O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o companheiro, o amigo, o irmão de lutas partidárias que Deus está levando de nossa companhia, foi em vida um daqueles homens singulares que serão eternamente lembrados não apenas porque ocuparam posições de relevo na vida pública. A imagem pessoal que Humberto Lucena vai deixar gravada entre os que tiveram o privilégio de conhecê-lo é mais que um currículo de 43 anos de trabalho em benefício do povo do Nordeste ou dos interesses do país. Ele deixa o retrato público de um homem íntegro, dono de poucas posses apesar da longa atividade pública, amigo dos amigos, generoso com os humildes e detentor de um estilo patriarcal que fazia dele um líder de presença constante e de influência carismática e decisiva.

O velho estilo brasileiro de fazer política está de luto. Humberto Lucena é talvez um dos últimos espécimens daquela escola de políticos que sabia de cor os nomes dos eleitores e de seus familiares. Ele sabia o valor de uma atenção especial, e cultivava esse hábito como uma de suas marcas pessoais. Mas essa face popular de um homem voltado para o seu povo e as suas raízes não reduzia no grande universo das preocupações políticas de Humberto Lucena a dimensão do político voltado para as grandes questões nacionais ou de Estado.

Aqui nesta Casa continuaremos a debater as reformas político-partidárias de que carece o país, no rastro do excelente trabalho que o pranteado companheiro organizou, durante os últimos anos, presidindo comissão especial sobre a matéria. Se nos dedicarmos a analisar o conjunto filosófico dos pronunciamentos com que brindava este plenário, vamos confirmar a coerência de um apóstolo permanente do mais amplo entendimento de todos os poderes e da sociedade para resolver as dificuldades e as crises nacionais. A busca do consenso era parte integrante de sua luta política.

Nestas minhas breves palavras de homenagem a um homem que é parte da história desta Casa, que por ele foi presidida em duas ocasiões, minha postura é a do liderado que soube reconhecer e admirar as virtudes de um companheiro moderado nos gestos mas firme nas convicções. Ele era o mais antigo dos companheiros que se mantiveram fiéis ao velho MDB, e por isso era também detentor de uma aura especial de respeito dos mais jovens, sempre atentos às suas observações seguras e judiciosas. Os exemplos da vida pessoal e da trajetória pública de Humberto Lucena ficam como patrimônio inapagável para este Senado, que ele honrou com atuação sempre marcante.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.