Discurso no Senado Federal

HOMENAGENS DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR HUMBERTO LUCENA.

Autor
Bernardo Cabral (PFL - Partido da Frente Liberal/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGENS DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR HUMBERTO LUCENA.
Aparteantes
Djalma Bessa, Elcio Alvares, Josaphat Marinho, Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 15/04/1998 - Página 6424
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, HUMBERTO LUCENA, SENADOR, ESTADO DA PARAIBA (PB), EX PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, quero falar daqui do meu assento para poder fazer uma linha reta com Cícero Lucena.

Sei que é uma ousadia falar depois de Ronaldo Cunha Lima. Considero Ronaldo um esbanjador de talento, um indisciplinado do espontâneo. Mas, se não falasse, não daria também o meu depoimento.

Quando, há 31 anos, aqui chegava, Deputado Federal, na casa dos 30, por coincidência Djalma também, naquela altura, conosco, encontrava Humberto Lucena. Acabávamos de fundar o MDB e queríamos eleger um líder. Humberto, eu e tantos outros teimamos por escolher um nome e acabamos elegendo esse nome, que foi o do Deputado Mário Covas, hoje Governador do Estado de São Paulo; de logo, Humberto e eu escolhidos vice-Líderes, em cuja atuação nos desdobrávamos na oposição ao Governo Militar.

O que guardo de Humberto não é para registrar no elogio daquele que parte, que se vai, no chamado “elogio fúnebre”. Infelizmente, neste País, os homens públicos, sobretudo os políticos, passam a ser reverenciados quando morrem, ao invés de serem reconhecidos quando vivos, Tantas vezes, no calor do debate, as pessoas se esquecem de que, ao longo de 30 anos, às vezes 35, 40, o político militante nada amealha em bens materiais e acaba perdendo aqueles que eventualmente os herdou.

O Senador Ronaldo Cunha Lima mencionou três nomes: Antônio Mariz, Humberto Lucena e ele próprio. Quando eu e Ronaldo fomos cassados, perdemos dez anos de direitos políticos, e Humberto sobreviveu. Houve como que uma diáspora; o caboclo do Amazonas, com a sua igarité, que é uma canoa, foi tangido pelos ventos da cassação, e lá fui eu para o Sul do País. E entre 1970 e 1974, Humberto ficou sem mandato. Eu, advogando, encontrei-o no escritório de Samuel Duarte, paraibano que tinha sido Presidente da OAB, e ali aquela nossa diáspora cedeu lugar a um reencontro. Ele me falou das dificuldades por não ter obtido a vitória em 1970 e retornar à advocacia. É muito difícil que alguém volte à sua profissão depois de ter passado pelo Parlamento.

Com Samuel Duarte, com quem acabei convivendo, Humberto veio para o Senado, e Ronaldo Cunha Lima e eu nos encontramos no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Éramos dois cassados ali. Uma das grandes figuras que compunha o Conselho Federal, que dele foi seu candidato, é o nosso mestre Josaphat Marinho. Ali convivemos os três e lembrávamos o que a vida nos traz.

Quando assinei hoje o requerimento, e não estou nem a justificá-lo, porque uma amizade de 31 anos dispensa qualquer justificativa, não estava pensando nos familiares que perdem alguém que foi um símbolo dentro da família. Penso que os homens públicos não valem pelo poder que eventualmente conseguem empalmar ou pela fortuna que conseguem amealhar, mas por tudo aquilo que produzem em favor da coletividade. E isso começa a ser difícil quando morre um cidadão que, político militante, não conseguiu amealhar fortunas, e ninguém registra que morreu pobre, dando exemplo aos demais. Se fosse alguém que tivesse enriquecido à custa do erário e engordado a sua conta bancária, por certo o apodariam e indicariam como mais um político que enriqueceu no desempenho do mandato.

