Pronunciamento de Carlos Wilson em 21/05/1998
Discurso no Senado Federal
HOMENAGEM DE PESAR PELOS 30 DIAS DE FALECIMENTO DO DEPUTADO LUIS EDUARDO MAGALHÃES.
- Autor
- Carlos Wilson (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
- Nome completo: Carlos Wilson Rocha de Queiroz Campos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- HOMENAGEM DE PESAR PELOS 30 DIAS DE FALECIMENTO DO DEPUTADO LUIS EDUARDO MAGALHÃES.
- Aparteantes
- Benedita da Silva, Casildo Maldaner, Djalma Bessa, Elcio Alvares, Francelino Pereira, Joel de Hollanda, Leomar Quintanilha, Pedro Piva, Romeu Tuma.
- Publicação
- Publicação no DSF de 22/05/1998 - Página 9116
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM POSTUMA, LUIS EDUARDO MAGALHÃES, DEPUTADO FEDERAL, ESTADO DA BAHIA (BA), EX PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, há trinta dias perdemos o Deputado Luís Eduardo Magalhães.
Confesso que, ainda tenho o espírito atordoado com a surpresa e a extensão do golpe.
Como é precária a vida diante da realidade da morte! Felizes os que, nesse momento de angústia, sentem em Deus a explicação de tudo: a morte vence a matéria mas o espírito vence a morte. A vida espiritual subsiste eterna e intangível nas grandes ações do homem; na sua obra; na paixão do seu idealismo; no sentido de sua pregação, em tudo enfim, que exprime a existência espiritual e moral dos seres humanos.
Luís Eduardo tem o milagre da sobrevivência.
Aqueles que o conheceram de perto nunca mais perderão a lembrança da sua existência. E eu, Sr. Presidente, tive tempo de conhecê-lo como ele era.
Era um jovem de raras virtudes cívicas e de aprimorado espírito público. Leal nas atitudes, correto e elegante no trato. Amigo devotado - não distinguia vinculasses partidárias na dedicação da sua amizade. Fiel as suas idéias, que se traduziam como autêntica expressão do ideal coletivo.
Via o Congresso Nacional como o fórum adequado para sua luta democrática. Vivia a política numa peregrinação constante para servir ao Brasil. Doava-se a cada minuto ao que acreditava e fazia.
Tinha voz de comando. Líder inconteste, nele havia inato o estrategista. Homem de combate mas, sobretudo de construção. Buscava com respeito o adversário, a harmonização dos contrastes, mas era bravo e digno na defesa dos princípios que abraçava e em face dos quais não transigia. Confiava no projeto político do Governo Fernando Henrique e lutava com entusiasmo pela modernização do Estado brasileiro, tendo sido o artífice das grandes vitórias das reformas constitucionais no Congresso Nacional.
Sem ele, ainda que os propósitos sejam os mesmos, a luta perde muito em emoção.
Luís Eduardo amava a Bahia, pleno de anseios pelo futuro de sua terra e de sua gente.
Cultivava extrema afeição pelo Pai o Senador Antonio Carlos Magalhães, a quem considerava o melhor e maior político brasileiro.
Com o mestre aprendeu as filigranas do processo político, as lições de dignidade, de honradez, de bravura e de espírito público.
Entre ele e o pai existia uma relação de ternura, admiração e respeito recíproco. Eram cúmplices nas idéias e nos objetivos constituídos em comum. Juntos embalavam os sonhos de uma Bahia cada vez mais desenvolvida e bela e de um Brasil mais equânime, justo e feliz.
Hoje a sua memória é fonte permanente de inspiração para continuidade da missão política do Senador Antonio Carlos Magalhães, na projeção mais elevada que a história lhe reserva.
Político conciliador e carismático, Luís Eduardo foi, inegavelmente, o homem inteligente, alegre, educado, severo e honesto. Não ascendeu à fama de forma repentina. Veio vindo aos poucos, devagar, como um regato que não tem pressa de chegar ao mar.
Aprendera ele, desde cedo, que uma grande vida pública deve ser iluminada pelas lâmpadas do sacrifício, da verdade, da imaginação e da obediência, tal como dissera meu conterrâneo Joaquim Nabuco.
