Discurso no Senado Federal

DEFESA DO NOVO CODIGO NACIONAL DE TRANSITO. TRANSCRIÇÃO NOS ANAIS DA CASA DE ENSAIO PUBLICADO NA REVISTA VEJA, DESTA SEMANA, INTITULADO 'A LEI DA SELVA TENTA UMA CARTADA', ASSINADO POR ROBERTO POMPEU DE TOLEDO.

Autor
Roberto Freire (PPS - CIDADANIA/PE)
Nome completo: Roberto João Pereira Freire
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CODIGO DE TRANSITO BRASILEIRO.:
  • DEFESA DO NOVO CODIGO NACIONAL DE TRANSITO. TRANSCRIÇÃO NOS ANAIS DA CASA DE ENSAIO PUBLICADO NA REVISTA VEJA, DESTA SEMANA, INTITULADO 'A LEI DA SELVA TENTA UMA CARTADA', ASSINADO POR ROBERTO POMPEU DE TOLEDO.
Publicação
Publicação no DSF de 28/01/1998 - Página 1427
Assunto
Outros > CODIGO DE TRANSITO BRASILEIRO.
Indexação
  • COMENTARIO, PROCESSO, APLICAÇÃO, CODIGO NACIONAL DE TRANSITO, CRITICA, SETOR, IMPRENSA, POPULAÇÃO, FAVORECIMENTO, INFRAÇÃO, IMPUNIDADE.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, ROBERTO POMPEU DE TOLEDO, JORNALISTA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRITICA, TOLERANCIA, DESRESPEITO, LEGISLAÇÃO, REGISTRO, REDUÇÃO, ACIDENTE DE TRANSITO.

O SR. ROBERTO FREIRE (PPS-PE) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, com a implantação do novo Código de Trânsito temos assistido a uma curiosa cruzada em favor da transgressão de regras e pela impunidade nas ruas. Alguns jornalistas incautos e uma população permissiva e leniente vasculham argumentos que chegam a ser infantis, de tão inconsistentes. A falta de debate - uma recorrente argumentação, sempre presente em nossas discussões políticas entre aqueles que buscam tergiversar, e não assumir uma posição contrária -, ao lado da falta de informação da sociedade e a incapacidade de fiscalização por parte do Estado são apenas algumas das justificativas para se atacar o Código de Trânsito e transformá-lo no mais novo bode expiatório. O que está em jogo, entretanto, é a possibilidade de construção de uma sociedade mais civilizada e baseada no respeito à pessoa e à vida. Uma sociedade intrinsecamente democrática, em que todos sejam iguais perante as leis, sem favorecimentos ou concessões - porque é a partir de concessões que surgem os apadrinhados, os jeitinhos, a corrupção e outras mazelas. Por isso fiquei satisfeito em ler o lúcido ensaio de Roberto Pompeu de Toledo, publicado na revista Veja desta semana, e que solicito seja transcrito nos Anais da Casa. Intitulado “A lei da selva tenta uma cartada”, é uma crítica contundente à tolerância excessiva com que tratamos o desrespeito às leis e à proteção quase paternal que devotamos a infratores em geral.

É alentador, para nós brasileiros, que detemos a trágica estatística de em um ano matar mais no trânsito do que as baixas norte-americanas na Guerra do Vietnã em quase um decênio, assistirmos, em tão poucos dias, à queda do número de acidentes, com ou sem vítimas. Um único exemplo basta para ilustrar: em Santos, São Paulo, a queda no número de acidentes, em 3 dias, foi de 50%. Isso representa uma economia dos gastos públicos - já que parte não-desprezível dos atendimentos hospitalares são motivados por acidentes de trânsito -, mas principal e fundamentalmente uma economia de vidas.

           O Brasil precisa construir uma civilização respeitosa consigo, e o acatamento e observância ao novo Código é uma trilha importante nesse objetivo maior. Nesse sentido, não podemos ser brandos, sob pena de nos tornarmos bárbaros.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/01/1998 - Página 1427