Discurso no Senado Federal

TRANSCURSO DOS 53 ANOS DE LANÇAMENTO DAS BOMBAS ATOMICAS SOBRE HIROSHIMA E NAGASAKI, QUE MARCOU A ENTRADA DO MUNDO NA ERA NUCLEAR.

Autor
Leonel Paiva (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
Nome completo: Ildeu Leonel Oliveira de Paiva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL.:
  • TRANSCURSO DOS 53 ANOS DE LANÇAMENTO DAS BOMBAS ATOMICAS SOBRE HIROSHIMA E NAGASAKI, QUE MARCOU A ENTRADA DO MUNDO NA ERA NUCLEAR.
Publicação
Publicação no DSF de 12/08/1998 - Página 12755
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ANIVERSARIO, LANÇAMENTO, BOMBA, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, PERIODO, SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

O SR. LEONEL PAIVA (PFL-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para relembrar um dos episódios mais significativos da história de nossa civilização: o lançamento, há 53 anos, das bombas atômicas que devastaram Hiroshima e Nagasaki.

Aproveito a oportunidade para registrar as presenças, em nossa tribuna de honra, do Sr. Ministro Makoto Mizutani, atual Embaixador do Japão; Sr. Shigeki Tsutsui, representante japonês para o Programa do Desenvolvimento do Cerrado - Prodecer; Sr. Mitsutoshi Akimoto, Diretor da Fundação Casa do Cerrado; Sr. Emiliano Botelho, Presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Casa do Cerrado; Sr. Alex Gonçalves, Diretor Executivo da Fundação Casa do Cerrado.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o dia 6 de agosto de 1945 ficou para sempre marcado no calendário mundial. Naquela trágica data, a primeira bomba atômica utilizada no mundo com fins bélicos explodiu na cidade japonesa de Hiroshima, reduzindo-a a uma planície queimada.

Às 8 horas e15 minutos daquele fatídico dia, uma bomba atômica, feita de urânio 235, com um poder de destruição de 15 mil toneladas de dinamite, foi lançada por um avião B-29 sobre Hiroshima e explodiu há aproximadamente 580 metros do centro da cidade, próximo à ponte Aioi, estratégica por unir as zonas oriental e ocidental da cidade com os distritos do sul.

O lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e, posteriormente, sobre Nagasaki, marcou a entrada do nosso mundo na era nuclear. Desde então, toda a humanidade passou a conviver com a existência desse tipo de arma poderosíssima, cujo potencial de devastação é capaz de fazer varrer da superfície da Terra centenas de milhares de pessoas, em poucos segundos, com uma única explosão.

Os bombardeios nucleares realizados em agosto de 1945 e os danos causados por eles não foram e não podem nunca ser esquecidos.

Após o bombardeio, Hiroshima estava totalmente devastada, com sua população praticamente dizimada, mas não desapareceu do mapa. Seus bravos sobreviventes, que conheceram de perto a vulnerabilidade dos seres humanos, nessa era nuclear em que vivemos, não esmoreceram. Mesmo padecendo de danos físicos, que variavam desde ferimentos devido ao calor severo da explosão e dos raios de calor à destruição celular provocada pela radiação, os sobreviventes de Hiroshima regressaram aos locais de evacuação e construíram abrigos provisórios. Enfrentando todos os obstáculos para reerguer a cidade, lançaram uma campanha pedindo ao governo japonês assistência para a construção de uma “cidade da paz”.

Essa campanha resultou na Lei de Reconstrução da Cidade em Comemoração à Paz de Hiroshima e esse movimento personificou a união dos esforços de milhares de pessoas para eliminar as armas nucleares e passou a simbolizar a luta da raça humana pela paz.

Os sentimentos do povo de Hiroshima a respeito da paz fizeram nascer o “Espírito de Hiroshima” e o forte movimento em prol da abolição das armas nucleares e da busca de uma paz mundial duradoura.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desde ontem e até o próximo dia 17 de agosto, o Senado Federal estará expondo à visitação, no saguão do 1º andar de seu anexo II, a “Pedra da Paz” de Hiroshima. O Brasil é um dos 90 países do mundo a possuir um exemplar desse objeto simbólico tão significativo, no qual está gravada uma mensagem em prol da paz mundial permanente.

Trata-se de uma das 180 lajes de granito utilizadas para pavimentar as vias públicas da cidade de Hiroshima, recolhidas numa faixa da linha de transportes elétricos existente próxima da ponte Aioi, localizada a cerca de 200 metros do “ponto zero” da explosão.

Essa laje simbólica, distribuída pela Associação da Pedra de Hiroshima para a Paz, foi oferecida ao povo brasileiro e se encontra na Fundação Casa do Cerrado, localizada no Parque Rural, em Brasília, onde foi construído um jardim japonês, com tecnologia e arquitetura japonesas e plantas típicas do cerrado brasileiro.

Ao visitar esse jardim, em junho de 1997, em companhia do Imperador Akihito, do Japão, que na ocasião visitava oficialmente o Brasil, o Presidente Fernando Henrique Cardoso sugeriu que a “Pedra da Paz” ofertada ali ficasse em exposição permanente. Hoje, ela está no Senado para relembrar a dureza do tratamento recebido pelos povos de Hiroshima e Nagasaki.

É necessário e oportuno relembrar, no dia de hoje, a tragédia da explosão nuclear do dia 06 de agosto de 1945, para que não a esqueçamos. A evocação dessa hecatombe há de nos fazer refletir sobre a grave ameaça representada pelas armas nucleares, e há de aumentar, em cada um de nós, não só o desejo de viver em um mundo livre de guerras, mas também a vontade de nos unirmos a essa grande luta por uma paz mundial duradoura, que tem como símbolo a Pedra de Hiroshima para a Paz.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/08/1998 - Página 12755