Discurso no Senado Federal

COMEMORAÇÃO DOS 444 ANOS DA CIDADE DE SÃO PAULO.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • COMEMORAÇÃO DOS 444 ANOS DA CIDADE DE SÃO PAULO.
Publicação
Publicação no DSF de 30/01/1998 - Página 1830
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, SÃO PAULO (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. ROMEU TUMA (PFL-SP. Para comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, já devia ter ocupado esta tribuna para registrar o aniversário da minha cidade: São Paulo.

No dia 25 último, domingo, festejaram os 444 anos da formação da cidade de São Paulo. Houve uma festa no pátio do colégio, onde nasceram a cidade e o Estado de São Paulo.

Realmente, São Paulo é uma cidade formada por várias raças; é um cadinho de raças e um dínamo que alimenta a produção de riquezas em nosso País. E vibro quando penso que minha família se assemelha a um estereótipo paulistano, pois, em meus netos, circula sangue árabe, italiano, português, japonês e austríaco, obedecendo a amalgamação característica daquelas paragens.

Sr. Presidente, lerei somente alguns trechos do meu pronunciamento, para não ultrapassar os cinco minutos que me são concedidos, mas solicito que conste na íntegra nos Anais do Senado.

Os principais jornais de São Paulo publicaram cadernos especiais sobre o Aniversário de São Paulo. E um deles, o jornal O Estado de S.Paulo, faz um retrospecto, em 12 páginas, de como São Paulo poderia ser. Destaquei alguns pontos publicados pelo jornal O Estado de S.Paulo, em que afirma que, “se houvesse boa vontade, imaginação e, principalmente, propósito de mudar, São Paulo, que faz 444 anos hoje teria o que festejar.” E ressalta:

“Infelizmente, não é assim. A cidade está suja, rabiscada, tomada pelo mato, esburacada, violenta e perigosa de viver. Não há zonas livres de bandidagem. No centro histórico e arredores, nos bairros da periferia até nos (bairros) Jardins, anteriormente mais bem cuidados e resguardados, a insegurança e o medo fazem florescer a indústria da proteção (...) Nas rodas de conversa, nas filas, nos balcões de bares e nas mesas de restaurantes, há sempre alguém reclamando: do lixo que não é recolhido com a devida freqüência, do ar que irrita olhos e gargantas, de pertences que são roubados, do comércio desordenado e das calçadas ocupadas por ambulantes. Por causa de tudo isso, a cidade está feia.”

É interessante as mudanças do perfil socioeconômico da cidade de São Paulo, descritas pela Folha, terem desembocado na afirmação de que “São Paulo foi deixando para trás - ou empurrando para fora de seus domínios - seu passado industrial e se transformando numa espécie de Nova Iorque abaixo do Equador, guardadas as devidas proporções e distorções”. Interessante que os dados somam-se às considerações feitas, no mesmo jornal, pelo renomado colunista Gilberto Dimenstein - trabalhando hoje na cidade de Nova Iorque -, que afirma e justifica que trocaria Nova Iorque, onde reside, por São Paulo. E dá os motivos.

Destaco alguns trechos do artigo de Dimenstein que sintetizam tudo o que demandaria horas para ser dito desta tribuna em relação à minha cidade, que aprendi a amar e respeitar desde que nasci. Lá, foi o meu berço, a minha maternidade. Por isso, reproduzo o que escreveu o jornalista na parte final do seu trabalho, que encimou com o título: “São Paulo é mais interessante do que Nova Iorque”.

           ”São Paulo nunca esteve tão deteriorada e abandonada. Como Nova Iorque, exerce, entretanto, fascínio pela força, diversidade e fertilidade de seu capital humano. Quanto mais me dizem que a cidade está inviável, mais vejo chance de uma virada. Difícil apostar nessa virada, reconheço. O paulistano, e com muita razão, está com o humor de quem vive em estado permanente de tensão pré-menstrual. Mas é onde o Poder Público aumentou a permanência dos alunos nas escolas, banca projetos ousados contra a repetência, apressa a introdução no currículo de temas mais voltados à realidade e empresários abraçam a prioridade social. Não é pouca coisa que o mais forte candidato à Fiesp, filho do nosso companheiro, Horácio Piva, tenha colocado a educação como ponto-chave de seu programa, ou o mais expressivo empresário, Antônio Ermírio de Moraes, fale mais de cidadania do que economia.

           Preste atenção na série de projetos da Fundação Abrinq ou institutos como C&A e Ayrton Senna, Natura, além do envolvimento de bancos como o Bradesco, Itaú, Boston ou Citibank.

           Estudantes se mobilizam contra a violência; empresários se unem ao Poder Público e ao meio acadêmico para enfrentar a epidemia da criminalidade.

           São notáveis fragmentos de que o corpo está reagindo à infecção. E faz com que, para um brasileiro interessado na engenharia de mudança, São Paulo seja mais interessante do que Nova Iorque.”

Sr. Presidente, é o que tenho a dizer sobre a cidade que nasci e que, no último dia 25, completou seu 444º aniversário.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/01/1998 - Página 1830