Discurso no Senado Federal

APELO AO GOVERNO FEDERAL PARA QUE ADOTE MEDIDAS QUE POSSIBILITEM A ABSORÇÃO DO BBC - BANCO BRASILEIRO COMERCIAL, LIQUIDADO EXTRAJUDICIALMENTE PELO BANCO CENTRAL, POR OUTRO GRUPO FINANCEIRO, POSSIBILITANDO A CONTINUIDADE DE SUAS ATIVIDADES, O EMPREGO DE SEUS FUNCIONARIOS E A TRANQUILIDADE DE SEUS DEPOSITANTES E INVESTIDORES.

Autor
Elcio Alvares (PFL - Partido da Frente Liberal/ES)
Nome completo: Élcio Alvares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • APELO AO GOVERNO FEDERAL PARA QUE ADOTE MEDIDAS QUE POSSIBILITEM A ABSORÇÃO DO BBC - BANCO BRASILEIRO COMERCIAL, LIQUIDADO EXTRAJUDICIALMENTE PELO BANCO CENTRAL, POR OUTRO GRUPO FINANCEIRO, POSSIBILITANDO A CONTINUIDADE DE SUAS ATIVIDADES, O EMPREGO DE SEUS FUNCIONARIOS E A TRANQUILIDADE DE SEUS DEPOSITANTES E INVESTIDORES.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/1998 - Página 9814
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • APREENSÃO, LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), BANCO PARTICULAR, ATUAÇÃO, ESTADO DE GOIAS (GO), GRAVIDADE, SITUAÇÃO, DESEMPREGO, SERVIDOR.
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO, IGUALDADE, TRATAMENTO, BANCO PARTICULAR, ESTADO DE GOIAS (GO), SIMILARIDADE, BANCOS, RECEBIMENTO, RECURSOS, PROGRAMA DE ESTIMULO A REESTRUTURAÇÃO E AO FORTALECIMENTO AO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (PROER), POSSIBILIDADE, VENDA, BANCO ESTRANGEIRO.

           O SR. ELCIO ALVARES (PFL-ES. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, dia 15 do mês passado, o Banco Central do Brasil procedeu à liquidação extrajudicial do BBC - o Banco Brasileiro Comercial -, único banco privado sediado no Estado de Goiás. Desde então, a bancada goiana no Congresso Nacional, com especial destaque para a representação do Estado nesta Casa, vem buscando interceder junto ao Presidente da República e ao Banco Central, no sentido de fazer rever a drástica decisão tomada pela autoridade monetária. Pretende-se simplesmente que o processo de intervenção retome o rumo que vinha sendo negociado, de modo a possibilitar a compra do BBC por um grupo financeiro internacional.

           Na verdade, a liquidação do BBC, como se deu, causou surpresa a todos os goianos e aos brasileiros de outros Estados que acompanhavam as notícias sobre os problemas do banco e conheciam as negociações que se faziam para sua venda. De nada valeu a história de lisura administrativa e solidez financeira da gestão do banco, que jamais, em 30 anos de serviços, precisou recorrer ao redesconto do Banco Central, além de dispor de uma carteira significativa de correntistas, nas 26 agências que mantinha, em 16 Estados brasileiros. Suas dificuldades estavam concentradas na inadimplência de seus credores, que fez agigantar-se a conta de créditos de recebimento incerto.

           Não é meu intento, Sr. Presidente, nem o dos parlamentares goianos, deter o processo de restruturação do Sistema Financeiro Nacional empreendido neste últimos anos pelo Governo Fernando Henrique Cardoso. Em uma era caracterizada pela fusão dos grandes grupos financeiros mundiais, a velha configuração que predominava no Brasil, de bancos dedicados ao mercado interno, num mercado fechado ao capital estrangeiro, com espaço até para alguns pequenos grupos locais, estava mesmo condenada à mudança ou ao desaparecimento.

           Ao contrário, é precisamente por apoiar as medidas tomadas no âmbito do Proer que Goiás requisita para o BBC o mesmo tratamento concedido pelo Governo Federal ao Banco Econômico, ao Bamerindus e ao Banco Nacional. Deve-se destacar o aspecto de justiça e isonomia federativa que existe neste caso: o BBC tinha, no fomento ao desenvolvimento econômico do Estado de Goiás, um papel igual ou mais determinante que os dos bancos citados para a Bahia, para o Paraná e para Minas Gerais, respectivamente.

           Aliás, a informação da Diretora Regional do BBC para o Centro-Oeste, Idelma Maria Soares, segundo a qual o banco dispõe de um dos sistemas de informática bancária mais atualizados do País, além de um corpo de funcionários muito bem preparado, habilita o BBC para a venda imediata, sem que seja necessária a injeção de recursos do Proer, ao contrário do que aconteceu àqueles bancos que acabo de mencionar.

           O BBC, portanto, estava pronto para ser vendido, dispensando a violenta intervenção do mês passado pelo Banco Central. Poderíamos, porém, mesmo reconhecendo sua importância para a economia do Estado, aceitar sua liquidação se não houvesse um outro aspecto que vem se tornando essencial nos últimos meses: a perda de emprego que a liquidação representa para seus 720 funcionários.

           Cabe lembrar, por fim, que várias instituições financeiras nacionais e internacionais haviam mostrado interesse, junto ao Banco Central, na aquisição do BBC, garantindo a continuidade de suas atividades, o emprego de seus funcionários e a tranqüilidade de seus depositantes e investidores.

           Por essas razões, junto minha voz às da bancada de Goiás em defesa de uma solução que contemple, ao mesmo tempo, a modernização do Sistema Financeiro Nacional e a preservação das atividades de uma instituição que conhece seu Estado de origem e pode, melhor que ninguém, servir de agente dinamizador de sua economia. A absorção do BBC por outro grupo é, em nossa opinião, a solução do aparente dilema.

           Tenho a certeza de que o Presidente Fernando Henrique saberá ter a sensibilidade econômica, social e política para levar a bom termo essa operação.

           Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/1998 - Página 9814