Discurso no Senado Federal

DEFESA DA ALIANÇA DO PMDB COM O PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, COM VISTAS AS ELEIÇÕES DE 1998.

Autor
Otoniel Machado (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Otoniel Machado Carneiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • DEFESA DA ALIANÇA DO PMDB COM O PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, COM VISTAS AS ELEIÇÕES DE 1998.
Publicação
Publicação no DSF de 05/03/1998 - Página 3381
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • DEFESA, APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), CAMPANHA ELEITORAL, FAVORECIMENTO, REELEIÇÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. OTONIEL MACHADO (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o PMDB passa por um momento especial em sua rica trajetória política que o destaca como grande condutor das batalhas em prol das lideranças democráticas no País. No próximo domingo, o Partido define em Convenção Nacional se apóia a reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso ou se lança candidatura própria nas eleições de outubro.

Trata-se, na realidade, de uma efervescência interna. A próxima disputa presidencial, como era de se esperar, provoca em nossas fileiras um intenso exercício democrático. Mas, ao final, com certeza saberemos manter a unidade partidária, caminhando juntos no enfrentamento dos novos desafios.

O PMDB tem-se caracterizado em sua caminhada como o Partido da responsabilidade, do equilíbrio, da ponderação, das posições cívicas e nacionais.

O Partido tem sido, sobretudo, a expressão mais cristalina da sensibilidade popular, agindo com firmeza nos momentos mais delicados, sabendo ouvir o clamor das ruas, interpretando a alma nacional e guiando-se em conformidade com os mais sagrados anseios do País.

Na verdade, o PMDB continua representando o verdadeiro sentimento brasileiro, mesmo que ainda não tenha, por via direta, conquistado o Governo Federal.

O que, então, explica esse paradoxo existente no Partido nos últimos anos? Nas eleições de 1994, o PMDB emergiu das urnas mais uma vez como o maior Partido do Brasil. Presença marcante nos principais municípios brasileiros, o PMDB elegeu a maioria dos prefeitos e vereadores. Conquistou também o maior número de governos estaduais e constituiu as mais expressivas Bancadas na Câmara Federal e no Senado da República.

Na disputa presidencial, entretanto, o PMDB, em 1994, pela segunda vez, experimentou o sabor amargo da derrota. Muito aquém de sua verdadeira força, o Partido não alcançou sequer 5% dos sufrágios apurados. É exatamente esse fiasco eleitoral que temos o dever de analisar para encontrar as estratégias mais adequadas para impedir um eventual enfraquecimento do Partido em face do novo quadro político que se apresenta no Brasil.

O Partido abriga duas posições distintas em relação ao Poder central. Essa dubiedade, nos últimos anos, fez com que o PMDB gradativamente fosse perdendo quadros no Congresso. O Partido, agora, é a terceira Bancada na Câmara dos Deputados e a segunda no Senado da República. Mesmo assim, as primeiras pesquisas eleitorais realizadas no País demonstram que o PMDB continua firme e forte nos Estados, com amplas chances de conquistas significativas, tanto no Executivo como no Legislativo.

Estes levantamentos, entretanto, indicam que o cenário no partido para a Presidência da República tem características idênticas às eleições anteriores, ou seja, faltam neste momento nomes com densidade eleitoral, capazes de competir com chances na batalha das urnas, uma realidade que nos convida para atitudes maduras e sobretudo sensatas, que façam com que o PMDB de fato seja a expressão do sentimento nacional que sempre marcou sua bela trajetória de lutas.

A estratégia de acumular forças para enfrentar o embate presidencial em condições favoráveis me parece a mais adequada. Este posicionamento não advém de uma simples aritmética eleitoral. Ele leva em conta, principalmente, os compromissos do PMDB com o Brasil e o seu povo.

Garantir a governabilidade do País neste importante momento de transição continua sendo uma das premissas fundamentais do PMDB. Não nos interessa a volta do império das crises. A duras penas, o Brasil alcançou a estabilidade econômica, através do fortalecimento da moeda. É uma conquista de grande dimensão, mas que ainda não está consolidada. Participar do esforço geral para ver concretizada esta realidade é o caminho que naturalmente o partido deve seguir.

Dessa forma, comungamos com as idéias dos ilustres companheiros do PMDB, que defendem a aliança com o Presidente Fernando Henrique Cardoso em 98. Queremos, sim, construir uma trajetória comum nas eleições do próximo ano, através de uma coligação partidária sustentada em bases programáticas sólidas, que levem em conta os interesses maiores do Brasil e de seu povo.

O PMDB não pode ter preconceitos em relação à política de alianças. Pelo contrário. O Partido deve ampliar os seus espaços nacionais, moldando as condições necessárias para preparar com antecedência um candidato competitivo à Presidência da República, para o pleito de 2002.

