O SR. JOSÉ SAAD (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador. ) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, estou inscrito para falar sobre vultos do Estado de Goiás, como acabou de falar o eminente Senador agora empossado.

Antes de abordar esse assunto, desejo cumprimentar o substituto do Senador Júlio Campos e dizer que, de todas as formas, estamos felizes. Estamos otimamente servidos: o que saiu deixa lembranças e faz falta, mas está bem substituído pelo que chega aqui neste momento, com as mesmas qualidades.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, época de eleição é época perigosa. É preciso muito cuidado, bom senso e equilíbrio para que não se venha a dizer coisas de que se possa arrepender mais tarde, quando estiverem ausentes o calor da refrega eleitoral e os sentimentos por ela atiçados.

A idade e a experiência muito ajudam nesse comedimento. Por isso, pode-se desculpar, ainda que com certo desapontamento, um político que, ainda jovem, ofuscado pelas paixões políticas, comete injustiças contra pessoas sérias e honradas. Foi o que ocorreu com o Deputado Federal pelo PSDB de Goiás Marconi Perillo.

O Deputado Marconi Perillo, recentemente, da tribuna da Câmara dos Deputados, acusou a Secretária de Educação do Estado de Goiás, Professora Terezinha Vieira dos Santos, de ter instituído, nas palavras do Deputado, “culto à personalidade” nas escolas da rede pública do Estado. Chegou a comparar o comportamento da Secretária ao dos dirigentes de regimes totalitários, entre os quais citou o da antiga União Soviética e o da ditadura militar no Brasil.

Há de se proclamar que a Secretária de Educação de Goiás, Professora Terezinha Vieira dos Santos, já completa o seu segundo período à frente da Secretaria, perfazendo um total de quase oito anos, merecendo o respeito e a admiração das autoridades do Estado e de todo o povo goiano, tendo, inclusive, elevado para o quinto lugar a posição do Estado de Goiás no cenário educacional do País, retirando-o do décimo quinto.

O que motivou o Deputado a fazer acusação tão grave contra a Professora, com palavras tão duras e com tamanho estardalhaço, foi um ofício da Superintendência de Ensino Fundamental e Médio, repartição subordinada à Secretaria de Educação do Estado de Goiás. Nesse ofício do ano de 1991 - fato, portanto, ocorrido há exatos sete anos -, instituía-se concurso de redação sobre vultos da história de Goiás e, com a intenção de orientar os alunos na escolha de alguns nomes, sugeriam-se nomes de personalidades, tais como: Pedro Ludovico Teixeira, que marcou época no Governo do Estado de Goiás, inclusive com a implantação e a mudança da capital para Goiânia; os Prefeitos de Goiânia, Venerando Freitas e Colemar Natal da Silva, e escritores como Bernardo Élis e Cora Coralina. Foram sugeridos ainda nomes de outras personalidades marcantes para o Estado, como o nome do ex-Governador Mauro Borges e o ex-Governador - atual Senador - Iris Rezende Machado Machado.

Foi isso, pois, que desagradou ao Deputado: a inclusão do ex-Governador Iris Rezende na lista dos nomes sugeridos pela Secretaria de Educação, num concurso de redação em escolas públicas.

Nem sequer quero discutir quando o fato ocorreu, se agora ou antes, se a acusação é ou não oportuna, dada a decorrência do tempo. Quero aproveitar a oportunidade para fazer uma reflexão.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, muitos são os brasileiros que, com toda a razão, dizem que nosso País só reconhece o valor das pessoas quando elas morrem. Quando vivas, por melhores que sejam, nada valem. Homenagens, só póstumas. Às vezes, nem mesmo quando mortas são homenageadas. Temos aí o exemplo recente do passamento do urbanista Lúcio Costa, que concebeu e deu ao Brasil esta bela Capital onde moramos e que foi sepultado no esquecimento, com a discrição que cultivou em vida, mas que não condisse com sua história de grande homem.

Pois bem, quem, em sã consciência, há de negar que não se pode discorrer sobre a história recente de Goiás, a história dos últimos 40 anos, sem citar a figura insigne do ex-Governador Iris Rezende?

Não dá, é impossível! Iris Rezende foi vereador por Goiânia e Presidente da Câmara de Vereadores daquela cidade; Prefeito de Goiânia; Deputado Estadual mais votado, tendo ocupado a Presidência da Assembléia Legislativa; cumpriu dois mandatos como Governador de Goiás, foi Ministro da Agricultura e Ministro da Justiça e recém-eleito Senador mais votado proporcionalmente. Essa é a biografia do homem! Essas são suas credenciais que o qualificam como personalidade relevantíssima da história recente do meu Estado de Goiás.

Logo, nada mais natural do que, num concurso de redação de colegiais sobre personalidades da história goiana, figurar o nome de Iris Rezende, juntamente com os de Pedro Ludovico Teixeira, Bernardo Élis, Colemar Natal da Silva, Venerando de Freitas, Cora Coralina, Mauro Borges, Nion Albernaz e tantos outros. Ou então não se fale aos alunos sobre história de Goiás dos últimos 40 anos!

Seria lógico que as páginas da história de Goiás ficassem em branco nestes 40 anos, sem memória a ser registrada e cultivada, porque nelas se inclui uma de suas principais personalidades, que neste momento coloca novamente seu nome à disposição do povo goiano para as próximas eleições, nas quais já conta com o apoio de 80% do eleitorado?

Em suma, Sr. Presidente, o Deputado Marconi Perillo incorreu em grave injustiça ao fazer as acusações que fez, dando-lhe larga publicidade. A figura histórica de Iris Rezende transcende qualquer questiúncula envolvendo o embate eleitoral. Temos de pensar grande e não nos prender a essas coisinhas, a essas intrigazinhas da política. Foi leviano o Deputado e foi injusto, tanto com a Secretária de Educação, Professora Terezinha Vieira dos Santos, quanto com o ex-Governador Iris Rezende.

O Deputado Marconi Perillo tem prestado relevantes serviços ao nosso Estado, e se continuar trabalhador e reivindicante como é certamente deverá ter o seu nome ocupando um lugar de destaque na história de Goiás, vindo, quem sabe, também, a figurar nas composições colegiais.

Espero que o Deputado Federal Marconi Perillo faça um exame de consciência e possa reparar o equívoco que cometeu.

Muito obrigado.