Discurso no Senado Federal

EXPECTATIVA COM RELAÇÃO AOS BENEFICIOS SOCIAIS QUE IRA ADVIR COM A AMPLIAÇÃO DE NOVOS TRECHOS DO METRO DE RECIFE/PE, PREVISTOS PARA O ANO DE 2001.

Autor
Joel de Hollanda (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: Joel de Hollanda Cordeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO.:
  • EXPECTATIVA COM RELAÇÃO AOS BENEFICIOS SOCIAIS QUE IRA ADVIR COM A AMPLIAÇÃO DE NOVOS TRECHOS DO METRO DE RECIFE/PE, PREVISTOS PARA O ANO DE 2001.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/1998 - Página 8079
Assunto
Outros > POLITICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO.
Indexação
  • ANUNCIO, AMPLIAÇÃO, METRO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), BENEFICIO, USUARIO, TRABALHADOR.
  • IMPORTANCIA, PLANEJAMENTO, URBANISMO, BRASIL, GARANTIA, ORDEM SOCIAL, ESPECIFICAÇÃO, SOLUÇÃO, TRANSITO.

O SR. JOEL DE HOLLANDA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o metrô de Recife prepara-se para desempenhar daqui a três anos um papel de destaque entre os transportes urbanos de massa que funcionam na capital. Assim, no primeiro ano do século XXI, o metrô pernambucano será o segundo do País e terá 34,5 quilômetros de extensão.

           No final do mês de março, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU, anunciou a assinatura das ordens de serviço para o início das obras. Segundo os técnicos, os trabalhos de infra-estrutura foram divididos em cinco lotes e representam 116 milhões de reais.

           Deverão ser construídos 18,5 novos quilômetros de trilhos e o número de estações passará de 17 para 28. Ao todo, o projeto vai custar 204 milhões de reais que serão financiados pelo Governo Federal e pelo Banco Mundial.

           A expectativa da diretoria do Metrô Recife - Metrorec, órgão administrador do sistema, é que a ampliação trará grandes benefícios para os transportes urbanos da capital, para os usuários, particularmente para os trabalhadores que deles se utilizam.

           Para se ter uma idéia da importância dos ganhos sociais com a abertura dos novos trechos, basta examinar os números atuais e compará-los com as projeções feitas para o ano 2001, prazo previsto para a conclusão da obra e para o início das operações.

           Hoje, o metrô do Recife funciona com uma demanda estimada de 43 milhões e 200 mil passageiros por ano, tem 16 quilômetros de extensão e 17 estações de embarque e desembarque. Com a conclusão dos 18,5 quilômetros previstos para o ano 2001, a demanda anual de passageiros está prevista para 129 milhões e 600 mil, e a demanda diária será de 360 mil pessoas.

           É importante ressaltar que os órgãos envolvidos com o projeto já tomaram as devidas providências para que as obras possam seguir de maneira rápida e sem interrupções. Nesse sentido, já foram superados alguns pontos que poderiam dificultar o seu avanço e que passamos a enumerar:

           - Nas áreas onde deverão ser assentados os novos trilhos, convênio celebrado com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco - CHESF, já está permitindo o remanejamento das linhas de alta tensão;

           - O Governo do Estado, em trabalho conjunto com a Companhia de Saneamento - COMPESA e com a Companhia de Eletricidade de Pernambuco - CELPE, já conseguiu superar interferências importantes situadas no âmbito dessas duas empresas;

           - Os estudos de impacto ambiental também já foram liberados;

           - Todos os Decretos sobre desapropriações de áreas já foram devidamente assinados pelas Prefeituras de Recife, Jaboatão e Camarajibe, que são os três municípios atingidos pelas obras de ampliação;

           - A Prefeitura de Recife já promoveu a licitação pública para a construção de 545 unidades habitacionais que servirão para abrigar as populações que deverão ser remanejadas com o avanço das obras;

           - A linha de testes e a ampliação das oficinas que deverão garantir assistência permanente ao trens já estão em fase de construção. Vale ressaltar que o Vice-Presidente da República, Marco Maciel, foi o maior defensor e o autor da liberação dessas ordens de serviço.

           Segundo o Presidente da CBTU, as obras de ampliação do metrô de Recife além de gerar cerca de 2 mil empregos diretos na construção civil, contribuirão para o aumento da arrecadação e permitirão que as populações das áreas que serão atingidas pelos trabalhos possam usufruir de um transporte veloz, moderno, barato, confortável e não poluente.

           Sr. Presidente, não podemos nos esquecer de que a cidade e os modos de organização urbana serão temas dominantes no século XXI. É justamente sobre o futuro das cidades que os intelectuais, os professores, os técnicos, os urbanistas e os governantes dirigirão as suas atenções no próximo milênio. O respeitado urbanista francês Paul Virilio, descendente de italianos, tem procurado constantemente abrir o debate nessa direção e, em suas análises, procura sempre destacar a relação entre desenvolvimento tecnológico e controle social. Segundo ele, ao contrário dos Estados, as cidades estão se “terceiro mundializando” devido à sua densidade populacional, ao desemprego e à sua incapacidade de garantir a paz social, a democracia e uma qualidade de vida satisfatória aos seus habitantes. Virilio entende ainda que, no século XXI, basicamente nas aglomerações urbanas, teremos uma minoria de sedentários que em qualquer lugar estarão com o seu laptop, o seu celular e outros gadgets, e uma pesada maioria de nômades que não terão casa para morar, não terão emprego e viverão vagando sem rumo, sobrevivendo apenas da sobra social e do lixo jogado pelos ricos.

           Infelizmente, será com a perspectiva desse ambiente sombrio preconizado por Virilio que teremos de repensar urgentemente a vida urbana em nosso País e impedir que as nossas metrópoles entrem em colapso e se transformem em verdadeiras praças de guerra.

           É importante que essa obra de ampliação do metrô de Recife seja o primeiro passo para minorar um grande problema em nossa cidade que é o trânsito, aliás, uma das questões mais graves das grandes aglomerações urbanas neste século.

           Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/1998 - Página 8079