Luís Eduardo foi um dos mais ilustres representantes da nova geração de homens públicos. A Bahia já cantava, em uníssono de alegria, consagrando-o como futuro Governador.
O Sr. Joel de Hollanda (PFL-PE) - Permite-me V. Exª um aparte, Senador?
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Com muito prazer ouço V. Exª.
O Sr. Joel de Hollanda (PFL-PE) - Nobre Senador Carlos Wilson, V. Exª fala pela voz do amigo, do companheiro de lutas políticas, por Pernambuco, por esta Casa, destacando os valores, as crenças, as esperanças do grande político que foi Luís Eduardo Magalhães. Imagino sua emoção ao proferir essas palavras, uma vez que Luís Eduardo e V. Exª tinham um convívio praticamente diário. Mas não é só a voz do amigo que ressalta o caráter firme, a personalidade marcante, a capacidade de trabalho, o amor ao Nordeste e ao Brasil de Luís Eduardo. V. Exª faz justiça a um jovem político que era a grande esperança do nosso País. Portanto, Senador Carlos Wilson, compartilho da sua emoção e do sentimento que lhe deve, neste momento, estar invadindo o coração: a saudade de um grande amigo, de um grande companheiro que a todos nós estimulava e incentivava, e que era o orgulho não só da Bahia, mas também d Nordeste e do Brasil. Cumprimento-o pelo pronunciamento. O Brasil hoje está triste ao rememorar o trigésimo dia do desaparecimento de Luís Eduardo. Entre nós está a lembrança daquele seu sorriso franco, aberto, daquela sua maneira gentil de nos cumprimentar e, sobretudo, está presente o seu exemplo de dignidade, de coerência, de determinação e de vontade de trabalhar pelo nosso País. Muito obrigado.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Muito obrigado, Senador Joel de Hollanda. V. Exª, que também teve o privilégio de conviver com o Deputado Luís Eduardo, destaca este referencial que era a sua grande marca: a serenidade, a amenidade, mas, acima de tudo, o espírito público. Luís Eduardo, na verdade, representou o exponencial maior da nossa geração e ficará como exemplo a ser seguido em nossa carreira política e nossa vida pública.
A Srª Benedita da Silva (Bloco/PT-RJ. - Permite-me V. Exª um aparte?
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Com muito prazer, ouço a Senadora Benedita da Silva.
A Srª Benedita da Silva (Bloco/PT-RJ) - Senador Carlos Wilson, compartilho do sentimento de V. Exª, neste momento em que, pela passagem do trigésimo dia do falecimento do saudoso Luís Eduardo Magalhães, faz esse pronunciamento. Na ocasião, eu, que participava de uma reunião do Mercosul, não pude estar presente, o que lamentei profundamente. No entanto, impossibilitada de chegar a tempo, expressei meus sentimentos por intermédio de telegramas e telefonemas à família. Nobre Senador, eu não era próxima a S. Exª como V. Exª o era, já que não tive outro momento senão quando atuei na Câmara dos Deputados. Mas durante esse período pude perceber nesse jovem político enorme reciprocidade de tratamento, de carinho, de dedicação não só à sua função de Parlamentar, mas também no trato de amizade para conosco, representantes da Oposição naquela Casa. Luís Eduardo cumpria a sua palavra, cumpria os acordos. Com S. Exª era difícil negociar, mas quando dizia algo, estava dito. Enfim, Luís Eduardo possuía as qualidades identificadas por V. Exª. Compartilho, portanto, com o sentimento de V. Exª ao fazer, como amigo, esse pronunciamento mediante o qual lembra da passagem dos 30 dias da morte de Luís Eduardo. Na realidade, estamos fazendo aqui a missa da saudade. É muito bom podermos expressar a um amigo, antes que ele se vá, o carinho e o amor que sentimos por ele. Sabemos que V. Exª pôde fazê-lo. Portanto, é justo que ocupe esta tribuna e faça, de viva voz, um chamamento à reflexão, já que todos trilharemos esse mesmo caminho. Que possamos, nesses exemplos altamente positivos que V. Exª expressa, pautar a nossa vida.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB/PE) - Muito obrigado, Senadora Benedita da Silva. V. Exª que, como destacou, teve o privilégio de conviver com Luís Eduardo na Câmara dos Deputados, ressaltou um aspecto também extremamente positivo da personalidade de Luís Eduardo: S. Exª, que marcou sua presença no Congresso, na Câmara dos Deputados, como grande articulador, grande parlamentar, quando dava sua palavra, quando acertava os compromissos, com certeza ele os honrava. Isso foi destacado por todos os Líderes de Oposição, e certamente é algo gratificante para a sua família e para os seus amigos.
