Discurso no Senado Federal

COMEMORAÇÃO DO ANIVERSARIO DO ARQUITETO BRASILEIRO OSCAR NIEMEYER.

Autor
Júlio Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Júlio José de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • COMEMORAÇÃO DO ANIVERSARIO DO ARQUITETO BRASILEIRO OSCAR NIEMEYER.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/1997 - Página 27043
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, OSCAR NIEMEYER, ARQUITETO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

O SR. JÚLIO CAMPOS (PFL-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, disse Guimarães Rosa, o grande escritor mineiro e brasileiro, que a gente morre para provar que viveu. Mas Oscar Niemeyer não precisa disso; basta contemplar Brasília para saber que V. Exª, Oscar Niemeyer, viveu e está vivo para servir ao Brasil e à humanidade.

É com muita honra que ocupo esta tribuna para prestar uma humilde homenagem em nome dos políticos do Centro-Oeste, em nome dos políticos da Região Amazônica, em nome do meu humilde Estado, o Estado de Mato Grosso, a este grande brasileiro do Rio de Janeiro, a este grande carioca Oscar Niemeyer, que, no próximo dia 15, comemora 90 anos do seu nascimento.

           E por que fizemos questão de vir a esta tribuna, embora não sejamos dotados de grandes dons de oratória? É porque o Centro-Oeste e a Região Amazônica devem muito a V. Exª, pois com a sua colaboração, o seu trabalho, a sua luta, o inesquecível Presidente Juscelino Kubitschek construiu Brasília, cidade que escolheu para sediar a nossa Região Centro-Oeste. Com Brasília houve a integração da Amazônia; com Brasília, Mato Grosso, que não era nada, tornou-se um Estado gigante neste País. Por isso, o trabalho de V. Exª por Brasília também foi um trabalho por Mato Grosso, para o Centro-Oeste e para a Amazônia.

           Tive a satisfação de conhecer agora, como Senador, a figura inominável de Oscar Niemeyer, esse grande arquiteto brasileiro. Como aconteceu isso? Quando eleito 1º Secretário desta Casa, na gestão do querido Presidente Humberto Lucena, coube a mim iniciar um projeto de reformas e ampliação desta Casa. Ao chamar o Diretor da Engenharia do Senado, ele me disse: “Senador, o senhor pode tudo e não pode nada nesta Casa, porque aqui qualquer mudança tem de ter o aval, tem de ter a chancela, tem de ter o carimbo de Oscar Niemeyer”. Pensei: “Meu Deus, não vai ser fácil. Dr. Oscar, homem de prestígio internacional, viajando para o mundo todo, vir aqui a Brasília, apenas olhar as reformas e as modificações que o Senado quer fazer!” Ao ligar para o Dr. Oscar Niemeyer no Rio de Janeiro, esperava receber um não, mas fomos recebidos com muito carinho e ele se dispôs a vir a Brasília em seguida. A única coisa que ele exigiu foi que mandássemos um carro para transportá-lo, porque ele não é muito chegado a aviões! Imediatamente ele veio a Brasília e aqui ficou conosco por três dias, andando pelos corredores do Senado e, assim, deu a sua chancela e nós pudemos realizar as grandes obras de que o Senado necessitava.

Todo mundo, quando faz algum trabalho, cobra alguma coisa; todo profissional, quando dedica o seu tempo, cobra algo. Para nossa surpresa, ao perguntar a ele qual era o preço de seu trabalho, ele passou a mão na minha cabeça e respondeu: “Meu filho, não é nada. É uma honra estar aqui atendendo ao Senado e ao Brasil”.

Gestos de humanidade, gestos de simplicidade deste grande brasileiro que fizeram com que eu tivesse a coragem de, numa sessão tão bonita como esta, diante de tantos Senadores ilustres e grandes oradores, também vir ocupar a tribuna do Senado para dizer: Obrigado, Dr. Oscar Niemeyer, obrigado pelo grande trabalho que V. Exª - digo V. Exª, porque um homem como o senhor tem de ser chamado de excelência num País tão carente de vultos e personalidades do seu gabarito -, ao lado de Juscelino Kubitschek, Israel Pinheiro, de grandes pioneiros, como Lúcio Costa, Bernardo Sayão, desenvolveu na construção de Brasília e fez história no mundo todo.

Solicitei alguns dados de sua vida e descobri uma vida cheia de prestígio internacional, condecorações, viagens, homenagens, fruto do trabalho que começou a fazer e projetou o Brasil, a partir da sua formação profissional na Escola Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro. Depois, V. Exª foi para nossa querida Minas Gerais, que aqui já o homenageou na figura do grande Senador Francelino Pereira. Trabalhou em Minas Gerais por dois períodos, ao lado também de JK Prefeito e, depois, Governador. Posteriormente, foi a São Paulo e, em seguida, a Brasília. Hoje, vive para o mundo, trabalhando e se dedicando.

Feliz o homem que pode aos 90 anos com a lucidez, com a capacidade de trabalho e de luta com que está chegando Oscar Niemeyer. Que V. Exª seja um exemplo para todos os arquitetos do Brasil!

Fico muito feliz, em meu nome e em nome da Bancada do Mato Grosso, de dizer: Obrigado, Oscar Niemeyer, o Brasil lhe deve muito. O Brasil tem de homenagear este grande vulto da sua história. Que Deus o ilumine! (Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/1997 - Página 27043