Discurso no Senado Federal

APOIO AO PROGRAMA AGRICOLA QUE CONTEMPLA SOLUÇÕES RACIONAIS EM BENEFICIO DA EFICIENCIA E DO MEIO AMBIENTE.

Autor
Júlio Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Júlio José de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • APOIO AO PROGRAMA AGRICOLA QUE CONTEMPLA SOLUÇÕES RACIONAIS EM BENEFICIO DA EFICIENCIA E DO MEIO AMBIENTE.
Publicação
Publicação no DSF de 20/01/1998 - Página 892
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA (MAGR), PROGRAMA, AGRICULTURA, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ADOÇÃO, SISTEMA, AUMENTO, FERTILIDADE, CONCILIAÇÃO, BENEFICIO, EFICIENCIA, PRODUTIVIDADE, SIMULTANEIDADE, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE.

          O SR.JÚLIO CAMPOS (PFL-MT. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, como representante, nesta Casa do Congresso, do Estado de Mato Grosso, um Estado com grande vocação para as atividades agrícolas e agropecuárias, cumpro o dever de hoje trazer ao debate do Senado Federal um dos mais graves problemas da agricultura brasileira.

          Trata-se do problema de compatibilizar, de conciliar, os objetivos de eficiência, eficácia, racionalidade, lucratividade e alta produtividade que devem caracterizar a agricultura moderna, com os princípios universalmente aceitos de respeito ao meio ambiente, à ecologia e aos ecossistemas.

          O Brasil tem sido um dos campeões mundiais na prática de uma agricultura que não respeita o meio ambiente, que utiliza queimadas, abusa de pesticidas, de herbicidas, de altas dosagens de produtos químicos e defensivos agrícolas, na tentativa de elevar a produtividade e modernizar a agricultura.

          Assistimos diariamente à morte de peixes, de aves, da flora e da fauna em decorrência desses abusos, dessa falta de adequação dos meios de produção utilizados na agricultura moderna.

          Vemos a poluição dos rios, dos mananciais e fontes de água, contaminadas por uma busca exagerado do lucro, em detrimento do meio ambiente e da qualidade de vida de nossas populações.

          Não sabemos que repercussões futuras terão essas agressões ao meio ambiente. Não sabemos que mundo deixaremos como herança para nossos filhos e para os filhos de nossos filhos, se continuarmos a praticar uma agricultura não-inteligente, com visão apenas do lucro e do curto prazo.

          Muitos dos efeitos negativos dessas práticas deletérias já apareceram e já comprometem a qualidade de vida, a saúde e até mesmo a integridade física das pessoas, pois alguns dos efeitos dessas práticas são letais, como é o caso dos resíduos de mercúrio nos rios, lagoas e outros mananciais de água.

          Temos milhões de hectares de terras, antes mata virgem, hoje dedicadas à monocultura, com sério prejuízo ao meio ambiente e, possivelmente, até mesmo ao equilíbrio climático, nos casos de grandes extensões de terras assim exploradas.

          Muitas terras de alta fertilidade, terras boas e adequadas para o cultivo de muitas espécies, estão sendo corroídas, estão perdendo a sua fertilidade e capacidade de produção em decorrência dessa exploração predatória, o que nos obriga a hoje desenvolver tecnologias para o aproveitamento de terras fracas e terras ácidas de campos nativos.

          Muitas terras atualmente já não dispõem daquela camada protetora natural que preserve sua fertilidade, pois ficaram por longo período expostas às intempéries, às fortes chuvas, aos fortes ventos e aos fortes raios solares, sem falarmos na ação da erosão e das ervas daninhas.

          Assim, a produção de alimentos, de matérias-primas agrícolas e outros produtos da agricultura é prejudicada pela ação deletéria de todos esses elementos prejudiciais ao desenvolvimento de nossa agricultura.

          Hoje temos regiões que já podem ser caracterizadas como áreas em acelerado processo de desertificação.

          Temos assoreamentos de rios e lagos, grandes deslocamentos de terras, voçorocas, águas contaminadas, rios poluídos, grande valas nas encostas, baixadas aterradas, entre outros problemas que agridem o meio ambiente e prejudicam nossa agricultura.

          As preocupações com a conservação do solo e com a prática de uma agricultura racional, com uma agricultura ecológica, estão abrindo novos caminhos para uma exploração mais adequada e inteligente de nossas terras.

          É algo novo, mas não uma novidade num sentido estrito. Não se trata de uma mera idéia que surgiu da capacidade criativa de algum pesquisador teórico.

          Trata-se de um retorno às origens, trata-se de o homem utilizar sua inteligência e sua capacidade para utilizar meios de exploração agrícola que produzam os menores efeitos negativos aos ecossistemas.

          Estou falando do chamado Plantio Direto na Palha: um sistema revolucionário de cultivo agrícola, e que consiste em aproveitamento dos resíduos vegetais que são deixados na superfície da terra para formação daquela camada protetora tão necessária à fertilidade do solo.

          Esse sistema dispensa o preparo do solo para enterrar os restos de cultura: há injeção de adubo e semente diretamente na camada protetora do solo, aumentando sua fertilidade.

          A terra beneficiada pelo Plantio Direto na Palha não sofre os efeitos negativos de uma forte exposição solar, mantendo-se úmida e facilitando a ação benéfica de microorganismos fertilizadores do solo.

          Com isso o solo se mantém mais permeável, úmido e arejado, o que em última análise é uma forma de volta às origens, reproduzindo de certa forma as condições originais mais aproximadas das matas virgens.

          A luta que temos empreendido em defesa da agricultura brasileira, da agricultura no meu Estado de Mato Grosso, sem perder de vista a necessidade de preservação do meio ambiente, nos leva a defender tecnologias como o Plantio Direto na Palha, que representa o moderno, sem ser sofisticado nem difícil de ser praticado.

          A agricultura brasileira tem condições de abastecer o Brasil e o mundo de forma permanente e sustentável dos pontos de vista econômico e ecológico.

          É esta a agricultura que defendemos, uma agricultura moderna, que respeito o meio ambiente, mas que não se enrede nas ciladas de um fanatismo ecológico que torna o homem escravo da natureza.

          Defendemos uma agricultura em que o homem pode cortar uma árvore e, ao mesmo tempo, plantar duas ou dez árvores para substituir aquela cuja madeira deve ser racionalmente aproveitada.

          Deixo aqui o meu apelo ao Senhor Ministro da Agricultura para que o Governo Federal adote um programa agrícola que contemple soluções racionais e inteligentes como o Plantio Direto na Palha, em benefício da eficiência e em benefício do meio ambiente.

          Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/01/1998 - Página 892