacional precisa mudar. Tenho certeza de que é preciso democratizar os meios de comunicação, para que eles possam ajudar a mostrar um Brasil diferente e que não patrocinem - sem nenhum viés de censura - ou alimentem os desvios que estão existindo nas cabeças dos adolescentes - como o lamentável incidente ocorrido aqui em Brasília com o índio pataxó. Isso acontece, também, no Estado do Rio de Janeiro; onde adolescentes colocaram fogo em adolescentes e crianças. É impressionante como assistimos a violências e mais violências praticadas por meninos a título de brincadeira. Na questão racial, Senador Nabor Júnior, V. Exª. não faz idéia das coisas que acontecem. Assistimos a tudo e não tomamos nenhuma providência. A única que, talvez, nos chame a atenção, é o horror do momento, seguida de uma punição mais dura, que vai levá-lo para um presídio, onde não há atendimento, acompanhamento, enfim, nenhum instrumento que possa reintegrá-lo ou tirá-lo evidentemente da alienação em que vive. Essa é a situação. V. Exª aborda com precisão o problema e chamou a minha atenção. Procurarei olhar essa pesquisa e com esse olhar contribuir com V. Exª que coloca esse debate nesta manhã no plenário do Senado. Parabenizo-o por sua brilhante intervenção.

O Sr. Edison Lobão (PFL-MA) - Permite-me V. Exª um aparte, nobre Senador Nabor Júnior?

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC) - Ouvirei já o aparte de V. Exª, nobre Senador Edison Lobão.

Senadora Benedita da Silva, foi com a maior atenção que, ao ouvir V. Exª - conceituada estudiosa dos problemas sociais do Brasil - pude reencontrar seus méritos de intransigente defensora das minorias, dos direitos humanos e, sobretudo, da nossa juventude, nessa avaliação das implicações do discurso que estou a proferir, analisando os resultados da pesquisa que a Unesco promoveu junto à juventude de Brasília durante os meses de junho e julho deste ano.

Concordo plenamente com as suas observações; também acredito que temos de investir de maneira mais acentuada, de maneira mais intensiva, na educação. Como V. Exª, creio que todos os problemas revelados por essa pesquisa resultam da falta de uma metodologia educacional que induza o jovem a participar dos processos sociais, econômicos e políticos da nossa sociedade.

Recordo-me que, nos tempos de estudante secundarista, participei de reuniões nos grêmios estudantis; eu e meus contemporâneos conhecíamos quase todos os principais autores brasileiros e estrangeiros; tínhamos colegas que, nessas reuniões, recitavam poesias de sua própria autoria. Participávamos de atividades políticas, tanto da política estudantil quanto da política partidária, sob a égide da UNE, que foi o grande celeiro que formaram líderes nacionais com destacada passagem por esta Casa Legislativa, pela Câmara dos Deputados e efetiva participação em cargos executivos.

Se o jovem hoje não cuida mais disso é porque não há estímulo, não existem mais os currículos humanitários!

 Se os pesquisadores da UNESCO tivessem tido a preocupação de consultar esses jovens sobre a vida e a obra de alguns autores nacionais, como Machado de Assis, Guimarães Rosa, Castro Alves, Casemiro de Abreu ou até de portugueses como Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão e outros mais próximos da nossa literatura, certamente, nem 20% deles saberiam responder. Todavia, se se fizesse uma pesquisa para saber qual o nome do vocalista de uma banda de rock da Austrália, dos Estados Unidos ou da Inglaterra, certamente, 50, 60% diriam imediatamente o nome dessa pessoa. É uma verdadeira alienação... 

Um outro fenômeno também está ocorrendo: é a distorção cultural freqüentemente produzida pelos meios de comunicação, principalmente a televisão. Não se pode negar razão a quem afirma: a televisão está induzindo nossa juventude à prática do crime. Afinal, o que vemos na chamada “telinha”? Quase sempre são cenas de violência; pode-se, mesmo, estimar que 90% dos filmes que transmitidos diretamente para nossos lares são voltados para a violência. 

