Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM AOS 25 ANOS DE CRIAÇÃO DA EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA - EMBRAPA.

Autor
Osmar Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AOS 25 ANOS DE CRIAÇÃO DA EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUARIA - EMBRAPA.
Aparteantes
Arlindo Porto, Bernardo Cabral, Casildo Maldaner, Levy Dias, Mauro Miranda, Pedro Simon, Ramez Tebet.
Publicação
Publicação no DSF de 07/05/1998 - Página 7592
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), ELOGIO, ATUAÇÃO, EFICIENCIA, PESQUISA, DESENVOLVIMENTO, DIVULGAÇÃO, TECNOLOGIA, AUMENTO, PRODUÇÃO, AGROPECUARIA, PROTEÇÃO, RECURSOS NATURAIS.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, quero, em primeiro lugar, agradecer ao Senador Leomar Quintanilha por ceder-me a oportunidade de falar neste momento, nesta sessão.

Sr. Presidente, eu havia solicitado, em requerimento, que pudéssemos dedicar a sessão de hoje a uma homenagem à Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -, que completou 25 anos no dia 26 de abril. Mas, em função de outros requerimentos já encaminhados e de acordo com a nova regra que restringe as sessões de homenagem a apenas duas por mês, ficamos com esta sessão, que não é especificamente uma sessão de homenagem.

Todavia, Sr. Presidente, os Srs. Senadores já demonstraram, por intermédio de seus pronunciamentos, que querem homenagear essa empresa, que é uma unanimidade nacional. Se há um exemplo de eficiência na administração pública, eficiência demonstrada nos resultados práticos e que interferem diretamente na vida de cada cidadão brasileiro, no que se refere aos aspectos tanto econômicos como sociais, esse exemplo é, sem dúvida alguma, a Embrapa, empresa criada no dia 26 de abril de 1973.

Quero homenagear aqui todos os seus funcionários e aqueles que dependem dos seus serviços - e são muitos os brasileiros -, por intermédio do Presidente da Embrapa, que aqui está presente, Dr. Alberto Portugal, de seus Diretores Dante Escolare, Elza Brito e José Rodrigues Peres, e de todos os funcionários e pesquisadores que aqui se encontram. Trata-se de uma homenagem justa, que lhe deve prestar não apenas este Senado, mas toda a Nação brasileira.

Gostaria de trazer rapidamente alguns dados a respeito dessa fantástica empresa de pesquisa agropecuária, para que todos possamos avaliar a sua importância para o País no presente e, sobretudo, no futuro.

Posso dizer com certeza que não há ninguém, neste instante, que pense que o Brasil pode prescindir da Embrapa. Não há ninguém, dentro do Governo ou fora dele, que se oponha ao esforço de se alavancar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico e científico neste País por meio de um orçamento mais vigoroso para a comunidade científica e a pesquisa nacional. Isso resolveria um problema crônico: o salário dos pesquisadores, que não remunera nem de longe o esforço, a determinação, a realização e os resultados obtidos pela pesquisa agropecuária.

É preciso responder a uma pergunta, e que se o faça de modo consciente. A agricultura brasileira, em 1997, foi responsável por um superávit na balança comercial. Aqui está o nosso Ministro da Agricultura, Arlindo Porto, que comandou, com muita eficiência e, sobretudo, com muito respeito ao agricultor brasileiro, o Ministério da Agricultura nesse período que passou. S. Exª pode confirmar que a agricultura brasileira ofereceu à balança comercial no ano passado um superávit de US$11,7 bilhões, com uma exportação que chegou a US$18,5 bilhões, contra um déficit que alcançou quase US$9 bilhões. Isso significa dizer que, se excluíssemos a agricultura da balança comercial brasileira, apenas para avaliarmos a sua importância, teríamos contabilizado um déficit de mais de US$20 bilhões, o que teria colocado não em risco, mas anulado todas as conquistas do Plano Real e a estabilidade monetária que ele promoveu.

