O SR. JONAS PINHEIRO (PFL-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o Centro-Oeste tem sido a Região brasileira onde a agricultura vem-se consolidando como a atividade econômica local mais promissora devido ao seu elevado ritmo de expansão. Isso porque aquela região, apesar das limitações de infra-estrutura, dispõe de invejável potencial de produção agrícola, em decorrência, primeiro, de seus fartos recursos naturais e das favoráveis condições edafoclimáticas; segundo, pelo domínio tecnológico e o dinamismo dos seus agricultores.

Sem dúvida, o Centro-Oeste reúne, então, todas as condições para ser o novo celeiro brasileiro e o mais expressivo pólo de produção agrícola não somente para abastecimento do mercado interno, mas também para exportar e dinamizar a economia regional, trazendo, assim, divisas para o nosso País.

Entretanto, a par dos problemas e das dificuldades ligadas à atual conjuntura e à política macroeconômica do País, aquela Região se ressente profundamente de uma estrutura mínima de apoio à produção, à industrialização e à comercialização de seus produtos agrícolas, sobretudo por estar distante dos centros tradicionais de aprovisionamento e de consumo.

Ressente-se, ainda, aquela região de uma estrutura mais consistente de pesquisa agropecuária para desenvolver tecnologias adequadas e assegurar os necessários índices de produtividade física e econômica; de qualidade dos produtos e de manutenção do meio ambiente, afim de que os produtores locais possam concorrer com os de outras regiões e com os de outras países.

Isso, Sr. Presidente, porque o processo de abertura da economia brasileira e o acirramento da concorrência interna exigem crescentes ganhos na produtividade, sem os quais os produtores da região não conseguirão ser competitivos.

Esses ganhos terão necessariamente de ser obtidos pelos avanços tecnológicos, sobretudo no campo da engenharia genética, da biotecnologia e das técnicas de cultivo. Não basta simplesmente dispor dessas tecnologias nos centros e unidades de pesquisa; é necessário, acima de tudo, que elas possam ser demonstradas para os produtores e adotadas por eles.

Sr. Presidente, é inquestionável a contribuição que a Embrapa tem dado no campo tecnológico. Graças a seu trabalho, dispõe-se, atualmente, na Região Centro-Oeste, especialmente nas áreas de cerrado, de tecnologias que viabilizam as atividades agrícolas e elevam os ganhos de produtividade.

Mas quero registrar também o importante trabalho desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso - Fundação Mato Grosso. Uma entidade privada, criada em 1994, mantida 80% pelos agricultores, 10% pelas indústrias de máquinas e insumos agrícolas e 5% pelas prefeituras; essa fundação, em parceria com outros órgãos, inclusive com a Embrapa e a Empaer-MT, vem colocando à disposição dos produtores um invejável acervo tecnológico.

A Fundação Mato Grosso já lançou, nesses seus quatro anos de existência, onze variedades de soja e de algodão, resistentes a pragas e doenças e com elevado potencial de produção, que vêm sendo utilizadas em Mato Grosso, nos demais Estados do Centro-Oeste e também na Bahia. Para destacar apenas um exemplo do alcance do trabalho dessa Fundação, eu gostaria de citar o caso das novas sementes de soja, que obtiveram, em escala comercial, mais de 80 sacos por hectare, o que representa mais de 80% da média de produção estadual.

Sr. Presidente, com o objetivo de divulgar as tecnologias agrícolas disponíveis, a Fundação Mato Grosso e a Embrapa promoveram e realizaram, no período de 1º a 4 de abril, em Rondonópolis, no Estado de Mato Grosso, um evento denominado TecnoCampo 98.

Essa feira de tecnologia constitui um evento pioneiro na região, com demonstrações dinâmicas do funcionamento de máquinas e implementos, com visitas a unidades demonstrativas plantadas com lavouras, onde se pôde constatar os resultados das pesquisas e conhecer as técnicas adequadas de cultivo, por meio de palestras, excursões, cursos e seminários; enfim, um evento que adotou uma metodologia inovadora.

Estiveram presentes na TecnoCampo cerca de quatro mil pessoas, entre elas, produtores rurais, técnicos e investidores de outros países. Estive nesse evento, inclusive, acompanhando o Dr. Alberto Duque Portugal, Presidente da Embrapa e, na ocasião, representando o Sr. Ministro da Agricultura e do Abastecimento, Senador Arlindo Porto, num de seus últimos atos como Ministro daquela Pasta. Pude constatar pessoalmente o grande sucesso dessa feira de tecnologia.

Sr. Presidente, não posso deixar de ressaltar que ali foram demonstrados os resultados altamente positivos da iniciativa inovadora da Fundação Mato Grosso, fruto do trabalho que ela desenvolve em regime de parceria com a Empaer-MT e a Embrapa.

Ficou também evidente que a Embrapa, como empresa pública líder do sistema oficial de pesquisa agropecuária brasileira, ao estabelecer parceria com entidades privadas para desenvolver pesquisas em um processo integrado e complementar, permite a saudável soma de esforços e de resultados, que beneficiam os produtores rurais e o País.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, não tenho dúvida de que as repercussões da TecnoCampo foram as melhores possíveis, não somente entre os expositores, mas também entre os produtores rurais e aqueles que visitaram a feira. Também não tenho dúvida de que esse evento deu uma importante contribuição para a melhoria dos processos tecnológicos de produção agrícola, tanto para Mato Grosso, como para toda Região Centro-Oeste.

Portanto, para finalizar, parabenizo os promotores da TecnoCampo por essa iniciativa, bem como aqueles que participaram e contribuíram para a sua viabilização e seu êxito e, especialmente, cumprimento os produtores rurais de Mato Grosso e da Região Centro-Oeste por contarem com um evento dessa importância e envergadura.

Muito obrigado.