Pronunciamento de Osmar Dias em 12/12/1997
Discurso no Senado Federal
CONSIDERAÇÕES ACERCA DO EDITORIAL PUBLICADO NO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO, DE HOJE, SOB TITULO 'O NOVO MAIOR PARTIDO DO OCIDENTE'.
- Autor
- Osmar Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
- Nome completo: Osmar Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.:
- CONSIDERAÇÕES ACERCA DO EDITORIAL PUBLICADO NO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO, DE HOJE, SOB TITULO 'O NOVO MAIOR PARTIDO DO OCIDENTE'.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/12/1997 - Página 28091
- Assunto
- Outros > ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.
- Indexação
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- ANALISE, EDITORIAL, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), APROVAÇÃO, AMBITO, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, SENADO, PEDIDO, EMPRESTIMO, ESTADO DO PARANA (PR), RESULTADO, APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), TROCA, INGRESSO, JAIME LERNER, GOVERNADOR, LEGENDA, GOVERNO.
- CRITICA, ATUAÇÃO, PEDRO MALAN, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), APOIO, APROVAÇÃO, PEDIDO, EMPRESTIMO, ESTADO DO PARANA (PR), OPOSIÇÃO, RECOMENDAÇÃO, SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL (STN), DESCUMPRIMENTO, RESOLUÇÃO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), DESRESPEITO, NORMAS, REGIMENTO INTERNO, SENADO.
O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR. Para comunicação inadiável. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou tentar, em cinco minutos, ler o editorial publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo, hoje, com o seguinte título:
“O novo maior partido do Ocidente”.
Diz o editorial:
“Durante quase dois anos, dormiu na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, por motivos estritamente políticos, o pedido do governo do Paraná para contratar empréstimos externos no valor de US$456 milhões. Na segunda -feira, o Relator do processo, Senador Osmar Dias (PSDB-PR) - adversário de Lerner, juntamente com o Senador Roberto Requião -. encontrou apoio técnico para a não-aprovação do pedido em nota da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), desaconselhando o empréstimo. Quarta-feira, graças ao empenho do PFL, a Comissão aprovou, por 15 votos contra 7, a contratação dos empréstimos. Derrotado, o Relator cedeu seu lugar ao Senador Francelino Pereira (PFL-MG) que havia redigido o voto vencedor. O motivo dessa reviravolta é simples: o Governador Lerner, que era do PDT, havia condicionado sua filiação ao PFL à aprovação dos empréstimos. O Senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) foi explícito ao comentar o resultado da votação: “Não é por ser do PFL que ele (Lerner) está sendo atendido. Mas, se não fosse do partido, não estaria recebendo nossa ajuda.”
O grave na votação da CAE não é o PFL ter "atendido" um correligionário; é que o Ministro Pedro Malan saiu a campo para desautorizar, objetivamente, a Secretaria do Tesouro Nacional e para defender o governo Lerner. A Secretaria do Tesouro Nacional, na comunicação enviada à CAE, havia deixado claro, mesmo sem mencionar a palavra fatídica - "insolvente" -, que o Paraná não teria condições de honrar os compromissos que deseja assumir. O Ministro Pedro Malan, na esteira dos desejos do PFL, dirigiu ofício à CAE, no qual esclarece que as operações a serem feitas pelo Governo de Curitiba "contam com liquidez e lastro suficientes para cobrir eventuais despesas que o Tesouro Nacional venha a fazer se chamado a honrar a garantia, sendo de ressaltar as tranferências federais". Em outras palavras, Malan afirmou que a "liquidez" e o "lastro" são do Tesouro Nacional, que pagará os empréstimos sem nenhum problema, pois poderá sustar a transferência do que cabe ao Paraná no Fundo de Participação. O ministro foi além, desmentindo seus subordinados: "Ao contrário do que foi noticiado pela imprensa, a nota do Tesouro não afirma, em nenhum momento [N. da R. - e de fato não afirma explicitamente], que o Estado está insolvente, mas que (-) não teria capacidade de pagamento para fazer face aos compromissos decorrentes da operação pleiteada." Assim, para Malan, o Paraná é solvente, embora possa não ter, no presente, capacidade de pagamento; o importante é que ela exista no futuro "se [observa-se o "se"] o Resultado Primário [das receitas] for suficiente par pagar os encargos anuais do total da dívida do Estado."