Praticamente não encontramos produções de cunho histórico, social ou romântico, como havia até poucas décadas atrás. Hoje, os filmes ou são de ficção ou são de violência - freqüentemente são as duas coisas - e penetram nos nossos lares, para os nossos filhos assistirem. Isso lhes tira o interesse pelas causas da sociedade, pelo futuro do País, pelos símbolos da nacionalidde. Quem duvidar, tire a prova: se reunirmos aqui meia dúzia de jovens e mandarmos interpretar o Hino Nacional, talvez nem dois deles saibam cantar.

O que está ocorrendo é falta de civilidade, por causa da deficiência da metodologia educacional do nosso País, a que tão bem se reportou V. Exª.

Com muito prazer, concedo o aparte ao Senador Edison Lobão.

O Sr. Edison Lobão (PFL-MA) - Senador Nabor Júnior, o de que V. Exª cuida nesta manhã é dessa crise a que todos assistimos e que tanto afeta a nossa juventude. Exibe V. Exª uma pesquisa que diz respeito a Brasília, mas, na verdade, ela é muito mais ampla. O que ocorre com a juventude de Brasília, como acentua a Senadora Benedita da Silva, é o que, em grande escala, acontece no Brasil inteiro. No passado, e V. Exª menciona escritores ilustres do nosso País e de outros países, o que ocorria é que a juventude, talvez até por falta de outra opção mais atraente, ainda que negativa, internava-se nas bibliotecas públicas e lia os grandes autores, e aprendia e escrevia muito bem. Hoje, a nossa juventude, certamente melhor implementada de inteligência do que a geração anterior, é atraída para os programas de violência da televisão. Aí estão os video-games, que são um atrativo irresistível para a juventude. Conheço uma pesquisa, feita nos Estados Unidos pelo Departamento de Justiça americano, que demonstra que naquele país a criança e o jovem, o adolescente, ficam mais tempo diante da televisão do que praticando qualquer outra atividade, exceto dormir. A primeira atividade do jovem americano é dormir - ele dorme 7 ou 8 horas por noite. A segunda maior atividade do jovem americano é ver programas de televisão, em geral violentos, que muito mais deseducam do que educam. O resultado é este a que estamos assistindo: as dificuldades todas pelas quais passamos. Hoje, os nossos jovens já têm responsabilidades maiores. Nós mesmos, legisladores, votamos uma emenda constitucional permitindo aos jovens de 16 anos votar. Eles já decidem, portanto, os destinos da Nação brasileira. Ainda há pouco, votávamos neste Plenário o Código Civil, dando também aos jovens responsabilidades mais intensas do que as que eles possuíam no passado. E estamos procedendo corretamente, porque a concepção moderna do jovem é muito mais avançada do que o era há 30, há 40 anos. Por conseqüência, nós estamos apenas atribuindo aos jovens de nosso País as responsabilidades que eles estão em plenas condições de exercer. Mas, Senador Nabor Júnior, se nós, legisladores, se nós, governantes, não tomarmos de fato algumas providências, não vamos corrigir a rota da nossa juventude, que se expõe, que se exibe aos perigos de todos os dias com as tentações que estão à nossa frente. Aí está a Internet, ainda há pouco lembrava-nos o nosso colega Leonel Paiva, com os seus sites imorais ou amorais, e os jovens, que têm grande intimidade com a informática, navegam com facilidade por todos esses domínios deletérios da modernidade. A Itália tomou uma providência recentemente: a de impedir programas impróprios nos noticiários das televisões até as 10, 11 horas da noite. É uma tentativa que se faz, na Itália, para ver se melhora o comportamento da juventude. Mas o fato é que, quem sabe, após debater o tema aqui abordado uma, duas, três ou tantas vezes quantas necessárias, não haveremos de encontrar um caminho, uma bússola, uma sinalização para o futuro da nossa juventude? Cumprimento, portanto, V. Exª, pela oportunidade do discurso que pronuncia nesta manhã.