A agricultura brasileira, como se apresenta, apesar de merecer críticas, reparos, aperfeiçoamentos, é um setor de eficiência comprovada. E se a agricultura brasileira é um setor de eficiência comprovada, não podemos separá-la, divorciá-la da Embrapa, que contribuiu decisivamente para que a nossa agricultura alcançasse essa posição. Se não tivéssemos, há 25 anos, criado a Embrapa, sem nenhuma dúvida, a agricultura brasileira não estaria hoje colocada entre as mais eficientes e competitivas do mundo.

Levando em consideração o rol, o elenco, a relação enorme de tecnologias criadas pela Embrapa, a pergunta que faço é: será que teríamos ainda hoje o Plano Real funcionando não fosse o pacote tecnológico brasileiro criado por esta empresa de pesquisa exemplar? Se não tivéssemos a Embrapa, será que teríamos hoje uma agricultura no Sul do País, no Centro-Oeste, no Sudeste, competindo com a agricultura mais eficiente, que é a agricultura americana e a da União Européia, onde se pratica realmente uma agricultura profissional? Eu tenho a resposta e todos têm a resposta, mas é preciso, Sr. Presidente, que passemos a dar alguns números, para demonstrar a importância da nossa empresa de pesquisa.

Ela participou no ano passado de um setor que ainda movimenta 40% do PIB nacional, o que significou US$ 309 bilhões, envolvendo diretamente dezessete milhões de pessoas em nosso País. De seus 8991 empregados, dos quais 2096 são pesquisadores, 52% têm mestrado e 40% têm doutorado, o que significa que a empresa aplicou e investiu no treinamento e na especialização dos seus técnicos e dos seus pesquisadores. O maior patrimônio que a empresa de pesquisa tem é o seu quadro de pessoal, os seus pesquisadores treinados, especializados, que hoje estão em pé de igualdade com os pesquisadores de qualquer lugar do mundo no que diz respeito a qualidade, eficiência e prestação de serviço.

A empresa tem hoje intercâmbio com 155 países, se não me falha a memória, realiza quinhentos dias de campo, três mil palestras técnicas por ano e 550 cursos, o que significa que as suas pesquisas não ficam dentro do laboratório. Essa pesquisas são entregues às empresas de extensão rural, que, infelizmente, em tempos muito recentes - durante o Governo de Fernando Collor - foram praticamente destruídas. Apesar disso, nos Estados, a extensão rural recebe para fazer a difusão de um pacote tecnológico, o que poderia colocar a nossa agricultura em um patamar muito superior.

Fico triste quando ouço discursos apresentando a nossa agricultura como ainda incapaz de produzir cem milhões de toneladas de grãos. Ela é capaz de produzir muito mais do que cem milhões, até mais do que duzentos milhões de toneladas de grãos.

Com o pacote tecnológico criado para o cerrado brasileiro, a Embrapa possibilitou o aproveitamento de 35 milhões de hectares para pastagens e doze milhões de hectares para culturas perenes e anuais. Permitiu, com isso, o alojamento de mais de 40% do rebanho de bovinos do Brasil e, sobretudo, a produção de 40% da soja brasileira no cerrado, colocando à nossa disposição não os doze milhões já plantados, mas mais de cem milhões de hectares. Com uma produtividade média de dois mil quilos, o cerrado brasileiro sozinho poderia estar colocando nos armazéns e nas mesas deste País e dos países compradores de produtos primários mais de duzentos milhões de toneladas de grãos.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senador Osmar Dias, desculpe-me interrompê-lo. Faço-o apenas para prorrogar a Hora do Expediente pelo tempo necessário permitido pelo Regimento, de modo a que V. Exª possa terminar o seu pronunciamento.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Sr. Presidente, gostaria de aprofundar o meu pronunciamento, mas vejo que muitos Srs. Senadores estão querendo homenagear a Embrapa e não serei eu que os impedirá de fazê-lo.

