Discurso no Senado Federal

REGOZIJO PELA VISITA DO PRESIDENTE DA PROVINCIA AUTONOMA DA GALICIA AO BRASIL, DR. MANUEL FRAGA, E, DE MODO ESPECIAL, AO ESTADO DE SANTA CATARINA, NO ULTIMO FINAL DE SEMANA.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • REGOZIJO PELA VISITA DO PRESIDENTE DA PROVINCIA AUTONOMA DA GALICIA AO BRASIL, DR. MANUEL FRAGA, E, DE MODO ESPECIAL, AO ESTADO DE SANTA CATARINA, NO ULTIMO FINAL DE SEMANA.
Publicação
Publicação no DSF de 19/03/1998 - Página 4549
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, GALICIA, ANALISE, PROXIMIDADE, HISTORIA, BRASIL, AMPLIAÇÃO, INTERCAMBIO, ECONOMIA, EXPECTATIVA, COMERCIO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), MERCADO COMUM EUROPEU.

O SR. CASILDO MALDANER (PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, ao longo dos últimos anos, nós, legisladores, assumimos com a sociedade o desafio de levarmos até ela o desenvolvimento, o conhecimento, o crescimento e a qualidade de vida. Esse desafio ainda não foi superado e, em tempos de globalização, acreditamos que somente será consolidado quando superarmos todos os obstáculos legais entre os países.

Dito isso, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, quero registrar aqui a visita ao Brasil do Presidente da Província Autônoma da Galícia, D. Manuel Fraga, e de modo muito especial ao meu Estado. D. Manuel Fraga proporcionou-nos uma verdadeira viagem no tempo, abordando temas que a maioria dos brasileiros, infelizmente, nem mesmo conhece.

Convém ressaltar as qualidades que fazem desse homem público um exemplo para todos nós. Aos 75 anos, esbanjando altivez, Fraga exerce pela terceira vez o cargo de Presidente da chamada Junta da Galícia, província localizada ao norte da Península Ibérica e que tem como capitais a famosa Santiago de Compostela e a cidade de Vigo, exemplo de prosperidade e desenvolvimento, dado o seu imenso porto.

A Galícia, conhecida também como a Suíça espanhola, remonta-nos a um período de nostalgia, já que foi a partir daí que, durante 60 anos, o Brasil esteve sob o domínio espanhol. Foi na época em que Portugal, anexado pela Espanha, formou a União Ibérica. Digo isso, Sr. Presidente, para realçar as qualidades que nos unem aos galegos. Ao longo dos anos, após o fim da escravidão, mais de 600 mil espanhóis fixaram residência no Brasil, basicamente na Região Sul, constituindo-se na terceira maior colônia de estrangeiros no Brasil, atrás apenas de portugueses e italianos.

Entre a Galícia e o Estado de Santa Catarina, existem muitas outras peculiaridades: clima, expectativa e qualidade de vida, a indústria do pescado e até mesmo o idioma. Aliás, há vários séculos, historiadores de todo o mundo afirmam que a língua portuguesa tem a sua origem direta no idioma galego.

A economia dessa Província também é motivo de orgulho para nós, catarinenses, que celebramos diversos acordos de intercâmbio com os nossos coirmãos. Entre 1991 e 1995, a economia galega cresceu 8,76%, mais que a média espanhola, que ficou nos 7,36%. Em 1995, o PIB galego cresceu 3,4%, e o aumento das vendas externas foi de 299%, somando mais de US$2 bilhões.

Como todos sabemos, a política externa é ditada muitas vezes pelos símbolos, mas, até mesmo neste particular, a comitiva galega surpreendeu-nos, fechando um acordo de compra de mais de 300 toneladas de atum da empresa Kowalski, de Itajaí, em nosso Estado. É um exemplo da disposição dos galegos em formarem uma parceria que nos permita entrar no mercado europeu, ao mesmo tempo em que iremos introduzi-los no Mercosul. Florianópolis, a nossa futura capital do Mercosul, certamente seduziu, com os seus encantos de ilha da magia, os espanhóis que aqui estiveram e nos brindaram com simpatia, curiosidade e muito respeito.

Ao homenageá-los, quero também registrar, Sr. Presidente, a inauguração do Espaço Mercosul, fórum que será pioneiro na política de integração. Ficarão ali os consulados permanentes dos países que compõem o bloco, além de um escritório da Junta da Galícia. Esta iniciativa visa justamente capacitar os órgãos governamentais das facilidades de negociação. Vamos aproximar os nossos interesses e trabalhar juntos em busca daquilo que falei no início deste pronunciamento: levar qualidade de vida e desenvolvimento a nossa gente.

Cumprimento ainda a nossa classe empresarial que soube muito bem “vender” a imagem e as oportunidades que o Estado de Santa Catarina oferece num contexto de globalização. Recebemos a visita também dos colegas argentinos e uruguaios, além dos nossos parceiros do Codesul, que aproveitaram as exposições feitas pelas empresas galegas e catarinenses para iniciar um processo de intercâmbio comercial e de cooperação, o que é fundamental para ambos. Atentos a estes acontecimentos, os nossos empresários e autoridades souberam organizar uma rodada de negócios do mais alto nível.

Os galegos vieram em busca de parceiros, por meio de joint-ventures, relações comerciais para exportação, acordos tecnológicos, de compra e venda e financeiros. Sabemos muito bem do potencial industrial catarinense, e não tenho dúvidas em reafirmar a minha confiança no salto que daremos, principalmente por termos na Galícia a nossa porta de entrada para a União Européia.

Ao cumprimentar os espanhóis na pessoa do Presidente Manuel Fraga, que ontem esteve nesta Casa reafirmando o que disse no meu Estado, faço-o na esperança de que essa parceria seja consolidada com a prosperidade das duas regiões e dos dois países.

Faço este registro em função da visita que o Presidente da Galícia, os empresários e toda a comitiva fizeram ao meu Estado, Santa Catarina, no último fim de semana. Na oportunidade, houve um intercâmbio de intenções que, sem dúvida, oferece, com a participação do Mercosul, uma abertura para catarinenses e brasileiros, tendo em vista que a Galícia, ligada à Espanha e a Portugal, intermedeia os idiomas espanhol e português e encontra-se numa situação geográfica que representa uma porta de entrada para o Mercado Comum Europeu.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/03/1998 - Página 4549