O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT-SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a atenção, Senador Levy Dias. Quero manifestar meu apoio ao ato público que se realizará agora, às 19h30min, no Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, pela paz em Guiné Bissau, que, desde 7 de junho, sofre um confronto de forças militares com extrema violência.

Tenho tentado desde ontem um contato com o Ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampréia, para alertá-lo sobre a importância de se proteger os brasileiros que vivem naquele país, muitos dos quais ainda não conseguiram sair com suas famílias. O Ministro Lampréia encontra-se desde cedo sem a possibilidade de se comunicar, mas acredito que ainda conseguirei expor-lhe a minha preocupação, que é de todos aqueles professores e amigos dos guineenses, que se reúnem daqui a instantes na Universidade de São Paulo -USP.

Quero também apelar às forças em conflito para que respeitem os direitos humanos dos civis, acima de qualquer ideologia e desejo pelo poder, e espero que o restabelecimento da democracia possa contribuir para as reais condições de paz da Guiné-Bissau.

Sr. Presidente, anexo a este pronunciamento o artigo escrito pela Professora Moema Parente Augel, Guiné-Bissau ka pudi kaba!, que está sendo distribuído agora na USP, no qual a professora faz um relato dramático dos eventos desses últimos dias. Anexo também o comunicado do Geógrafo Luís Paulo Ferraz e do Presidente da Associação dos Guineenses no Brasil, Orlando Cristiano da Silva, o Ntumbo, convidando os amigos para esse ato em favor da paz da Guiné-Bissau. Trata-se de uma nação com um milhão de habitantes, onde se fala o português; portanto, é um dos países da comunidade dos povos luso-afro-brasileiros, e é muito importante que o Brasil tenha interesse na solução pacífica dos problemas daquele local.

Sr. Presidente, espero que a democracia seja restabelecida o quanto antes, e avalio que o nosso Itamaraty, na pessoa do Ministro Luiz Felipe Lampréia, poderia colaborar nessa direção, bem como o Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Considerei importante a disposição do Vice-Presidente Marco Maciel, que, regressando de Lisboa ao Brasil no domingo, possibilitou que cinqüenta brasileiros também voltassem ao nosso País. Essas pessoas haviam saído da Guiné-Bissau em condições muito difíceis, num navio cuja capacidade era de apenas mil e quinhentas pessoas, mas onde viajaram três mil pessoas. Eles desembarcaram primeiramente em Dacar, depois em Lisboa. E os cinqüenta brasileiros certamente deram informações a S. Exª sobre a gravidade daqueles atos.

Cumprimento o Vice-Presidente Marco Maciel por seu ato, e espero que S. Exª se empenhe no sentido de o Brasil realizar uma missão diplomática de colaboração para a paz e instauração da democracia naquele país.

Sr. Presidente, Senador Levy Dias, requeiro a transcrição deste documento. Registro, ainda, que este é meu milésimo pronunciamento desde 1º de fevereiro de 1991, segundo o registro oficial que faz o Senado Federal, considerando-se apenas os pronunciamentos da tribuna do Senado, além dos cinqüenta e dois outros que fiz da tribuna do Congresso Nacional.

Muito obrigado.