Continuo, Srª Presidente:
E o Brasil já reivindicava o seu nome para Presidente da República em 2002. Por desígnios inescrutáveis da Providência, Luís Eduardo não pode realizar, em vida, toda tarefa a que se propusera. É como se o destino nos roubasse um sonho.
Que o seu exemplo frutifique. O seu idealismo, a sua dedicação à Pátria irão servir de estímulo para os jovens, para os partidos políticos e, sobretudo, para o povo brasileiro, que tem, na trajetória de Luís Eduardo, um dos mais expressivos exemplos de que, na vida pública do País, existem patriotas, homens dignos e honestos, devotados ao bem comum.
Cada homem tem o julgamento de seu tempo. E Luís Eduardo já ocupa um lugar de destaque na história política desse nosso Brasil.
Para seus familiares, particularmente para seus pais Senador Antonio Carlos e Dona Arlete, sua esposa Michelle e seus filhos, não há palavras de consolo capazes de fazê-los aceitar tamanha perda.
O Sr. Elcio Alvares (PFL-ES) - V. Exª me permite um aparte, Senador Carlos Wilson?
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Com muito prazer, ouço o Líder do Governo, Senador Elcio Alvares.
O Sr. Elcio Alvares (PFL-ES) - Senador Carlos Wilson, V. EXª assoma à tribuna hoje para um registro, que é o registro de todos nós. V. Exª exalta a personalidade de Luís Eduardo Magalhães, com a dupla propriedade de parlamentar emérito e, acima de tudo, de amigo dedicado não só de Luís Eduardo Magalhães, mas de seu pai, Antonio Carlos Magalhães. Há pouco, assistimos todos, no Salão Negro do Congresso, à missa de trigésimo dia em homenagem à alma de Luís Eduardo. Foi um ato comovente. O padre teve oportunidade de manifestar, mesmo afirmando não conhecê-lo pessoalmente, a sua admiração por Luís Eduardo. Justificou dizendo que, por intermédio de entrevistas, das suas ações na vida pública, aprendeu a respeitá-lo. Luís Eduardo Magalhães foi, acima de tudo, um conciliador. Ele tinha um caminho determinado por Deus, o de ser o homem que unia, que congregava. Exerceu essa faculdade na Presidência da Câmara dos Deputados, com notável brilhantismo, e logo após na Liderança do Governo. Luís Eduardo mostrou, acima de tudo, não só um caráter ilibado, mas a vocação daqueles que compreendiam o Brasil no dia de amanhã. Foi o grande baluarte das reformas. Competiu a Luís Eduardo Magalhães, na Câmara dos Deputados, realizar um trabalho que considero fundamental para que o Governo completasse o ciclo das reformas essenciais na área econômica. E agora pugnava por elas. Mesmo na véspera da sua morte, era um defensor ardoroso da Reforma da Previdência. Assim foi Luís Eduardo. Para nós, do Senado, a dor se amplia porque se reflete no semblante de um homem que é nosso amigo, nosso companheiro, aquele que nos indica o caminho nos momentos decisivos do Senado Federal: o nosso Presidente Antonio Carlos Magalhães. Portanto, Senador Carlos Wilson, ninguém melhor que V. Exª, que conviveu na intimidade do Presidente Antonio Carlos Magalhães, no dia-a-dia da relação amorosa pai e filho - não diria nem amor, mas paixão -, ninguém melhor do que V. Exª para registrar hoje, 30 dias após o seu falecimento, o retrato moral, o retrato humano e, acima de tudo, o retrato patriótico de Luís Eduardo Magalhães.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Muito obrigado, Senador Elcio Alvares. V. Exª engrandece, e muito, mediante seu aparte, o nosso pronunciamento, além de destacar, com clareza, a personalidade do nosso amigo comum, o Deputado Luís Eduardo Magalhães.
