Discurso no Senado Federal

ANUNCIO DA DECISÃO DOS PARTIDOS DE ESQUERDA NO ESTADO DO PARA, NO SENTIDO DE LANÇAREM CANDIDATOS QUE REPRESENTAM A UNIÃO DAS FORÇAS PROGRESSISTAS E POPULARES AO GOVERNO ESTADUAL E AO SENADO FEDERAL.

Autor
Ademir Andrade (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PA)
Nome completo: Ademir Galvão Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • ANUNCIO DA DECISÃO DOS PARTIDOS DE ESQUERDA NO ESTADO DO PARA, NO SENTIDO DE LANÇAREM CANDIDATOS QUE REPRESENTAM A UNIÃO DAS FORÇAS PROGRESSISTAS E POPULARES AO GOVERNO ESTADUAL E AO SENADO FEDERAL.
Aparteantes
Antonio Carlos Valadares.
Publicação
Publicação no DSF de 29/04/1998 - Página 7182
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, OCORRENCIA, ENTENDIMENTO, PARTIDO POLITICO, IDENTIFICAÇÃO, SOCIALISMO, UNIÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB), PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), OBJETIVO, LANÇAMENTO, CHAPA, DISPUTA, ELEIÇÕES, CARGO ELETIVO, GOVERNADOR, SENADOR, ESTADO DO PARA (PA).
  • CRITICA, POLITICA, ALMIR GABRIEL, GOVERNADOR, ESTADO DO PARA (PA), DESCUMPRIMENTO, COLIGAÇÃO, APOIO, PARTIDO POLITICO, IDENTIFICAÇÃO, SOCIALISMO, ANTERIORIDADE, POSSE, GOVERNO ESTADUAL.
  • EXPECTATIVA, SOLUÇÃO, IMPASSE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), OBJETIVO, FAVORECIMENTO, APOIO, CANDIDATURA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DISPUTA, ELEIÇÕES, CARGO ELETIVO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

O SR. ADEMIR ANDRADE (Bloco/PSB-PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, quero fazer um registro com relação à política dos Partidos de Esquerda no Estado do Pará. Trata-se de boa notícia, evidentemente, que se contrapõe à má notícia que tivemos no Rio de Janeiro, qual seja, a posição adotada pelo Partido dos Trabalhadores que pode colocar em risco a aliança nacional do PT com o PDT, tendo Lula como candidato a Presidente e Leonel Brizola como candidato a Vice-Presidente.

No Estado do Pará, concluímos nossos entendimentos. Estamos aliados - por enquanto, quatro partidos políticos: o PT, o PSB, o PCB e o PC do B - e lançamos a chapa oficial ao Governo do Estado e ao Senado da República. O último Partido a tomar a sua decisão foi o Partido dos Trabalhadores. Havia uma resistência dentro do Partido no sentido de abrir mão da cabeça de chapa, mas, por maioria esmagadora de votos, o Congresso Estadual do PT, exatamente por 86,6% dos votos dos seus Delegados, decidiu lançar o nosso nome, do Partido Socialista Brasileiro, como candidato a Governador do Estado do Pará. A nossa companheira Ana Júlia Carepa, que tinha a indicação de determinado segmento e teve 13% dos votos, sai candidata ao Senado da República; e o Deputado Federal do Baixo Amazonas, mais especificamente da grande cidade de Santarém, Geraldo Pastana, do Partido dos Trabalhadores do Estado do Pará, foi indicado para Vice-Governador. Estamos trabalhando ainda a possibilidade de trazer para nossa aliança o PPS e o PDT de Leonel Brizola, que, à semelhança do PDT do Amapá, também têm posições divergentes nesta composição.

Acreditamos haver superado uma enorme dificuldade. Em 1994, quatro partidos de esquerda apoiaram o hoje Governador Almir Gabriel - o PDT, o nosso PSB, o PC do B e o PCB -, porque entendíamos que levar aquele candidato ao Governo significava derrotar quem, para todos nós, é o político mais nocivo aos interesses do nosso Estado, à época também candidato a Governador, o ex-Senador Jarbas Passarinho. O perigo de que Jarbas Passarinho voltasse ao Governo do Estado fez com que se aliassem quatro partidos de esquerda, presentes também o PTB e do PFL.

Lamentavelmente, essas são coisas da política, e Almir Gabriel mostrou quem de fato ele era: fez um governo isolado, afastado do povo, sem nenhum estímulo à participação da sociedade organizada, sem nenhum diálogo com os trabalhadores, extremamente fechado. Hoje, aquele que era o seu adversário na campanha, aquele que era acusado por ele de ser o autêntico representante da ditadura militar, de ser arbitrário, violento, de ter assinado o AI-5, hoje, está de braços dados com ele. O Governador Almir Gabriel, que, aliás, sem falsa modéstia, foi eleito com os nossos votos e com os votos do Hélio Gueiros, porque, pessoalmente, ele nunca conseguiu ter votos para se eleger - e é preciso se ter lideranças que sustentem seu processo de luta -, desprezou aqueles que o elegeram e se aliou com seu antigo adversário, o Senador Jarbas Passarinho.

