Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM AO SENADOR JULIO CAMPOS EM SEU PRONUNCIAMENTO DE POSSE.

Autor
Zanete Cardinal (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Zanete Ferreira Cardinal
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AO SENADOR JULIO CAMPOS EM SEU PRONUNCIAMENTO DE POSSE.
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/1998 - Página 11060
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. HOMENAGEM.
Indexação
  • DISCURSO, POSSE, ORADOR, SENADO, SUBSTITUIÇÃO, JULIO CAMPOS, SENADOR.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, JULIO CAMPOS, SENADOR, POLITICA, BRASIL.

O SR. ZANETE CARDINAL (PFL-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, chego a esta Casa para suceder -e reafirmo suceder, pois jamais ousaria dizer substituir- ao Senador e amigo Júlio Campos, esse político singular e, ao mesmo tempo, plural que Mato Grosso deu ao Brasil. E mesmo sendo apenas para sucedê-lo e não para substituí-lo, não é menor a honraria nem tampouco a responsabilidade. A bem da verdade, se, de um lado, coube-me a honraria de desempenhar função imensamente nobre numa das instituições mais tradicionais do País, de outro, cumpre-me a responsabilidade de dar prosseguimento, como suplente, ao atendimento das expectativas do povo mato-grossense, que tanta esperança depositou na eleição de Júlio Campos em 1990.

Por isso, é em nome de Mato Grosso e de Júlio Campos que, a partir de hoje, incorporo meu ofício no Senado como missão inexoravelmente devotada ao fortalecimento da representação de meu Estado na constelação federativa. Bem sei do importantíssimo significado de haver sido escolhido como seu suplente, uma prova de extrema confiança para com este até então modesto homem público, haja vista o mérito de tantos outros mato-grossenses que tinham e têm o privilégio de sua convivência. De Júlio Campos, orgulho-me em reiterar, serei sempre um eterno aprendiz.

Ao ressaltar a figura ímpar do Senador Júlio Campos, como intelectual e excepcional formulador e articulador político, além de estadista cuja marca ficou registrada em todos os cargos públicos que desempenhou, quero homenagear todos os ilustres mato-grossenses que, nesta Casa, me antecederam e também destacar o trabalho dos nobres Senadores Carlos Bezerra e Jonas Pinheiro, cuja capacidade e dedicação ao povo de Mato Grosso me servirão de indicação segura para a jornada que ora inicio.

Sr. Presidente, pela pessoa pública e pelo amigo Júlio Campos, cultuo a maior admiração, prezo o mais sincero respeito. Líder nato, revelado desde os bancos escolares, quando fundou e presidiu a Associação Mato-Grossense dos Estudantes em Goiás, não tardou a reconhecer na política sua mais autêntica vocação. Muito moço ainda, aos 24 anos, ingressava na vida pública ocupando o cargo de Secretário Municipal da cidade de Várzea Grande, local onde nascera e onde sua família acumulara histórica e distinta reputação.

Em seguida, Júlio Campos exerceu o cargo de Prefeito em sua cidade natal, de cuja experiência pôde projetar futuro exemplar nos demais exercícios públicos em que se envolveu posteriormente, ora no Executivo estadual, ora no Legislativo federal. Ainda nos anos 70, o engenheiro Júlio Campos foi convidado a integrar o quadro docente do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso em Cuiabá, de onde extraiu a inspiração necessária para publicar sua obra científica intitulada “Determinação do Teor Total e Solúvel em Diversas Soluções de Cobre no Solo”.

Nos anos 80, elegeu-se Deputado Federal por duas vezes, solidificando irremediavelmente sua representatividade junto à população do Mato Grosso. Como Parlamentar, na Câmara Federal, não se eximiu de seus deveres diplomáticos como representante brasileiro em missões internacionais. Além do Japão e da Coréia do Sul, visitou os Estados Unidos, França, Inglaterra, China, Itália, Portugal e Argentina. Seu interesse pela boa conduta da ordem internacional lhe rendeu grande prestígio externa e internamente.

Não por acaso, durante o intervalo dos dois mandatos legislativos, consagrou-se o primeiro Governador eleito do meu Estado pelo sufrágio popular, após o longo período da ditadura militar.

Nos anos 90, concorreu à vaga no Senado e obteve arrebatadora vitória, cuja contínua legitimidade, mais uma vez, se traduz no apelo que o povo lhe dirige hoje para novo mandato como chefe do Executivo de Mato Grosso, a partir de 1999.

Foi no Senado, entretanto, que Júlio Campos, com mais maturidade, pôde expressar sua extrema sensibilidade para com os problemas nacionais, sem perder de vista a inserção de Mato Grosso dentro da ordem federativa. Por isso, inúmeros foram seus projetos nesta Casa que refletiram sua preocupação com o sentido de justiça e de progresso em nossa sociedade.

