O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT-SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero manifestar minha solidariedade às mulheres neste momento em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, transcorrido em 8 de março último, e, sobretudo, registrar inicialmente um problema grave que vem atingindo as mulheres, notadamente as negras. Refiro-me à taxa de desemprego, que, sendo, segundo o IBGE, em janeiro último, de 7,25%, tem atingido, com taxas superiores a 8%, muito mais as mulheres do que os homens, para os quais a taxa é da ordem de pouco mais de 6%.

Gostaria, também, de manifestar a minha solidariedade às Senadoras Marina Silva, Benedita da Silva, Emilia Fernandes, Marluce Pinto e Júnia Marise, que, hoje, aqui, externaram seu sentimento a respeito das oportunidades que faltam às mulheres, reiterando a minha estranheza, afirmada já em aparte à Senadora Marina Silva, sobre o fato de o Presidente Fernando Henrique Cardoso, depois de haver designado apenas uma mulher, a Srª. Dorothéa Werneck, que permaneceu, durante o primeiro ano, à frente do Ministério do Trabalho, depois da sua substituição, permanecer, já passados mas de três anos, com um Ministério exclusivamente masculino. Seria importante que, por ocasião da renovação do Ministério, uma vez que praticamente um terço dos Ministros serão substituídos, que o Presidente Fernando Henrique levasse em conta a importância de ter mulheres no seu Ministério e não apenas estar dizendo que, quem sabe, um dia, mais tarde, poderão as mulheres ocupar em igualdade de condições os postos de Ministro.

Gostaria ainda, na minha conclusão, Sr. Presidente, de expressar solidariedade a duas mulheres importantes na história das Américas, da América Latina e da humanidade. Refiro-me a um acontecimento insólito que tem lugar hoje no Chile. Dirijo minha solidariedade, sobretudo, à Srª. Hortência Allende, viúva do ex-Presidente chileno, Salvador Allende, bem como à sua filha, Srª. Isabel Allende, Deputada Federal, que, há pouco mais de um mês, esteve visitando o Brasil, quando, aqui em Brasília, o Governador Cristovam Buarque teve a oportunidade de homenagear Salvador Allende com a instalação de um busto em frente ao Palácio do Buriti.

Contudo, qual o acontecimento insólito, Sr. Presidente? É a instauração, no Senado Federal chileno, da figura do Senador vitalício. Ocorre que o único Senador vitalício, que ali está gozando dessa prerrogativa, em sendo ex-Presidente - inclusive com um procedimento estranho, já que somente podem ser Senadores vitalícios os ex-Presidentes da República que, no Chile, estiveram à frente do Poder por mais de seis anos -, o General Augusto Pinochet. Então, não é à toa que, nos últimos três dias, o povo do Chile tenha saído às ruas a fim de manifestar seu desagrado com tal anormalidade.

Expressamos, pois, nossa solidariedade às Srªs. Hortência Allende e Isabel Allende, registrando a importância de as democracias nas Américas acabarem, o quanto antes, com a figura de Senadores vitalícios.

Ainda mais, Sr. Presidente, como tramitam aqui no Congresso Nacional projetos que visam instituir o cargo de Senador vitalício, a fim de que ex-Presidentes da República venham a ocupar cadeiras nesta Casa, quero, ao ensejo desta manifestação, expressar a minha discordância com respeito a essa figura, que não ajudará a democracia, assim como não está ajudando a democracia no Chile o fato de o General Augusto Pinochet hoje estar iniciando sua atividade como Senador vitalício.

Muito obrigado.