Ouvirei o Senador Pedro Simon, que havia pedido um aparte em primeiro lugar e depois o Senador Ramez Tebet. Em seguida, os senadores Bernardo Cabral e Arlindo Porto.

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Ninguém melhor do que V. Exª para fazer esse pronunciamento. Digo isso em razão de seu conhecimento, de sua capacidade e em razão do que V. Exª fez na Secretaria da Agricultura do Paraná durante oito anos.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR.) - Obrigado.

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Em primeiro lugar, quero lamentar que só haja duas sessões especiais por mês, o que considero correto. Não sei quais são as outras duas, mas acho difícil que sejam mais importantes do que esta dedicada à Embrapa. Estamos diante de um dos grandes orgulhos deste País, não há dúvida nenhuma. Não sei de quantas coisas o Brasil pode se orgulhar, mas no que diz respeito à Embrapa, podemos nos orgulhar muito: é uma empresa de primeira linha, não perde para ninguém, tem condições de ser identificada como a grande responsável pelo crescimento deste País. O que emociona na Embrapa é o carinho, o amor, a dedicação, o orgulho com que aquela gente trabalha. Conta a empresa com técnicos formados no mundo inteiro, que recusam propostas várias vezes superiores ao que eles ganham, para dedicar-se com carinho ao seu trabalho. Nunca me esqueço de que, quando eu era Ministro da Agricultura, levei o Presidente Sarney para conhecer a unidade da Embrapa aqui em Brasília. Quando ele viu o que ali era feito - ele não imaginava que podia ser como era -, quase foi às lágrimas. Se este fosse um país sério, com a Embrapa e com a disposição de fazer, estaria equacionado o problema deste País. Primeiro: não teríamos trinta milhões de pessoas passando fome; segundo: seríamos o maior exportador do mundo. Não há como deixar de reconhecer a tecnologia da Embrapa, a modernidade, o avanço da Embrapa, as possibilidades que a Embrapa vem oferecendo. V. Exª outro dia apresentou números, mostrando que U$1 milhão pode criar doze empregos na indústria e duzentos na agricultura. O Governo querendo, o Governo tendo disposição, podemos aumentar enormemente a produção agrícola. Se em dois anos a Argentina aumentou em 50% a sua produção agrícola, também podemos fazê-lo. Com a nossa extensão de terras, com essa variedade de terras e climas, não precisaríamos do que foi gasto com o Proer para isso. Se 20% do que foi gasto com o Proer fosse dedicado ao crescimento do setor agrícola, via Embrapa, transformaríamo-nos no celeiro do mundo. Quero trazer o meu abraço muito fraterno à Embrapa, dizer do orgulho que ela causa a nós brasileiros, da alegria de ver o que ela faz, a sua luta, o seu esforço e a sua dedicação permanente e constante. A Embrapa do Rio Grande do Sul está fazendo uma exposição dos seus 25 anos, apresentando os seus produtos. Vejo que a Embrapa é o que temos de melhor no Brasil. A causa da agricultura seria uma boa causa a ser advogada pelo Senado. O Senado poderia assumir o comando desse empreendimento, reunindo-se com a Embrapa para buscar um plano e partir para os duzentos milhões de toneladas.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Senador Pedro Simon, V. Exª que já foi Ministro da Agricultura, a exemplo do nosso Ministro Arlindo Porto, sabe muito bem a importância da Embrapa, que não se preocupa em produzir mais e melhor e sim em produzir mais, melhor e dentro de um desenvolvimento sustentado que permita guardar e até melhorar as condições naturais para as gerações futuras. Não podemos nem pensar em usar os recursos naturais que são finitos, como o solo e principalmente a água, sem pensarmos que todas as pesquisas devem ser direcionadas para preservação, recuperação, recomposição e até melhoramento da qualidade desses recursos naturais para as gerações futuras. Nesse sentido, a Embrapa não desenvolve uma pesquisa que não tenha esse princípio embutido no seu desenvolvimento.

