Discurso no Senado Federal

SATISFAÇÃO DE S.EXA. COM A APROVAÇÃO, NA PRESENTE SESSÃO, DO PROJETO DE RESOLUÇÃO 6, DE 1998, QUE AUTORIZA A CONTRATAÇÃO DE EMPRESTIMO PELO GOVERNO DO MATO GROSSO DO SUL, DESTINADO A CONSTRUÇÃO DE PONTE SOBRE O RIO PARAGUAI.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • SATISFAÇÃO DE S.EXA. COM A APROVAÇÃO, NA PRESENTE SESSÃO, DO PROJETO DE RESOLUÇÃO 6, DE 1998, QUE AUTORIZA A CONTRATAÇÃO DE EMPRESTIMO PELO GOVERNO DO MATO GROSSO DO SUL, DESTINADO A CONSTRUÇÃO DE PONTE SOBRE O RIO PARAGUAI.
Aparteantes
Edison Lobão, Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 23/01/1998 - Página 1200
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, APROVAÇÃO, PROJETO DE RESOLUÇÃO, AUTORIZAÇÃO, EMPRESTIMO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), DESTINAÇÃO, CONSTRUÇÃO, PONTE, RIO PARAGUAI, FACILITAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, REGIÃO CENTRO OESTE.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, quando cedi por alguns instantes o meu tempo para o Senador Edison Lobão é porque sabia, sem dúvida alguma, que S. Exª iria abordar um assunto de extrema relevância. Iria proclamar nesta Casa, como proclamou, as virtudes da nossa Petrobrás, os grandes benefícios que essa empresa prestou e vem prestando a este País; como soube vencer dificuldades que assolaram o mundo; como orgulha o Brasil em tecnologia e o quanto já fez, há ponto de ser um empresa defendida pela Constituição Federal, de forma até epistolar. Foi preciso uma carta pessoal do Presidente da República ao Senado Federal para que tivéssemos a certeza e a garantia de que os interesses da Petrobrás e, portanto, do Brasil, iriam ser preservados e defendidos.

Portanto, Senador Edison Lobão, fico até feliz por ter cedido parte do meu tempo a V. Exª. Quero dizer-lhe, num instante de muita alegria para mim e para o Estado de Mato Grosso do Sul.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, dizem que pobre ri à-toa. Por que digo isto? Porque, com o nosso voto de representantes do Estado de Mato Grosso do Sul, temos aprovado empréstimos de milhões e milhões de dólares; aprovamos o Proer para salvar instituições financeiras do País. E hoje, quero agradecer e manifestar o meu contentamento, a minha satisfação, porque o Senado Federal aprova um projeto de quase US$13 milhões para ajudar o progresso e o desenvolvimento de um Estado - que represento, junto com mais dois outros colegas - que, tenho certeza, não é um Estado-problema para o Brasil, mas um Estado-solução. Aliás, a solução para os problemas deste País está no seu interior, está no seu Centro-Oeste. E esse empréstimo a que me refiro, nesta hora, vai permitir a integração do Estado de Mato Grosso do Sul,

Há cidades em Mato Grosso do Sul que, por incrível que pareça, estão isoladas. A BR-262 que vai de Vitória, no Espírito Santo, até as barrancas do Rio Paraguai, em Corumbá, ali pára e o transporte de passageiros, de cargas e de veículos é feito através de balsas, em contraponto a um mundo que está chegando ao ano 2000.

É incompreensível o que acontece com uma cidade como Corumbá, que é a terceira cidade de um Estado, que faz fronteira com a Bolívia. Agora, graças a esse empréstimo, podemos afirmar que será construída a ponte sobre o rio Paraguai, que fará uma melhor ligação de Corumbá com o restante do Brasil; mais do que isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vai nos levar até a Bolívia. E quando. falo que vai nos levar até a Bolívia, digo que vai nos levar até o oceânico Pacífico. Eis a importância desse empréstimo que, hoje, Mato Grosso do Sul saúda efusivamente e que enche meu coração de alegria e de satisfação.

O Sr. Edison Lobão (PFL-MA) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS) - Com muito prazer, nobre Senador Edison Lobão.