Prossigo, Srª Presidente:
Tenho certeza, no entanto, de que Luís Eduardo estará presente cada vez que seus ideais frutificarem e sempre que o Brasil avançar na superação de seus problemas.
Que Deus o recolha na sua infinita misericórdia e nos dê forças para que, como homens públicos, possamos levar adiante a bandeira que Luís Eduardo nos legou.
O Sr. Romeu Tuma (PFL-SP) - V. Exª me permite um aparte?
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Com muito prazer, ouço o Senador Romeu Tuma.
O Sr. Romeu Tuma (PFL-SP) - Senador Carlos Wilson, assim como os demais Senadores presentes, assistimos à missa em homenagem a Luís Eduardo. Por oração, por emoção e por espiritualidade, fizemos chegar a nossa mensagem àquele que, com certeza, hoje ocupa um lugar ao lado de Cristo. Tratou-se de mensagem coletiva, porque, como cristãos, acreditamos a missa é a melhor forma de conversarmos com Deus. Sabedor da amizade que V. Exª nutre pelo Presidente do Senado, nosso guia nesta Casa, Senador Antonio Carlos Magalhães, não haveria, como disse o Senador Elcio Alvares, ninguém melhor para traduzir o nosso sentimento de solidariedade para com os familiares de Luís Eduardo e a do Senador Antonio Carlos Magalhães. Peço, encarecidamente, a V. Exª que o meu aparte seja incorporado ao seu discurso nesta triste homenagem, que, sem dúvida, enaltece a figura de um jovem que era a nossa esperança. Acredito que continuará olhando o nosso trabalho em prol de um futuro melhor para o Brasil. Obrigado, Senador Carlos Wilson.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Muito obrigado, nobre Senador Romeu Tuma. V. Exª e seu filho, o Deputado Robson Tuma, privaram também da amizade do Deputado Luís Eduardo Magalhães, e pode nos dar um testemunho de fé e sobretudo de otimismo de que o exemplo de Luís Eduardo ficará guardado para todos nós que nos orgulhamos muito de ter privado dessa amizade.
O Sr. Francelino Pereira (PFL-MG) - Permite-me V. Exª um aparte?
O Sr. Pedro Piva (PSDB-SP) - Permite-me V. Exª um aparte?
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Concedo o aparte ao Senador Francelino Pereira e, em seguida, ao Senador Pedro Piva .
O Sr. Francelino Pereira (PFL-MG) - Senador Carlos Wilson, V. Exª é o nosso eleito para manifestar o nosso pesar pelos trinta dias do falecimento de Luís Eduardo Magalhães, e até a nossa inconformidade diante do ocorrido. V. Exª sabe que estive presente nos últimos instantes da vida, do sofrimento de Luís Eduardo e, também, da dor e tristeza que dominou a família, principalmente seus pais. Na verdade o próprio Luís Eduardo construiu o seu monumento, construiu a sua vida e o seu destino; terminou deixando para o Brasil inteiro uma imagem de esperança que devemos transportar para sempre através de nossos mandatos e do nosso destino. Parabenizo V. Exª por essa iniciativa que fala em nosso nome, aumentando ainda mais o nosso respeito e admiração por V. Exª. Muito obrigado.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Muito obrigado, Senador Francelino Pereira. Ouço o nobre Senador Pedro Piva.