O Senador Bernardo Cabral, que é da Amazônia, sabe da importância dos recursos genéticos em nosso País. Sou Relator de um projeto que regula o acesso à biodiversidade no Brasil. Portanto, vejam estes dados: a Embrapa conta com uma rede de bancos de germoplasma com o acervo de cerca de 200mil acessos, que é amostra de germoplasma representativa de indivíduos de uma população. É o maior patrimônio genético do mundo preservado e o temos graças à dedicação desses homens que fazem a Embrapa de verdade.

Esse banco genético que temos em nosso País e que deverá ser preservado, além de 150 mil acessos vegetais - digo o germoplasma, a semente, enfim, a parte física de um vegetal, que significa a possibilidade de sua reprodução - conserva em nitrogênio líquido, a 196 graus negativos, 150 embriões, 28.500 doses de sêmen e 500 amostras de DNA de raças que, aparentemente, não têm mais importância, porque já evoluímos para um padrão genético muito melhor, com mais produtividade e mais qualidade. No entanto, é necessário preservar essas raças, até porque poderemos precisar de gens destas raças para conferir mais resistências às espécies que temos em criação e que foram desenvolvidas pela pesquisa.

Uma curiosidade: os índios Craôs encontraram, no banco de germoplasma da Embrapa, sementes de milho plantadas por seus antepassados e já desaparecidos das aldeias. Hoje, a Embrapa devolveu esse milho para as aldeias desses índios Craôs, numa demonstração da importância desse banco de germoplasma, que a Embrapa guarda, com muito carinho, para as gerações futuras - coloca futuro nisso.

O Sr. Ramez Tebet (PMDB-MS) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Concedo o aparte ao Senador Ramez Tebet.

O Sr. Ramez Tebet (PMDB-MS) - Senador Osmar Dias, considero a homenagem aos 25 anos da Embrapa muito justa e muito meritória. Sou daqueles que concordam que, sem dúvida nenhuma, a Embrapa é a mais organizada instituição brasileira. A mim me parece que, no setor da pesquisa, ninguém neste País tem prestado tanto serviço aos brasileiros como a Embrapa. Para tanto inscrevi-me, mas vejo que não terei tempo e não lamento o fato de não poder ocupar a tribuna como desejava fazê-lo, porque ela está sendo ocupada por V. Exª que tem todos os títulos, toda a categoria para prestar esta justa homenagem à Embrapa e falar sobre suas realizações a favor do desenvolvimento auto-sustentado em nosso País. Represento aqui, junto com os Senadores Levy Dias e Lúdio Coelho, o Estado do Mato Grosso do Sul, que talvez seja a Unidade da Federação onde mais a Embrapa tenha mostrado sua eficiência, talvez pelas particularidades de Mato Grosso do Sul ou porque esteja lá uma das maiores riquezas deste País, o Pantanal, para cujo patrimônio a Embrapa deu e continua dando uma contribuição inestimável, ou seja, não só catalogando as espécies da fauna e flora, não só mostrando ao País que naquele Pantanal se abrigam 15 milhões de jacarés, 700 mil capivaras e outras espécies, mas fazendo muito mais, indicando os caminhos para que o Poder Público possa realmente preservar o meio ambiente, evitando o açoriamento dos seus rios, como é o caso do rio Taquari. Também V. Exª falou, com categoria, o que a Embrapa tem feito em favor dos cerrados. Permita-me dizer a V. Exª e ao Senado da República, que lá no meu Estado, Mato Grosso do Sul, talvez esteja localizada a maior fronteira de cerrado existente em nosso País. E o aproveitamento desse cerrado para a pecuária e para a agricultura nós devemos, sem dúvida nenhuma, ao trabalho excepcional que a Embrapa realiza. Poderia ir mais longe, mas V. Exª já entrou em outro ponto que me parece capital: a Embrapa vem trabalhando com a visão de que realmente precisa desenvolver todo esse trabalho, buscando o desenvolvimento auto-sustentado, procurando preservar o meio ambiente, o que significa tentar dar qualidade de vida a nossa população, a nossa gente. Assim, associo-me e me parabenizo com a Embrapa, parabenizo-me com o Brasil, que tem a Embrapa, e formulo os votos para que as autoridades competentes aproveitem melhor as pesquisas e os estudos que essa instituição vem desenvolvendo. E cumprimento V. Exª, perdoem-me os outros, por estar falando e representando muito bem o pensamento de todos nós a respeito dessa instituição que hoje completa 25 de serviços prestados ao País.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Agradeço a V. Exª, Senador Ramez Tebet, que, como o Senador Levy Dias e Lúdio Coelho, são Senadores de sorte. Lá no Mato Grosso do Sul temos o Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte, que, sem dúvida nenhuma, também é um dos responsáveis pela liderança do Mato Grosso do Sul na pecuária de corte do País, porque a tecnologia disponível para os pecuaristas hoje é uma tecnologia que também está a nível de qualquer país do mundo. Inclusive, temos criadores, aqui mesmo, que já utilizam da tecnologia da Embrapa, como o próprio Senador Levy Dias.

