Discurso no Senado Federal

ELOGIOS A GESTÃO DO DR. CARLOS ALBUQUERQUE FRENTE A PASTA DA SAUDE, NÃO OBSTANTE A HISTORICA DEFICIENCIA BRASILEIRA NO SETOR. EXPECTATIVA AMPLAMENTE FAVORAVEL QUANTO A POSSE, NO MINISTERIO DA SAUDE, DO SENADOR JOSE SERRA.

Autor
Otoniel Machado (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Otoniel Machado Carneiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • ELOGIOS A GESTÃO DO DR. CARLOS ALBUQUERQUE FRENTE A PASTA DA SAUDE, NÃO OBSTANTE A HISTORICA DEFICIENCIA BRASILEIRA NO SETOR. EXPECTATIVA AMPLAMENTE FAVORAVEL QUANTO A POSSE, NO MINISTERIO DA SAUDE, DO SENADOR JOSE SERRA.
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/1998 - Página 5264
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, CARLOS ALBUQUERQUE, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), EMPENHO, IMPLEMENTAÇÃO, DIRETRIZ, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), IMPOSIÇÃO, MODELO, ADMINISTRAÇÃO, SISTEMA, SAUDE, BRASIL, OPORTUNIDADE, SUBSTITUIÇÃO, JOSE SERRA, SENADOR, CARGO PUBLICO, ORGÃO PUBLICO, RESPONSAVEL, SAUDE PUBLICA.
  • SAUDAÇÃO, NOMEAÇÃO, JOSE SERRA, OCUPAÇÃO, CARGO PUBLICO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), ELOGIO, PRETENSÃO, UNIFICAÇÃO, SANEAMENTO, REGULAMENTAÇÃO, PLANO, SAUDE, SEGURO-DOENÇA, BRASIL.

           O SR. OTONIEL MACHADO (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, no setor de saúde concentra-se, sem dúvida, grande parcela da dívida social brasileira.

           O problema vem sendo contabilizado há décadas, quando se acumularam as deficiências e tornaram-se mais complexas e difíceis as soluções. Vários governos houve no Brasil e não faltaram iniciativas sinceras de atacar a questão no seu cerne, muito embora os resultados tenham sido paliativos. Mas, desde que o Presidente Fernando Henrique Cardoso tomou posse, há inequívoca vontade política de estabelecer um sistema que atenda a necessidade de saúde básica da população, atacando-se a raiz do problema, conforme preconiza a Constituição quando define as linhas mestras do sistema único de saúde.

           Pelo Ministério da Saúde já passaram nomes consagrados na Medicina; nomes cujo mérito científico é reconhecido internacionalmente; nomes cuja capacidade administrativa e honradez pública são indiscutíveis, como o do Dr. Adib Jatene. Mas toda a sua competência acabou esbarrando em um sistema cheio de vícios de origem, como a corrupção, que, infelizmente, grassa no setor. Toda a sua garra e compromisso com a saúde acabaram sendo diluídos ante a falta de recursos para um sistema cujos procedimentos são de alto custo e as necessidades sociais gigantescas.

           Srªs. e Srs. Senadores, neste momento, o Brasil assiste a mais uma substituição no Ministério da Saúde e, como médico que somos, pudemos testemunhar o empenho extraordinário do Dr. Carlos Albuquerque em implementar as diretrizes básicas do Sistema Único de Saúde e impor um gerenciamento eficaz para todo o sistema.

           Recordamos que, logo após a sua posse, disse o Ministro que o grande mal da saúde no Brasil estava nos mecanismos equivocados de gestão. E podem ter certeza de que, nesse período em que a área da saúde foi dirigida pelo Dr. Carlos Albuquerque, o Brasil teve um grande gerente à frente do Ministério.

           Gostaríamos de ressaltar alguns resultados do seu memorável trabalho. Em primeiro lugar, Sr. Presidente, o Dr. Carlos Albuquerque promoveu uma reorganização administrativa consistente no Ministério da Saúde. Para tanto, extinguiu órgãos deficitários, eliminou focos de desmandos, conteve desvios administrativos e descentralizou vários órgãos decisórios. Particularmente, conseguiu que a Fundação Nacional de Saúde atuasse na ponta do sistema, levando ações básicas por este Brasil adentro, onde realmente as carências são globais e a presença do Poder Público, muitas vezes, deficitária.