O Sr. Pedro Piva (PSDB-SP) - Senador Carlos Wilson, ninguém melhor do que V. Exª para fazer o elogio fúnebre a Luís Eduardo Magalhães. V. Exª era um de seus mais diletos e queridos amigos. Conheci-o através de V. Exª, tive essa felicidade de privar da sua intimidade e um pouco da intimidade de Luís Eduardo. Mas, pela sua amizade, pelo seu carinho com Luís Eduardo e o carinho que ele mantinha com V. Exª, eu via uma amizade fraterna, de amor e respeito mútuo. Tenho certeza, Senador Carlos Wilson, onde quer que S. Exª esteja, S. Exª estará feliz por ver prestada aqui, nesta Casa, esta homenagem por um de seus mais diletos amigos. Estivemos juntos três dias antes de sua morte e deve ter sido um de seus últimos alegres jantares, V. Exª, mais três ou quatro amigos e eu. Vimos nele um semblante cansado, esgotado, tenso pelas batalhas que naquele dia haviam acontecido, mas nada pronunciava a sua morte e o enlace tão rápido. Luís Eduardo deu mais do que seu esforço, trabalho, pela causa, pelas reformas, pelo Congresso, pelos amigos, pela Bahia e pelo seu pai, honrando o nome de Antonio Carlos Magalhães. S. Exª deu a sua vida pelo seu esforço nas árduas batalhas que enfrentou nestes últimos três anos, como líder inconteste na Câmara dos Deputados. É muito bom ouvi-lo, Senador Carlos Wilson. Tenho certeza de que o Luís Eduardo está ouvindo V. Exª e que o seu pai, Antonio Carlos Magalhães, esse homem fantástico com quem tenho o prazer e a honra de conviver há mais de 25 anos, certamente também deve estar feliz por ter V. Exª nesta tribuna, prestando esta homenagem ao seu querido filho. Meu amigo e Senador Carlos Wilson, nesta hora, ouço comovido o restante de seu discurso.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Muito obrigado, Senador Pedro Piva. V. Ex.ª destaca um ponto que nos marcou muito: na última quarta-feira de vida de Luís Eduardo, estávamos juntos. Ele sempre muito atencioso, muito cortês, conversando, falando da satisfação por ter travado mais uma batalha para a implementação das reformas. Ele saía da Câmara e, quando se encontrava com os amigos, era sempre um exemplo de amenidade, de carinho, de ternura. Tivemos essa sorte: na última quarta-feira de vida de Luís Eduardo, como V. Exª destaca, estávamos juntos, conversando e também aprendendo com S. Exª lições de vida, de exemplo de vida pública.
O Sr. Casildo Maldaner (PMDB-SC) - Permite-me, V. Exª, um aparte?
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Concedo, com muito prazer, o aparte ao Senador Casildo Maldaner.
O Sr. Casildo Maldaner (PMDB-SC) - Quando uma pessoa já de uma certa idade, biologicamente falando, “viaja”, sentimos a perda, entristecemo-nos por isso. Sabemos disso, os exemplos estão todos aí. No caso do Deputado Luís Eduardo, nem se fala. Isso ajudou a comover muito mais, porque o que S. Exª. tinha ainda a oferecer à Bahia e ao País - todos sabiam - era o prenúncio de algo extraordinário. E S. Exª vinha preparando os caminhos para isso. Aliás, V. Exª fez muito bem ao lembrar que o carinho que S. Exª. dispensava, a altivez, a amizade eram predicados fortes, algo que sempre notei na pessoa do Dr. Luís Eduardo, assim como a humildade e a simplicidade no trato com os integrantes de todos os partidos políticos. S. Exª conseguiu transmitir tudo isso e, na verdade, exercia essa função de cativar; era uma pessoa muito eclética no trato com as pessoas de diferentes matizes nos campos ideológicos. Isso fazia com que S. Exª angariasse o respeito de todos. Por isso, nada melhor do que V. Exª - e essa é a opinião dos demais - para representar os seus Colegas neste momento doloroso em que se comemora os trinta dias da viagem do Deputado Luís Eduardo.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Muito obrigado, Senador Casildo Maldaner.
O Sr. Djalma Bessa (PFL-BA) - Permite-me V. Exª um aparte?
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Concedo, com muito prazer, o aparte a V. Exª e peço licença à Mesa, pois concluirei o meu discurso em dois ou três minutos.