E só para dar exemplos de como a Embrapa foi importante, não foi por acaso que, da sua criação até hoje, a soja teve um crescimento de 360% no nosso País; o milho, 128%; o trigo, 49%; e o feijão, 27%. Se tomarmos a área de plantio de vários anos atrás, chegaremos à conclusão de que a área de plantio até decresceu. Já chegamos a plantar 42 milhões de hectares neste País e na safra passada não chegamos a 38 milhões de hectares - plantamos 37 milhões e 800 mil hectares. E o que foi que aconteceu? A nossa safra, Sr. Presidente, já é superior ao tempo em que plantávamos uma área de 42 milhões de hectares, o que significa que a produtividade cresceu graças à tecnologia gerada por essa espetacular empresa de pesquisa.

O Sr. Bernardo Cabral (PFL-AM) - Permite V. Exª um aparte?

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - E mais, Senador Bernardo Cabral, como já havia dito, a Embrapa não se preocupa apenas em produzir mais, mas em guardar os recursos naturais para que, no futuro, as nossas gerações garantam também o seu alimento. Ela está presente em todas as regiões - no Semi-árido, nas Regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste e na Amazônia de V. Exª, a quem concedo o aparte.

O Sr. Bernardo Cabral (PFL-AM) - Nobre Senador Osmar Dias, em primeiro lugar, quero fazer um reparo ao discurso de V. Exª: é na altura em que V. Exª, ao responder ao aparte do nobre Senador Ramez Tebet, disse que os três de Mato Grosso do Sul são homens de sorte. Não. De sorte é o Senado por tê-lo como seu integrante.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Obrigado.

