Discurso no Senado Federal

CRITICAS A OMISSÃO DO GOVERNO DIANTE DA SECA ANUNCIADA. APELO PARA MAIOR ATENÇÃO AOS FLAGELADOS DA SECA DE MINAS GERAIS.

Autor
Junia Marise (PDT - Partido Democrático Trabalhista/MG)
Nome completo: Júnia Marise Azeredo Coutinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA.:
  • CRITICAS A OMISSÃO DO GOVERNO DIANTE DA SECA ANUNCIADA. APELO PARA MAIOR ATENÇÃO AOS FLAGELADOS DA SECA DE MINAS GERAIS.
Publicação
Publicação no DSF de 19/06/1998 - Página 10810
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, INICIATIVA, INSTITUIÇÃO BENEFICENTE, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, EMPENHO, PROMOÇÃO, ARRECADAÇÃO, ALIMENTOS, DESTINAÇÃO, POPULAÇÃO CARENTE, MOTIVO, AGRAVAÇÃO, SECA, REGIÃO NORDESTE, REGIÃO NORTE, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).

A SRª. JÚNIA MARISE (Bloco/PDT-MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, tenho ocupado esta tribuna por várias vezes - e ocupo novamente - para tratar do problema da seca, que ainda assola as regiões mais carentes do nosso País, como o Nordeste brasileiro, o norte de Minas Gerais, o nosso Vale do Jequitinhonha, o Vale do Mucuri e também parte do Vale do Rio Doce.

Em todas essas nossas manifestações tenho trazido a esta tribuna o diagnóstico e os relatórios apresentados pelos prefeitos dessas regiões, mostrando o estado de calamidade pública já decretado oficialmente por esses municípios e a situação avassaladora que deixou aquela região em estado de grande desolação, com a nossa população passando fome, sem água potável para beber, com a produção agrícola dizimada, os córregos secos e, finalmente, sem nenhuma condição digna de sobrevivência por aquela população.

Temos também abordado aqui - e esse é um dos temas que trago a esta tribuna - a solidariedade e a fraternidade que se espalhou por todo o País. A sociedade brasileira comovida com o drama das populações atingidas pela seca se mobilizou, de forma espontânea, no sentido de socorrer os flagelados da seca do Nordeste, do meu Estado, Minas Gerais, esquecido pelo Governo, que levou quatro meses para mandar uma cesta básica de apenas 10 quilos de alimentos. Realmente, a situação comoveu o País.

Todas as vezes que tenho abordado a referida questão desta tribuna, tenho feito para cobrar ações do Governo, que ainda continua demonstrando uma frieza e uma passividade preocupantes em relação a esse problema. Todos os estudos e previsões já indicavam que, neste ano, teríamos uma das maiores estiagens que o País já conheceu. Ainda assim, nada, ou praticamente nada, foi feito para prevenir essa catástrofe.

Semana passada, por exemplo, estive com o Ministro do Planejamento Paulo Paiva, para solicitar de S. Exª que apressasse a liberação de recursos para a implantação das frentes de trabalho e para a abertura de poços artesianos nas cidades mineiras atingidas pela seca, principalmente em razão do anúncio do próprio Presidente da República no sentido de liberar R$800 milhões para combater a fome e a miséria nessas regiões do semi-árido do nosso País. Acontece que o dinheiro ainda não chegou. Lamentavelmente, no meu Estado, ainda não chegou sequer um centavo de real, de acordo com o anúncio formulado pelo Presidente da República.

Hoje, quando volto a esta tribuna, quero abordar esse assunto sob uma perspectiva diferente. Quero registrar e elogiar um trabalho que considero de um vigoroso sentimento de solidariedade. Temos, aqui, o levantamento da Campanha Nacional de Combate à Fome no Nordeste, que foi coordenada pela Associação Beneficente Cristã, entidade ligada à Igreja Universal do Reino de Deus.

Mobilizando seus fiéis em 14 Estados, em poucos dias, a Associação Beneficente Cristã conseguiu arrecadar nada menos do que 2.161 toneladas de alimentos, que foram divididas em 120.822 cestas básicas. Até o final do mês de maio último, por exemplo, essas cestas com mantimentos foram distribuídas nos 10 Estados mais atingidos pela estiagem: Bahia, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Maranhão; no total, mais de 150 localidades foram beneficiadas.

São iniciativas como essa que nos fazem renovar, a cada dia, a confiança nas instituições brasileiras e no povo, que sabem, como ninguém, transformar em solidariedade o sentimento de tristeza diante de uma tragédia como essa que atingiu a população do Nordeste e do meu Estado de Minas Gerais.

O espírito cristão de solidariedade que levou os pastores da Igreja Universal e todos os segmentos, principalmente da Coordenação da Associação Beneficente Cristã, a fazer esse grande movimento e arrecadar alimentos para serem remetidos a essas famílias atingidas pela seca, ficou demonstrado por meio de uma campanha da solidariedade e da fraternidade, como fez também em Belo Horizonte a TV Bandeirantes, que, durante mais de duas semanas, arrecadou toneladas e toneladas de alimentos, que foram enviadas para as populações do Vale do Jequitinhonha e do norte de Minas Gerais.

Esse é o verdadeiro espírito cristão de solidariedade, principalmente quando constatamos que, apesar das omissões do Governo e da demora nas iniciativas, a sociedade se levantou num gesto de fraternidade aos seus irmãos necessitados.

Cumprimento, portanto, Sr. Presidente, a Associação Beneficente Cristã, os órgãos de comunicação, a TV Bandeirantes e também a TV Globo, que, num domingo, em Belo Horizonte, na Praça da Liberdade, convocou a população a arrecadar alimentos para encaminhar às populações atingidas pela seca. O que também aconteceu no sul de Minas.

Mais uma vez o povo não negou solidariedade aos seus irmãos atingidos por tragédias como essa. Tem estendido sua mão e oferecido apoio, fraternidade, palavra de fé e, nos momentos mais importante, teve a iniciativa de promover a arrecadação de alimentos para matar a fome dos que não tinham condições de sobrevivência.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/06/1998 - Página 10810