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC) - Senador Edison Lobão, fico imensamente agradecido pelos judiciosos conceitos emitidos por V. Exª em seu aparte.

Na verdade, nós, homens públicos, que somos pais, muitos até já temos netos, vivemos também a fase áurea da juventude - e é por conhecermos suas angústias e buscas que devemos nos preocupar com o futuro dos jovens de hoje, no Brasil, sobretudo após o surgimento da televisão e, mais recentemente, dos programas à base de computação, os jogos eletrônicos.

Ontem mesmo o Ministro da Justiça proibiu a divulgação de três video-games que estimulavam os jovens a praticar delitos de trânsito. Quem os praticava, a partir do momento em que acionava a fita assumia a direção de um carro, que ia atropelando crianças, adultos, senhoras gestantes, etc. Não se podem regatear aplausos ao Ministro da Justiça, Íris Rezende, que determinou a retirada dessas fitas do mercado.

V. Exª percebe exatamente que até as pessoas que deveriam ter responsabilidade pela formação da nossa juventude contribuem para destruí-la, na medida em que fabricam filmes que estimulam o jovem a praticar o crime. O que dizer, também, dos programas pornográficos, das novelas permissivas, dos filmes violentos que fazem a cabeça do nosso jovem e o levam a não confiar na classe dirigente do nosso País.

Os índices apurados na pesquisa indicam que apenas 0,2% dos jovens têm boa impressão do Governo, e 0,5%, dos políticos; somente 7% dos jovens praticam religião, e 12% confessam que participam de gangues.

Para onde irá a juventude, portanto, se nós, responsáveis pelos destinos deste País, não adotarmos medidas, principalmente na área educacional, para corrigir tais distorções?

O Sr. Carlos Bezerra (PMDB-MT) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC) - Concedo o aparte, com muito prazer, ao Senador Carlos Bezerra.

O Sr. Carlos Bezerra (PMDB-MT) - Senador Nabor Júnior, V. Exª faz, na manhã de hoje, discurso amplo sobre a situação catastrófica que vive a juventude brasileira. Analisou já quase todas as causas que fizeram que nós chegássemos a isso. Mas há um ingrediente, principalmente no caso do Brasil - além da questão mundial e da evolução da humanidade -, que contribuiu muito para essa degeneração, nobre Senador, que foi o golpe militar de 64. Ele representou um retrocesso muito grande para o País. Fechou-se a UNE, à qual V. Exª se referiu há pouco, a nossa grande fábrica de líderes; foram fechados a UBES e os sindicatos. Foi como se se pegasse uma planta e se lhe retirasse os brotos. Foi isto que o golpe militar de 64 fez com o Brasil. E além de fazer tudo isto, de prender, de expulsar, de matar, de acabar com todo esse movimento do País, hoje ainda estamos pagando por isso, e aí apareceram os oportunistas da política e deixamos de formar nossos líderes. Eu mesmo me considero fruto dessa época, anterior a 64. Ganhei a minha primeira eleição com 15 anos de idade para a presidência do grêmio do meu colégio; depois, fui ocupar a presidência da Associação Cuiabana de Estudantes Secundários. Foi assim que comecei a minha formação política. O meu primeiro livro de cabeceira foi um uma obra de Pasqualini, Bases e Sugestões para uma Política Social(*), do trabalhismo brasileiro de Vargas. Tudo isso acabou de 64 para cá. Além de o Golpe Militar acabar com tudo isso, quis implantar, ainda no Brasil, um modelo de ensino diferente da nossa cultura, um modelo americano, da civilização empacotada; houve uma série de tentativas fracassadas nesse sentido e, graças a Deus, o Brasil está retornando ao seu modelo próprio de Educação. Recentemente, aprovamos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação no Senado. Queriam banir totalmente a cultura geral da Educação brasileira, formando apenas técnicos, dando uma Educação apenas tecnicista. Isso empobreceu demais o nosso País. Passamos a criar gerações e mais gerações de eunucos, que resultaram nesse ingrediente que aí está, na pesquisa que V. Exª, desta tribuna, trouxe ao conhecimento desta Casa. Creio que esse efeito é mais grave do que todos os outros. Os meios de comunicação, sem duvida alguma, têm contribuído muito para essa degeneração. Mas esse fato trouxe um atraso que vamos levar ainda muitas gerações para recuperar. Hoje, vejo a dificuldade de se fazer política no interior do Brasil. V. Exª é do Acre, sou do Mato Grosso; quantas tentativas nossas de fortificar novas lideranças, de criar novas lideranças, e o cidadão se perde na primeira eleição; ganha uma eleição e não repete o mandato, não consegue se reeleger depois; desmoraliza-se e se acaba, porque não tem conteúdo, não tem formação.