O Sr. Bernardo Cabral (PFL-AM) - E veja bem V. Exª porque é que faço este reparo: porque todos que lhe aparteiam - e eu me incluo entre esses - registramos um sentimento de inveja de não sermos o autor desse discurso. É interessante registrar isto: é uma inveja sadia, aquela ira santa de que nos falava a Bíblia, porque, em verdade, como diz o Senador Lúcio Alcântara, até ele gostaria de pegar carona como aparteante. Não podendo fazê-lo, uma vez que está terminando o tempo, faço por S. Exª, devidamente autorizado. E já que V. Exª falou na Amazônia, veja os dados que me chegaram às mãos sobre a nossa empresa de pesquisa agropecuária, que, na minha terra, no meu Estado, é um exemplo notável. Deve-se à Embrapa - e peço permissão para que isso seja incluído no discurso de V. Exª - o fato de a minha região passar a ter zoneamento agroecológico, que contribuiu para o desenvolvimento baseado na utilização segura dos recursos naturais. É claro que não vou ler isto, porque o Presidente já me adverte que não devo tirar o brilho do discurso de V. Exª com este aparte - portanto, não vou adiante. Mas permita-me V. Exª, Sr. Presidente, com a característica gentil que sempre norteia e comanda Presidência de V. Exª, que, pelo menos, fale sobre o dendezeiro, a coleta do cupuaçu e as pesquisas que a Embrapa fez para aumentar a rentabilidade da pecuária na Amazônia, e de tal sorte que ali a produção de carne passou de trezentos a seiscentos por cento em relação à pecuária tradicional. É com esse sentimento de inveja de que lhe falava há pouco que me permito, com muita alegria, juntar-me ao discurso de V. Exª, saudar o Dr. Alberto Portugal, que é pessoa conhecida, e dizer que só lamento uma coisa nestes vinte e cinco anos de existência da Embrapa: que os seus pesquisadores, os seus funcionários não sejam remunerados como merecem. Se eles o fossem, o discurso de V. Exª, eu sei, estaria na altura que V. Exª sempre esteve nesta Casa, isto é, fazendo uma grande justiça. Meus cumprimentos, Senador.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Senador Bernardo Cabral, na roça costumamos dizer que gente como V. Exª é craque, que alguém como é V. Exª é um campeão. Por isso quero agradecê-lo, até um pouco constrangido, pois sei da sua generosidade e da amizade que nos une.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senador Osmar Dias, V. Exª já ultrapassou em quatro minutos o seu tempo.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Sr. Presidente, em homenagem à Embrapa, gostaria de pedir a V. Exª alguns minutos, para que eu possa ouvir o Senador Arlindo Porto, que foi Ministro da Agricultura. Eu não gostaria de deixar de ouvi-lo neste instante.

O que leu o Senador Bernardo Cabral é de extrema importância. A Embrapa baseou todo o desenvolvimento da Amazônia no zoneamento agroecológico, o que permite o desenvolvimento sustentado e a não agressão ao meio ambiente. Tomara que os homens deste País saibam entender a importância disso, porque se entenderem, não teremos mais queimadas como a de Roraima. A pesquisa da Embrapa indica os caminhos e como deve ser utilizada aquela região. Basta seguir os caminhos apontados pela Embrapa.

Ouço com atenção o Senador Arlindo Porto.

O Sr. Arlindo Porto (PTB-MG) - Senador, nesta oportunidade - estou inscrito para falar e, não sendo possível fazê-lo antes da Ordem do Dia, seguramente eu o farei depois -, gostaria de aqui registrar que, mais que um pronunciamento, estarei trazendo um testemunho de alguém que foi, durante dois anos, Ministro da Agricultura, tendo a honra e o privilégio de conviver com a Embrapa, com o seu Presidente, Dr. Alberto Portugal, com o Dr. Dante, a Drª Elza, o Dr. José Peres, que são os diretores, os cientistas, os pesquisadores, os funcionários daquela empresa, importante sim. V. Exª está sendo muito feliz por estar retratando em seu pronunciamento a opinião de todos nós Senadores, com a competência que lhe é peculiar, especialmente por sua característica de profissional da área, de engenheiro agrônomo, de Secretário por dois mandatos, enfim, de homem que conhece, sobretudo, a importância da agricultura e da pecuária brasileiras. Quero cumprimentar V. Exª, render-lhe as minhas homenagens por esse oportuno pronunciamento, com a certeza, consolidada em seu pronunciamento, de que a agricultura, o setor do agribusiness brasileiro são responsáveis pelo sucesso da nossa economia. Quando tivermos fortalecido o setor rural, quando tivermos o homem do campo participando de maneira clara, de maneira efetiva desse desenvolvimento, não teremos fome, não teremos miséria; estaremos, sobretudo, dando dignidade ao cidadão brasileiro. Cumprimento V. Exª e aproveito para render as minhas homenagens à Embrapa.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Muito obrigado, Senador Arlindo Porto.

