O SR. GUILHERME PALMEIRA (PFL-AL. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a importância da vida brasileira não se esgota nos mandatos federais nem se consuma na esfera importante das relevantes atribuições de âmbito estadual. Na verdade, a prática política em nosso País se alicerça, sobretudo, no duro e nobre ofício dos encargos municipais, relevantes politicamente desde o período colonial. É aí que estão as raízes de nosso sistema político, a que o federalismo republicano e a Constituição em vigor deram nova dimensão, expressivos encargos e incontestável relevo político.

           Como prefeito de Maceió, pude viver essa experiência desafiadora que é exercer o mandato executivo, no mesmo colégio eleitoral que escolhe os seus representantes, vivendo o dia-a-dia de suas angústias e tendo que conciliar demandas sempre crescentes, com recursos sempre insuficientes, numa região de enormes carências como é o Nordeste. Esta é a razão por que sinto-me profundamente consternado sempre que vejo desaparecer uma liderança municipal de grande expressão, como vem de ocorrer com o líder político de São Miguel dos Campos, Humberto Maia Alves, falecido no último dia 24 de novembro.

           Nascido em 21 de maio de 1915, na cidade do Pilar, Humberto Maia Alves foi, durante três mandatos, entre 66 e 70, entre 73 e 77, e entre 92 e 96, mais do que Prefeito Municipal, o mais importante líder comunitário de São Miguel dos Campos, a cuja população e a cujos interesses dedicou a maior parte de sua vida pública. No exercício desses honrosos mandatos, expandiu extraordinariamente a cidade, criando novos bairros residenciais e melhorando o equipamento urbano. Construiu moderna estação rodoviária e, entre outras importantes iniciativas, criou grupos escolares, postos de saúde e um abrigo para idosos.

           Não tenho dúvidas de que, se vigorasse em sua época de militância política o princípio da reeleição, seus mandatos seriam consecutivos e não intermitentes, tal o prestígio, o reconhecimento e, ouso mesmo dizer, a devoção que lhe votavam os mais humildes que foram sempre a sua preocupação e a razão de seu exercício em cargos públicos. Todos, mesmo os adversários, lhe reconheciam a probidade nos atos, honestidade nas ações e pureza nos propósitos. Tinha uma personalidade ornada das melhores qualidades e eu mesmo pude testemunhar, ao longo de minha vida pública a extraordinária lealde com que enfrentou sucessivas campanhas políticas e inúmeros embates eleitorais.

           Pai extremoso, companheiro dedicado, chefe de família exemplar, perdeu há dois anos a esposa D. Joana Figueiredo Alves, com quem construiu um sólido patrimônio moral de uma numerosa família cujos filhos João Tadeu Alves, Maria Célia Alves Reis, José Jairo Alves, Miriam Alves Cunha, Ana Alice Alves Jatobá e Maria Augusta Alves Dias dão continuidade à obra do cidadão íntegro e respeitado que foi Humberto Alves. Aliou à atividade pública a de pequeno empresário, dono que era do cinema da cidade, e fez da política e da militância cívica as paixões de sua vida, tornando-se tão íntimo e estimado pelo povo que carinhosamente o apelidou de “Bebé”.

           Ao fazer este registro, não posso deixar de testemunhar meu sentimento de gratidão e de admiração por um companheiro que nunca faltou aos amigos, nunca desertou de seus deveres e nunca deixou, pelo amor, pelo exemplo, pelas atitudes e pela ação, de amar a sua cidade, o seu Estado e o seu País. Alagoas perdeu, com a sua morte, um exemplo de virtudes cívicas de que sua família pode, com fundadas razões, se orgulhar.

           Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.