Então, quero parabenizar V. Exª e gostaria de agregar ao seu discurso brilhante, importante, fundamental para o futuro do Brasil, mais esta causa, que entendo tem uma responsabilidade muito grande - está tendo ainda - sobre o futuro da juventude brasileira. Parabéns, Senador Nabor Júnior!

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC) - Senador Carlos Bezerra, tem razão V. Exª: esse longo período em que o Brasil ficou submetido ao regime do arbítrio contribuiu muito para esvaziar os movimentos sociais, sindicais e outros, vinculados a atividades próprias da juventude. Fecharam-se os grêmios e as representações dos estudantes, não só os diretórios acadêmicos, mas até as Uniões Estaduais dos Estudantes e a própria UNE, escola de civismo que formou grandes líderes, como já disse. O Senador José Serra, por exemplo, foi um dos seus Presidentes, assim como o ex-Governador Aureliano Chaves. O Vice-Presidente da República, Marco Maciel, foi também um de seus militantes, dentre tantos outros que poderíamos citar; todos, com as lições de oratória, debates, discussão de idéias e defesa de posições político-sociais, que tiveram no âmbito estudantil, tornaram-se grandes líderes políticos deste País.

Já me chamaram a atenção para o fato de que, hoje, a única atividade que a UNE está desempenhando é o fornecimento de carteira para o estudante poder usufruir do abatimento de 50% nas passagens de ônibus, nos ingressos de cinema ou, então, nas entradas dos estádios de futebol. Seria essa a sua única atividade?

Tenho um irmão, por exemplo, que foi secretário da UNE duas vezes. Como depoimento pessoal, posso dizer que conheci a entidade em 1954 e cheguei a me hospedar em sua sede, na Praia do Flamengo; fazia refeições lá no bandejão do Calabouço, ao lado do Aeroporto Santos Dumont. O movimento estudantil exercia efetiva influência, tinha um peso muito grande junto ao Ministério da Educação. Por exemplo, nas administrações dos Ministros Antônio Balbino e Edgar Santos, da Bahia, a UNE se fazia presente aos debates estudantis e sócio-políticos com grande expressão; dali surgiram muitas lideranças.

Os governos militares acabaram com essas entidades; os próprios sindicatos hoje se encontram enfraquecidos, estão praticamente desmoralizados - o Governo os desmobilizou, neles não mais existe organização ou eficiência participativa.

Nas escolas, praticamente foram extirpadas as disciplinas ligadas ao humanismo, que marcavam o ensino em nossa época. Hoje, prioriza-se o estudo de computação, matemática, química, física, não se fala em literatura - que virou reles esquema sintético para preencher os cartões dos vestibulares. Poucos conseguem identificar os bons autores nacionais, e desses, menos ainda conhecem de verdade sua produção; não seria exagero dizer que ninguém sabe o nome do autor do Hino Nacional. Pergunte-se a qualquer jovem se ele sabe quem escreveu a letra e a música do Hino Nacional!