Sr. Presidente, há mais Senadores, como, por exemplo, o Senador Levy Dias, pedindo aparte. Pergunto a V. Exª se isso é possível ainda.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Faço um apelo aos Srs. Senadores para que compreendam que temos 22 Srs. Senadores inscritos e uma pauta com votações nominais prevista para hoje, inclusive a aprovação de nomes de embaixadores e de ministros de Tribunais Superiores.

No entanto, a Mesa não deseja privar a Casa de ouvir a contribuição que os aparteantes ainda têm a oferecer.

O Sr. Casildo Maldaner (PMDB-SC) - Pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senador Casildo Maldaner, o Senador Osmar Dias está com a palavra. A Mesa não pode dar a palavra a V. Exª, a menos que V. Exª obtenha um aparte.

O Sr. Casildo Maldaner (PMDB-SC) - Seria sobre isso, Sr. Presidente, já que sou um dos inscritos para tratar desse tema. Dada a importância do fato, penso que em mais uns cinco ou seis minutos esgotaríamos esse assunto.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senador Casildo, V. Exª está aparteando o Senador Osmar Dias?

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Sr. Presidente, antes de ouvir o aparte do Senador Mauro Miranda, quero apenas contar a V. Exª, que deve conhecer esse assunto, que a importância da Embrapa é tão grande, que, com uma tecnologia criada, o uso do rizóbio nas leguminosas como a soja e o feijão, temos uma economia de nutrientes do solo, por ano, de US$1,5 bilhão.

É mais um dado para demonstrar a importância da pesquisa.

Ouço o Senador Mauro Miranda.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Não estivesse a Mesa consciente dessa importância, evidentemente, como já foram ultrapassados nove minutos do tempo, a liberalidade não seria tanta.

Continua V. Exª com a palavra.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Foi só para lembrar, Sr. Presidente. Concedo o aparte, com satisfação, ao Senador Mauro Miranda.

O Sr. Mauro Miranda (PMDB-GO) - Senador Osmar Dias, V. Exª sempre tem sido um porta-voz dos Senadores ligados à agricultura. E mais uma vez, neste momento, reflete o nosso pensamento sobre o trabalho magnífico, exuberante, que a Embrapa faz por todo o Brasil. O Senador Ramez Tebet busca que a Embrapa proteja mais o Mato Grosso do Sul. Da minha parte, acho que a Embrapa dá um carinho especial a Goiás, com o seu centro de pesquisa do arroz e do feijão, desses elementos básicos da alimentação do povo brasileiro. Neste momento, quero me associar a V. Exª, como fizeram aqueles que o apartearam, fazendo minhas as suas palavras, e também do ex-Ministro e Senador Iris Rezende Machado, companheiro de Bancada, que tem por essa instituição exemplar uma admiração profunda, e do Senador José Saad. Agradecemos a Embrapa pelo excelente trabalho feito em Goiás e, por extensão, em todo o Centro-Oeste. Muito obrigado.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Muito obrigado, Senador Mauro Miranda.

Ouço o Senador Levy Dias.

