O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PPB-SC. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero trazer ao conhecimento desta Casa, assim como de toda a população brasileira, graças aos novos veículos de comunicação disponibilizados para divulgar as atividades parlamentares, uma amostra dos malefícios que os meios de comunicação podem trazer quando utilizados de forma sensacionalista ou com enfoque inadequado sobre situações ou fatos que merecem divulgação.

              Recebi cópia da correspondência encaminhada ao Presidente e Editor da revista Veja pela Câmara Municipal de Camboriú, no meu Estado de Santa Catarina, por causa de uma reportagem da citada revista, cujos efeitos perniciosos atingiram profundamente a economia dessa localidade.

              O que fez o conceituado periódico, que tanto malefício causou à linda cidade de Camboriú e outras da região, Senhoras e Senhores Senadores?

              Simplesmente veiculou matéria irresponsável, com chamada na capa em letras garrafais, na edição de nº. 1524, de 03 de dezembro de 1997, com os seguintes dizeres: “O EL NIÑO VAI TRAZER CHUVA PARA O SUL E SOL PARA O NORDESTE.”

              Ora, todos sabemos que as previsões meteorológicas são passíveis de erro, existindo até um certo descrédito quanto ao seu grau de acerto, a ponto de um número razoável de pessoas dizerem espirituosamente: “A previsão é de que vai chover? Então vai fazer sol.”

              Aliás, o fenômeno El Niño virou o “bode expiatório” para tudo que tem acontecido com relação ao clima durante todo este ano. Se chove, é culpa do El Niño; se há uma seca prolongada; a culpa é do El Niño. Mas daí a inferir, até mesmo em tom de adivinhação ou profecia, que o verão no litoral catarinense ia ser imprestável para o turismo vai uma distância enorme que indica um grau elevado de irresponsabilidade e que causou um prejuízo irreparável para a região.

              Contra esse tipo de matéria quero lavrar aqui o meu protesto e afirmar que a liberdade de imprensa não se pode prestar a esse tipo de comportamento.

              Permito-me citar, aqui, trecho da missiva endereçada pelo Presidente da Câmara Municipal de Camboriú, Vereador Antônio Manuel Soares Santa, ao Presidente e Editor da revista Veja, que dá uma idéia do estrago causado pela inoportuna matéria:

              “Visíveis são os prejuízos ocasionados em razão desta reportagem, inclusive, com o cancelamento de reservas em hotéis, que atinge a níveis consideráveis, chegando-se a quase 63% (sessenta e três por cento).

              Tendenciosa e descabida de verdade a afirmação de que o verão sulino seria repleto de chuva, com a ocorrência de cataclismo, com enchentes e outras tragédias decorrentes do El Niño.”

              O Presidente da Câmara Municipal de Camboriú afirma, ainda, que “o verão na Região Sul será como todos os outros, senão, ainda mais ensolarado, mais quente e de maior qualidade, em razão das melhorias nas infra-estruturas turísticas, sobretudo no Balneário Camboriú, com aperfeiçoamento da rede hoteleira, serviços de bares e restaurantes, embelezamento urbanístico, construção do Cristo-Luz, e outros investimentos significativos, visando o maior conforto aos turistas”.

              O mínimo que se deveria esperar da revista Veja, para minorar os prejuízos que já vêm ocorrendo, seria a publicação de uma matéria apontando para um bonito e ensolarado verão, como já está acontecendo na Região Sul, para desfazer a idéia que a revista sugeriu, por meio de tão maléfica reportagem, de que estaria visando a favorecer o turismo nordestino, desviando a demanda, maior a cada verão, do maravilhoso litoral catarinense, para as plagas do Nordeste. Quero deixar claro que reconheço que o Nordeste tem imperdíveis belezas naturais, fazendo jus a que também se incremente o turismo nessa região, mas isso não tem de ser feito necessariamente sacrificando-se a economia do Estado que tenho a honra de representar nesta Casa.

              Citarei outro trecho do protesto da Câmara Municipal de Camboriú, para realçar a necessidade de que matérias em veículos de comunicação de grande alcance de público devem ser cuidadosamente estudadas e checadas antes de serem colocadas em circulação. Diz a carta do Presidente da Câmara a respeito da reportagem que sacudiu os ânimos da região em outro trecho:

              “O que é verdade e é previsto, está publicado em outro veículo de comunicação, Diário Catarinense, de 07 de dezembro próximo passado, ‘PREVISÃO DE VERÃO TÍPICO NO LITORAL. Um verão tradicional com sol, nebulosidade considerável, e trovoadas de final de tarde. Essa é a expectativa dos meteorologistas do CLIMERH - EPAGRI. Se persistir essa temperatura baixa podemos dizer que são grandes as chances de termos um verão típico no litoral catarinense... O fenômeno El Ninõ, ao que tudo indica, não vai afetar de maneira decisiva o clima durante o verão em Santa Catarina’.”

              Esperamos que os responsáveis pela edição do conceituado períódico que causou esse mal estar à população e aos dirigentes do Balneário Camboriú e outras cidades da região reconheçam sua falha e publiquem matéria com igual destaque sobre o encantador verão dessa região, minorando, assim, os efeitos maléficos da reportagem anterior.

              Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.