O governo do Paraná protestou contra a nota da STN, como não poderia deixar de ser. Segundo a argumentação do Secretário do Planejamento paranaense, o culpado por tudo, pelos 74% de comprometimento da receita líquida com o funcionalismo - o senador Osmar Dias fala em 95% - é o senador Requião, que deu um aumento de 18% aos servidores no final de seu governo. Isso, continua, sem falar na Lei Kandir, que levou o Estado a perder 18% de sua receita do ICMS. Além do que, os técnicos do Tesouro usaram parâmetros errados para chegar à sua conclusão. Ademais, diz o secretário, apenas com a venda de suas estatais, o governo paranaense poderá pagar os empréstimos com enorme folga.”
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quem fala que vai pagar o empréstimo com a venda das estatais, portanto, é o Secretário do Planejamento do Paraná.
Continuo a leitura do editorial:
“A defesa do governo paranaense é feita para satisfazer a opinião pública. O que não impede que se diga que o Tesouro agiu corretamente: afinal, se o governo federal pretende por em ordem as finanças nacionais, há que começar por algum Estado. O primeiro foi o Paraná, mesmo que, ao contrário do que diz o senador Osmar Dias, não caminhe para a falência ao contrair os empréstimos.
A decisão do PFL de aceitar as condições de Lerner e passar a apoiá-lo contra Requião e Dias, da mesma maneira que o protesto do governador do Paraná por ser o primeiro a ter sua ação inibida para que se ponham em ordem as finanças nacionais, fazem parte do jogo político. O que não faz parte dele é o ministro da Fazenda, por evidentes motivos político-partidários, desautorizar um órgão técnico do ministério e imaginar que quem lê o seu ofício à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado não freqüentou a escola primária.
Cuide-se o ministro porque, a irem as coisas como vão, terá de fazer muitos ofícios como esse que enviou à CAE. Afinal, o PFL quer repetir a Arena - que, no dizer do senador Francelino Pereira, que foi seu presidente nos velhos tempos, era o maior partido do Ocidente. Com resultado obtido por Lerner, o PFL não vai precisar fazer força para comprar passes de governadores e prefeitos.“
Sr. Presidente, li o editorial do jornal O Estado de S Paulo do dia 12 de dezembro, como demonstração de que a aprovação desses empréstimos na Comissão de Assuntos Econômicos desobedeceu nota do Tesouro Nacional, desobedeceu as Resoluções nºs 69 e 96 do Banco Central e, sobretudo, Sr. Presidente, desobedeceu o Regimento desta Casa.
Como eu disse ontem, não tenho nada contra o ingresso dessa matéria na pauta de hoje, porque também já não agüento mais que esse assunto continue sem ter uma decisão. No entanto, a decisão deve ser baseada na legislação em vigor. O Ministro também não respeita suas portarias. Por isso - vou repetir -, ingressarei com uma emenda ao projeto de resolução do Senador Vilson Kleinübing, propondo que, a partir de agora, a Comissão de Assuntos Econômicos dispense os pareceres do Banco Central e do Tesouro Nacional, porque, para a Comissão de Assuntos Econômicos, não são documentos que têm valor, e que, daqui para a frente, se utilize apenas o expediente de perguntar ao Ministro da Fazenda, por meio de uma carta da Comissão de Assuntos Econômicos, se S. Exª assume a responsabilidade de dar o aval à operação.
Sr. Presidente, encerro por aqui a minha comunicação, que era inadiável, porque se trata de matéria que está na pauta de hoje.