Discurso no Senado Federal

DEFESA DO DIALOGO ENTRE OS REPRESENTANTES DAS ENTIDADES QUE SE MANIFESTAM, NESTE MOMENTO, EM FRENTE AO CONGRESSO NACIONAL, DIANTE DO CONFRONTO QUE SE INICIA COM A POLICIA.

Autor
Esperidião Amin (PPB - Partido Progressista Brasileiro/SC)
Nome completo: Esperidião Amin Helou Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • DEFESA DO DIALOGO ENTRE OS REPRESENTANTES DAS ENTIDADES QUE SE MANIFESTAM, NESTE MOMENTO, EM FRENTE AO CONGRESSO NACIONAL, DIANTE DO CONFRONTO QUE SE INICIA COM A POLICIA.
Publicação
Publicação no DSF de 21/05/1998 - Página 8848
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • REGISTRO, COLABORAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, DIALOGO, GOVERNO, REPRESENTANTE, ENTIDADE, LIDERANÇA, GREVE, UNIVERSIDADE FEDERAL, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, AREA.

O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PPB-SC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a gravidade das circunstâncias obrigam-me a valer-me deste momento para fazer um apelo ao bom senso. Não será a emoção que vai imprimir o rumo que esta Casa deve tomar, não apenas para o momento, mas para as conseqüências do momento.

V. Exª disse muito bem, Sr. Presidente, quando salientou que o Congresso não se tem furtado a colaborar para que haja diálogo. E vou invocar o testemunho do próprio Senador Eduardo Suplicy, que, na semana retrasada, na semana passada, ontem e hoje, participou pessoalmente de iniciativas que tinham como objetivo propiciar o diálogo entre os representantes das entidades que estão liderando e coordenando a greve das Universidades Federais do Brasil com o Governo. Deputados de todos os Partidos, sem exceção, e Senadores participaram, ainda ontem e hoje pela manhã, de encontros que têm como objetivo evitar, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que se chegue à confrontação física.

A confrontação física é a mais primária das formas de diálogo a que o ser humano está contingenciado. Certamente, é a mais elementar, mas é a menos passível de sucesso e de êxito. A confrontação física jamais vai permitir que se chegue a uma conclusão racional, sensata, lógica, que olhe o presente e perscrute o futuro.

E repito: quando ontem tivemos o encontro com o Presidente da República em exercício, Senador Antonio Carlos Magalhães, foi o Presidente do Senado, Senador Geraldo Melo, que, juntamente com o nobre Senador Josaphat Marinho, imprimiu as linhas para o diálogo que hoje se procurou estabelecer e no qual o Congresso está procurando agir como mediador. Nós não podemos negociar. O Congresso não tem autoridade para negociar entre uma instância de Governo e o comando de greve, mas tem procurado mediar essa questão. E aqui faço o registro independente de sigla partidária: o esforço para o diálogo está sendo feito sob a égide das prerrogativas do Congresso Nacional, mas não podemos fazer a negociação por sermos integrantes do Congresso Nacional.

Esse momento delicado obriga e impõe a que cada um de nós dê a sua contribuição da sensatez, e não do seu inverso, da moderação, e não do excesso, porque, repito: o excesso e a confrontação são ações e reações primárias dos seres humanas; não são as ações ou as reações desejáveis para um momento delicado, em que há aspirações e carências graves na sociedade brasileira. Só o diálogo pode permitir que se deslindem tais questões com um mínimo de possibilidade de sucesso.

Agora, que acredito ter dado a minha modesta contribuição para o nobre Senador Eduardo Suplicy, Parlamentar que sempre ilustrou esta Casa com as suas colocações corretas e educadas - penso que minhas colocações pelo menos permitiram que as coisas chegassem ao seu leito natural -, desejo, Sr. Presidente, formular um apelo a mais a V. Exª.

Quando terminamos a reunião, hoje pela manhã, com a participação dos dirigentes da Andifes, da Fasubra, do Sinasef e da ANDES, e deixamos as entidades preparando aquilo que seria a pauta mínima para um armistício, que é a cessação das hostilidades; não é a paz ainda, mas a interrupção das hostilidades. Usando uma linguagem figurada, foi essa a expressão que utilizei, pela manhã, aqui no espaço cultural da Câmara. Os pontos para o armistício contêm a não efetivação do corte de pagamentos no dia 23 de maio próximo vindouro. Os pontos para o armistício compreendem a volta a um processo de negociação e, consequentemente, à cessação do estado de greve, com a mediação do Congresso. Não vou nominar Parlamentares, mas entendo pessoalmente que a participação das Comissões de Educação da Câmara e do Senado no deslinde dessa questão daria uma relativa segurança aos representantes dessas entidades no desenvolvimento desse processo de negociação.

Sei que os incidentes que estão a ocorrer, mencionados pela Senadora Emilia Fernandes e que serão mencionados pelo Senador Eduardo Suplicy, têm outros componentes, mas esse componente é crucial, porque a greve das universidades federais já dura cinqüenta dias, com prejuízos para todos e principalmente para a própria instituição da escola pública brasileira.

Eu, que sou professor da Universidade Federal de Santa Catarina, sinto isso como profissional, como professor, antes de ser Senador. A busca do diálogo, Sr. Presidente, pressupõe a disposição da sensatez, da racionalidade, da compreensão e do desprendimento. E o Senado tem feito esse esforço.

Agora que vejo aqui no plenário o Senador Josaphat Marinho presente, quero, mais uma vez, reiterar que a participação de S. Exª, tanto ontem, quanto hoje, na reunião no Espaço Cultural, foi muito importante, como assim o foi também a manifestação do nosso Presidente em exercício, Senador Geraldo Melo, na reunião que ontem tivemos, com a presença do Presidente da República em exercício, Antonio Carlos Magalhães.

É o registro que gostaria de fazer. Tenho certeza de que o Senador Eduardo Suplicy também trará aqui contribuição importante, até porque participou das quatro reuniões a que me referi. Essa era a colocação que gostaria de fazer e que entendo inadiável. Penso que a Casa precisa mobilizar ainda mais energia na busca do diálogo, mas é preciso que a sociedade brasileira saiba que nós, do Senado Federal, não temos sido omissos numa questão tão grave e importante.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/05/1998 - Página 8848