O SR. ROMEU TUMA (PFL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, encerrou-se no último sábado, 14 de março, a etapa sul americana da Whitbread Regata Volta ao Mundo 97/98, com uma festa náutica inesquecível para todos os que estiveram em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Mais de mil barcos de esportistas, turistas e curiosos cercaram de calor humano e entusiasmo os velejadores dos nove barcos que participaram da Regata, veleiros de sessenta pés equipados com a mais moderna tecnologia de navegação e comunicação via satélite.

           A regata iniciou-se a 21 de setembro do ano passado em Southampton, Inglaterra, tendo feito escalas na África do Sul, na Austrália - onde parou duas vezes -, e na Nova Zelândia, de onde partiu para o Brasil. Agora, os veleiros seguem para os Estados Unidos, onde terão duas escalas, para depois ir à França e finalmente chegar à Inglaterra em maio.

           A Regata Whitbread surgiu no Clube Naval da Armada Inglesa e reproduz a antiga rota do chá, do período colonial. É considerada o maior desafio da vela oceânica, a Fórmula 1 dos mares, seja pelas dificuldades de percurso, onde se destaca o trecho que concluiu em São Sebastião, em que insere a travessia do Cabo Horn; seja pela sofisticação tecnológica que cerca o evento.

           Os barcos são especialmente construídos, valendo cada um deles dois milhões de dólares. Levam a bordo computadores, radar, meios de comunicação e navegação dos mais modernos, que apoiam as tarefas dos doze tripulantes recrutados entre velejadores profissionais de todo o mundo.

           Em cada escala, como na fórmula 1, equipes de apoio trazem conteineres que são verdadeiras oficinas ambulantes, sendo os barcos retirados da água para reparos nos cascos, nos mastros e nas velas. Grandes grupos econômicos multinacionais garantem o patrocínio a cada equipe e verbas para o marketing da competição, num investimento total de pelo menos 300 milhões de dólares. A Withbread na Internet tem sido acessada em média por 7 milhões de pessoas, diariamente.

           A flotilha começou a chegar a São Sebastião no último dia 24 de fevereiro, sendo que dois barcos se atrasaram bastante por danos sofridos nos difíceis mares gelados do Pacífico Sul. Ambos tiveram seus mastros quebrados, tendo que importar novos mastros para o sul da Argentina e para São Sebastião. Um desses barcos tem sua tripulação composta só por mulheres, que surpreenderam-se e emocionaram-se ao encontrarem uma recepção extremamente calorosa do povo de São Sebastião, em especial das mulheres locais.

           Além da bateria da escola de samba que recebeu cada barco que dá a volta ao mundo, as velejadoras receberam muitas flores ao finalmente concluírem esta etapa.

           A recepção oferecida por São Sebastião foi considerada pela imprensa inglesa a mais espetacular de toda a história da Regata Withbread. Em pleno carnaval, o cais do porto ficou lotado de pessoas que saudaram os velejadores com samba e aplausos calorosos por toda a madrugada. Na festa de recepção oferecida às equipes, os esportistas estrangeiros formaram uma ala da escola de samba campeã do carnaval local, famosos por seus animados bailes de rua, e desfilaram na avenida aplaudidos pela multidão.

           Durante as três semanas em que a Regata ficou em São Sebastião foram muitas as manifestações de carinho e atenção recebidas pelos visitantes, destacando-se que não houve um único caso de violência urbana a lamentar, com as centenas de esportistas, técnicos, jornalistas, familiares e patrocinadores desfrutando das belezas naturais e do rico acervo histórico de São Sebastião, bem como do vizinho município de Ilhabela.

           São Sebastião contou com apoio do Governo do Estado, em especial através da DERSA, empresa que controla o Porto Comercial local, e da Secretaria do Trabalho, que financiou os cursos de especialização para mão-de-obra turística. O Porto foi especialmente preparado para a Regata, através de dragagem de sua bacia interna, construção de pontões flutuantes para atração dos barcos da Regata e aluguel de guindaste especialmente destinado à retirada da água dos veleiros de sessenta pés.

           Uma parte do pátio de cargas do porto foi liberada para a implantação do Race Village, o espaço onde foram armados estandes dos patrocinadores, uma praça de alimentação e área para shows. Os visitantes foram unânimes em eleger este o mais bonito Race Village da Regata, considerando, ainda, perfeitos os serviços de apoio à manutenção dos barcos.

           A Marinha do Brasil destacou-se no apoio ao evento, com o próprio Ministro comparecendo à festa de largada, a bordo da fragata Dodsworth, onde o Sr. Governador de São Paulo, Dr. Mário Covas, disparou o tiro que marcou o reinício da competição. O Canal de São Sebastião, na ocasião, foi cenário de uma festa singular. Vinte e seis helicópteros, número recorde em festas da Whitbread, sobrevoavam o espetáculo náutico.

           Outro aspecto destacado na organização do evento foi a infra-estrutura de comunicações, a cargo da TELESP. O centro de imprensa da Regata e o Race Village tinham todos os meios para que a imprensa internacional e os visitantes acessassem qualquer parte do mundo, tendo o coordenador de computação da Regata elogiado francamente o serviço, para ele tão bom quanto o de qualquer outra escala.

           Sem dúvida, este sucesso é uma grande vitória para São Sebastião, um município com 45 mil habitantes, que precisa encontrar um caminho próprio para desenvolver-se, já que encontra-se totalmente cercado por leis de proteção ambiental que buscam preservar a Mata Atlântica, a Serra do Mar e a região costeira. Quando foi escolhido como sede da Regata, há quatro anos atrás, São Sebastião foi considerado pelos coordenadores da competição um dos lugares mais bonitos do mundo, o que pode ser facilmente constatado por quem visite aquele região.

           Agora, depois de sediar com êxito um dos grandes eventos esportivos do planeta, São Sebastião pode animar-se a fazer do turismo náutico uma das principais alternativas de geração de empregos e renda, sem agredir o meio ambiente.

           Era o que eu tinha a dizer.

           Muito obrigado.