Por essa razão, Sr. Presidente, quero fazer uma corrigenda. Penso que não é a Paraíba que chora, mas o Parlamento que está de luto. É muito fácil que alguém seja reconhecido, admirado e endeusado no local em que resida, no seu Estado natal. É difícil, entretanto, ultrapassar as fronteiras de um pequenino Estado - como dizia Alcides Carneiro, maior do que ele, portanto, só Deus - e chegar a Presidente do Congresso por duas vezes.

É o Parlamento que chora. Assim, Sr. Presidente, não poderia ficar apenas nos discursos desta sessão. Haveria, como bem fez o eminente Senador Ronaldo Cunha Lima, de se requerer uma sessão especial, solene, onde toda a Casa se manifeste, não para o seu regozijo interior, mas para dar o exemplo àqueles que, jovens ainda, querem militar e têm horror à política, porque, a cada dia mais, os políticos são aqueles que estão voltados para suas ambições pessoais e não para os interesses coletivos, numa prova de que não se deve seguir essa carreira. É para essa juventude que está lá fora, mostrando que o poder econômico não pode tomar de assalto os parlamentos, que um homem pobre conseguiu ser, por duas vezes, presidente da sua casa legislativa; para que também essa juventude possa sentir que este é o lugar em que mais se fala em favor da sociedade.

Infeliz do povo que não ama o seu parlamento! Legislativo fechado é ditadura de plantão, e isso não convém a um país que se diz independente. Sr. Presidente, há certas figuras que são grandes no silêncio do anonimato, e não apenas pelo que pensam ou por aquilo que expressam. Humberto não pôde ser grande no silêncio do anonimato, porque foi maior na ardência do desempenho do seu mandato.

Sr. Presidente, Humberto chegou a Deputado Federal, mal saído da casa dos 30 anos, talvez com mais sete ou oito anos. Com ele convivi, aprendi e discuti. Na Assembléia Nacional Constituinte estivemos em campos opostos - ele defendeu o sistema presidencialista e eu o parlamentarista -, mas nem por isso deixamos de olhar na mesma direção, que é o bem comum.

O Sr. Josaphat Marinho (PFL-BA) - Senador Bernardo Cabral, V. Ex.ª me permite um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Com muita honra, Senador Josaphat Marinho.

O Sr. Josaphat Marinho (PFL-BA) - Nobre Senador, quero juntar-me a V. Ex.ª e à Casa nas justas homenagens ora prestadas a Humberto Lucena. Conheci-o a partir da legislatura de 1963. Eu exercia, então, o primeiro mandato de Senador; e ele era Deputado Federal. V. Ex.ª e os nobres Senadores que o antecederam já lhe traçaram o perfil. Gostaria de recordar apenas um fato: quando sobreveio o fechamento de todos os partidos, por volta de 1965, quando tantos vacilaram sobre a agremiação a adotar, Humberto Lucena não teve a menor dúvida. Assim como quem não pergunta, entrou para o MDB, correu os riscos peculiares àquele momento e não titubeou. Graças à sua firmeza, foi, depois, Líder do Partido na Câmara dos Deputados. Quanto retornei a esta Casa, em 1991, era ele de novo um homem de Oposição. E o homem de Oposição continuou até as suas últimas manifestações de parlamentar. Eu queria acrescentar essa singularidade para assinalar o caráter do homem tranqüilo, mas firme, que ignorou as dificuldades e os perigos, para vivê-los cumprindo o seu dever de representante da Paraíba Junto meu sentimento ao sentimento de V. Exª e da Casa.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Agradeço a manifestação de V. Exª, Senador Josaphat Marinho, que mais uma vez demonstra a linearidade da atuação do Senador Humberto Lucena. Digo isso com o sentimento de quem conviveu com S. Exª. Sabe V. Exª que, em 1967, quando ambos éramos Deputados Federais e V. Exª Senador, muitas vezes tomamos parte nas comissões conjuntas, V. Exª representando o Senado e nós, a Câmara.

