O SR. JOSÉ EDUARDO DUTRA (Bloco/PT-SE. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, venho ao plenário do Senado para fazer um relato detalhado sobre minha participação em recente missão internacional na Conferência da Organização Internacional do Trabalho, em Genebra, mas, no momento, abordo um assunto de que tomei conhecimento ao chegar ao Brasil e que, a meu ver, atinge esta Instituição. Não sei se em outros países a imprensa tem o mesmo comportamento que é adotado no Brasil toda vez que uma missão do Parlamento vai ao exterior.

Na terça-feira em que viajamos para Genebra, o jornalista Ricardo Boechat, da TV Globo, fez o seguinte comentário: “A pretexto de uma conferência da Organização Internacional do Trabalho, sete Deputados e três Senadores estão em festa, deliciando-se em Genebra com o dinheiro do contribuinte”. Dentre os sete Deputados e três Senadores, cita especificamente José Eduardo Dutra e Jair Meneguelli, do PT, e o motivo pelo qual o faz é óbvio. Entretanto, no meu entendimento, ataca a Instituição e não os Parlamentares, porque pior do que uma mentira é uma meia verdade.

Disse o jornalista que esses Parlamentares, que lá estavam em festa às custas do contribuinte, levaram suas esposas e que a Embaixada do Brasil teria providenciado atividades e programações para elas. É verdade que alguns Parlamentares levaram suas esposas, mas o fizeram sob sua exclusiva responsabilidade, porque, de acordo com o Regimento das Casas, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados pagaram as passagens dos Parlamentares. No entanto, da maneira como foi colocado pelo jornalista, qualquer telespectador ficaria com a impressão de que também as passagens das suas esposas teriam sido pagas pelo Congresso.

Em segundo lugar, esta Casa deveria consultar a Embaixada do Brasil para saber se partiu de lá a informação de que estaria preocupada em encontrar atividades para as esposas dos Parlamentares que viajaram, porque isso não é verdade. Seria bom, repito, que o Senado consultasse a Embaixada.

A emissora de televisão teria todo o direito de fiscalizar o trabalho dos Parlamentares que lá estavam, se fosse essa a sua intenção, a fim de constatar se estavam ou não desempenhando sua função de acordo com a tarefa que receberam, mas deveria ter procedido como em época anterior, por exemplo, quando uma equipe de televisão acompanhou o então Ministro Antônio Rogério Magri. A TV Globo tem vários repórteres na França e se tivesse mandado uma equipe acompanhar os Parlamentares, veria, por exemplo, que José Eduardo Dutra e Jair Meneguelli poderiam ser facilmente encontrados na plenária da Conferência, na Comissão de Trabalho Infantil, na Comissão de Trabalho por Subcontratação, na Comissão de Aplicação de Normas ou na Comissão de Resoluções. Mas essa não era a intenção. A intenção não era fazer um trabalho jornalístico de fiscalização, mas era, simplesmente, como numa coluna social com caráter político, a de fazer o comentário, a de sujar a imagem da Instituição, que, segundo o jornalista, pagou as passagens de esposas de Parlamentares e, no varejo, levar junto a imagem de dois membros do Partido dos Trabalhadores que, entre dez Parlamentares, estavam presentes a essa viagem internacional.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, repito que pretendo relatar aqui minha participação na referida missão internacional, mas espero, e assim acredito, que a Instituição faça valer a verdade junto ao órgão que emitiu essas mentiras e meias verdades. A meu ver, muito mais do que o Senador José Eduardo Dutra e o Deputado Jair Meneguelli, quem sai malvisto perante a população é o Congresso Nacional.

Muito obrigado.