Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR PARAIBANO HUMBERTO LUCENA.

Autor
Júlio Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Júlio José de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR PARAIBANO HUMBERTO LUCENA.
Publicação
Publicação no DSF de 15/04/1998 - Página 6433
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, HUMBERTO LUCENA, SENADOR, ESTADO DA PARAIBA (PB), EX PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL.

O SR. JÚLIO CAMPOS (PFL-MT. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, é com profunda emoção que uso a tribuna do Senado Federal, nesta tarde, a fim de prestar minha homenagem ao grande homem público brasileiro, ao grande Senador que foi Humberto Lucena.

São quarenta e oito anos de vida pública, quarenta e quatro anos de mandatos eletivos. Desde os 23 anos de idade, em 1950, quando foi eleito Deputado Estadual, até hoje, próximo a completar 70 anos de vida, Humberto Lucena dedicou-se à vida pública brasileira, com educação, serenidade, amor, carinho e competência.

No instante do falecimento de S. Exª, falo em meu nome, assim como no dos ex-Senadores que gostariam de ocupar esta tribuna e do servidores do Senado, que hoje estão de luto. Tenho certeza de que falo, igualmente, em nome da Presidência, transmitindo os nossos sentimentos.

Tive a honra de conviver com Humberto Lucena como seu 1º Secretário, na sua última gestão como Presidente desta Casa, de 1993 a 1995. Homem digno, jamais recebi do Presidente Lucena um pedido, uma determinação, uma ordem que viesse manchar as atividades administrativas do Senado. Homem probo, enérgico e realmente previdente.

Lembro-me muito bem de que até com as compras da residência oficial S. Exª se preocupava, dizendo-me: “Senador, se a Ruth Maria estiver fazendo uma lista exagerada, V. Exª tem o direito de cortar o excesso, quando fornecer materiais para o funcionamento da residência oficial”.

S. Exª foi o grande administrador que o Senado teve na sua história, o homem que fez as grandes reformas estruturais desta Casa no campo jurídico e administrativo. Coube-nos, durante a nossa gestão - Humberto Lucena, Presidente, e Júlio Campos, 1º Secretário -, executá-las. Fizemos o que foi possível, com seriedade e honestidade. Homem probo, realmente.

Sinto muito constatar que a Imprensa brasileira, principalmente, a de São Paulo, mesmo com a morte de S. Exª, faz questão de ser injusta, doentia, radical e intransigente com a memória do grande brasileiro Humberto Lucena.

Ninguém recorda, na luta de um homem que teve 48 anos de vida e 44 de mandatos, os serviços prestados ao Brasil. Foi o grande Presidente da reforma constitucional. Foi o Presidente que, nos momentos de crise, estava presente com sua sinceridade, lealdade e franqueza. Era como o algodão no meio dos cristais, jamais permitindo que houvesse algum atrito.

A Mesa Diretora de que tivemos a honra de participar, juntamente com Nabor Júnior, Júnia Marise e Levy Dias, prestou grandes trabalhos graças à liderança de S. Exª.

Humberto Lucena, homem pobre, ao disputar as eleições de 1994, teve contra si aquela acusação injusta envolvendo a questão dos calendários. Era da praxe de todos os Parlamentares confeccioná-los no ano anterior, mas S. Exª, em dezembro de 1993, mandou imprimir um simples calendário com os dizeres: “Feliz 1994. São os votos de Humberto Lucena e família”.

Apenado, tomei sua defesa com muita honra; também a Mesa Diretora ficou ao seu lado. E hoje temos a certeza de que, embora a imprensa faça questão de relatar apenas esse assunto, S. Exª vai deixar um rastro de saudades no Senado da República.

A sua cadeira, na Bancada da Paraíba, ficará vaga por muito tempo, porque sua lembrança, como grande Senador que foi, estará marcada profundamente não só no coração dos seus colegas, mas principalmente no coração dos funcionários do Senado Federal que hoje estão de luto.

À Dona Ruth Maria e aos seus filhos os nossos sentimentos de pesar por essa grande perda que têm a Paraíba, o Nordeste e o Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/04/1998 - Página 6433