O Sr. Edison Lobão (PFL-MA) - Senador Ramez Tebet, é dever de V. Exª defender os mais legítimos interesses do seu Estado, Mato Grosso do Sul. Mas é dever também nosso, de outros Estados, porque se trata de uma recém-criada Unidade da Federação brasileira. E os deveres constitucionais da União Federal são no sentido de apoiar as Unidades recém-criadas, até financeiramente. E essa estrada que demanda a Bolívia e ao Pacífico é de interesse nacional, não é apenas de interesse de Mato Grosso do Sul. Portanto, solidarizamo-nos com V. Exª pela iniciativa de defender esse empréstimo e defender o seu Estado, porque de fato os interesses de Mato Grosso do Sul se confundem com os mais legítimos interesses também de toda a Federação brasileira.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS) - Agradeço muito o aparte de V. Exª, Senador Edison Lobão. E sei que esse é o espírito de V. Exª, esse é o espírito público do Senador Pedro Simon e de outros Senadores desta Casa. Mas quero dizer que o acontecimento, a liberação, a contratação desse empréstimo, que vai permitir a construção dessa ponte, coincide com a decisão do governo da Bolívia de construir uma rodovia ligando Porto Soares, que é cidade boliviana limítrofe com Corumbá, até Santa Cruz de La Sierra.

Portanto, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, este é um acontecimento que deve realmente ser festejado. E acontece em um momento em que lutamos pela navegabilidade do rio Paraguai. Portanto, Corumbá terá um sistema de transporte o mais eficiente possível, porque teremos o transporte por estrada rodoviária, com a ligação dessa ponte com a ferrovia, através da estrada de ferro Noroeste do Brasil. E, se Deus quiser, com o aperfeiçoamento da hidrovia do rio Paraguai, com a filosofia que defendemos aqui, de preservação ambiental, não agredindo o rio, mas adaptando a embarcação ao rio.

Assim, venho a esta tribuna com o coração em festa, como aconteceu também na semana passada, quando viemos para saudar a inauguração da eclusa do Jupiá, no rio Paraná, na fronteira entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, possibilitando a navegabilidade dos rios Paraná e Tietê, fazendo com que o percurso até Buenos Aires seja de 2.400km, barateando o preço do frete.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, falo como um homem que acredita nos destinos de Mato Grosso do Sul. Digo que tenho razão para ser um otimista em relação a Mato Grosso do Sul e ao Centro-Oeste, porque quero acrescentar - e neste ponto o Senador Pedro Simon também está ansioso - que os tubos do gasoduto da Bolívia já estão sendo enterrados em cerca de 722Km do solo sul-mato-grossense, atingindo praticamente todo o território nacional. Vamos, sim, sair da crise que nos assola, graças a esses empreendimentos que estão acontecendo no Estado de Mato Grosso do Sul.

Venho à tribuna, portanto, para agradecer ao Senado da República, em nome do Estado de Mato Grosso do Sul, e para saudar efusivamente o povo sul-mato-grossense, muito particularmente os meus irmãos de Corumbá, com relação à ponte sobre o rio Paraguai.

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS) - Concedo o aparte a V. Exª.

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - É emocionante a manifestação de V. Exª. V. Exª está agradecendo a um pedido de empréstimo de 13 milhões. Ouvi bem?

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS) - É isso. Por isso falei que pobre ri à toa. Aprovamos empréstimos de milhões e milhões de dólares, e, quando esse empréstimo é dado ao meu Estado, fico feliz.

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Mas V. Exª está equivocado, nós aqui aprovamos empréstimos de bilhões de dólares, não milhões.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS) - Eu mesmo ajudei a aprovar um.