Eu deveria encerrar aqui. O aparte de V. Exª seria a moldura para o quadro que pretendi fazer, claro, sem as tintas que poderiam ser aqui utilizadas. Há, porém, dois pedidos de aparte: do meu velho e querido amigo Djalma e do querido amigo Elcio. Peço permissão para ouvi-los.

O Sr. Djalma Bessa (PFL-BA) - V. Exª está encaminhando requerimento para a realização de sessão especial. Há que se dizer que o Regimento dispõe sobre o caso de Senador falecido no exercício do mandato, mas, para Humberto Lucena, isso jamais bastaria. O disposto no Regimento diz respeito àqueles que não chegaram a alcançar posições de privilégio e honra como Humberto Lucena. Digo isso não só em razão de haver ele exercido a Presidência do Senado por duas vezes, mas atente-se para a circunstância toda especial de haver sido um político que exerceu o mandato durante cerca de quarenta anos, um recorde nacional. E acredito que, no mundo, haja poucos políticos que tenham exercido mandato durante tantos anos. Essa é a grande virtude, a grande prova e a condição para se exaltar Humberto Lucena, que contou, seguida e sucessivamente, com o apoio, o aplauso e o voto do seu povo. Isso basta para honrar, dignificar e servir de exemplo à Paraíba e ao Brasil. Obrigado a V. Exª.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Senador Djalma Bessa, V. Exª, que representa a Bahia, faz mais um registro significativo do que foi a vida do homem público Humberto Lucena, de modo que desnecessário será dizer que há uma espécie de convergência entre as opiniões. V. Exª secunda o seu colega da Bahia no momento em que temos na Presidência um cidadão da Bahia. Sendo assim, todos nós - não por ter sido Humberto nordestino - somos unânimes no reconhecimento do homem público que ele foi.

O Sr. Elcio Alvares (PFL-ES) - Senador Bernardo Cabral, permite-me V. Exª um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Concedo o aparte a V. Exª.

