Discurso no Senado Federal

INCOMPETENCIA ADMINISTRATIVA E GESTÃO FINANCEIRA TEMERARIA PROMOVIDAS PELO GOVERNO DO PARANA, TENDO POR APICE A ATUAL INSOLVENCIA DO BANCO OFICIAL DAQUELE ESTADO E A PREMENCIA DE ACORDO VISANDO A ROLAGEM DA DIVIDA MOBILIARIA ESTADUAL.

Autor
Osmar Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.:
  • INCOMPETENCIA ADMINISTRATIVA E GESTÃO FINANCEIRA TEMERARIA PROMOVIDAS PELO GOVERNO DO PARANA, TENDO POR APICE A ATUAL INSOLVENCIA DO BANCO OFICIAL DAQUELE ESTADO E A PREMENCIA DE ACORDO VISANDO A ROLAGEM DA DIVIDA MOBILIARIA ESTADUAL.
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/1998 - Página 5263
Assunto
Outros > ESTADO DO PARANA (PR), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO PARANA (PR), MIGUEL SALOMÃO, SECRETARIO DE ESTADO, SECRETARIA DE FAZENDA, SECRETARIA DE PLANEJAMENTO, INEFICACIA, IRREGULARIDADE, ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL, NATUREZA FINANCEIRA, MOTIVO, TENTATIVA, ACORDO, ADIAMENTO, PAGAMENTO, DIVIDA MOBILIARIA, NEGOCIAÇÃO, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), SIMULTANEIDADE, OPERAÇÃO FINANCEIRA, EMPRESA DE ENERGIA ELETRICA, REGIÃO.

           O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o Estado do Paraná está negociando com o Ministério da Fazenda e com o Banco Central a rolagem da sua dívida mobiliária e tenta um acordo que possa salvar o Banco do Estado do Paraná, que opera, a descoberto, em R$1,7 bilhão, captando esses recursos no Banco Central todos os dias, já que se encontra em situação difícil.

           Não vou discutir hoje as causas que levaram o Banco do Estado a essa situação; banco que foi entregue ao atual Governo como o segundo em rentabilidade entre os bancos oficiais brasileiros. Agora, porém, encontra-se nessa situação preocupante para os seus correntistas e para os 12 mil funcionários, que vivem em clima de insegurança. As causas, com certeza, estão na incompetência administrativa e na pior gestão financeira que já houve no Estado do Paraná, realizada por um trio que parece um trio de patetas.

           O Governador, junto com o seu Secretário de Planejamento, Miguel Salomão, que é agora metido a escrever artigos de ficção para os jornais, mente nos artigos e mente na sua atuação na Secretaria de Planejamento. O Secretário da Fazenda, com sua arrogância, soma à sua incapacidade a corrupção denunciada, que até agora não foi esclarecida pelo Governo do Paraná.

           Enquanto se negocia a rolagem da dívida e o acordo com o Banestado, tenho em mãos, Sr. Presidente, um estudo, uma nota técnica da consultoria do Senado sobre uma operação financeira realizada entre a Copel, a empresa de energia elétrica do Estado, e o Governo do Paraná, em dezembro último. Essa operação resultou em um empréstimo da ordem de R$155 milhões da Copel para o Governo do Estado.

           Ora, Sr. Presidente, o Governo do Paraná trabalha como se fosse um sanguessuga da Copel, um chupim, sugando os recursos dessa empresa de energia elétrica de conceito internacional, de finanças equilibradas. A Companhia agora sofre com a irresponsabilidade do Governo, que vende ações a preços nem sequer comparáveis aos das empresas de energia elétrica dos outros Estados que também estão vendendo parte de suas ações. Mas além do preço das ações da Copel, é preciso verificar também a quem estão sendo vendidas. Vamos fazer isso, e, oportunamente, direi quem está ficando com a Copel, a empresa exemplar de energia elétrica do Paraná.

           Sr. Presidente, neste momento, diante dos Senadores que conhecem a legislação, digo que a Assembléia Legislativa do Paraná nem sequer tomou conhecimento do fato. Não há lei autorizativa para a realização de um empréstimo da ordem de R$155 milhões - única forma que o Governo do Paraná encontrou para pagar o 13º salário e a Folha de dezembro; senão, não conseguiria.

           Todos os dias, o Governo se desmente e, todos os dias, faz-se justiça a quem foi chamado de mentiroso durante um ano, na imprensa do Paraná, ajudado por velhas raposas do pêlo liso e do rabo felpudo, que se meteram em um assunto do qual não tinham conhecimento. Passaram por cima das resoluções, da Constituição e de tudo, beneficiando-se inclusive de carta do Ministro Pedro Malan, enviada na calada da noite para este Senado. Esse Ministro vive agora o drama de ter que negociar a rolagem da dívida para salvar o banco oficial do Estado do Paraná e recebe informações oficiais de um déficit de R$790 milhões, valor apresentado pelo Governo em seu balanço, referente ao ano de 1997. Não fui eu quem criou esse número: foi o próprio Governo que o divulgou em seu balanço.

           O Governo faz uma antecipação de receita. Só há uma diferença das ARO’s que são analisadas pelo Senado: a ARO é tomada junto a uma instituição financeira, a um banco; e aquela está sendo tomada junto a uma empresa de capital aberto, a Copel, operação que deveria, segundo a Consultoria do Senado, ter lei autorizativa da Assembléia Legislativa. Isso significa que houve um assalto aos cofres da Copel sem lei autorizativa e sem se definir como esse dinheiro voltará à empresa - porque, afinal de contas, terá de voltar. Há um contrato que diz que o Estado terá que pagar o dinheiro que tomou junto à Copel; e, para pagar, terá de corrigi-lo com juros e correção monetária. E qual é a taxa, Sr. Presidente? Não consta do contrato!

           Assim, o Governo do Paraná continua praticando um verdadeiro desmando administrativo no Estado, pois empresta dinheiro a empresas estrangeiras sem juros, sem correção monetária, com carência de 10 anos; e empresta para si dinheiro de empresas de capital aberto, sugando as receitas dessas empresas. Faz isso sobretudo sem explicar à sociedade paranaense como pagará, de que forma pagará e em que condições pagará.

           É preciso que o Judiciário do Paraná seja acionado, e eu o acionarei, para que tenhamos respostas a estas perguntas que, com certeza, a sociedade paranaense gostaria de fazer: quem, como e em que condições pagará.

           O Governador do Paraná não é dono do Estado: eventualmente ele é o Governador, mas deixará o cargo, com certeza, no final deste ano, porque já está caindo de forma vertical nas pesquisas, reflexo dos desmandos administrativos e da péssima gestão financeira que faz, quebrando o Tesouro do Estado do Paraná.

           Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/1998 - Página 5263