Hoje, o PPB integra o Governo do Almir Gabriel, o mesmo PPB de Paulo Maluf, com o PTB, com o PL, enfim, todos os partidos tradicionalmente de direita e conservadores deste País estão do lado de Almir Gabriel, como, aliás, estão os partidos de direita do lado do Presidente Fernando Henrique Cardoso, um antigo combatente da ditadura militar, um antigo lutador pela democracia do nosso País, que tem, hoje, como base de sustentação, os partidos que apoiaram a ditadura militar durante os seus longos e tristes 22 anos de governo. São eles o PFL, o PPB do Maluf, o PTB, o PL, o PRN; enfim, o PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira -, na verdade, de social democracia não tem absolutamente nada. Nunca vi algo mais falso do que o Partido da Social Democracia, pois os seus dirigentes não têm nada de sociais democratas, seguem piamente a cartilha do neoliberalismo, a cartilha do enfraquecimento do poder do Estado, do fortalecimento do poder econômico, da iniciativa privada, em detrimento do interesse de toda a população brasileira.

Pecamos em 1994, porque confiamos no Governador Almir Gabriel; mas, agora, a esquerda do Pará encontrou o seu rumo e, toda ela unida, finalmente, vê se postarem de um lado a esquerda e a direita do outro. Parece-me, ainda mais que o ex-Senador Almir Gabriel, hoje Governador, insiste inclusive para que o atual Senador Jader Barbalho esteja ao seu lado na campanha política, pessoa que, aliás, foi também seu adversário na eleição passada. Enfim, ele quer compor toda a direita a seu lado, de forma a fazer com que reste, no Estado do Pará, a disputa entre PT, PSB, PCB e PC do B e os demais partidos conservadores do nosso Estado, à exceção de PPS e PDT, que ainda estão em posição indefinida.

Trago, então, esta boa notícia ao Senado da República, dizendo que isso fortalece a campanha do nosso candidato a Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Vamos pela terceira vez com ele, sem nenhum receio e com absoluta confiança na capacidade do povo de compreender o processo político, capacidade esta que cresce a cada eleição que se realiza, pois que basta-nos ver o aumento da representação parlamentar dos Partidos de esquerda do nosso País.

Creio que, agora, devemos dar um passo adiante, não apenas a fim de aumentar nossa representação parlamentar, o que, tenho certeza, conseguiremos, pois Ana Júlia virá para o Senado, assim como outros candidatos do PT e do PSB, chegarão a esta Casa e à Câmara, mas precisamos conquistar o Executivo. Este é um momento de grande responsabilidade para o povo brasileiro, que tem de compreender que Fernando Henrique Cardoso não é o que o Brasil deseja.

O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB-SE) - V. Exª me permite um aparte, nobre Senador Ademir Andrade?

O SR. ADEMIR ANDRADE (Bloco/PSB-PA) - Pois não, nobre Senador Antonio Carlos Valadares.

O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB-SE) - Senador Ademir Andrade, recebo, com muita alegria, a notícia que V. Exª está trazendo, qual seja, a união das forças progressistas e populares do Estado do Pará, sob o comando de V. Exª, que, nesta eleição, enfrenta o projeto neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, tanto em nível nacional quanto estadual. É o exemplo que V. Exª está dando de unificação das forças no combate tenaz a um projeto que vem empobrecendo o País. É a era do desemprego; é a era da falência de nossas empresas; é a era da substituição do capital nacional pelo capital estrangeiro. E V. Exª, ao anunciar que será candidato ao Governo do Pará, com o apoio do PT e do PC do B, e sendo V. Exª do PSB, está dando cabal demonstração ao Brasil de sua capacidade política em unificar, no mesmo palanque, forças que, de forma desigual, numa concorrência desigual, enfrentam o poderoso projeto que está sendo desenvolvido e executado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Na próxima segunda-feira, o Estado de Sergipe receberá, também, o anúncio da nossa chapa majoritária, em vista dos entendimentos que estamos fazendo com todos os partidos que compõem a base oposicionista do Estado. O PT, o PDT, o PC do B e o PSB estarão unidos, compondo um elenco de forças visando a uma mudança na política estadual, uma política de privatização, de entrega de empresas que foram construídas com muito sacrifício pelo povo do Brasil e pelo povo de Sergipe, como a Vale do Rio Doce, que também atuava no Estado de Sergipe, e a Empresa Energética de Sergipe - Energipe; todas elas vendidas, entregues à iniciativa privada, o que causou uma grande frustração no nosso povo. A resposta será dada, sem dúvida alguma, este ano. Notadamente porque estamos vendo que o Brasil está ficando mais pobre, porque o seu patrimônio está sendo jogado fora sem nenhuma resposta econômica, sem nenhuma resposta que tire o nosso povo da pobreza. Estamos empobrecendo e não há nenhuma substituição dessas empresas; pelo contrário, elas são vendidas ou para pagar dívidas, ou para fazer campanha política. Lamento esse fato e digo a V. Exª que a sua vitória no Pará e a nossa vitória em Sergipe e em outros Estados do Brasil significam uma resposta do povo brasileiro a esta situação de injustiça, de entreguismo do Governo Federal e dos Governos Estaduais, submetidos às injunções do Governo Federal.

           O SR. ADEMIR ANDRADE (Bloco/PSB-PA) - Agradeço o aparte de V. Exª.

           Sr. Presidente, almejo - e quero usar de toda a expressão que temos no PSB - que o fato ocorrido no Rio de Janeiro não nos desuna nacionalmente. Em pelo menos em 17 Estados, a composição com todas as forças de esquerda já foi praticamente fechada. Esperamos que, em âmbito nacional, isso também ocorra, porque é a única esperança que temos de derrotar o Presidente Fernando Henrique Cardoso.

           Espero que o Rio de Janeiro não seja motivo para criar dificuldades a essa união, de caráter nacional, exigida de todos nós pelo povo brasileiro.

           Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/04/1998 - Página 7182