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - O Proer foi de US$20 bilhões. Veja a importância do pouco dinheiro quando bem aplicado, quando realmente nos preocupamos, os resultados positivos. Penso que V. Exª deve voltar ao Governo do seu Estado, porque os próximos quatro anos realmente serão extraordinários para o progresso daquela região. V. Exª tem razão, sou do Rio Grande do Sul, área eminentemente agrícola e que com o Mercosul vai representar um papel muito importante, porque vamos terminar de pagar o preço de sermos um canto do Brasil. O Rio Grande do Sul, por ser fronteira com a Argentina, durante centenas de anos, apesar dos gaúchos na Presidência da República, foi proibido de crescer. Com o Mercosul está mudando. Não tenho nenhuma dúvida, nobre Senador, Mato Grosso do Sul e o Centro-Oeste têm um papel fantástico nos primeiros anos do próximo milênio. O gasoduto percorrerá 700km. Então, serão 700km que terão energia abundante, que vão poder gerar pólos de desenvolvimento, poder gerar indústrias. O transporte fluvial, não tenho nenhuma dúvida, de Corumbá terá uma saída fazendo a ligação do Paraguai e da Bolívia com o mar. De certa forma, vamos restabelecer o direito destes países terem uma saída para o mar, que vai ser exatamente pela fronteira com o Mato Grosso, unindo o Pacífico com o Atlântico e o Mar Del Plata no Uruguai e na Argentina. V.Exª tem razão de estar feliz. Fico emocionado quando vejo, em meio a tantos bilhões e bilhões de que falamos, o que pode ser feito com 13 milhões e com o resultado dessa ponte e dessa integração. Tenho muito carinho e respeito por V.Exª, pela sua integridade e sinceridade, pela pureza e profundidade de tudo que faz. Assim como V. Exª,. que é mato-grossense-do-sul, eu, como brasileiro, também tenho orgulho daquela região, porque creio que ela terá um destino muito importante. Quando vemos que, em cada quatro pessoas no mundo, uma passa fome - são 1 bilhão e 300 milhões de pessoas que passam fome -, é difícil que se encontre um outro local onde se possa produzir o alimento para os 30 milhões de brasileiros e para os 1 bilhão e 300 milhões de pessoas que passam fome do que a terra de V. Exª.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB-MS) - Senador Pedro Simon, eu diria que o seu aparte me fez ganhar a semana, ainda mais vindo de V. Exª, com quem mantenho um sentimento de profunda amizade. Sei também que faz esse depoimento em favor de Mato Grosso do Sul, não por causa do orador que está na tribuna, mas porque confia no meu Estado e sabe das suas potencialidade. V. Exª é um Senador que está sempre atento e que defende ardorosamente uma questão que une muito nossos dois Estados: a agricultura, pois eles são altamente dependentes dessa atividade. Foram os gaúchos - para satisfação nossa - que levaram para o nosso Estado a tecnologia agrícola, que tornaram o Estado de Mato Grosso do Sul agricultável, Senador Pedro Simon. Portanto, há esse ponto comum entre nossos Estados. Todos nós sabemos que esses projetos a que me refiro são importantes, porque vivemos um momento de economia regionalizada, num mundo globalizado. Há, por exemplo, o Mercosul, que diz respeito não só ao Mato Grosso do Sul, mas também ao Rio Grande do Sul. Tudo isso nos anima e faz com que nós dois continuemos nossa luta. É preciso que o Governo volte os olhos para os nossos Estados, volte os olhos para a agricultura do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Santa Catarina, de Mato Grosso do Sul, em suma, para os Estados agricultáveis. Num momento em que se fala de desemprego, precisamos fazer o homem retornar ao campo.

Enfim, Senador Pedro Simon, Mato Grosso do Sul lhe agradece, porque tem em V. Exª também um defensor dos interesses do meu querido Estado.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, a hora avança, sei que ainda há oradores que querem ocupar esta tribuna. Dela, então, vou me despedir hoje, dizendo que as coisas estão acontecendo em Mato Grosso do Sul e devem acontecer agora, não podem demorar para acontecer, tem de ser já, nesta hora e neste momento.

Como representante do meu Estado, prestei minha colaboração para a viabilização desse empréstimo que vem de um organismo internacional do qual esta Casa quase não houve falar, que é o Funplata - organismo internacional destinado a atender os interesses da Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil, destinado a financiar projetos brasileiros a juros acessíveis. Com esse empréstimo, será financiada essa ponte sobre o rio Paraguai.

Não queria deixar esta tribuna antes de dizer que esse pedido de empréstimo tem mais uma peculiaridade, Senadores que me ouvem neste instante: é que Mato Grosso do Sul se comprometeu com o Departamento Nacional de Estradas e Rodagem, que é órgão vinculado ao Ministério dos Transportes, e a Assembléia Legislativa elaborou uma lei para que ali seja cobrado pedágio. O prazo desse empréstimo é de 14 anos e nós estamos prevendo que, com o pedágio, num prazo de 12 anos e mais os recursos orçamentários que estão previstos, o Estado do Mato Grosso do Sul vai pagar esse empréstimo. Com isso, quero dizer que estamos pedindo um dinheiro emprestado que temos todas as condições de pagar. A União pode ficar tranqüila, porque este projeto está bem concebido, ela está concedendo o aval, mas nós não vamos nos socorrer da União. Nós vamos ter condições, graças a esse pedágio e às condições do financiamento, de pagá-lo sem dar o mínimo trabalho à União.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/01/1998 - Página 1200