O Sr. Elcio Alvares (PFL-ES) - Senador Bernardo Cabral, V. Exª faz, com muita propriedade - é uma característica dos seus pronunciamentos -, uma avaliação da personalidade de Humberto Lucena que retrata por inteiro o sentimento da Casa. Quando ocorre, como agora, a ida de um dos integrantes deste Plenário, fazemos uma introspecção. Confesso sinceramente que, ao tomar conhecimento da morte de Humberto Lucena, fiz-me várias perguntas íntimas e interiores, ao avaliar o universo composto pelos 81 integrantes do Senado. Este Plenário tem uma característica, independentemente de partido, de posições políticas, de ideologias: ele nos irmana, nos identifica. Às vezes, colegas que, por uma razão ou por outra, não estão tão perto de nós, até ganham intimidade, determinada pela vivência, pelo comportamento, pelo sentido do próprio mandato. Sobre Humberto Lucena, quero prestar um depoimento: desde o primeiro momento em que aqui cheguei, encontrei na palavra de Humberto Lucena a palavra de um amigo. Por ocasião de meus primeiros passos, Humberto teve o cuidado, sempre, de fazer uma crítica ou um reparo, ou de me dar um estímulo. Hoje, lembro-me de um episódio no qual assumi uma posição aberta, inteiramente solidária com ele: num desses desvãos que ocorrem em uma CPI, tentaram fazer com que Humberto Lucena comparecesse, injustamente, à Comissão que naquele momento verificava irregularidades no Orçamento. O Senador Humberto Lucena quis dar depoimento, registrar a sua presença nos autos, e tive oportunidade de sustentar com muita veemência que S. Exª jamais deveria sentar-se naquela cadeira. Assim fiz, porque conhecia os autos, participava ativamente da Comissão de Orçamento e sabia que seria uma posição incompatível com aquele que era um modelo de honradez, de dignidade e de pobreza, que teve toda a sua vida dedicada à causa pública, principalmente ao Estado da Paraíba. No momento em que morre Humberto Lucena, lembro-me de um fato interessante a seu respeito. Há alguns dias, ele me telefonou e surpreendi-me com a insistência com que me procurava. Pensei que fosse algo relacionado à Liderança ou a algum projeto. Após três ou quatro ligações, constantes, Humberto Lucena me revelou que estava no hospital, após ter chegado de uma viagem. Surpreendeu-se ao saber que tinha sete litros a mais de líquido em seu corpo. Humberto conversou comigo como nunca o fizera, por cerca de meia hora. Reiterou que, a exemplo do que havia acontecido em um momento duro de sua vida com respeito a enfermidades, estava disposto a vencer aquela circunstância. Pela maneira como expôs o assunto, pressenti que Humberto estava com um problema de saúde bastante grave. Acompanhei Humberto pari passu, falando permanentemente com D. Ruth. Vendo o quadro que se formava - a hemodiálise e todos os problemas que se seguiram -, senti que Humberto declinava e que a situação não seria como da primeira vez, quando, por um milagre de Deus, Humberto verdadeiramente ressuscitou, pois estava muito doente. Senti que iríamos perder nosso querido Humberto Lucena. Hoje, esta Casa está dando o seu depoimento e acredito que poderemos detectar uma linha permanente a conduzi-lo: Humberto teve a maior probidade no exercício de seu mandato. E a característica de pobreza. Lembro-me das questões levantadas na CPI do Orçamento, ocasião em que Humberto me mostrou seu patrimônio. Depois de tantos anos de vida, até para adquirir um apartamento na Paraíba ele precisava permutar um imóvel que possuía no Rio de Janeiro. Neste instante, Senador Bernardo Cabral, suas palavras são as mais apropriadas para fazer, infelizmente, um elogio fúnebre. Humberto mereceu todo o nosso apreço. A sua ida é um momento de reflexão - sou um homem bastante espiritualizado. E, principalmente nestes últimos tempos, a sua participação, de um Humberto profundamente observador, cordato, já antevendo que a sua vida não seria tão longa, marcou aqui a sua imagem - como se não bastasse a imagem do amigo da primeira hora - como a de um homem mediador das coisas. Muitas vezes, por ocasião da discussão de projetos, Humberto me chamava ali, na sua cadeira, e fazia sempre uma crítica. Fazia-o, no entanto, de uma maneira muito suave, de uma maneira muito fraterna e, eu diria até, querendo que houvesse êxito nas empreitadas que estavam confiadas ao Líder do Governo. Neste instante, participo com muita emoção do discurso de V. Exª e quero externar aos dois eminentes Senadores da Paraíba, Ney Suassuna e Ronaldo Cunha Lima, a nossa tristeza por não ver nessa moldura que eles tanto abrilhantam nesta Casa o rosto sereno, grave, amigo de Humberto Lucena. Portanto, Senador Bernardo Cabral, registro em meu nome pessoal, registro como integrante da Bancada do Espírito Santo e como Líder do Governo o meu mais profundo apreço, a minha admiração por Humberto Lucena, um homem que, ao longo da sua vida pública, soube honrar o Estado da Paraíba. Muito obrigado.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Senador Elcio Alvares, o aparte de V. Exª é analítico. Além de fazê-lo com propriedade, V. Exª registra alguns instantes passados neste plenário entre V. Exª e o nosso saudoso Humberto Lucena. Por ser ele auto-explicativo, dispenso-me de comentá-lo. Cabe-me apenas acolhê-lo e dizer que ele enriquece o encaminhamento de um requerimento do qual Humberto Lucena é altamente merecedor.

O Sr. Romeu Tuma (PFL-SP) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Romeu Tuma (PFL-SP) - Senador Bernardo Cabral, não sei se conseguiria fazer um aparte à altura da beleza do discurso que V. Exª pronuncia. No entanto, como seu amigo, solicitaria embarcar nessa jangada que V. Exª está dirigindo em alto mar com a história de um grande vulto da Paraíba como foi o Senador Humberto Lucena. Gostaria de fazer minhas as palavras de V. Exª, porque não teria condições, nem emocionais nem de cultura, para acompanhá-lo neste momento.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Não apoiado!