De imediato, optamos pelo realismo. Optamos pela aliança.

Nesta coligação, temos claro que o Presidente Fernando Henrique Cardoso vai incorporar as teses programáticas defendidas pelo PMDB. A detalhada pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi, publicada esta semana pela revista Veja, indica as providências que consideramos ideais para o Brasil nos próximos quatro anos.

De fato, o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso alcançou importantes conquistas no que se refere à estabilização da economia. Mas inúmeros esforços ainda precisam ser realizados na prioritária área social, de modo a socorrer os mais de trinta milhões de brasileiros excluídos do processo de desenvolvimento.

O PMDB, desta forma, espera contribuir de maneira decisiva para que o País experimente um grande salto de qualidade no setor social. Queremos abrir novos horizontes para que milhares de pessoas possam recuperar sua a dignidade e a sua cidadania, compartilhando plenamente dos bens produzidos por todos.

Temos experiências concretas e eficazes nesse sentido. Em Goiás, o Governador Maguito Vilela implantou o mais ousado programa de combate à fome do País. Hoje, o Estado exibe indicadores sociais altamente positivos. Caiu a taxa de mortalidade infantil. Acabaram os bolsões de miséria. Melhoraram as condições de vida da população.

Ao mesmo tempo, é necessário que tenhamos uma atenção redobrada para a dramática realidade do desemprego que cresce em todo o País. A imediata retomada do crescimento econômico, a busca de novos investimentos, a queda das taxas de juros são premissas essenciais.

Também neste aspecto, o PMDB em Goiás deu provas de sua vitalidade, ao atrair, por intermédio do Governo Estadual, inúmeros investimentos nacionais e internacionais, fazendo consolidar a indústria nascente. Os últimos indicadores demonstram que Goiás é o segundo Estado a gerar mais empregos no País durante o ano de 97. Um exemplo a ser seguido pelo conjunto das Unidades da Federação.

Neste projeto global para o Brasil, o PMDB defende a interiorização do desenvolvimento industrial; o estabelecimento de uma clara política para o setor agrário; a recuperação da infra-estrutura do País, especialmente nos setores energético e de transportes; a busca de saídas para a crise na saúde; a ampliação das atividades educacionais; a defesa irrestrita do meio ambiente.

Se o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso alcançou as difíceis conquistas no plano da estabilização da economia, não cabe agora ao Brasil começar tudo de novo. Uma interrupção neste processo seria traumática e altamente prejudicial aos destinos da Nação.

O País pouco a pouco retomou a sua credibilidade no plano internacional graças à ação diplomática do Presidente. O eixo dos investimentos internacionais começa agora a apontar para o Brasil. Não existem motivos para modificar essa rota.

Assim, o PMDB precisa neste momento continuar tendo a coragem e a dignidade de assumir o que for melhor para o Brasil.

Não nos interessam as disputas paroquiais e os embates menores. O que vislumbramos são as causas maiores do povo. São os interesses elevados da Nação.

Pensamos, sobretudo, no presente e no futuro do Brasil sem ranços políticos e colocando os interesses maiores da Pátria acima das ambições pessoais.

Assim, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, acreditamos que o PMDB tem pela frente um futuro promissor e muito ainda vai contribuir para a prosperidade deste País que tanto amamos.

O PMDB é, de fato, o partido do Brasil. Nas memoráveis jornadas, o antigo MDB ousou enfrentar a fúria do autoritarismo. De sua valentia resultaram as maiores mobilizações cívicas da Nação na defesa irrestrita das liberdades democráticas.

           Essa legenda que esculpiu o moderno estágio político da sociedade brasileira não pode ser alijada das decisões nacionais; não pode agir como partido pequeno, adotando posições sectárias que o marginalizem no processo de construção do desenvolvimento.

           O PMDB tem de pensar grande, em sintonia com a grandeza de sua história. Precisa saber utilizar os momentos de adversidade para extrair lições, repensar procedimentos, agir com a inteligência e a sabedoria próprias do povo brasileiro.

           Por sua força e pela importância de seus líderes, ao PMDB, neste instante, não compete repetir o comportamento adotado nas eleições presidenciais anteriores. Deve crescer com as alianças e seguir em frente, ao invés de estagnar-se nas aventuras eleitorais, que não conduzem a nada. Assim, defendemos o apoio estratégico à coligação com o Presidente Fernando Henrique Cardoso e a preparação desde já de um candidato competitivo para o ano 2002.

           O partido sempre palpitou com a emoção de cada um. Agora necessita da nossa sobriedade. O PMDB, mais do que nunca, necessita da nossa razão.

           Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/03/1998 - Página 3381