Não se ensina isso nas escolas. No afã de improvisar novidades atrativas, criam-se polêmicas como essa de agora, sobre a data do descobrimento do Brasil e seu autor. Já estão encontrando um outro descobridor, parece-me que no ano de 1496, na Ilha do Marajó, na entrada do rio Amazonas. Tal especulação suscitará uma disputa estéril por essa primazia entre o Pará e a Bahia. Isso está acontecendo por falta de esclarecimento, por falta de comunicação, o que foi mencionado em oportuno aparte pela Senadora Benedita da Silva.

O Sr. Leonel Paiva (PFL-DF) - Senador Nabor Júnior, V. Exª me permite um aparte?

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC) - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Leonel Paiva (PFL-DF) - Muito obrigado, Senador Nabor Júnior. Eu gostaria muito de concordar com a exposição de V. Exª, mas quero fundamentalmente discordar do seu posicionamento com respeito à UNE nesse momento. A UNE vem realizando um trabalho de base muito importante nesse País desde o momento em que conseguimos nos livrar da pseudoditadura imposta pelo Presidente Fernando Collor de Mello. Ela colaborou muito com o movimento dos caras pintadas. A UNE é uma entidade capaz de interferir no Congresso Nacional, como ocorreu com a eleição de vários de seus ex-Presidentes e militantes. Na Câmara dos Deputados, elegeram-se recentemente três ou quatro Deputados oriundos da UNE, atuantes, vigorosos e vibrantes. Concordo, no entanto, com V. Exª, quando se constata a deterioração do aspecto ético e moral da juventude brasileira, mas deixo de fazer críticas mais contundentes, porque somos os culpados disso. Nós, os mais velhos, os pais, as mães, muitos de nós esquecemos os valores éticos e morais da sociedade, da moral e dos bons costumes, para nos ocuparmos de outras coisas. Assim, deixamos a liberdade total e absoluta aos jovens, que puderam escolher os caminhos errados. Brasília, Senador Nabor Júnior, é o retrato fiel da média brasileira, já que para aqui viemos todos nós de todos os recantos deste País. Portanto, tenho certeza absoluta que o perfil sociológico e psicossocial de Brasília reflete o perfil sociológico e psicossocial do Brasil. Encareço a V. Exª que me perdoe pela discordância, mas reafirmo que a UNE é uma das entidades mais fortes, mais resistentes, mais atuantes e mais corajosas do País.

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC) - Muito obrigado pelas considerações de V. Exª.

Quando fiz a observação sobre a pouca importância da UNE, hoje, na vida estudantil, social e política do País, baseei-me em informações que a própria imprensa tem divulgado.

Reconheço que, no episódio do impeachment do Presidente Fernando Collor de Mello, a entidade exerceu papel preponderante, a ponto de haver contribuído para a eleição de alguns dos seus então dirigentes para a Câmara dos Deputados.

Gostaria que a UNE revivesse seus velhos tempos, de 30, 40 anos atrás, quando era uma entidade atuante nas grandes causas nacionais, além de efetivamente comandar a política estudantil; tinha acesso ao Governo, era por ele respeitada e formulava políticas sobre a Educação. Em seus congressos, dos quais participei em grande parte, a UNE realizava análises responsáveis e respeitadas do sistema educacional brasileiro; oferecia sugestões e fazia críticas que, muitas vezes, eram acatadas pelo Governo.

Mas, de qualquer sorte, fico muito agradecido pelo aparte dos nobres Senadores que me honraram ao participar deste discurso, bem como pela tolerância do nosso querido Presidente Geraldo Melo, que está dirigindo a sessão de hoje. E estou certo poder atribuir essa tolerância, que me permitiu exceder os limites do tempo regimental, à elevada consciência social, histórica, política e cultural de S. Exª.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/11/1997 - Página 26355