O SR. ROMERO JUCÁ (PFL-RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, trago a este plenário um fato preocupante: aprovamos no Congresso Nacional a reeleição de governantes; sabíamos que, em alguns casos, enfrentaríamos a falta de ética, a tentativa do uso da máquina administrativa do poderio econômico e a pressão política, exercida por alguns.

Durante as votações, alertamos para essa questão, apesar de entendermos que a reeleição é importante para o amadurecimento político do País. Infelizmente, os governantes brasileiros e os políticos não têm um código de ética, como tão bem lembrou o Senador Artur da Távola ao mencionar o Código de Ética jornalístico do Correio Braziliense.

Lamentavelmente, venho registrar um fato que me entristece como Senador por Roraima, mas que, ao mesmo tempo, demonstra na prática que o Tribunal Superior Eleitoral, o Ministério Público Federal e os Tribunais Regionais Eleitorais terão que agir com rigor para que tenhamos uma eleição livre e democrática no dia 4 de outubro.

Os jornais brasileiros, não apenas os de Roraima, publicaram fotografias do Governador do meu Estado, Neudo Campos, num palanque eleitoral, fazendo campanha política antes da hora e burlando a Lei Eleitoral. E mais, publicaram fotos nas quais o Governador aparece distribuindo dinheiro a populares durante um evento público, patrocinado pelo Governo do Estado de Roraima.

Esse é um fato lamentável e insere novamente o Governador Neudo Campos no ranking dos maus governantes e dos administradores desastrados, como foi no caso da morte dos bebês da maternidade do Governo do Estado, como foi no caso dos incêndios que assolaram Roraima. Agora, o Governador inicia o périplo ou o ranking dos governadores que estão abusando da máquina pública para tentar uma reeleição.

Espero que o Ministério Público federal tome providências. Seguidores do Governador já vieram aos jornais esta semana tentando defendê-lo. Houve, inclusive, um Procurador dizendo que não foi crime eleitoral porque era pouco dinheiro. Crime eleitoral seria se fosse distribuição de geladeira para cima, como se houvesse também tabela para a compra de votos.

Realmente, esse é um fato lamentável, que nos entristece e coloca novamente o Governo do Estado de Roraima numa situação extremamente difícil, como já disse, mas que expõe também o nosso Estado.

Não gostaríamos de estar registrando esse fato, a não ser pela necessidade de que o Tribunal Superior Eleitoral tome providências. Já tivemos eleições adiadas e processos de burla de votos em Roraima, portanto, há um passado negro que precisa ser corrigido com extrema urgência.

Eu gostaria de protestar contra esse ato do Governador Neudo Campos. Mais uma vez, S. Exª demonstra que o seu Governo é uma sucessão de abusos, irregularidades e enganos.

O Governador faz publicidade, dizendo que está construindo a linha de transmissão de Guri, da Venezuela para o Brasil, quando é o Governo Federal que está executando essa obra. No palanque, segundo dizem os jornais, S. Exª acenava com notas de dez reais para os eleitores, mas lhes distribuía notas de um real. Quer dizer, até nisso o Governador não consegue ser fidedigno, não consegue ser verdadeiro. S. Exª engana até na tentativa da compra! Portanto, entrega-se, demonstrando qual vai ser a sua marca e o seu caminho nesta campanha.

Faço este alerta e solicito a V. Exª, Sr. Presidente, a transcrição dos jornais - Jornal de Brasília, O Estado de S.Paulo, Folha de Boa Vista, Diário de Roraima -, pois aqui estão as provas, bem como do artigo magistral do articulista Jessé de Souza, que tem o título “Quem quer dinheiro”.

O Governador Neudo Campos tenta imitar o apresentador Sílvio Santos, mas sem o mesmo brilho, sem a mesma competência e, nesse caso específico, ferindo a lei, o que é extremamente lamentável.

Muito obrigado, Sr. Presidente.