Entre eles, dois merecem o devido registro. Trata-se, de um lado, do Plano de Gerenciamento do Pantanal Mato-Grossense; e, de outro, da convencionada “Lei do Silêncio”. Enquanto o primeiro se destinou a preservar da devastação humana um dos maiores santuários ecológicos da terra, o segundo serviu para definir a proteção que o Governo Federal deve oferecer aos cidadãos brasileiros na condição de vítimas ou testemunhas de crime. Embora a tramitação de ambos os projetos atravesse morosidade para além da paciência da sociedade, o Senado já chancelou sua aprovação, e, agora, os dois projetos aguardam apenas o pronunciamento da Câmara sobre seu mérito.

Também junto à imprensa, os projetos e as palavras do Senador Júlio Campos produziram repercussão indiscutivelmente positiva. A mais recente delas se refere, naturalmente, à aprovação, pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado, em março último, de projeto que assegura ao empregado o direito de escolher a instituição bancária onde deseja receber seu salário. Na verdade, se bem recordarmos, anterior a essa, a voz crítica de Júlio Campos veio a público em 1997, por ocasião da polêmica surgida sobre a construção da rodo-hidrovia do Tapajós. Convicto da premência do projeto para a retomada do desenvolvimento das regiões do médio-norte e norte de Mato Grosso, Júlio Campos cobrou do então Ministro dos Transportes, Sr. Alcides Saldanha, maior empenho e determinação no compromisso de atender às reivindicações de mudança na precária infra-estrutura regional.

Igualmente, como Senador, devemos destacar sua participação, em 1994, como Observador Parlamentar da Delegação Brasileira que integrou a abertura da XLIX Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas. Na mesma linha, Júlio Campos conquistou reconhecimento público de grande relevância, como a condecoração da ordem do Mérito Municipalista Mato-Grossense dos Municípios em 1993, bem como a Medalha da Ordem do Mérito da Justiça do Trabalho em 1994.

Sr. Presidente, em suma, o nome do Senador e futuro Governador Júlio Campos tem sido associado às virtudes da competência intelectual, da integridade moral, da seriedade, do trabalho e da doação. Referencial de devoção apaixonada à causa pública, a que tem dedicado com exclusividade seus dias alongados e suas noites encompridadas, nunca furtou-lhe o dever de defender e de realçar a estrela de Mato Grosso no democrático sistema de relações da Federação brasileira.

Quanto a mim, inspirado no exemplo do amigo Júlio Campos, percebo com nitidez o que se espera de um cidadão que, como eu, talvez seja um dia escolhido para representar meu Estado na Câmara Alta. E os exemplos que me vêm de cada um dos que aqui me antecederam hão de me garantir a força e a coragem que pressinto em cada um dos ilustres Colegas com quem aqui conviverei, como um apoio, um suporte e um farol a me guiar os passos nesta Casa.

Desejo, finalmente, registrar e agradecer a presença de muitas personalidades do Estado de Mato Grosso que aqui vieram para nos prestigiar, como os empresários de Mato Grosso, os meus colegas profissionais liberais, a Executiva do Partido da Frente Liberal, aqui representada pelo seu Presidente, Dr. Simar de Freitas; pelo Secretário-Geral, Ricardo Corrêa; pelo Tesoureiro, Otávio Jacarandá; e pelo Líder do PFL na Assembléia Legislativa, Deputado Moisés Feltrim.

Quero ainda ressaltar a presença do Presidente da Famato e Vice-Presidente da CNA, José de Ávila; do Presidente e Diretores da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul e de todos aqueles que vieram aqui nos prestigiar.

Agradeço ao Deputado Gilmar Fabris, que está chegando aqui, e ao meu filho, que, com S. Exª, está-se dirigindo a esta Casa. Em especial, agradeço ao Deputado Federal Welinton Fagundes, companheiro de todas as horas, a quem conhecemos quando criança e, agora, temos a satisfação de vê-lo representar o nosso Estado na Câmara dos Deputados.

Por último, em especial, agradeço à minha esposa e à minha família, que sempre me incentivaram e me ajudaram nos bons e maus momentos. Agradeço à minha querida Rondonópolis, terra em que sempre militei politicamente, da qual fui Prefeito e representante na Assembléia Legislativa de Mato Grosso, como Deputado Estadual, por duas vezes. O meu agradecimento àquele povo e ao povo de Mato Grosso em geral por terem dado oportunidade a um filho daquela terra de estar hoje sendo o seu representante no Senado Federal.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/1998 - Página 11060