O Sr. Djalma Bessa (PFL-BA) - Senador Carlos Wilson, V. Exª. está registrando o falecimento de um ilustre Deputado e o está fazendo como um de seus mais diletos amigos. Tenho autoridade para fazer-lhe essa afirmação, porque, como assessor de S. Exª, testemunhei a amizade, e mesmo o carinho que havia entre V. Exª e o Deputado Luís Eduardo. Então, essa homenagem tem o respaldo da afeição, da amizade, do amor, do coração, mas também tem um respaldo ainda maior, que é a de um ilustre homem público, que tão jovem já era amadurecido à política nacional. Tanto que a Liderança dele no Estado, ou seja, sua Liderança regional era muito expressiva, mas também expressiva era sua Liderança no plano nacional. Portanto, Luís Eduardo não foi somente um líder regional, mas sim nacional, com uma luz intensa que brilhou sua geração. Sua luta, seu esforço e sua dedicação era por um Brasil maior; S. Exª entendia que era preciso reformar esta Nação e por essa reforma dava seu sacrifício, sua inteligência, sua cultura, seu sossego e, às vezes, até sua paz. Na luta para alcançar essas reformas Luís Eduardo não tinha nem dia nem hora para trabalhar. V. Exª sabe perfeitamente que era assim. Associo-me e congratulo-me com V. Exª por essa manifestação, que não é somente de V. Exª, mas também das Bancadas, do próprio Senado, a um jovem que ainda poderia oferecer muitos e prestimosos serviços à Nação. Muito obrigado.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Muito obrigado, Senador Djalma Bessa.
Na Câmara, tive o privilégio de conviver com V. Exª ainda como Deputado Federal; ainda muito jovem, aprendi com V. Exª. Lembro-me de que, depois de alguns anos, perguntei ao Presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães, em seu gabinete: “O que o nosso Djalma Bessa está fazendo aqui?”. Ele me disse: “Tenho muita sorte, Carlos Wilson. Djalma Bessa faz parte da minha Assessoria. Com certeza, o trabalho que venho desenvolvendo na Câmara, como Presidente, conta sempre com a colaboração do Deputado Djalma Bessa”.
Hoje, quando vejo V. Exª aqui, como Senador, tenho certeza de que Luís Eduardo está muito feliz, porque ele reconhecia em V. Exª um dos maiores talentos da Bahia. Quando recebo seu aparte, fico muito emocionado, porque sei que a sua presença aqui, como Senador da República, toca muito em Luís Eduardo.
Senadora Júnia Marise, vou concluir o meu pronunciamento, porque sei que meu tempo já está esgotado.
Esta é a homenagem de um grande amigo, de um admirador de Luís Eduardo, que reconhece, sinceramente, que a palavra é pobre e que os adjetivos não podem retratar a grandeza de Luís Eduardo. Talvez fosse melhor reverenciar sua memória em silêncio, que se manifesta sem formas, sem fórmulas...
Mas um pernambucano não pode abafar a voz do coração.
O Sr. Leomar Quintanilha (PPB-TO) - Nobre Senador Carlos Wilson, com a anuência da Mesa, eu gostaria de aduzir duas palavras à homenagem que V. Exª ora presta ao nosso amigo, ao grande homem público, que foi Luís Eduardo Magalhães.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Concedo o aparte a V. Exª.
O Sr. Leomar Quintanilha (PPB-TO) - Senador Carlos Wilson, eu gostaria de me associar às manifestações que V. Exª traz a este que foi o convívio dele, a Casa das discussões das grandes questões deste País. O passamento de Luís Eduardo Magalhães certamente deixou um imenso vazio no seio dos seus familiares, dos seus amigos e dos seus Colegas e também um fosso profundo nas estruturas públicas deste País. Não sei avaliar se eu valorizaria mais o extraordinário trabalho que ele realizou ao longo de sua vida, numa belíssima trajetória de homem público, o que ele fez até os dias em que conviveu conosco, ou se eu valorizaria efetivamente o que ele representava de esperança para este País, o que ele poderia realmente realizar neste País, concretizando seus sonhos, seus ideais de fazer com que o Brasil e todos os brasileiros pudessem viver dias de glória, de alegria e de prosperidade. Portanto, eu gostaria de proferir estas palavras nesta homenagem que V. Exª presta ao grande companheiro e ao grande homem púbico que foi Luís Eduardo Magalhães.
O SR. CARLOS WILSON (PSDB-PE) - Agradeço as palavras do nobre Senador Leomar Quintanilha e as incorporo, com muito prazer, ao meu pronunciamento.
Agradeço a tolerância da Mesa.
Era o que eu tinha a dizer, Srª Presidente.