O Sr. Romeu Tuma (PFL-SP) - Ouvindo o Senador Elcio Alvares, lembrei-me dos últimos dias da vida de Humberto Lucena. Sendo Senador por São Paulo, estive algumas vezes no hospital, tendo conseguido falar com S. Exª apenas uma, até porque depois ele entrou na UTI e não mais saiu dela. Mas conversei com sua esposa, dona Ruth. S. Exª vivia a política, vivia o amor pela Paraíba. No entanto, Senador Bernardo Cabral, gostaria de voltar um pouco ao tempo em que V. Exª era Ministro e eu estava na Polícia Federal. Naquela época tive contato várias vezes com o Senador Humberto Lucena, na Paraíba, para equacionar problemas da Polícia Federal. Também o Senador Ronaldo Cunha Lima, quando Governador do Estado, sempre me apoiou em minhas atividades. Trocava idéias constantemente com o Senador Humberto Lucena, tendo em vista sua serenidade ao expor os problemas e a tranqüilidade com que discutia alguns aspectos da vida pública. Inclusive V. Exª, conhecedor profundo dos políticos que viviam em Brasília, dizia que procurássemos o Senador Humberto Lucena quando ele estava nesta Casa, principalmente na Presidência do Senado, que tanto honrou. Senadores Ney Suassuna e Ronaldo Cunha Lima, como resultado de conversa com D. Ruth, trago uma mensagem a V. Exªs. Perguntei a ela sobre a situação política na Paraíba e, principalmente, no PMDB, e ela me dizia que tinha esperança de que o Senador Humberto Lucena pudesse sobreviver - isto ocorreu às vésperas da sua morte - e que ele estava feliz porque tinha conseguido harmonizar o Partido na Paraíba. Ele não sabia que, por contratempos, praticamente havia se dissolvido aquilo que ele tinha procurado construir junto com os dois Senadores que tão bem representam a Paraíba, ou seja, harmonia para as próximas eleições. Ele foi para o outro mundo, onde terá o privilégio de conversar com Deus antes de nós, com a certeza de que a Paraíba estava harmonizada e caminhava para as próximas eleições sem divergência alguma, dentro do que havia armado com os outros Senadores. Fica, portanto, o apelo para que, espiritualmente, ele possa receber a mensagem de que essa recomposição ainda é válida, para alegria sua e da sua família. Peço desculpas a V. Exª, Senador Bernardo Cabral, e solicito encarecidamente que permita que eu endosse as palavras tão emocionantes que V. Exª pronuncia no encaminhamento do requerimento.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM) - Senador Romeu Tuma, no livro de Ernest Hemingway Por Quem os Sinos Dobram?, ele abre a primeira página citando o poeta John Bowne, mais ou menos com esta frase: A morte de qualquer ser humano me diminui porque faço parte do gênero. Por isso não me pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por ti. Possivelmente Humberto Lucena, hoje, deve estar recebendo este dobrar de sinos nas suas exéquias.

E ao concluir quero, em primeiro lugar, dizer a V. Exª, Senador Ronaldo Cunha Lima, que aquele seu discurso emocionado e as suas palavras, às quais me referia como sendo de um “esbanjador de talentos”, acabam ressoando, ecoando neste plenário, e fazem com que, ao final, eu peça que V. Exª aceite, como Parlamentar, em nome da Paraíba, um abraço de um colega seu, de infortúnio durante tanto tempo, mas também, hoje em dia, de alegria. Que Cícero Lucena, sobrinho, leve a D. Ruth e aos filhos o que ele ouviu aqui - o carinho do Parlamento. E guarde esta frase: não é somente a Paraíba que chora a morte de Humberto Lucena. É o Parlamento que também está de luto.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/04/1998 - Página 6424