O Sr. Levy Dias (PPB-MS) - Cumprimento a Mesa, Sr. Presidente, pela compreensão, porque o assunto é de grande relevância para o nosso País. A justa homenagem que se faz à Embrapa hoje - e essa incumbência está nas mãos de uma das maiores autoridades no assunto, o Senador Osmar Dias, que foi Secretário de Agricultura do Estado mais produtivo do nosso País em grãos, que é o grande Paraná, nosso vizinho - é estendida, naturalmente, a todo o seu corpo técnico, a todos os funcionários. Permita-me entrar em seu discurso, Senador, pois embora eu também esteja inscrito, o tempo não vai permitir que falemos sobre esse assunto, para dizer que o País realmente não pode prescindir da Embrapa. Mesmo com essa febre de privatizações, a Embrapa precisa continuar no seu caminho, com o seu trabalho, considerando inclusive que ele é feito exclusivamente dentro do interesse patriótico do nosso País. Como uma empresa particular, ela trabalharia com o interesse de empresa. Mas o trabalho que a Embrapa fez no nosso País, nestes 25 anos, em que gerou cerca de oito mil tecnologias novas, precisa continuar sob a batuta do Governo. E o Governo precisa compreender que quem não pesquisa caminha para trás. E que a pesquisa feita pela Embrapa pode conduzir o nosso País, conforme bem afirmou V. Exª, Senador Osmar Dias, a uma produção de grãos maior do que a dos Estados Unidos da América do Norte. Temos capacidade, empresários e tecnologia para isso. Falta apenas a política governamental. No dia em que o Governo entender - e V. Exª deixou isso absolutamente claro no início do seu discurso - o significado da agricultura na produção rural e na balança externa, vai agir como o pequenino produtor do seu Estado e como os demais produtores brasileiros que se encontram em situação de desespero devido às taxas de juros. O que eles fazem? Eles vão em busca de tecnologia, para produzir mais e melhor. É isso que o Governo brasileiro precisa fazer na área do Ministério da Agricultura e da produção rural. Creio, Senador Osmar Dias, que a homenagem de hoje é das mais justas. A Embrapa tinha, no passado, uma dificuldade maior para fazer com que suas descobertas chegassem ao produtor. Hoje, com a sua página no centro de comunicação mundial de dados, a Internet, ela faz com que essa tecnologia chegue facilmente a todos os recantos do nosso Brasil. Deixo registrado o meu total apoio ao discurso do Senador Osmar Dias e também o meu elogio ao trabalho de todo o corpo funcional da Embrapa. Fico torcendo para que o Governo brasileiro compreenda o momento que o Brasil vive, a fim de que possa produzir mais, produzir melhor e eliminar um dos maiores cânceres que existem na sociedade brasileira - o desemprego. Por intermédio do campo é que vamos resolver o problema do desemprego. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senador Osmar Dias, a Mesa apela a V. Exª para que conclua seu discurso, pois o seu tempo já está ultrapassado em quatorze minutos.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Sr. Presidente, peço desculpas então àqueles que me pediram aparte.

O Sr. Casildo Maldaner (PMDB-SC) - Senador, eu desejo apenas uma “carona” e sei que o Presidente é tolerante. Todo mundo, como disse o Senador Bernardo Cabral, quer uma “carona” num pronunciamento como este de V. Exª, que é uma autoridade no ramo, e não apenas por ter sido Secretário de Agricultura do Estado do Paraná por duas vezes. Vários Senadores o apartearam - entre eles dois ex-Ministros da Agricultura, Arlindo Porto e Pedro Simon - para congratular-se com V. Exª na homenagem que faz. Santa Catarina tem o Centro Nacional de Pesquisa de Suinocultura e se orgulha disso. Pelos vinte e cinco anos, pelas bodas de prata da Embrapa, festejadas com a sociedade brasileira, meus cumprimentos.

O SR. OSMAR DIAS (PSDB-PR) - Muito obrigado, Senador Casildo Maldaner, pelo seu aparte.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo que a melhor homenagem que se pode prestar à Embrapa é este Senado, por intermédio de todos os Senadores, tomar a iniciativa de aumentar o orçamento para a pesquisa neste País, sobretudo em respeito aos pesquisadores, que se dedicam ao trabalho muitas vezes sem ganhar o equivalente àquilo que fazem de bem para o País.

Se querem resolver o problema do emprego, se querem resolver o problema da miséria, inclusive do Nordeste, que arde durante a seca, então dêem os instrumentos para a Embrapa, pois ela saberá criar tecnologia, inclusive para aquela região do semi-árido, como já criou, por exemplo, com a fruticultura instalada no Nordeste brasileiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente. Gostaria de ouvir os outros Senadores e de continuar falando, mas devo cumprir o Regimento e agradeço a compreensão de V. Exª.

Parabéns à Embrapa pelo trabalho prestado ao nosso País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/05/1998 - Página 7592