           O Dr. Carlos Albuquerque teve também o mérito de promover avanço considerável no processo de municipalização. Quando o Ministro assumiu a Pasta, o meu Estado, Goiás, não possuía um Município sequer com gestão plena das ações de saúde e, hoje, eles passam de 175 habilitados.

           Isso só foi possível porque houve a atuação de um gerente que implantou o Piso de Atenção Básica, que permitiu algum financiamento do sistema e recobrou a confiança dos agentes políticos envolvidos. E o Ministro não foi mais longe porque faltaram recursos. Observem, Srªs. e Srs. Senadores, que a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a CPMF, deveria ser um recurso adicional aos R$20,7 bilhões do Orçamento da Saúde, mas os poucos mais de R$6 bilhões arrecadados cumpriram apenas um papel complementar.

           Sr. Presidente, sabemos que as fontes públicas de financiamento são escassas. Há dificuldades de toda ordem, mas é penoso reconhecer que ainda são baixos os investimentos na saúde. No Brasil, o setor emprega alguma coisa próxima a U$156 per capita/ano. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde o sistema não é o ideal, essa cifra pula para U$2,5 mil per capita.

           Sabemos que não se podem operar milagres em matéria financeira e que esse quadro só vai mudar a longo prazo. Mas o grande alento vem exatamente da vontade política do Governo Fernando Henrique Cardoso, a que nos referimos, e temos certeza de que um futuro promissor nos aguarda.

           Srªs. e Srs. Senadores, é com muita expectativa positiva que acolhemos o nome do Senador José Serra para o Ministério da Saúde. Homem de inteligência ímpar, político comprometido com o Brasil, administrador competente e com larga folha de serviços prestados ao País, José Serra tem em sua carreira também a marca da honestidade.

           Por outro lado, a sua indicação vem coroar o trabalho que o Senado Federal vem fazendo em favor do Brasil. Ao escolher o eminente Senador para a Pasta da Saúde, o Presidente Fernando Henrique Cardoso deu claro reconhecimento de que nesta Casa tem assento um dos maiores expoentes da República. Isto, por si só, é muito gratificante e honra todos nós.

           A passagem do Senador José Serra por outros cargos e funções de igual relevo demonstra que S. Exª é um vencedor de desafios. A saúde, com tantos problemas, precisa de alguém com essa estatura pública. Alguém que será capaz de dar a resposta ao Brasil de que a saúde tem cura, bastando que as patologias sejam medicadas com o diagnóstico preciso e a terapia em dose certa.

           Neste momento, o Ministério tem alguns desafios importantes no plano administrativo. Um deles é reforçar a parceria com os Estados, para que eles deixem de ser meros repassadores de recursos e cumpram o papel fundamental de gestores das ações municipais. Precisamos avançar ainda mais no processo de municipalização plena para que possamos cumprir a filosofia do Sistema Único de Saúde.

           O sistema precisa também rever o preço pago aos procedimentos, já que hoje a grande porta de entrada das fraudes está justamente no baixo valor de remuneração das ações de saúde.

           A título de exemplo, Srªs. e Srs. Senadores, basta dizer que uma consulta paga pelo SUS está fixada em R$2,70, enquanto, em média, uma cesariana, com todos os custos de medicamentos, hotelaria hospitalar e serviços médicos, fica em torno de R$194. Um paciente em tratamento em uma UTI tem um custo real de aproximadamente US$900 por dia. O sistema repassa algo em torno de pouco menos de 10% desse valor.

           Isso não é possível de ser tolerado. Precisamos com urgência, e aqui chamo à responsabilidade o Congresso Nacional, regulamentar definitivamente os planos de saúde, já que hoje há um convivência descontrolada e anárquica entre o sistema público e o sistema privado.

           O Ministro já manifestou sua intenção de unificar ações de saneamento, hoje distribuídas na Caixa Econômica Federal, no Ministério do Planejamento e no próprio Ministério da Saúde. Essa também é outra providência inadiável e mostra que o Senador José Serra já sabe qual é o caminho.

           Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o novo Ministro da Saúde declarou que aceitou assumir o posto como uma missão delegada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Temos certeza de que S. Exª irá cumpri-la com a competência que sempre comandou a sua vida pública e privada, já que a História só é escrita pelos corajosos.

           Que Deus o ilumine nessa missão, pois o Brasil está convencido de que o Senador José Serra vai vencer mais esse desafio.

           Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/1998 - Página 5264